Filha de Pelé acreditava em milagre e teria recusado tratamento
SÃO PAULO - A médica Martha Perdicaris afirmou que Sandra Arantes do Nascimento Felinto, filha de Pelé, poderia ter sobrevivido mais tempo e, eventualmente, até conseguido se curar se não acreditasse tanto em um milagre e recusasse o tratamento. Sandra morreu nesta terça-feira, vítima de câncer de mama, e foi enterrada nesta manhã em Santos.
- O que matou Sandra foi seu fanatismo religioso. Ela era muito resistente ao tratamento. Só fez três sessões de quimioterapia.
Segundo a médica, o hospital exigiu que Sandra assinasse um termo de responsabilidade, isentando a instituição pelo tratamento inadequado. Martha afirmou que a filha de Pelé teria dito a ela que o pastor de sua igreja a havia curado.
O pastor Paulo Alves Corrêa, da Assembléia de Deus de Santos, confirmou que Sandra acreditava que seria curada por um milagre, mas negou que a tenha influenciado a não seguir o tratamento.
- A Sandra esperava o milagre e tinha fé suficiente para isso. Mas essa não foi a vontade de Deus - disse ele.
Sandra era vereadora em Santos e estava internada desde domingo no Hospital Benificência,com metástase do câncer nos pulmões. Pelé mandou flores , mas informou que não iria ao enterro porque se sente mal em velórios. A mãe de Sandra, Anisia Machado, não deixou que as coroas enviadas por Pelé fossem colocadas ao lado do caixão da filha.
A doença de Sandra se manifestou na mama direita, que foi retirada, mas atingiu também o seio esquerdo. Em função de um quadro mais grave, foi constatada água no pulmão e ela foi internada na quinta-feira, dia 12. Segundo informações do hospital, o motivo da morte foi metástase pulmonar, falência múltipla de órgãos e neoplasia de mama. Ela deixa dois filhos, Otávio (8 anos) e Gabriel (6 anos), e o marido Oseás Felinto.
Nascida Sandra Regina Machado, ela demorou quase três décadas para conseguir ser reconhecida como filha por Pelé, o rei do Futebol, e se tornar Sandra Regina Machado Arantes do Nascimento. Sandra nasceu no Guarujá, na Baixada Santista, fruto de um relacionamento de Pelé com a empregada doméstica Anisia Machado.
Ela só conseguiu usar o sobrenome do pai famoso depois de ser submetida a um exame de DNA e ser reconhecida pela Justiça, em 1996. Vereadora em Santos pelo PSC, ela foi balconista até decidir ser candidata e batalhou para tornar o exame de DNA gratuito. Tentou por duas vezes ser eleita deputada estadual, mas não conseguiu. Nesta eleição, obteve 19 mil votos, insuficiente para se eleger pelo PSC.
Sua história está contada no livro 'A filha que o rei não quis'. Para ser reconhecida, Sandra teve de travar uma longa batalha judicial, diferentemente do que ocorreu com a fisioterapeuta Flávia Christina Kurtz V. de Carvalho, que se tornou a sétima herdeira do rei sem necessidade de processar Edson Arantes do Nascimento. Flávia é fruto de um relacionamento relâmpago que o então jogados do Santos teve em Porto Alegre, em 1968.
"Tive um sentimento legal quando a conheci porque ela não veio me pedir nada. Ela veio contar a história dela e queria me conhecer. Como não exigiu nada, acabou ganhando tudo o que quis", disse Pelé ao comentar a aproximação com Flávia, numa entrevista à revista 'Isto É Gente'.
Uma hora de conversa teria sido suficiente para que Pelé se entendesse com Flávia e desconfiasse de que ela era sua filha. "Quando ela contou sua história, comecei a reparar em seu rosto e vi que era da família", revelou Pelé.
De dezembro de 1994 a março de 2000, Flávia recebeu do pai uma pensão mensal equivalente a cerca de US$ 1 mil. O dinheiro era depositado em sua conta, em Porto Alegre, e ajudou Flávia, durante este tempo, a pagar a faculdade.
Pelé tem ainda os filhos Edinho, Kelly Cristina e Jennifer, de seu casamento com Rosemary Cholby; e os gêmeos Joshua e Celeste, de sua união com Assiria Nascimento.
fonte: http://oglobo.globo.com/sp/mat/2006/10/18/286142072.asp
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