Entrevista com Anne Rice...(arkivo)
Enviado: 09 Out 2006, 22:26
Entrevista com Anne Rice
Por Roberta Jansen
"Meu próximo livro vai ser ambientado no Brasil.
Me senti intimamente ligada ao país"
Os temas sobrenaturais nem sempre estiveram entre as preocupações de Anne Rice. Só passaram a povoar sua mente a partir de 72, quando sua filha Michele morreu, com leucemia. A passagem pelo Brasil no reveillon mostrou que o outro mundo lhe subiu à cabeça. Veio buscar o espírito da filha, que uma vidente disse estar em uma menina carioca que toca piano. Por isso, seu próximo livro será ambientado no Brasil.
Apesar disso, a escritora não se animou, em entrevista dada durante sua vinda ao Rio, a falar sobre o novo livro, nem sobre Lasher, a continuação de A Hora das Bruxas, que a Rocco acaba de lançar. Mas conversou sobre os assuntos que, segundo ela, ocupam sua mente nesse momento: a busca do espírito da filha, a religiosidade dos brasileiros e a preservação do mico leão dourado.
LIVROS & ARTES – Você veio ao Brasil em busca do espírito de sua filha. O que a faz acreditar que Michele teria reencarnado em uma menina carioca?
ANNE RICE – Uma amiga íntima me disse que Michele teria reencarnado em uma menina brasileira que toca piano extremamente bem para sua idade. Houve outra coisa. O médico que a tratou passava o carnaval no Rio quando ela morreu. Não pude ignorar tamanha coincidência. Desde então. o sonho da minha vida sempre foi vir ao Brasil.
LIVROS & ARTES – Você encontrou a menina?
ANNE RICE – Não. A pessoa que me deu a informação desapareceu há muito tempo e não tinha muitas pistas. Mas, embora seja a primeira vez que venho ao Brasil, me senti intimamente ligada ao país. Senti uma coisa muito forte. A sensação foi de estar em casa, ou, pelo menos, de já ter estado aqui antes.
LIVROS & ARTES – Você fica constrangida de falar desse assunto tão pessoal?
ANNE RICE – Não, de forma alguma. A busca da reencarnação de Michele é algo muito intenso, mas é bom estar perto do espírito da minha filha, esteja ele aqui ou não.
LIVROS & ARTES – E por onde andou em busca do espírito de Michele?
ANNE RICE – Fui a diversas igrejas: no Outeiro da Glória, na Candelária, na Catedral, na Catedral Metropolitana e na Igreja do Carmo. Visitei também a Floresta da Tijuca.
LIVROS & ARTES – Houve alguma razão especial para visitar a Floresta da Tijuca?
ANNE RICE – Sim. Li em uma revista do hotel um artigo sobre a extinção do mico leão dourado. Quero tomar parte desse problema de preservação, por isso quis conhecer seu habitat e fui à Floresta. Fiquei muito preocupada com a situação do mico. Quando voltar aos Estados Unidos, pretendo pedir ajuda a autoridades para criar uma área de preservação. Fiquei fascinada com a Floresta. Havia neblina por todos os lados, gostei muito. E veja, tem outra coisa. O sobrenome do vampiro Lestat (de Lioncourt) faz alusão a um leão. Como o mico leão dourado, Lestat também representa a imagem de um pequeno leão. Há um simbolismo muito forte na conexão dessas pequenas coisas.
LIVROS & ARTES – A sua vinda ao Brasil teve também como objetivo a pesquisa para um novo livro. Como será ele?
ANNE RICE – Será uma história de fantasmas. O livro começa com a história de uma violonista americana que vem ao Rio fazer uma apresentação no Teatro Municipal. Mas não posso adiantar mais detalhes. Vim ao Brasil para pesquisar a religiosidade e o misticismo do povo.
LIVROS & ARTES – Você chegou a ir a algum terreiro de macumba?
ANNE RICE – Não fui porque me preveniram contra os programas direcionados a turistas. Queria ver um ritual autêntico, por isso não fui.
LIVROS & ARTES – Mas você passou o reveillon no Rio, em um hotel na Avenida Atlântica. Viu os rituais de macumba que fazem na praia?
ANNE RICE – Sim, assisti da sacada do hotel à festa de reveillon na praia. Vi lá de cima a macumba que fazem na praia e achei maravilhoso. Foi um dos espetáculos mais bonitos que já vi em minha vida e gostaria de voltar todos os anos.
LIVROS & ARTES – Você conhece as lendas da população ribeirinha, como a do boto que se transforma em homem?
ANNE RICE – Sim, conheço essa lenda e sei que existem muitas. Tenho certeza que muitas coisas que tenho visto nessa viagem vão inspirar meus escritos futuros.
LIVROS & ARTES – Não gostaria de falar de seu livro Lasher, que acaba de ser lançado no Brasil?
ANNE RICE – Como você percebe, minha mente está ocupada com outras coisas agora. No momento estou estudando a vida do mico leão e não tenho tempo para falar sobre isso. Me desculpe.
Por Roberta Jansen
"Meu próximo livro vai ser ambientado no Brasil.
Me senti intimamente ligada ao país"
Os temas sobrenaturais nem sempre estiveram entre as preocupações de Anne Rice. Só passaram a povoar sua mente a partir de 72, quando sua filha Michele morreu, com leucemia. A passagem pelo Brasil no reveillon mostrou que o outro mundo lhe subiu à cabeça. Veio buscar o espírito da filha, que uma vidente disse estar em uma menina carioca que toca piano. Por isso, seu próximo livro será ambientado no Brasil.
Apesar disso, a escritora não se animou, em entrevista dada durante sua vinda ao Rio, a falar sobre o novo livro, nem sobre Lasher, a continuação de A Hora das Bruxas, que a Rocco acaba de lançar. Mas conversou sobre os assuntos que, segundo ela, ocupam sua mente nesse momento: a busca do espírito da filha, a religiosidade dos brasileiros e a preservação do mico leão dourado.
LIVROS & ARTES – Você veio ao Brasil em busca do espírito de sua filha. O que a faz acreditar que Michele teria reencarnado em uma menina carioca?
ANNE RICE – Uma amiga íntima me disse que Michele teria reencarnado em uma menina brasileira que toca piano extremamente bem para sua idade. Houve outra coisa. O médico que a tratou passava o carnaval no Rio quando ela morreu. Não pude ignorar tamanha coincidência. Desde então. o sonho da minha vida sempre foi vir ao Brasil.
LIVROS & ARTES – Você encontrou a menina?
ANNE RICE – Não. A pessoa que me deu a informação desapareceu há muito tempo e não tinha muitas pistas. Mas, embora seja a primeira vez que venho ao Brasil, me senti intimamente ligada ao país. Senti uma coisa muito forte. A sensação foi de estar em casa, ou, pelo menos, de já ter estado aqui antes.
LIVROS & ARTES – Você fica constrangida de falar desse assunto tão pessoal?
ANNE RICE – Não, de forma alguma. A busca da reencarnação de Michele é algo muito intenso, mas é bom estar perto do espírito da minha filha, esteja ele aqui ou não.
LIVROS & ARTES – E por onde andou em busca do espírito de Michele?
ANNE RICE – Fui a diversas igrejas: no Outeiro da Glória, na Candelária, na Catedral, na Catedral Metropolitana e na Igreja do Carmo. Visitei também a Floresta da Tijuca.
LIVROS & ARTES – Houve alguma razão especial para visitar a Floresta da Tijuca?
ANNE RICE – Sim. Li em uma revista do hotel um artigo sobre a extinção do mico leão dourado. Quero tomar parte desse problema de preservação, por isso quis conhecer seu habitat e fui à Floresta. Fiquei muito preocupada com a situação do mico. Quando voltar aos Estados Unidos, pretendo pedir ajuda a autoridades para criar uma área de preservação. Fiquei fascinada com a Floresta. Havia neblina por todos os lados, gostei muito. E veja, tem outra coisa. O sobrenome do vampiro Lestat (de Lioncourt) faz alusão a um leão. Como o mico leão dourado, Lestat também representa a imagem de um pequeno leão. Há um simbolismo muito forte na conexão dessas pequenas coisas.
LIVROS & ARTES – A sua vinda ao Brasil teve também como objetivo a pesquisa para um novo livro. Como será ele?
ANNE RICE – Será uma história de fantasmas. O livro começa com a história de uma violonista americana que vem ao Rio fazer uma apresentação no Teatro Municipal. Mas não posso adiantar mais detalhes. Vim ao Brasil para pesquisar a religiosidade e o misticismo do povo.
LIVROS & ARTES – Você chegou a ir a algum terreiro de macumba?
ANNE RICE – Não fui porque me preveniram contra os programas direcionados a turistas. Queria ver um ritual autêntico, por isso não fui.
LIVROS & ARTES – Mas você passou o reveillon no Rio, em um hotel na Avenida Atlântica. Viu os rituais de macumba que fazem na praia?
ANNE RICE – Sim, assisti da sacada do hotel à festa de reveillon na praia. Vi lá de cima a macumba que fazem na praia e achei maravilhoso. Foi um dos espetáculos mais bonitos que já vi em minha vida e gostaria de voltar todos os anos.
LIVROS & ARTES – Você conhece as lendas da população ribeirinha, como a do boto que se transforma em homem?
ANNE RICE – Sim, conheço essa lenda e sei que existem muitas. Tenho certeza que muitas coisas que tenho visto nessa viagem vão inspirar meus escritos futuros.
LIVROS & ARTES – Não gostaria de falar de seu livro Lasher, que acaba de ser lançado no Brasil?
ANNE RICE – Como você percebe, minha mente está ocupada com outras coisas agora. No momento estou estudando a vida do mico leão e não tenho tempo para falar sobre isso. Me desculpe.