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Refugiados Judeus lançam campanha

Enviado: 17 Nov 2006, 17:37
por O ENCOSTO
Refugiados judeus lançam campanha


Famílias judaicas são registradas antes abandonar o Iraque, nos anos 50

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A situação dos refugiados palestinos, pessoas que abandonaram suas casas em razão dos conflitos entre árabes e israelenses, é tema recorrente na imprensa mundial. Já uma outra conseqüência da violência no Oriente Médio é pouco conhecida. Milhares de judeus foram obrigados a abandonar suas casas e familiares em países árabes.

Mesmo que estas pessoas não sofram diretamente hoje em razão de conflitos que ocorreram há mais de cinco décadas, caso de muitas famílias palestinas, os refugiados judeus estão se organizando no mundo todo para tornar sua história conhecida. A Campanha Internacional por Direitos e Reparação desembarcou esta semana no Brasil, onde pretende registrar todas as cerca de 1,5 mil famílias de origem judaica que vieram ao país nesta situação.

- O propósito é registrar os testemunhos, as histórias, dos judeus que deixaram os países árabes em razão do conflito árabe-israelense. Quando o mundo fala em refugiados, só pensa em refugiados palestinos, e é verdade que seu sofrimento continua até hoje. Mas o mundo não se dá conta de que também existem refugiados judeus - afirma o canadense Stanley Urman.

Coordenador da campanha, Urman está no Brasil para seu lançamento. Segundo ele, nos 20 anos que se seguiram à criação de Israel, em 1948, cerca de 1 milhão de judeus foram forçados a deixar suas casas em países como Iraque, Líbia, Líbano e Egito. Embora o foco atual da campanha não seja compensação financeira, como seu coordenador faz questão de salientar, o cadastramento das famílias inclui os bens que deixaram para trás.

- Todas as pessoas que foram vítimas, que tiveram seus direitos humanos violados, devem ter justiça - defende Urman.

O movimento não ignora o sofrimento dos refugiados palestinos, mas defende um tratamento igual para os judeus em qualquer eventual acordo de paz que venha a ocorrer. Segundo uma estimativa da Organização Mundial de Judeus dos Países Árabes (Wojac, na sigla em inglês), as perdas das famílias judaicas nesta situação chegam a US$ 100 bilhões.

A maioria, aproximadamente dois terços, recomeçou sua vida em Israel, com auxílio do governo. Estados Unidos e a Europa Ocidental, principalmente França e Grã-Bretanha, foram os destinos preferidos pelos demais.


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Re.: Refugiados Judeus lançam campanha

Enviado: 17 Nov 2006, 17:39
por O ENCOSTO
"Deve haver uma solução para todas as questões"

Entrevista: Stanley Urman, coordenador da Campanha Internacional por Direitos e Reparação




Coordenador de um movimento presente em 40 países, Stanley Urman, 57 anos, não foge da polêmica ao defender a Campanha Internacional por Direitos e Reparação aos judeus expulsos de países árabes.

- A razão de haver tanta atenção aos refugiados palestinos é que eles ainda estão sofrendo.

O canadense está no Rio de Janeiro, onde apresenta a campanha à comunidade judaica local. De seu hotel, Urman conversou ontem com Zero Hora, por telefone:

Zero Hora - Quanto ao objetivo da campanha, é esperada alguma compensação financeira?

Stanley Urman - Não, isso não tem a ver com dinheiro. Tem duas razões. Uma é criar um registro histórico. A segunda é que, em qualquer acordo de paz no Oriente Médio, deve haver uma solução para todas as questões. Sim, o mundo terá de lidar com os refugiados palestinos, mas o mundo deve se dar conta que existem refugiados judeus.

ZH - Eles ainda enfrentam problemas em relação a sua saída dos países árabes?

Urman - Está resolvido no sentido que, quando deixaram os países árabes, muitos foram para Israel, que os acolheu, e outros países. Felizmente, reconstruíram suas vidas e começaram de novo, não são como os palestinos que estão em campos de refugiados e sofrem até hoje. Mas eles sofrem como refugiados, perderam familiares, pertences, contas bancárias, aposentadorias, tudo.

ZH - Por que há tanta cobertura da imprensa ao caso dos refugiados palestinos e pouca atenção para refugiados judeus?

Urman - Os palestinos ainda estão sofrendo. Visitei campos de refugiados em Gaza e na Cisjordânia e vi como ainda sofrem. Minha é pergunta é: por que o mundo não os reassentou? É uma imagem ruim para a comunidade internacional não ter permitido que os refugiados palestinos se reassentassem. Por quê? Porque eles querem usar seu sofrimento para aumentar a tensão contra Israel.

ZH - Alguma família de refugiados judeus voltaria para casa?

Urman - Não, conheço judeus que gostariam de voltar para visitar suas antigas cidades, os cemitérios, mas nunca conheci ninguém que quisesse voltar. Eles foram perseguidos, presos, torturados, assassinados e discriminados. Por que alguém voltaria?

Enviado: 17 Nov 2006, 18:07
por spink
La Vanguardia escreveu:

Oriente Médio na encruzilhada: a nova estratégia britânica
Blair aproveita a fraqueza de Bush para promover suas idéias sobre o Oriente Médio. O desprestígio dos neoconservadores rompe a relação transatlântica.

Rafael Ramos
em Londres

A aritmética eleitoral é tão cruel quanto inapelável. Depois de exercer com entusiasmo durante seis anos o papel de vassalo fiel de George Bush e assumir como própria a política externa da Casa Branca, Tony Blair quer aproveitar a fraqueza do presidente americano e a humilhação de seu círculo de "neocons" para impor seu programa sobre o Oriente Médio e estender pontes para Damasco e Teerã.

As recomendações de Tony Blair ontem em uma videoconferência à comissão Baker e o novo tom de diálogo em direção à Síria e ao Irã começaram a provocar uma fratura nas relações entre o líder trabalhista e o presidente republicano, até agora sólidas como rocha, segundo fontes da chancelaria britânica. Bush, ainda escaldado pela perda das duas câmaras do Congresso, não acha graça que Londres lhe diga o mesmo que ele já escuta dos democratas, e sua reação inicial - mais uma convulsão que qualquer outra coisa - foi reforçar-se e afirmar que "continua sendo o comandante-em-chefe".

Segundo especialistas do governo britânico, o certo é que Bush vai ter de mudar de sintonia sobre o Iraque e todo o Oriente Médio, assumir o erro da guerra, preparar a retirada das tropas e renunciar ao sonho neoconservador de uma democratização dos países do Golfo, que abrisse as portas para negócios ainda mais saborosos para a Halliburton e outras empresas sob controle do vice-presidente Dick Cheney e seus amigos. E Blair, consciente disso, quer pegar a batuta e deixar sua marca antes de abandonar o poder dentro de alguns meses.

"As idéias formuladas por Blair diante da comissão Baker e em seu discurso de política externa de segunda-feira à noite não têm muito de inovador", diz Francis Osman, acadêmico especializado em temas árabes. "A única coisa a fazer é reconhecer a influência regional da Síria e do Irã e mudar o tom de confronto dos últimos anos por um ramo de oliveira que não está claro se vão aceitar." Em todo caso, a iniciativa não agradou a Bush, que preferia o premiê britânico em sua versão de menino bom e calado, que quando abria a boca era para dizer, como nos filmes de fuzileiros navais: "Senhor, sim, senhor".

Mas Blair a esta altura não tem nada a perder, e gostaria de se livrar em parte da espinha do fracasso monumental do Iraque, que obscureceu outros sucessos e diminuiu sua imagem de estadista. O premiê pode gabar-se com razão de ter feito o possível para que os EUA pressionassem Israel em vista de um compromisso estável com os palestinos, somente para encontrar a resistência passiva de um Bush mais interessado em arrecadar votos, dólares e apoios do Comitê de Assuntos Públicos América-Israel (Iapac), um dos mais poderosos lobbies judeus nos EUA.

A verdade é que Tony Blair se afastou de Bush e propôs ao Irã um regime de colaboração, em troca de deixar de fomentar o terrorismo entre a comunidade xiita iraquiana e aceitar o controle internacional de seu programa atômico, ao mesmo tempo que Londres descarta formalmente pela primeira vez um ataque militar aos aiatolás. Uma delegação secreta do Ministério das Relações Exteriores viajou a Damasco em uma missão de reconciliação para pedir a ajuda do influente presidente Assad na estabilização da região.

"Está na hora de mudar de estratégia", diz Tony Blair. Mas o receoso George Bush não vê assim e suspeita que seu velho amigo passou para o lado vencedor dos democratas.