O príncipio da antifonia
Enviado: 24 Set 2006, 00:55
Na Sicília, no início da codificação da Retórica, havia um professor, chamado Córax, que começou a cobrar por suas lições. Ele teve um discípulo de nome Tísias, a quem aceitou ensinar suas técnicas de persuasão e ser pago de acordo com os resultados obtidos pelo aluno, quando passasse a atuar diante dos tribunais.
O que combinaram foi que, quando Tísias defendesse o primeiro cliente, pagaria ao mestre se ganhasse o processo, e não lhe pagaria nada se o perdesse.
Logo depois de terminar seus estudos, Tísias entrou com um mprocesso contra seu professor, dizendo que não lhe devia nada. Ele poderia perder ou ganhar esse que era seu primeiro processo. Dizia que se perdesse, isto é, se o tribunal determinasse que ele pagasse as lições de Córax, não precisaria pagar nada, porque, em virtude do acordo entre eles, se perdesse o primeiro processo, nao necessitaria remunerar o trabalho do professor. Se ganhasse, ou seja, se o tribunal dissesse que ele não devia nada ao mestre, não precisaria pagar em razão da sentença do tribunal.
Córax, em sua defesa, disse que se Tísias perdesse ou ganhasse o processo deveria pagar. Se o tribunal determinasse o não pagamento, ele ganharia a causa e então deveria pagar em razão do acordo entre eles. E se o tribunal decretasse o pagamento, teria perdido a demanda, mas deveria pagar em obediência ao veridicto judicial.
Conta-se que os juízes puseram os dois para fora do tribunal a bastonadas. Essa anedota ilustra a questão da antifonia. Toda "verdade" construída por um discurso pode ser descontruída por um contradiscurso. uma argumentação pode ser invertida por outra; tudo o que é feito por palavras pode ser desfeito por palavras.
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Retirei de de uma matéria sobre retórica da revista Discutindo Lingua Portuguesa. Adianto, não acho a revista grande coisa, e só leio porque minha irmã compra uma porrada de revista. Mas essa parte em especial me interessou bastante. Se quiserem, posto a matéria na íntegra depois.
No final do texto, vemos o jornalista escorregar um pouco: põe verdade entre aspas, e ainda diz que tudo feito por palavras pode ser desfeito por palavras. Esse tudo estraga tudo.
Considero verdade, no entanto, que isto seja válido a discursos como, por exemplo, o da moral, o da exaltação do orgulho, aos que apelam aos sentimentos nacionalistas, entre outras séries de discursos. O mais célebre é a tentativa de seduzir a inocente senhorita - e, para nossa sorte, a senhorita às vezes aceita a sedução muito bem.
Espero que seja conveniente este tópico.
Abraços!
O que combinaram foi que, quando Tísias defendesse o primeiro cliente, pagaria ao mestre se ganhasse o processo, e não lhe pagaria nada se o perdesse.
Logo depois de terminar seus estudos, Tísias entrou com um mprocesso contra seu professor, dizendo que não lhe devia nada. Ele poderia perder ou ganhar esse que era seu primeiro processo. Dizia que se perdesse, isto é, se o tribunal determinasse que ele pagasse as lições de Córax, não precisaria pagar nada, porque, em virtude do acordo entre eles, se perdesse o primeiro processo, nao necessitaria remunerar o trabalho do professor. Se ganhasse, ou seja, se o tribunal dissesse que ele não devia nada ao mestre, não precisaria pagar em razão da sentença do tribunal.
Córax, em sua defesa, disse que se Tísias perdesse ou ganhasse o processo deveria pagar. Se o tribunal determinasse o não pagamento, ele ganharia a causa e então deveria pagar em razão do acordo entre eles. E se o tribunal decretasse o pagamento, teria perdido a demanda, mas deveria pagar em obediência ao veridicto judicial.
Conta-se que os juízes puseram os dois para fora do tribunal a bastonadas. Essa anedota ilustra a questão da antifonia. Toda "verdade" construída por um discurso pode ser descontruída por um contradiscurso. uma argumentação pode ser invertida por outra; tudo o que é feito por palavras pode ser desfeito por palavras.
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Retirei de de uma matéria sobre retórica da revista Discutindo Lingua Portuguesa. Adianto, não acho a revista grande coisa, e só leio porque minha irmã compra uma porrada de revista. Mas essa parte em especial me interessou bastante. Se quiserem, posto a matéria na íntegra depois.
No final do texto, vemos o jornalista escorregar um pouco: põe verdade entre aspas, e ainda diz que tudo feito por palavras pode ser desfeito por palavras. Esse tudo estraga tudo.
Considero verdade, no entanto, que isto seja válido a discursos como, por exemplo, o da moral, o da exaltação do orgulho, aos que apelam aos sentimentos nacionalistas, entre outras séries de discursos. O mais célebre é a tentativa de seduzir a inocente senhorita - e, para nossa sorte, a senhorita às vezes aceita a sedução muito bem.
Espero que seja conveniente este tópico.
Abraços!