Vossa alteza, o imperador do Brasil
Enviado: 04 Out 2006, 22:50
Vossa alteza, o imperador do Brasil
Luiz Antonio Ryff
Divulgação
03.10.2006 | Se pudesse, Luiz Gastão Maria José Pio de Orleans e Bragança certamente voltaria no tempo. Um tempo em que o Brasil era regido por um monarca, onde títulos nobiliárquicos agraciavam aqueles que servissem ao país e à família imperial, em que Igreja e Estado não eram separados, onde o divórcio era proibido, o homossexualismo não era tolerado, onde os homens não eram iguais.
Se isso ocorresse, D.Luiz seria o imperador do Brasil. Ou melhor, Sua Alteza Imperial e Real. Por enquanto, ele contenta-se em ser chamado de D.Luiz ou de “vossa alteza” mesmo. Aos 68 anos, trineto de D.Pedro II, D.Luiz é o primeiro na linha de sucessão da Casa Imperial Brasileira, afastada do poder com a Proclamação da República, em 1889. Embora sem poder desempenhar as atribuições de um monarca, que acredita ser o regime que espelha na terra a vontade de Deus, D.Luiz acompanha com preocupação a situação nacional.
“Nosso país atravessa uma grave crise moral, espiritual e intelectual”, diagnostica. A monarquia seria um remédio contra essa doença. E um remédio divino. “Deus não criou os homens iguais”, declara, ressaltando que, embora tenham direitos fundamentais iguais, os homens são desiguais em sua essência. D.Luiz cita alguns exemplos como força, inteligência, idade, capacidade de trabalho e beleza. E considera que as diferenças sociais e de riqueza se estabelecem naturalmente. “Um regime igualitário como o nosso viola essa desigualdade entre os homens e nivela tudo por baixo”, critica.
O que poderia explicar, em parte, a tal crise diagnosticada. Ele lamenta que temas importantes, como divórcio e aborto, não tenham sido discutidos na eleição. “Esta campanha foi absolutamente chocha, com ataques pessoais para lá e para cá”. E reclama de outros assuntos que lhe incomodam e não vê sendo discutidos. A lista é grande: a soberania da Amazônia, a imoralidade nos meios de comunicação, impostos escorchantes, segurança nacional, homossexualismo, desarmamento da população, combate às drogas, respeito à propriedade privada, meio-ambiente...
Ao ser questionado sobre seu posicionamento sobre alguns desses assuntos, D.Luiz não pensa duas vezes, nem mede as palavras. Divórcio? Nem pensar. “Sou católico apostólico romano. Sou favorável ao casamento monogâmico, indissolúvel. Só se dissolve com o falecimento de um dos cônjuges. O divórcio destrói a família”, diz ele, que considera a família a célula mater da sociedade.
Aborto também é algo inaceitável. “É um grave crime, um assassinato, um pecado, um atentado contra o quinto mandamento”. E ele não abre exceção para nenhum caso, como estupro, má formação congênita do feto ou risco de vida para a mãe. “É um direito que todo ser humano tem de ser criado à imagem e semelhança de Deus, de receber, no momento de sua concepção, uma alma imortal”.
Diante disso, não é preciso pensar muito para imaginar a opinião de D.Luiz sobre homossexualismo. “É uma abominação”. O herdeiro do trono considera um ato contra a natureza humana. Embora reconheça que seja infactível coibir oficialmente a prática, ele está preocupado com a possibilidade de legalização de casamentos entre pessoas do mesmo sexo e a aceitação da adoção de crianças por esses casais.
Também é inflexível com relação às drogas, incluindo as mais leves, como maconha. Todas são vistas por ele como uma fonte de destruição psíquica e orgânica de uma pessoa. Descriminalização não é com ele.
E ai de quem, como o repórter, tenha a petulância de perguntar-lhe se alguma vez alguém de sua família já vivenciou questões como essas de divórcio, aborto, drogas ou homossexualismo. “Não deveria fazer essas perguntas. Mas a resposta é não”, diz curto, firme e contrariado.
Tradição, Família e Propriedade
D.Luiz não tem receio de expor o seu pensamento sobre os assuntos, mesmo que lhe tragam dissabores. Nunca escondeu de ninguém, por exemplo, a sua participação na TFP (Tradição, Família e Propriedade), organização católica tradicionalista, conservadora e anticomunista. Atualmente está um pouco afastado, descontente com a nova direção. Instado a se definir politicamente – como se isso ainda fosse necessário –, ele concede: “Se você quiser, sou de direita”.
O direito à propriedade e a defesa da família, aliás, são justificativas para que ele se oponha à campanha de desarmamento. “Seria entregar a chave de casa aos bandidos, para que violentem seus habitantes”, alarma-se. Colecionador de armas, D.Luiz tem registro, mas não tem posse. Ou seja, não pode sair por aí carregando algum exemplar de sua coleção. “Todo homem deve poder defender sua vida, a de sua família e seus bens, inclusive com a posse de armas”.
É favorável à pena de morte. Embora avalie que, atualmente, por vivermos em uma situação de “convulsão social”, ela não seja conveniente. Mas defende a diminuição da maioridade penal. “Um rapaz de 15 anos, 16 anos, já sabe o que faz”.
E não pode ouvir falar em reforma agrária, que considera uma idéia “estapafúrdia”. O MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) é considerado por ele a entidade mais desprestigiada que existe. Seus integrantes são “mercenários que esperam ter lucro com a invasão de terras”.
“O direito à propriedade é um direito sagrado”, afirma D.Luiz. Ele lembra que a ação do MST contraria dois mandamentos bíblicos, o oitavo (Não Roubarás) e o décimo (Não cobiçarás a casa do teu próximo, nem a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu touro, nem seu jumento, nem qualquer coisa que pertença ao teu próximo).
Os dez mandamentos, aliás, são considerados pelo príncipe herdeiro “a mais curta, mais enxuta e mais perfeita” constituição já feita. Um modelo de enxugamento para o que, acredita, deva ser um governo.
Religião é algo fundamental na sua visão de mundo. Um santo remédio para todos os males. Acredita, por exemplo, que construir igrejas é fechar cadeias. E aproveita para atingir outro alvo de sua insatisfação. “Em vez de agitação social, nosso clero deveria estar ensinando religião”.
A rigor, ele gostaria que Estado e Igreja estivessem juntas. Mas reconhece que hoje elas não são apenas duas entidades soberanas. São duas entidades em crise. Seu diagnóstico é que “juntá-las seria multiplicar as crises”.
A volta do Império é uma ambição. Mas reconhece que isso ainda é um sonho distante. Enquanto isso, ele prepara o terreno viajando pelo Brasil criando “células monarquistas” entre simpatizantes e preparando uma “elite monárquica”.
Presenciada pelo NoMínimo, uma dessas reuniões (um encontro público no Rio de Janeiro) serviu de palanque para acusações ao governo e aos políticos, inclusive aos de oposição. Entre outras críticas, o programa Bolsa-família foi definido por um orador como “o mensalão dos pobres”. Para D.Luiz, a monarquia é o sistema que está mais de acordo com a ordem natural do mundo e o que melhor espelha “a grande monarquia de Deus”. Na sua cabeça, em um regime monárquico federativo, o Estado deve ser enxuto e leve, ocupando-se basicamente apenas de questões administrativas, da Justiça e da defesa interna e externa.
Referendo falseado
Em 1993, um plebiscito popular decidiu que o Brasil seria uma república presidencialista. Em uma eleição com quase 40% de abstenção, cerca de 13% dos votos válidos foram pela monarquia. D.Luiz diz que os monarquistas ainda não estavam articulados para defender sua posição. E outros obstáculos foram criados. “O referendo foi falseado”, acusa. Por isso, a médio ou a longo prazo, ele planeja lutar por um novo plebiscito.
Acredita que se estivéssemos em uma monarquia parlamentarista, que é o que ele defende, a situação seria completamente diferente. Um imperador agiria como um poder moderador em momentos de crise. “Poderia dissolver o governo e mesmo as Câmaras”, exemplifica. Mas ele garante que nem haveria tantas crises assim. Apenas a existência de um monarca, segundo D.Luiz, seria capaz de “elevar o tônus moral, espiritual e intelectual” da nação. Ele representaria “os melhores valores do país”. “O imperador é um poder moralizante e que não depende da demagogia”.
E cita como exemplo de sua tese o rei Juan Carlos. “A Espanha lucrou incrivelmente com a monarquia”. Questionado sobre o contra-exemplo italiano, em que Vittorio Emanuel, o herdeiro do trono da Casa Real de Savóia, foi preso recentemente por ligações com a máfia e envolvido em um escândalo de prostituição, jogo ilegal e extorsão, D.Luiz lamenta. “Nenhuma entidade está livre de ter uma ovelha negra”.
Fonte: http://nominimo.ibest.com.br/notitia/se ... ageCode=50
Luiz Antonio Ryff

03.10.2006 | Se pudesse, Luiz Gastão Maria José Pio de Orleans e Bragança certamente voltaria no tempo. Um tempo em que o Brasil era regido por um monarca, onde títulos nobiliárquicos agraciavam aqueles que servissem ao país e à família imperial, em que Igreja e Estado não eram separados, onde o divórcio era proibido, o homossexualismo não era tolerado, onde os homens não eram iguais.
Se isso ocorresse, D.Luiz seria o imperador do Brasil. Ou melhor, Sua Alteza Imperial e Real. Por enquanto, ele contenta-se em ser chamado de D.Luiz ou de “vossa alteza” mesmo. Aos 68 anos, trineto de D.Pedro II, D.Luiz é o primeiro na linha de sucessão da Casa Imperial Brasileira, afastada do poder com a Proclamação da República, em 1889. Embora sem poder desempenhar as atribuições de um monarca, que acredita ser o regime que espelha na terra a vontade de Deus, D.Luiz acompanha com preocupação a situação nacional.
“Nosso país atravessa uma grave crise moral, espiritual e intelectual”, diagnostica. A monarquia seria um remédio contra essa doença. E um remédio divino. “Deus não criou os homens iguais”, declara, ressaltando que, embora tenham direitos fundamentais iguais, os homens são desiguais em sua essência. D.Luiz cita alguns exemplos como força, inteligência, idade, capacidade de trabalho e beleza. E considera que as diferenças sociais e de riqueza se estabelecem naturalmente. “Um regime igualitário como o nosso viola essa desigualdade entre os homens e nivela tudo por baixo”, critica.
O que poderia explicar, em parte, a tal crise diagnosticada. Ele lamenta que temas importantes, como divórcio e aborto, não tenham sido discutidos na eleição. “Esta campanha foi absolutamente chocha, com ataques pessoais para lá e para cá”. E reclama de outros assuntos que lhe incomodam e não vê sendo discutidos. A lista é grande: a soberania da Amazônia, a imoralidade nos meios de comunicação, impostos escorchantes, segurança nacional, homossexualismo, desarmamento da população, combate às drogas, respeito à propriedade privada, meio-ambiente...
Ao ser questionado sobre seu posicionamento sobre alguns desses assuntos, D.Luiz não pensa duas vezes, nem mede as palavras. Divórcio? Nem pensar. “Sou católico apostólico romano. Sou favorável ao casamento monogâmico, indissolúvel. Só se dissolve com o falecimento de um dos cônjuges. O divórcio destrói a família”, diz ele, que considera a família a célula mater da sociedade.
Aborto também é algo inaceitável. “É um grave crime, um assassinato, um pecado, um atentado contra o quinto mandamento”. E ele não abre exceção para nenhum caso, como estupro, má formação congênita do feto ou risco de vida para a mãe. “É um direito que todo ser humano tem de ser criado à imagem e semelhança de Deus, de receber, no momento de sua concepção, uma alma imortal”.
Diante disso, não é preciso pensar muito para imaginar a opinião de D.Luiz sobre homossexualismo. “É uma abominação”. O herdeiro do trono considera um ato contra a natureza humana. Embora reconheça que seja infactível coibir oficialmente a prática, ele está preocupado com a possibilidade de legalização de casamentos entre pessoas do mesmo sexo e a aceitação da adoção de crianças por esses casais.
Também é inflexível com relação às drogas, incluindo as mais leves, como maconha. Todas são vistas por ele como uma fonte de destruição psíquica e orgânica de uma pessoa. Descriminalização não é com ele.
E ai de quem, como o repórter, tenha a petulância de perguntar-lhe se alguma vez alguém de sua família já vivenciou questões como essas de divórcio, aborto, drogas ou homossexualismo. “Não deveria fazer essas perguntas. Mas a resposta é não”, diz curto, firme e contrariado.
Tradição, Família e Propriedade
D.Luiz não tem receio de expor o seu pensamento sobre os assuntos, mesmo que lhe tragam dissabores. Nunca escondeu de ninguém, por exemplo, a sua participação na TFP (Tradição, Família e Propriedade), organização católica tradicionalista, conservadora e anticomunista. Atualmente está um pouco afastado, descontente com a nova direção. Instado a se definir politicamente – como se isso ainda fosse necessário –, ele concede: “Se você quiser, sou de direita”.
O direito à propriedade e a defesa da família, aliás, são justificativas para que ele se oponha à campanha de desarmamento. “Seria entregar a chave de casa aos bandidos, para que violentem seus habitantes”, alarma-se. Colecionador de armas, D.Luiz tem registro, mas não tem posse. Ou seja, não pode sair por aí carregando algum exemplar de sua coleção. “Todo homem deve poder defender sua vida, a de sua família e seus bens, inclusive com a posse de armas”.
É favorável à pena de morte. Embora avalie que, atualmente, por vivermos em uma situação de “convulsão social”, ela não seja conveniente. Mas defende a diminuição da maioridade penal. “Um rapaz de 15 anos, 16 anos, já sabe o que faz”.
E não pode ouvir falar em reforma agrária, que considera uma idéia “estapafúrdia”. O MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) é considerado por ele a entidade mais desprestigiada que existe. Seus integrantes são “mercenários que esperam ter lucro com a invasão de terras”.
“O direito à propriedade é um direito sagrado”, afirma D.Luiz. Ele lembra que a ação do MST contraria dois mandamentos bíblicos, o oitavo (Não Roubarás) e o décimo (Não cobiçarás a casa do teu próximo, nem a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu touro, nem seu jumento, nem qualquer coisa que pertença ao teu próximo).
Os dez mandamentos, aliás, são considerados pelo príncipe herdeiro “a mais curta, mais enxuta e mais perfeita” constituição já feita. Um modelo de enxugamento para o que, acredita, deva ser um governo.
Religião é algo fundamental na sua visão de mundo. Um santo remédio para todos os males. Acredita, por exemplo, que construir igrejas é fechar cadeias. E aproveita para atingir outro alvo de sua insatisfação. “Em vez de agitação social, nosso clero deveria estar ensinando religião”.
A rigor, ele gostaria que Estado e Igreja estivessem juntas. Mas reconhece que hoje elas não são apenas duas entidades soberanas. São duas entidades em crise. Seu diagnóstico é que “juntá-las seria multiplicar as crises”.
A volta do Império é uma ambição. Mas reconhece que isso ainda é um sonho distante. Enquanto isso, ele prepara o terreno viajando pelo Brasil criando “células monarquistas” entre simpatizantes e preparando uma “elite monárquica”.
Presenciada pelo NoMínimo, uma dessas reuniões (um encontro público no Rio de Janeiro) serviu de palanque para acusações ao governo e aos políticos, inclusive aos de oposição. Entre outras críticas, o programa Bolsa-família foi definido por um orador como “o mensalão dos pobres”. Para D.Luiz, a monarquia é o sistema que está mais de acordo com a ordem natural do mundo e o que melhor espelha “a grande monarquia de Deus”. Na sua cabeça, em um regime monárquico federativo, o Estado deve ser enxuto e leve, ocupando-se basicamente apenas de questões administrativas, da Justiça e da defesa interna e externa.
Referendo falseado
Em 1993, um plebiscito popular decidiu que o Brasil seria uma república presidencialista. Em uma eleição com quase 40% de abstenção, cerca de 13% dos votos válidos foram pela monarquia. D.Luiz diz que os monarquistas ainda não estavam articulados para defender sua posição. E outros obstáculos foram criados. “O referendo foi falseado”, acusa. Por isso, a médio ou a longo prazo, ele planeja lutar por um novo plebiscito.
Acredita que se estivéssemos em uma monarquia parlamentarista, que é o que ele defende, a situação seria completamente diferente. Um imperador agiria como um poder moderador em momentos de crise. “Poderia dissolver o governo e mesmo as Câmaras”, exemplifica. Mas ele garante que nem haveria tantas crises assim. Apenas a existência de um monarca, segundo D.Luiz, seria capaz de “elevar o tônus moral, espiritual e intelectual” da nação. Ele representaria “os melhores valores do país”. “O imperador é um poder moralizante e que não depende da demagogia”.
E cita como exemplo de sua tese o rei Juan Carlos. “A Espanha lucrou incrivelmente com a monarquia”. Questionado sobre o contra-exemplo italiano, em que Vittorio Emanuel, o herdeiro do trono da Casa Real de Savóia, foi preso recentemente por ligações com a máfia e envolvido em um escândalo de prostituição, jogo ilegal e extorsão, D.Luiz lamenta. “Nenhuma entidade está livre de ter uma ovelha negra”.
Fonte: http://nominimo.ibest.com.br/notitia/se ... ageCode=50