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ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO

Enviado: 20 Set 2006, 22:47
por Acauan
ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO

Por Acauan


ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO.

Alguém não consegue ver a contradição intrínseca da frase acima?

Parece que o Islã não consegue.

As declarações do papa Bento XVI, nas quais citou o imperador bizantino Manuel II, para quem Maomé só trouxe ao mundo coisas más e desumanas, como a divulgação da fé por meio da espada, provocou as reações que já podem ser tidas como de praxe das lideranças muçulmanas, que incitaram as multidões que dominam a protestos intimidadores, ponteados pelas ameaças de ataques a igrejas católicas romanas e mesmo de atentados terroristas ao Vaticano.

Há o que dizer sobre como o Islã se deixou seduzir por ideologias revolucionárias alheias à sua tradição e tornou-se um imenso e receptivo auditório do discurso totalitário, como não se via desde as primeiras décadas do século XX.
Só que qualquer palavra sobre o assunto silencia diante do absurdo de milhares irem às ruas protestar violentamente contra uma insinuação de que seriam violentos ou de que seu profeta o foi.

Para variar, não faltaram os homens de turbantes pretos e brancos que ao menor sinal de um incêndio correm para buscar seu galão de gasolina.
Onde estão as historicamente célebres Escolas de Pensamento Islâmico, se não para convencer sobre a natureza pacífica da fé muçulmana, objetivo hoje um tanto inalcançável, ao menos para tentar preservar alguma reputação de sanidade?

A tese do Choque de Civilizações proposta por Samuel Huntington ao invés de se confirmar, ironicamente se esvazia diante destes acontecimentos.
Cada vez que o Islã rompe com a lógica mais básica e começa uma briga com qualquer um que o chame de briguento, termina por tornar-se uma anti-civilização, um simulacro vazio da harmonia construtiva de tradições e culturas que caracterizam uma civilização como tal.

E o exemplo mais notório de anti-civilização foram justamente os estados totalitários do século XX.
Se o Islã atual gosta tanto de briga, aqueles estados lhe servem como a companhia certa para efeitos comparativos.


Enviado: 20 Set 2006, 23:10
por spink
El País escreveu:"Alá o ama, irmão Bento"
Dirigentes muçulmanos espanhóis expressam tristeza pelo discurso do papa na Alemanha

Juan G. Bedoya
em Madri

"Alá o ama, irmão Bento. Que sua misericórdia se derrame sobre o senhor e sobre a Igreja com abundância. E, de nossa parte, paz." Assim conclui
Audalla Conget, secretário da Junta Islâmica, uma declaração intitulada
"Carta Fraterna a Bento 16" que desde terça-feira pode ser lida na página da Web do islamismo espanhol (http://www.webislam.com). Trata-se na prática de uma reação oficial ao polêmico discurso do papa feito na Universidade de Ratisbona, Alemanha. Encabeçada pelo tratamento de "querido irmão", a carta é respeitosa e tranqüila, mas não esconde as críticas mais severas.

No fundo e na forma é um texto-guia do pensamento majoritário entre os
muçulmanos espanhóis (cerca de um milhão de pessoas): as palavras do papa "partiram nosso coração" e são "um tremendo erro", duplamente doloroso para os que convivem, como peixes na água, em um país majoritariamente cristão como a Espanha.

Audalla Conget, natural de Zaragoza e que foi monge cisterciense antes de abraçar o islamismo, diz assim ao papa romano: "É pela responsabilidade que o senhor tem diante do gênero humano e especialmente diante do universo de crentes prometido a Abraão, que vemos com tristeza sua lição de teologia, manchada de irresponsabilidade e indolência, que fomenta uma visão trivial e frívola do islã, que favorece o confronto entre crentes e faz servilmente o jogo dos terroristas e dos poderes que não duvidam em assassinar milhares de inocentes, violar todo tipo de resolução, invadir impunemente os países ou deslocar milhões de pessoas e deixá-las sem lar e sem história em nome de um tipo de deus, liberdade ou democracia que não correspondem e não se harmonizam com os valores que emanam de um Deus misericordioso e compassivo".

Em Barcelona, Abdennur Prado, presidente da Junta Islâmica Catalã, é mais contundente na condenação ao discurso feito na Alemanha porque "revela uma profunda ignorância do islã". Ele diz: "São afirmações irresponsáveis e inoportunas, sobretudo procedendo do responsável máximo da Igreja Católica e num momento de tensões como o que vivemos. Bento 16 confunde de forma nada inocente o termo 'jihad' com o de guerra santa, um conceito cunhado pela própria Igreja Católica como denominação das cruzadas, e afirma que o profeta Maomé defendeu a idéia de que a fé pode ser imposta. Neste ponto pode-se falar claramente em uma provocação, muito na linha do choque de civilizações. Trata-se de uma fraude: o próprio Corão afirma que 'não cabe
imposição na religião'. Apesar disso, o papa insiste em assimilar o conceito de jihad com a imposição violenta do islã. É inaceitável. Nos encontramos diante de um papa que não assimilou a abertura que representou o Concílio Vaticano II e que atirou conscientemente pelo ralo todos os esforços de João Paulo 2º a favor do diálogo islâmico-católico".

Mansur Escudero, psiquiatra de Córdoba e presidente da Junta Islâmica da
Espanha, recorre em sua reação a uma linguagem do xadrez. Afirma: "A aliança dos neoconservadores contra o islã acaba de comer a rainha. Peões do PP, cavalos retorcidos do arabismo, bispos implacáveis do sionismo, prepararam calculadamente a saída da peça-chave, o papa Bento 16. Nessas circunstâncias, a lição do papa-teólogo em Ratisbona é tão casual como foi em sua época a crise das caricaturas de Maomé ou a encomenda editorial de versos satânicos que situavam em um bordel as mulheres do profeta. Provocação após provocação, o mundo islâmico vai encarnando o estereótipo de um roteiro escrito pelo orientalismo".

Escudero acredita que o xeque da rainha de Ratisbona não é só contra os
muçulmanos. "Vamos nos resignar por enquanto por decisão papal a adorar 'um Deus que não está ligado à racionalidade, à verdade e ao bem'", diz ele, masque o xeque também é contra a razão científica que quer se desvincular do religioso. "O xeque é contra todo pensamento que não tenha sua base no mundo grego (Índia, China...); o xeque é especialmente cruel contra a teologia protestante por ser a iniciadora de um movimento de des-helenização do cristianismo, vejam que crime, porque não se entende a mensagem de Jesus semo legado aristotélico, que certamente chegou à Europa graças ao islã."

A conclusão desse dirigente é emocional. "A lição de Ratisbona partiu o
coração de todos nós. Mas, mais que a nenhum outro coletivo, essa lição tão pouco magistral de Bento 16 foi a grande decepção dos católicos. Certamente, a Igreja de Roma cedo ou tarde terá de assumir o desafio de que a mensagem de Jesus em aramaico pode se parecer extraordinariamente com a de Moisés em hebreu ou a de Maomé em árabe", diz.

Re.: ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO

Enviado: 21 Set 2006, 08:02
por Pug
Muito bom texto Carlos.

Não existe maior absurdo que "ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO "
Dá até dó de ver as reacções desmesuradas...


Off topic - Lígia comentou algo do tipo: Se pensarmos apenas no que de mal existe acabamos por não conseguir ver o bem, nem a beleza.
RV pode dar para tudo...

Enviado: 21 Set 2006, 08:43
por Pug

Re: ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO

Enviado: 21 Set 2006, 10:37
por videomaker
Acauan escreveu:ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO

Por Acauan


ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO.

Alguém não consegue ver a contradição intrínseca da frase acima?

Parece que o Islã não consegue.

As declarações do papa Bento XVI, nas quais citou o imperador bizantino Manuel II, para quem Maomé só trouxe ao mundo coisas más e desumanas, como a divulgação da fé por meio da espada, provocou as reações que já podem ser tidas como de praxe das lideranças muçulmanas, que incitaram as multidões que dominam a protestos intimidadores, ponteados pelas ameaças de ataques a igrejas católicas romanas e mesmo de atentados terroristas ao Vaticano.

Há o que dizer sobre como o Islã se deixou seduzir por ideologias revolucionárias alheias à sua tradição e tornou-se um imenso e receptivo auditório do discurso totalitário, como não se via desde as primeiras décadas do século XX.
Só que qualquer palavra sobre o assunto silencia diante do absurdo de milhares irem às ruas protestar violentamente contra uma insinuação de que seriam violentos ou de que seu profeta o foi.

Para variar, não faltaram os homens de turbantes pretos e brancos que ao menor sinal de um incêndio correm para buscar seu galão de gasolina.
Onde estão as historicamente célebres Escolas de Pensamento Islâmico, se não para convencer sobre a natureza pacífica da fé muçulmana, objetivo hoje um tanto inalcançável, ao menos para tentar preservar alguma reputação de sanidade?

A tese do Choque de Civilizações proposta por Samuel Huntington ao invés de se confirmar, ironicamente se esvazia diante destes acontecimentos.
Cada vez que o Islã rompe com a lógica mais básica e começa uma briga com qualquer um que o chame de briguento, termina por tornar-se uma anti-civilização, um simulacro vazio da harmonia construtiva de tradições e culturas que caracterizam uma civilização como tal.

E o exemplo mais notório de anti-civilização foram justamente os estados totalitários do século XX.
Se o Islã atual gosta tanto de briga, aqueles estados lhe servem como a companhia certa para efeitos comparativos.




As vezes temos que nos render a esse Acauan dos tupiniquins!
Fazer o que se o cara tem talento ...
:emoticon5:

Enviado: 21 Set 2006, 10:49
por O ENCOSTO
A horda maometana jamais conseguirá passar por cima da Guarda Suiça!

Re.: ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO

Enviado: 21 Set 2006, 10:59
por Johnny
O que me conforta são as "orgias nucleares"

Re: Re.: ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO

Enviado: 21 Set 2006, 11:05
por O ENCOSTO
Johnny escreveu:O que me conforta são as "orgias nucleares"



Espero que entendam agora porque essa gente jamais poderá ter acesso a armas nucleares.

Se um dia isso ocorrer, basta o papa peidar pela boca para lançarem 10 bombas sobre a Europa, umas 20 sobre israel e uma nos EUA, o grande satã.

Re.: ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO

Enviado: 21 Set 2006, 12:38
por Fernando Silva
Alguém declarou ontem nos jornais:

"Esses caras não permitem que as pessoas digam o pensam em seus países e agora querem decidir o que o resto do mundo pode ou não dizer".

Re: ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO

Enviado: 21 Set 2006, 14:02
por clara campos
videomaker escreveu:As vezes temos que nos render a esse Acauan dos tupiniquins!
Fazer o que se o cara tem talento ...[/color] :emoticon5:


Acauan:
O video descreveu com belíssima pontaria o que por vezes me inspiras.

Não há dúvida que tens o dom da palavra (pelo menos escrita, pois ainda não tive o privilégio de te ouvir).
Pessoas assim arrastam-nos no hipnótico encadeamento das suas ideias, fazem as palavras fluir como harmoniosas melodias, discordar delas torna-se praticamente um crime estético.

Contudo, este dom tem algumas responsabilidades acrescidas. Uma pessoa que tem o dom de se fazer bem ouvir, deve ter o duplo cuidado de medir o que diz, já que o "como" é praticamente perfeito.
:emoticon4:

Enviado: 21 Set 2006, 14:55
por Tranca
O ENCOSTO escreveu:A horda maometana jamais conseguirá passar por cima da Guarda Suiça!


Quem ousaria atacá-los?

Imagem

Enviado: 21 Set 2006, 14:57
por videomaker
Tranca-Ruas escreveu:
O ENCOSTO escreveu:A horda maometana jamais conseguirá passar por cima da Guarda Suiça!


Quem ousaria atacá-los?

Imagem



Roupinha ridiculaaaaaaaaaaa... :emoticon19:

Enviado: 21 Set 2006, 15:02
por Tranca
videomaker escreveu:Roupinha ridiculaaaaaaaaaaa... :emoticon19:


Mas têm uma história interessante.

Re: ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO

Enviado: 21 Set 2006, 15:03
por Tranca
Acauan escreveu:ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO

Por Acauan


ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO.

Alguém não consegue ver a contradição intrínseca da frase acima?

Parece que o Islã não consegue.

...



Concordo.

Externei opinião semelhante em algum tópico por aí.

Enviado: 21 Set 2006, 15:07
por videomaker
Tranca-Ruas escreveu:
videomaker escreveu:Roupinha ridiculaaaaaaaaaaa... :emoticon19:


Mas têm uma história interessante.



Do corpo da Guarda Suíça só podem fazer parte homens de robusta constituição física ...

Cade os caras ?
:emoticon5:

Enviado: 21 Set 2006, 15:25
por Tranca
videomaker escreveu:
Tranca-Ruas escreveu:
videomaker escreveu:Roupinha ridiculaaaaaaaaaaa... :emoticon19:


Mas têm uma história interessante.



Do corpo da Guarda Suíça só podem fazer parte homens de robusta constituição física ...

Cade os caras ?
:emoticon5:


Robusto não significa exatamente "patola", vm.

Enviado: 21 Set 2006, 15:27
por videomaker
Tranca-Ruas escreveu:
videomaker escreveu:
Tranca-Ruas escreveu:
videomaker escreveu:Roupinha ridiculaaaaaaaaaaa... :emoticon19:


Mas têm uma história interessante.



Do corpo da Guarda Suíça só podem fazer parte homens de robusta constituição física ...

Cade os caras ?
:emoticon5:


Robusto não significa exatamente "patola", vm.



Sei alto e magicela ! assim como o sabido do Res !
:emoticon12:

Enviado: 21 Set 2006, 15:32
por Tranca
videomaker escreveu:
Tranca-Ruas escreveu:
videomaker escreveu:
Tranca-Ruas escreveu:
videomaker escreveu:Roupinha ridiculaaaaaaaaaaa... :emoticon19:


Mas têm uma história interessante.



Do corpo da Guarda Suíça só podem fazer parte homens de robusta constituição física ...

Cade os caras ?
:emoticon5:


Robusto não significa exatamente "patola", vm.



Sei alto e magicela ! assim como o sabido do Res !
:emoticon12:


???

Enviado: 21 Set 2006, 15:34
por videomaker
Tranca-Ruas escreveu:
videomaker escreveu:
Tranca-Ruas escreveu:
videomaker escreveu:
Tranca-Ruas escreveu:
videomaker escreveu:Roupinha ridiculaaaaaaaaaaa... :emoticon19:


Mas têm uma história interessante.



Do corpo da Guarda Suíça só podem fazer parte homens de robusta constituição física ...

Cade os caras ?
:emoticon5:


Robusto não significa exatamente "patola", vm.



Sei alto e magicela ! assim como o sabido do Res !
:emoticon12:


???



Vc nunca viu o Res ?

Re.: ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO

Enviado: 21 Set 2006, 15:43
por Tranca
21/09/2006

O papa e o profeta

Quanto mais observo as coisas mais me convenço de que a História pode ser interpretada como uma sucessão de piadas prontas. Numa das mais recentes delas, milhares de muçulmanos saíram às ruas de diversas cidades em manifestações, algumas violentas, contra o papa. Organizações extremistas chegaram a pedir a cabeça do prelado. Mas não é isso que julgo engraçado --meu anticlericalismo não chega a tanto. O irônico aqui é que os protestos foram deflagrados porque, na semana passada, numa aula magna proferida na Alemanha, o sumo pontífice citou um obscuro imperador bizantino do século 14 que acusara o islã de ser violento. Assim, para provar que não são violentos, muçulmanos saem quebrando igrejas e conclamando os tementes a Deus a assassinar o papa. Ponto para o bispo de Roma.

Não sei se existem leis sobre liberdade de expressão no Vaticano --imagino que não; eles não gostam muito dessas coisas por lá--, mas é certo que o papa, pelo menos como cidadão alemão, tem o direito de dizer o que bem entende. No registro democrático, muçulmanos, protestantes, judeus ou macumbeiros que não gostem do que ele tenha afirmado podem legitimamente retorqui-lo. Vou um pouco mais longe e admito que possam xingá-lo e acusá-lo das piores heresias. Só não é razoável que partam para as vias de fato ou promovam quebra-quebras. Disputas religiosas tendem a ser interessantes --e intelectualmente produtivas-- enquanto ficam restritas ao reino das palavras. Quando um dos lados abandona o campo léxico para abraçar ações diretas, temos a senha para a carnificina.

E, já que devemos nos ater às palavras, convém examinar um pouco melhor o que o papa disse. O tema central de sua palestra era fé e razão. Lá pelas tantas, numa passagem em que supostamente pretende convidar o islã para o diálogo inter-religioso, Bento 16 evoca a figura de Manuel 2º Paleólogo (1350-1425), o qual, no curso de conversação com um "persa ilustrado" teria afirmado que tudo de novo que Maomé trouxe ao mundo foram "coisas más e desumanas, como a sua ordem para espalhar pela espada a fé que ele pregava". É verdade que, ao citar o imperador bizantino, o papa não o está nem corroborando nem contradizendo, mas apenas nos informando sobre o teor de uma colocação específica do "basileus".

Não sei se, pela teologia romana, o papa ainda é considerado infalível, mas parece aqui que, no plano político, ele fracassou --se seu propósito era mesmo contemporizar. Bispos, cardeais e principalmente papas podem ser acusados de muitas coisas, mas poucos ousarão chamá-los de ingênuos. Custa crer, portanto, que Joseph Ratzinger, que por muitos anos ocupou o politiquíssimo posto de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (o novo nome da velha Inquisição), tenha se deixado surpreender pela reação islâmica. Tal alegação até poderia, talvez, soar verossímil alguns meses atrás, mas não depois do episódio das charges de Maomé. No início deste ano, violentas manifestações contra a publicação, por um jornal dinamarquês, de ilustrações ofensivas ao profeta deixaram um rastro de destruição e morte por muitos países.

Se a intenção do sumo pontífice era mesmo encetar melhores relações com o islã, deveria abster-se de citar cruzados e imperadores bizantinos tardios, o que dá quase no mesmo. A sensibilidade muçulmana não fica a dever nada à de uma prima-dona ensaiando seus primeiros passos na decadência. Se seu desígnio era mesmo afirmar uma superioridade do catolicismo sobre o islamismo (o que não seria surpreendente para o chefe dos católicos), então o papa Ratzinger fica mais próximo do cardeal Ratzinger, apontado como o responsável pela epístola "Dominus Iesus" (2000), na qual o Vaticano diz com quase todas as letras que os que não acatam a "verdade" como interpretada pela Igreja Católica estão em apuros teológicos, "in statu gravis penuriae". A forma como "Dominus Iesus" coloca a questão é até diplomática, pois admite a possibilidade de graça para os não-católicos, ainda que "objetivamente" menor do que para o católico. Se quisermos, esta carta é a versão "light" do "Extra Ecclesiam nulla salus" (fora da Igreja não há salvação), do papa Bonifácio 8º (1294-1303).

Outro problema que vejo na fala de Bento 16 é o da parabólica primeira pedra. Não creio que a única contribuição do islamismo à humanidade tenha sido a violência. Eles também são os responsáveis pela conservação dos trabalhos de Aristóteles, o que não é pouca coisa. Mas é inegável, como sugeriu Manuel 2º Paleólogo, que o islã se expandiu à custa de muito sangue e conversões forçadas. E não foi a única religião a atuar dessa maneira. Este, aliás, é um ponto que aproxima as principais religiões monoteístas. Católicos tampouco hesitaram em utilizar-se da força e das armas para impor sua "verdade" a quem dela não desejava partilhar. É uma briga que guarda semelhanças com a disputa ente o PT e o PSDB para definir quem prevaricou mais. (O judaísmo desponta aqui como uma exceção parcial. Não por ser essencialmente melhor ou mais tolerante do que as outras. É que, como operava com a noção de povo eleito, raramente dava-se ao trabalho de converter outras populações).

Imagino que a religião tenha sido importante no curso da evolução. Ela é, como a linguagem e o tabu do sexo, um universal humano. Isso significa que poderá ser encontrada até no mais remoto e isolado grupamento de pessoas. Só que o fato de termos uma inclinação natural à superstição não nos obriga a ser irracionais o tempo todo. Eis-nos de novo no tema da aula papal. Bento 16, na melhor tradição católica, acha que a fé é racional. Eu não poderia discordar mais. Embora nem todos os elementos de uma religião precisem ser irracionais, existe um momento em que se exige do fiel que ele abrace a causa sem questioná-la: a verdade é revelada.

Pode ser, mas não foi revelada a mim. Ou melhor, para onde quer que olhe, encontro uma "verdade revelada" diferente, de modo o bom senso recomenda desconfiar de todas. Por que o catolicismo seria mais certo do que o islamismo? Por que ambos superariam o judaísmo? O que há de errado com Zeus e os deuses olímpicos, que parecem psicologicamente bem mais ricos? E já que está na moda defender produtos nacionais, por que não ficamos com a explicação dos pajés para o mundo? Ou sem nenhuma?

Na maioria de seus discursos, Bento 16 se bate contra o relativismo e o ateísmo, que aponta como os maiores males a afligir o Ocidente. De novo, discrepo com veemência. Aliás, em minha santa ignorância, acho que um pouquinho de relativismo é fundamental para interpretar o mundo de forma coerente. Se apenas uma religião é a verdadeira, algo como 5/6 da humanidade está condenado à danação eterna. Faz sentido alguém perder direito ao jardim das delícias apenas porque nasceu em algum rincão do globo onde a "verdade verdadeira" ainda não chegou? Nenhum personagem de romance hebraico seria tão cruel. Acho mais razoável compreender todas os sistemas de crenças como manifestações diferentes de uma mesma predisposição humana, que pode ter base biológica (como acredito) ou divina (como crê a maioria). (Felizmente, não estamos aqui numa democracia, de modo que não preciso acatar a "decisão" do grupo majoritário).

Não duvido que alguém possa encontrar conforto e até felicidade na religião. Mas também é perfeitamente possível viver sem ela, do que minha existência dá testemunho. É claro que não sou o melhor dos seres humanos, mas tampouco me considero entre os piores. Pelo menos não saio por aí ameaçando matar o papa ou qualquer outra pessoa com cujas idéias eu não concorde. Se o mundo fosse um pouco mais relativista (não muito, só um pouco), acho que todos nos entenderíamos melhor. O papa, pelo menos, não estaria com uma "fatwa" sobre sua tiara.

Hélio Schwartsman, 41, é editorialista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve para a Folha Online às quintas.

Fonte: Folha On-Line

Re.: ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO

Enviado: 21 Set 2006, 15:50
por Tortoise
A rua Islâmica é assim.
O Texto do Papa é muito interessante. E o que ele diz lá é que uma racionalidade positivista, que cre que o pensamento religioso é uma cultura secundária, não está em posição de dialogar racionalmente com o mundo religioso. O Apelo do Papa é á união da razão com a fé. O Benedicto desta vez foi brilhante. Também não se pode ser sempre mula. Se a rua Islâmica reagiu como reagiu é porque não leu, não quis ler, ou não sabe interpretar... ignorando aliás maomé que mandava procurar conhecimento nem que fosse na China.

Re: Re.: ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO

Enviado: 21 Set 2006, 18:30
por Samael
O ENCOSTO escreveu:
Johnny escreveu:O que me conforta são as "orgias nucleares"



Espero que entendam agora porque essa gente jamais poderá ter acesso a armas nucleares.

Se um dia isso ocorrer, basta o papa peidar pela boca para lançarem 10 bombas sobre a Europa, umas 20 sobre israel e uma nos EUA, o grande satã.


De minha parte eu prefiro que NINGUÉM tenha bombas nucleares. Vale lembrar que o irmãozinho ali de cima também segue "ordens divinas"...

Re.: ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO

Enviado: 21 Set 2006, 23:22
por King In Crimson
Imagem

Re.: ENCHO DE PORRADA QUEM ME CHAMAR DE VIOLENTO

Enviado: 22 Set 2006, 00:29
por marta
Esse índio é 10 :emoticon45: :emoticon210:

Qualé a desses caras de turbantes acharem que mandam no mundo?
Ceis já notaram que a turma do Mao Menos não é muito chegada em trampo? Basta uma palavrinha aqui, um desenhinho ali e eles saem todos às ruas para protestar, bombardear, ameaçar. Trabalhar que é bom... nada.
Parece que são uma cambada de desocupados. Se não estando jogando bomba nos outros, estão com a..., a..., ah! vcs sabem, virada pra Me(rre)ca. Ah! Dá licença.
Vou confessar que não me importaria se jogassem uma bomba no Vaticano, mas ficaria inconformada se destruissem as obras de arte que têm lá. :emoticon11:

Enviado: 22 Set 2006, 07:04
por Pug
Convem lembrar que o assunto não tem tido assim tanto impacto.
Globalização e divulgação informativa acelerada acaba por deixar o povo deste modo, falando de um tema que já morreu nos noticiários informativos.

Na europa vê-se que é mais os oportunistas politicos com agenda muito clara de teor religioso que fazem ouvir as suas vozes.

A europa ateia é um pesadelo para todos os teístas, sejam eles, muçulmanos ou "paulotianos".


Nota: Em 1997 o que viria a ser o actual papa esteve bem pior e não consta que tenha havido alarido.
Hoje os muçulmanos mostram-se algo susceptiveis a serem usados por ambos os lados. Sempre estranho o empolgamento mediático dado pela imprensa...