Religião é Veneno

Os cristãos, por exemplo, explicam que depois da morte a pessoa vai para o céu encontrar Deus, e que um dia todos estarão juntos lá. Agora e para um ateu, como explicar a uma criança inocentente de 3, 5 anos, por exemplo, que sua mamãe morreu? Esse papo de que foi pro céu encontrar papai do céu e que um dia todos estarão novamente juntos lá e felizes é mto confortante para as crianças (e adultos tb), mas como numa situações dessa o ateu deve direcionar seu filho?

Os corajosos vão dizer a verdade !
Filho alem de vc não ver nunca mais tua mãezinha , se acostume que um dia teu fim vai ser o mesmo dela !
Só os corajosos é claro ... :emoticon13:

videomaker escreveu:Os corajosos vão dizer a verdade !
Filho alem de vc não ver nunca mais tua mãezinha , se acostume que um dia teu fim vai ser o mesmo dela !
Só os corajosos é claro ... :emoticon13:

Bão... não precisa ser duro com uma criança de 3 anos. Basta dizer que a mamãe teve que ficar longe agora e que não vai dar pra chamar de volta.

Melhor nem levar ao enterro. A sensação de ver fechar o caixão é muito triste... E não há consolo possível além do tempo passando, a dor cedendo à saudade.

Ao invés de buscar explicações paliativas, basta dar muito amor à criança que perdeu a mãe. O que a criança mais quer é ser amada.

Aos covardes e hipócritas resta dizer a mentira...

Najma escreveu:Bão... não precisa ser duro com uma criança de 3 anos.

É, também acho.

Najma escreveu:Basta dizer que a mamãe teve que ficar longe agora e que não vai dar pra chamar de volta.

Vai ficar longe? Foi pra onde? E por que não vai dar pra chamar de volta? Por que mamãe não liga?

Najma escreveu:Melhor nem levar ao enterro. A sensação de ver fechar o caixão é muito triste...

Também acho muito duro pra uma criança de 5 anos, por exemplo.

Najma escreveu: E não há consolo possível além do tempo passando, a dor cedendo à saudade.

Sim, pois é. Também achei legal essa sua última frase.

videomaker escreveu:Os corajosos vão dizer a verdade !
Filho alem de vc não ver nunca mais tua mãezinha , se acostume que um dia teu fim vai ser o mesmo dela !
Só os corajosos é claro ... :emoticon13:

Eu já fiz isso com um priminho meu. Se não tivessem segurado o meu tio, ele tinha me quebrado de paulada.

Leonardo_Brasil escreveu:

Najma escreveu:Basta dizer que a mamãe teve que ficar longe agora e que não vai dar pra chamar de volta.

Vai ficar longe? Foi pra onde? E por que não vai dar pra chamar de volta? Por que mamãe não liga?

Hum...

Em se tratando de crianças muito pequenas, fica complicado falar em morte, ou em finais definitivos que não são bonitos. Mas mentir, inventar histórias, a menos que se acredite nelas e não se veja outra coisa melhor a ser dita, é ruim.

A morte não deixa ser um "ir pra bem longe". Na minha opinião, quem for cuidar de uma criança órfã de mãe deveria dizer: "você não tem mais a mamãe mas tem a mim e eu te amo muito também".

Isso não soa melhor do que "a mamãe foi pra junto do papai do céu", ou "ela era tão boa que deus resolveu levá-la para si"? Para mim soa...

Christiano escreveu:

videomaker escreveu:Os corajosos vão dizer a verdade !
Filho alem de vc não ver nunca mais tua mãezinha , se acostume que um dia teu fim vai ser o mesmo dela !
Só os corajosos é claro ... :emoticon13:

Eu já fiz isso com um priminho meu. Se não tivessem segurado o meu tio, ele tinha me quebrado de paulada.

Crueldade, Cristiano...

Leonardo_Brasil escreveu:Os cristãos, por exemplo, explicam que depois da morte a pessoa vai para o céu encontrar Deus, e que um dia todos estarão juntos lá. Agora e para um ateu, como explicar a uma criança inocentente de 3, 5 anos, por exemplo, que sua mamãe morreu? Esse papo de que foi pro céu encontrar papai do céu e que um dia todos estarão novamente juntos lá e felizes é mto confortante para as crianças (e adultos tb), mas como numa situações dessa o ateu deve direcionar seu filho?

ABAETÊ

Postado originalmente em Janeiro 2003

Por Acauan

No último rito anual que fiz com meus filhos na mata, quando rememoramos nossas tradições ancestrais, eu falei a eles sobre meu pai, falecido antes que nascessem.

Disse-lhes que ele foi um valoroso guerreiro, um grande abaetê (homem honrado) e um sábio cacique.

Meu filho mais velho, de oito anos, ouviu a história com atenção enquanto eu notava que a tristeza tomava o seu semblante.

- O que foi, meu filho? Perguntei.

- Por que todo mundo tem que morrer? Disse ele,me dando por resposta a mais solene das perguntas.

O olhar do curumim buscou os meus olhos, certo de que no pai encontraria todas as respostas. Naquele momento, eu não poderia falhar.

- A natureza é feita de tempos filho. Disse ao curumim.

- Como assim?

- O tempo de meu pai é passado, um dia será passado o meu e ao seu tempo sucederá o do seu filho. Respondi

Minha explicação não tirara de seus olhos a expressão triste. Então prossegui.

- Meu pai vive em meu coração. Agora que lhe falei sobre ele, um dia, meu pai e eu viveremos no teu. Fale de nós ao teu filho, e um dia, nós três, seu avô, eu e você, viveremos no coração dele.

Meu filho olhou para mim, seus olhos brilharam numa lágrima. Ele havia entendido.
O pequeno curumim um dia será um valoroso guerreiro, um grande abaetê e um sábio cacique.

E eu viverei no coração dele.

Parece ser cruel falar pra uma criança que há um ponto final na vida de entes querido, porém o ridículo está em afirmar que não há um ponto final e sim uma reticência.

Ensinar a criança lidar com a realidade de forma equilibrada e dever do adulto, enganar e fantasiar só constroem um futuro adulto que tentará fugir da realidade sempre que a realidade for hostil.

Use palavras romanticas como no texto de Acauan, elas confortam sem fugir da realidade, pois não há necessidade de mentir pra confortar.

Mentir pra confortar é arcáico e desonesto, traz num futuro "uma falta de credibilidade" que a criança irá sentir, achando que o pai ora não sabe de "certos" assunto, ora sabe mas vai esconder a verdade ou parte dela.

Leonardo_Brasil escreveu:Vai ficar longe? Foi pra onde? E por que não vai dar pra chamar de volta? Por que mamãe não liga?

Na falta de uma inspiração melhor, nos casos em que a criança faça perguntas específicas demais, só resta dizer de alguma forma "um dia você entenderá".

Christiano escreveu:

videomaker escreveu:Os corajosos vão dizer a verdade !
Filho alem de vc não ver nunca mais tua mãezinha , se acostume que um dia teu fim vai ser o mesmo dela !
Só os corajosos é claro ... :emoticon13:

Eu já fiz isso com um priminho meu. Se não tivessem segurado o meu tio, ele tinha me quebrado de paulada.

Isso não é benéfico para a criança. Então porque fazê-lo e, mais ainda, orgulhar-se disso?

Eu não gosto de tratar crianças como se fossem débeis mentais. Detesto adultos retardados que conversam com crianças com o linguajar tatibitati.
Sobre a morte, tambem creio que não se deva criar uma fantasia estapafúrdia por ser "consoladora" (consolar quem? Estamos consolando a criança ou estamos nos auto-consolando?).

Claro que a verdade não deve ser posta de forma tão "seca". Mas nunca chegar ao ponto de inventar uma mentira... isto seria trair a confiança que uma criança deposita na pessoa para lhe ensinar sobre o mundo que a cerca.

Outra coisa que discordo... Criança é "inocente". Não é não! Criança é o ser mais autêntico que existe, não hesita em usar todo e qualquer recurso que seja do seu conhecimento para atingir seus objetivos, sem muitas travas morais... meio que um "vale tudo".

Spitfire escreveu:Eu não gosto de tratar crianças como se fossem débeis mentais. Detesto adultos retardados que conversam com crianças com o linguajar tatibitati.
Sobre a morte, tambem creio que não se deva criar uma fantasia estapafúrdia por ser "consoladora" (consolar quem? Estamos consolando a criança ou estamos nos auto-consolando?).

Claro que a verdade não deve ser posta de forma tão "seca". Mas nunca chegar ao ponto de inventar uma mentira... isto seria trair a confiança que uma criança deposita na pessoa para lhe ensinar sobre o mundo que a cerca.

Outra coisa que discordo... Criança é "inocente". Não é não! Criança é o ser mais autêntico que existe, não hesita em usar todo e qualquer recurso que seja do seu conhecimento para atingir seus objetivos, sem muitas travas morais... meio que um "vale tudo".

O problema é que o adulto não consegue ter essa visão e acha que a criança não é ser humano é um "anjinho"

Spitfire escreveu:Eu não gosto de tratar crianças como se fossem débeis mentais. Detesto adultos retardados que conversam com crianças com o linguajar tatibitati.

Nem faz bem para o desenvolvimento da criança, tratá-la como se fosse um bichinho retardado.

Spitfire escreveu:Outra coisa que discordo... Criança é "inocente". Não é não! Criança é o ser mais autêntico que existe, não hesita em usar todo e qualquer recurso que seja do seu conhecimento para atingir seus objetivos, sem muitas travas morais... meio que um "vale tudo".

Crianças podem ser muito cruéis, a inocência de uma criança acaba quando ela entende que não pode por o dedo na tomada.

Flavio Costa escreveu:Crianças podem ser muito cruéis, a inocência de uma criança acaba quando ela entende que não pode por o dedo na tomada.

Verdade, nunca tinha pensado nisso antes. Pode ser mesmo, basta lembrar também quando elas brincam de matar, queimar, maltratar formiguinhas e outros bichinhos.

Leonardo_Brasil escreveu:

Flavio Costa escreveu:Crianças podem ser muito cruéis, a inocência de uma criança acaba quando ela entende que não pode por o dedo na tomada.

Verdade, nunca tinha pensado nisso antes. Pode ser mesmo, basta lembrar também quando elas brincam de matar, queimar, maltratar formiguinhas e outros bichinhos.

O mais interessante Brasil é que tem outras que são quietas um doce e protegem os bichinhos !
Quanta personalidade diferente em gente com tão poucos anos de vida ...

Quem é que esta querendo que você acate o nosso ponto de vista, VM?

Spitfire escreveu:Quem é que esta querendo que você acate o nosso ponto de vista, VM?

Bom as pessoas morrem , e crianças tem que encarar essa situação , se pra vc dizer A SUA VERDADE é suficiente , pra mim basta !
Agora querer impor como a mais fiel das possibilidades é que não aceito !

Quando uma grande amiga minha faleceu, ela deixou duas crianças, uma de 5 anos e outra de 3 anos respectivamente. A mais velha era minha aluna, e quando ela voltou para a escola, fui orientada para estar atenta às reações dela. E por vários dias, vi que ela tinha diversos comportamentos, desde tristeza plena até uma serenidade, quase contemplativa. Mas nos trabalhos que fazíamos em sala, em cada um deles, ela expressava seus sentimentos com relação a perda da mãe. Um dia, sentamos para conversar e ela perguntou-me quem iria ensinar as coisas que só as mães ensinam. Eu disse, que ela teria o amor do pai, dos avós, das tias e tios, e que outras pessoas ensinaram para ela todas as coisas que a mãe não estaria ali para mostrar como é e como se faz. E no final, ela me perguntou, se quando ela sentisse vontade se ela poderia ligar para mim ou na escola mesmo, pudesse conversar sobre coisas que ela só gostava de perguntar para a mãe. Eu respondi que sim, que ela poderia contar comigo para o que ela precisasse, o que durante o tempo que ela esteve como minha aluna, aconteceu. Até hoje, ela tem carinho por mim, e sempre me manda cartão no dia do meu aniversário e de natal, mas curiosamente, talvez porque eu tenha me comportado como "tia Cris", ela me veja somente assim, uma tia com quem ela pode contar.

videomaker escreveu:

Spitfire escreveu:Quem é que esta querendo que você acate o nosso ponto de vista, VM?

Bom as pessoas morrem , e crianças tem que encarar essa situação , se pra vc dizer A SUA VERDADE é suficiente , pra mim basta !
Agora querer impor como a mais fiel das possibilidades é que não aceito !

Quem esta querendo impor alguma coisa a quem, VM?

A mais "fiel" das "possibilidades"? Como assim? Explique como uma possibilidade é mais (ou menos) fiel do que outras.

O que você bebeu hoje?

Spitfire escreveu:

videomaker escreveu:

Spitfire escreveu:Quem é que esta querendo que você acate o nosso ponto de vista, VM?

Bom as pessoas morrem , e crianças tem que encarar essa situação , se pra vc dizer A SUA VERDADE é suficiente , pra mim basta !
Agora querer impor como a mais fiel das possibilidades é que não aceito !

Quem esta querendo impor alguma coisa a quem, VM?

A mais "fiel" das "possibilidades"? Como assim? Explique como uma possibilidade é mais (ou menos) fiel do que outras.

A fidelidade esta no argumento , se vc pode me demonstrar que simplismente , nossa vida termina com o fechar dos olhos , vamos estudar a tal possibilidade !

Acauan escreveu:

Leonardo_Brasil escreveu:Os cristãos, por exemplo, explicam que depois da morte a pessoa vai para o céu encontrar Deus, e que um dia todos estarão juntos lá. Agora e para um ateu, como explicar a uma criança inocentente de 3, 5 anos, por exemplo, que sua mamãe morreu? Esse papo de que foi pro céu encontrar papai do céu e que um dia todos estarão novamente juntos lá e felizes é mto confortante para as crianças (e adultos tb), mas como numa situações dessa o ateu deve direcionar seu filho?

ABAETÊ

Postado originalmente em Janeiro 2003

Por Acauan

No último rito anual que fiz com meus filhos na mata, quando rememoramos nossas tradições ancestrais, eu falei a eles sobre meu pai, falecido antes que nascessem.

Disse-lhes que ele foi um valoroso guerreiro, um grande abaetê (homem honrado) e um sábio cacique.

Meu filho mais velho, de oito anos, ouviu a história com atenção enquanto eu notava que a tristeza tomava o seu semblante.

- O que foi, meu filho? Perguntei.

- Por que todo mundo tem que morrer? Disse ele,me dando por resposta a mais solene das perguntas.

O olhar do curumim buscou os meus olhos, certo de que no pai encontraria todas as respostas. Naquele momento, eu não poderia falhar.

- A natureza é feita de tempos filho. Disse ao curumim.

- Como assim?

- O tempo de meu pai é passado, um dia será passado o meu e ao seu tempo sucederá o do seu filho. Respondi

Minha explicação não tirara de seus olhos a expressão triste. Então prossegui.

- Meu pai vive em meu coração. Agora que lhe falei sobre ele, um dia, meu pai e eu viveremos no teu. Fale de nós ao teu filho, e um dia, nós três, seu avô, eu e você, viveremos no coração dele.

Meu filho olhou para mim, seus olhos brilharam numa lágrima. Ele havia entendido.
O pequeno curumim um dia será um valoroso guerreiro, um grande abaetê e um sábio cacique.

E eu viverei no coração dele.

Anauê!

Emocionou a mim tb, e acho que é por aí mesmo!