A Sociedade Vulcana não pode ser Fundamentada na Lógica
Enviado: 03 Nov 2006, 22:50
Porque a Sociedade Vulcana não pode ser Fundamentada na Lógica
Por Acauan
Hoje é sexta-feira e posso escrever sobre qualquer coisa.
Dito isto, vamos ao assunto do título.
Todo mundo que já assistiu Star Trek e todo mundo assistiu, mesmo que negue ou tente esquecer, sabe que a característica principal dos nativos do planeta Vulcano é ter a lógica como fundamento de sua sociedade.
Isto é impossível e a própria série e a definição de lógica confirmam isto.
Lógica ou Analítica é o discurso Aristotélico que estabelece as regras para se identificar a coerência racional entre premissa e conclusão.
Considerada a premissa válida, a lógica pode determinar com absoluta certeza se a conclusão é verdadeira ou falsa.
O problema é como saber se as premissas são válidas.
Uma sociedade fundamentada exclusivamente na lógica não se fundamentaria em coisa alguma, pois a realidade última das conclusões lógicas depende da veracidade das premissas, que, por sua vez, não podem ser estabelecidas pela própria lógica.
A História dos Vulcanos revela em seus primórdios um povo bárbaro e violento, propenso à autodestruição até que Surak os ensinou a utilizar a lógica para reprimir as emoções e construir uma sociedade guiada pelo raciocínio objetivo.
Desde então os Vulcanos se tornaram pacifistas, humanistas (ou vulcanistas, sei lá), cientificistas e... ateus.
O que Spock, Tuvok e T´Pol nunca explicaram é porque o pacifismo, humanismo (ou vulcanismo), cientificismo e... ateísmo eram mais lógicos do que seus opostos ideológicos, que poderiam ser plenamente considerados como fundamentos da sociedade lógica Vulcana se suas premissas tivessem sido as escolhidas.
Na verdade, de acordo com os episódios da própria série Star Trek, o fundamento da sociedade Vulcana não é a lógica, mas a filosofia IDIC – Infinite Diversity in Infinite Combinations.
Acho que Gene Roddenberry atirou no que viu e acertou no que não viu.
IDIC dá sustentação Aristotélica à doutrina Vulcana de primazia da lógica.
Infinita diversidade em infinitas combinações é uma visão da realidade que, em última instância, admite que a lógica seja insuficiente para determinar o que é real.
Se a realidade é produto de dois conjuntos infinitos de variáveis, as premissas oriundas de tal realidade são, no mínimo, infinitas ao quadrado.
Como uma sociedade fundamentada na lógica pode escolher premissas quando o universo de onde elas devem ser coletadas se expande para um número além da imaginação?
Pela dialética.
Esta seria a resposta Aristotélica imediata.
Se a lógica é o discurso que apresenta conclusões a partir de premissas aceitas como válidas, a dialética é o discurso que confronta premissas para determinar a validade delas.
As premissas escolhidas pela sociedade Vulcana reconhecem que a escolha mais lógica na infinita diversidade em infinitas combinações é a tolerância.
E a apologia da tolerância, o ideal proposto por Gene Roddenberry, foi o que fez de Star Trek o cult que se tornou.
Ou alguém acha que aquela série fez sucesso por conta dos cenários futurísticos feitos de madeira, do cronômetro estelar mecânico ou pela moda do quadrante alfa da galáxia ser aquela coisa brega dos anos 1960?
A tolerância, não descartar a priori o diferente, tomado como premissa universalmente válida pelos Vulcanos, valida logicamente o pacifismo e humanismo (ou vulcanismo) de sua sociedade, até onde reconhecem que as diferenças individuais não diferem em essência das diferenças que determinam a essência do cosmo.
Assim, o respeito às diferenças entre os indivíduos se conciliam com a realidade última do Universo.
Tanto quanto as diferenças entre os elementos cósmicos não afetam e antes promovem as sintonias celestes, as diferenças individuais não devem afetar e antes promover as sintonias das sociedades humanas (ou Vulcanas).
É.
Ou Gene Roddenberry atirou no que viu e acertou no que não viu, ou eu bebi demais nesta sexta.
Por Acauan
Hoje é sexta-feira e posso escrever sobre qualquer coisa.
Dito isto, vamos ao assunto do título.
Todo mundo que já assistiu Star Trek e todo mundo assistiu, mesmo que negue ou tente esquecer, sabe que a característica principal dos nativos do planeta Vulcano é ter a lógica como fundamento de sua sociedade.
Isto é impossível e a própria série e a definição de lógica confirmam isto.
Lógica ou Analítica é o discurso Aristotélico que estabelece as regras para se identificar a coerência racional entre premissa e conclusão.
Considerada a premissa válida, a lógica pode determinar com absoluta certeza se a conclusão é verdadeira ou falsa.
O problema é como saber se as premissas são válidas.
Uma sociedade fundamentada exclusivamente na lógica não se fundamentaria em coisa alguma, pois a realidade última das conclusões lógicas depende da veracidade das premissas, que, por sua vez, não podem ser estabelecidas pela própria lógica.
A História dos Vulcanos revela em seus primórdios um povo bárbaro e violento, propenso à autodestruição até que Surak os ensinou a utilizar a lógica para reprimir as emoções e construir uma sociedade guiada pelo raciocínio objetivo.
Desde então os Vulcanos se tornaram pacifistas, humanistas (ou vulcanistas, sei lá), cientificistas e... ateus.
O que Spock, Tuvok e T´Pol nunca explicaram é porque o pacifismo, humanismo (ou vulcanismo), cientificismo e... ateísmo eram mais lógicos do que seus opostos ideológicos, que poderiam ser plenamente considerados como fundamentos da sociedade lógica Vulcana se suas premissas tivessem sido as escolhidas.
Na verdade, de acordo com os episódios da própria série Star Trek, o fundamento da sociedade Vulcana não é a lógica, mas a filosofia IDIC – Infinite Diversity in Infinite Combinations.
Acho que Gene Roddenberry atirou no que viu e acertou no que não viu.
IDIC dá sustentação Aristotélica à doutrina Vulcana de primazia da lógica.
Infinita diversidade em infinitas combinações é uma visão da realidade que, em última instância, admite que a lógica seja insuficiente para determinar o que é real.
Se a realidade é produto de dois conjuntos infinitos de variáveis, as premissas oriundas de tal realidade são, no mínimo, infinitas ao quadrado.
Como uma sociedade fundamentada na lógica pode escolher premissas quando o universo de onde elas devem ser coletadas se expande para um número além da imaginação?
Pela dialética.
Esta seria a resposta Aristotélica imediata.
Se a lógica é o discurso que apresenta conclusões a partir de premissas aceitas como válidas, a dialética é o discurso que confronta premissas para determinar a validade delas.
As premissas escolhidas pela sociedade Vulcana reconhecem que a escolha mais lógica na infinita diversidade em infinitas combinações é a tolerância.
E a apologia da tolerância, o ideal proposto por Gene Roddenberry, foi o que fez de Star Trek o cult que se tornou.
Ou alguém acha que aquela série fez sucesso por conta dos cenários futurísticos feitos de madeira, do cronômetro estelar mecânico ou pela moda do quadrante alfa da galáxia ser aquela coisa brega dos anos 1960?
A tolerância, não descartar a priori o diferente, tomado como premissa universalmente válida pelos Vulcanos, valida logicamente o pacifismo e humanismo (ou vulcanismo) de sua sociedade, até onde reconhecem que as diferenças individuais não diferem em essência das diferenças que determinam a essência do cosmo.
Assim, o respeito às diferenças entre os indivíduos se conciliam com a realidade última do Universo.
Tanto quanto as diferenças entre os elementos cósmicos não afetam e antes promovem as sintonias celestes, as diferenças individuais não devem afetar e antes promover as sintonias das sociedades humanas (ou Vulcanas).
É.
Ou Gene Roddenberry atirou no que viu e acertou no que não viu, ou eu bebi demais nesta sexta.