Trinity escreveu:
Está errada. Nos casos de mães jovens o aborto não é contra vontade, pelo contrário, é preferível abortar a ter que aceitar as consequências de uma garavidez não desejada, como a deformação do corpo, dores de parto, etc...
Isso é irrelevante, a partir de um ponto de vista que não considerasse fetos sem sistema nervoso formado como dignos de proteção à vida tal como pessoas que ainda não tenham tido morte cerebral.
As pessoas poderiam abortar livremente por mais egoístas, mesquinhas e fúteis fossem as motivações. Não tendo vontade de ser mãe já é motivo o bastante para não ser, não acho que devesse ser algo para se fazer de brincadeira ou apenas para bancar a responsável que não foge das conseqüências suas ações.
Sobre defender o aborto na 10ª semana, como você mesma disse, é uma questão pessoal sua. Pois é consenso que a partir da 8ª semana não se considera mais um mero agregado de células, mas sim um feto, um ser humano, por isso, independete do que você considera, ele continuará sendo um ser humano, e por isso, o aborto a partir da 8ª semana constitui-se um crime hediondo.
Eu não tenho bem certeza, mas apesar da classificação como feto, há um dado período em que ainda não há formação do sistema nervoso central, ou seja, é como se o feto "estivesse" anencefálico, na prática, ou em outras palavras, não tivesse "vida cerebral".
De um ponto de vista realmente lógico nesse estado um feto não deveria ser mais protegido do que um camundongo, um teratoma, um zigoto ou um óvulo, não importando se o estado de ausência do encéfalo é natural desse estágio ou se já é algo atípico, o ponto é que ele não está lá.
As únicas defesas desse estágio (ou mesmo da vida de fetos anencefálicos) são por motivações emocionais (a nossa empatia, talvez instintiva, com uma forma de bebê humanóide), ainda que racionalizado sob argumentações genecentristas, tentando justificar um status superior do óvulo fecundado contra o óvulo não fecundado com base em organizações de ácidos nucléicos, ou abertametne religiosas, defendendo que apesar de não haver cérebro, poderia haver alma. Há ainda os que usam de terror psicológico, como Chico Xavier prevendo que a legalização do aborto levaria o Brasil à guerra civil.
As primeiras justificativas são falhas, falaciosas, e as últimas vão contra o laicismo.
Sobre a legalização do aborto, ora, se for legalizado as clínicas clandestinas não serão mais consideradas clínicas clandestinas, por isso, não existirião situações de aborto ilegal.
Não sei se é bem assim, se crimes simplesmente prescreveriam. Aborto ainda poderia ser ilegal desde que fora do período considerado legal, ou feito por pessoas não capacitadas, tal como são ilegais assassinato e exercício de medicina sem licensa. Transplantes de órgãos são legais, mas as pessoas não correm grande risco de serem mortas por médicos ou amadores que roubam seus órgãos para vender, apesar das lendas urbanas nesse sentido.
O lado medonho, como eu disse, é a banalização da desvalorização da vida humana, onde em favor de um modo de pensar e agir egocentrista, considera-se uma vida em formação no útero materno numa mera relação parasitária.
O mesmo pode ser dito do direito da mulher matar de forma sangüinolenta os seus óvulos, negando-lhes a fecundação por motivos mesquinhos e egoístas, avançar na carreira, ou não estar a fim de ser mãe por qualquer motivo.
Para que a matança não lhes cause muito desconforto, podem usar absorventes, ou mesmo usar métodos hormonais para cessar a menstruação enquanto impedem o desenvolvimento de seus filhos que nunca poderão conhecê-la. Assim, ela vai matando ou impedindo o desenvolvimento de todos até quando estiver com vontade egoísta de ser "mamãe", aí ela pode decidir ser generosa com um deles.