O livro, era um manual de reconhecimento e caça aos bruxos, e principalmente, às bruxas.
A partir daí, a Igreja abandonou completamente a postura de ignorar a Bruxaria: pelo contrário, não acreditar na sua existência era considerada a maior das heresias. Iniciou-se então um período de trezentos anos de terror, conhecido entre os bruxos como "Era das Fogueiras".
Mas os bruxos (e também os hereges e inocentes como doentes mentais, homossexuais, pessoas invejadas por poderosos, mulheres velhas e/ou solitárias) não pereciam só em fogueiras: eram também enforcados e esmagados sob pedras.
A Inquisição tornou-se uma válvula de escape para as neuroses da época: em uma época de forte repressão sexual, condenavam-se mulheres jovens, que eram despidas em frente a um grupo de “investigadores”, tendo seu corpo revistado diversas vezes, a procura de uma suposta “marca do diabo” e por fim, eram açoitadas, marcadas a ferro e violentadas.
Terminavam condenadas e executadas como bruxas. Seu crime: serem mulheres jovens, belas e invejadas.
Anciãs que moravam sozinhas, geralmente em companhia de alguns animais, como gatos (daí a lenda da ligação dos gatos com as bruxas), eram alvo de desconfiança e logo declaradas “feiticeiras”, e assim, assassinadas.
A maioria das vítimas dos tribunais de Inquisição não eram verdadeiros praticantes da Antiga Religião, mas muitos bruxos pereceram na mão dos cristãos. Aproximadamente nove milhões de crimes como este foram cometidos durante a Inquisição, ironicamente em nome de uma religião que se dizia “de amor”. Nunca uma religião demonstrou tanta necessidade de exterminar seus antagonistas como o cristianismo.
A perseguição aos bruxos não resumiu-se apenas ao países católicos: espalhou-se pela Europa protestante. Os protestantes não se guiavam pelo Malleus Malleficarum, mas davam razão à sua paranóia através do uso de uma citação do Antigo Testamento: "Não deixará com vida uma feiticeira" - diz o Exôdos XXII, 17
Na Era das Fogueiras, os praticantes da Antiga Religião adotaram o único comportamento que lhes possibilitaria a sobrevivência: mantiveram o máximo de discrição e segredo possível. A sabedoria pagã só era passada por tradição oral, e somente entre membros da mesma família ou vizinhos da mesma aldeia.
Como técnica de proteção, os próprios bruxos ajudaram a desacreditar sua imagem, sustentando que a Bruxaria não passava de lenda, ou disseminando idéias de bruxos como figuras cômicas e caricatas, dignas de pena e riso.
Por volta do final do século XVII, a perseguição aos bruxos foi diminuindo gradativamente, estando virtualmente extinta no século XVIII. A Bruxaria parecia, finalmente, ter morrido.
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