Milton Friedman, gigante da Liberdade
Enviado: 18 Nov 2006, 10:01
Milton Friedman, gigante da Liberdade
__ Cândido Prunes*
No próximo dia 10 de dezembro seriam comemorados os 30 anos da outorga do Prêmio Nobel de Economia para Milton Friedman. A morte, entretanto, o colheu em 16 de novembro, aos 94 anos, na Califórnia, poucas semanas antes da celebração. O desaparecimento de Milton Friedman encerra, na verdade, um ciclo histórico.
Ele era o último fundador ainda vivo da Sociedade Mont Pèlerin. O grupo se reuniu a primeira vez naquela localidade suíça entre 1o e 10 de abril de 1947. Além de Friedman, compareceram, entre outros, F. A. Hayek (Nobel de Economia em 1974), Ludwig von Mises, Karl Popper, Bertrand de Jouvenel, Leonard Read, Floyd Harper, Henry Hazlitt, Frank Knight, Fritz Machlup, Lionel Robins e George Stigler (também Nobel de Economia em 1982).
Além de haver se notabilizado como economista, pioneiro da teoria monetarista e autor de uma história monetária americana que revolucionou a perspectiva sobre a matéria, Friedman foi um incansável defensor da liberdade. As suas obras mais conhecidas, que tiveram grande repercussão, mesmo fora do meio acadêmico, bem expressam essa preocupação: “Capitalismo e Liberdade”; “Liberdade para Escolher”; e “A Tirania do Status Quo”.
Por incrível que pareça, houve um longo período em que Friedman foi injustiçado, sendo-lhe atribuída conivência com o regime militar chileno. De fato, no começo dos anos 70, ele esteve no Chile e muitas de suas idéias econômicas de cunho liberal foram adotadas naquele país. Alguns de seus ex-alunos chilenos, na pós-graduação do curso de Economia da Universidade de Chicago, ocuparam importantes ministérios no governo Pinochet. Eles revolucionaram a economia do Chile, que até hoje cresce vários pontos percentuais acima dos demais países sul-americanos.
Embora Friedman jamais tenha endossado a violência política e a supressão de garantias e liberdades individuais, os socialistas do mundo inteiro o associaram indevidamente aos excessos da ditadura chilena. Em 1976, quando ele recebeu o Nobel em Estocolmo, organizaram-se protestos na Suécia e em diversas partes do mundo. O que os intervencionistas esqueceram-se de dizer é que, graças às liberdades econômicas asseguradas no Chile, nos anos 70, é que foi possível fazer a transição pacífica para a Democracia e restaurar as demais liberdades naquele País. Hoje, o Chile, apesar de governado por uma coalizão de esquerda, não abandonou muitas das prescrições liberais de Friedman e o País segue conjugando liberdade com prosperidade.
Milton Friedman teve uma extraordinária trajetória profissional. Nascido no seio de uma família de imigrantes pobres europeus, em Nova Iorque, ele desde cedo se destacou como aluno, obtendo seu Ph.D. em Economia pela Universidade Columbia. Lecionou por mais de 30 anos na renomada Universidade de Chicago (em 1976 todos os ganhadores do Nobel foram americanos, sendo dois ligados à Universidade de Chicago: Saul Bellow – Literatura – e o próprio Friedman). Nos últimos anos de sua vida esteve ligado ao Instituto Hoover, na Califórnia, e à frente da fundação que leva o seu nome o de sua esposa, Rose Friedman, dedicada a questões educacionais, especialmente à idéia do financiamento da educação por meio de “vouchers”.
Mesmo comparado a seus indiscutíveis méritos como economista, Milton Friedman foi ainda maior como defensor da liberdade. Corajosamente enfrentou polêmicas questões como a da liberação de drogas, embora certamente não recomendasse o seu uso. Durante décadas, defendeu um governo constitucionalmente limitado no seu papel, garantindo apenas a estabilidade monetária, as liberdades econômicas e políticas, o Estado de direito, a democracia representativa e o direito de propriedade. Ao contrário do que muitos pensam, ele não era, nem de longe, um conservador. Não há idéia mais revolucionária do que a da liberdade. E poucos a defenderam ao longo do século XX com tanto ardor quanto Milton Friedman.
http://www.institutoliberal.org.br/Mens ... ia%202.htm
__ Cândido Prunes*
No próximo dia 10 de dezembro seriam comemorados os 30 anos da outorga do Prêmio Nobel de Economia para Milton Friedman. A morte, entretanto, o colheu em 16 de novembro, aos 94 anos, na Califórnia, poucas semanas antes da celebração. O desaparecimento de Milton Friedman encerra, na verdade, um ciclo histórico.
Ele era o último fundador ainda vivo da Sociedade Mont Pèlerin. O grupo se reuniu a primeira vez naquela localidade suíça entre 1o e 10 de abril de 1947. Além de Friedman, compareceram, entre outros, F. A. Hayek (Nobel de Economia em 1974), Ludwig von Mises, Karl Popper, Bertrand de Jouvenel, Leonard Read, Floyd Harper, Henry Hazlitt, Frank Knight, Fritz Machlup, Lionel Robins e George Stigler (também Nobel de Economia em 1982).
Além de haver se notabilizado como economista, pioneiro da teoria monetarista e autor de uma história monetária americana que revolucionou a perspectiva sobre a matéria, Friedman foi um incansável defensor da liberdade. As suas obras mais conhecidas, que tiveram grande repercussão, mesmo fora do meio acadêmico, bem expressam essa preocupação: “Capitalismo e Liberdade”; “Liberdade para Escolher”; e “A Tirania do Status Quo”.
Por incrível que pareça, houve um longo período em que Friedman foi injustiçado, sendo-lhe atribuída conivência com o regime militar chileno. De fato, no começo dos anos 70, ele esteve no Chile e muitas de suas idéias econômicas de cunho liberal foram adotadas naquele país. Alguns de seus ex-alunos chilenos, na pós-graduação do curso de Economia da Universidade de Chicago, ocuparam importantes ministérios no governo Pinochet. Eles revolucionaram a economia do Chile, que até hoje cresce vários pontos percentuais acima dos demais países sul-americanos.
Embora Friedman jamais tenha endossado a violência política e a supressão de garantias e liberdades individuais, os socialistas do mundo inteiro o associaram indevidamente aos excessos da ditadura chilena. Em 1976, quando ele recebeu o Nobel em Estocolmo, organizaram-se protestos na Suécia e em diversas partes do mundo. O que os intervencionistas esqueceram-se de dizer é que, graças às liberdades econômicas asseguradas no Chile, nos anos 70, é que foi possível fazer a transição pacífica para a Democracia e restaurar as demais liberdades naquele País. Hoje, o Chile, apesar de governado por uma coalizão de esquerda, não abandonou muitas das prescrições liberais de Friedman e o País segue conjugando liberdade com prosperidade.
Milton Friedman teve uma extraordinária trajetória profissional. Nascido no seio de uma família de imigrantes pobres europeus, em Nova Iorque, ele desde cedo se destacou como aluno, obtendo seu Ph.D. em Economia pela Universidade Columbia. Lecionou por mais de 30 anos na renomada Universidade de Chicago (em 1976 todos os ganhadores do Nobel foram americanos, sendo dois ligados à Universidade de Chicago: Saul Bellow – Literatura – e o próprio Friedman). Nos últimos anos de sua vida esteve ligado ao Instituto Hoover, na Califórnia, e à frente da fundação que leva o seu nome o de sua esposa, Rose Friedman, dedicada a questões educacionais, especialmente à idéia do financiamento da educação por meio de “vouchers”.
Mesmo comparado a seus indiscutíveis méritos como economista, Milton Friedman foi ainda maior como defensor da liberdade. Corajosamente enfrentou polêmicas questões como a da liberação de drogas, embora certamente não recomendasse o seu uso. Durante décadas, defendeu um governo constitucionalmente limitado no seu papel, garantindo apenas a estabilidade monetária, as liberdades econômicas e políticas, o Estado de direito, a democracia representativa e o direito de propriedade. Ao contrário do que muitos pensam, ele não era, nem de longe, um conservador. Não há idéia mais revolucionária do que a da liberdade. E poucos a defenderam ao longo do século XX com tanto ardor quanto Milton Friedman.
http://www.institutoliberal.org.br/Mens ... ia%202.htm