Página 1 de 1

A 5ª Internacional

Enviado: 20 Nov 2006, 09:34
por RicardoVitor
Artigo - Demétrio Magnoli
Folha de S. Paulo
29/6/2006

HOJE O CONGRESSO Nacional recebe uma carta pública, firmada por 114 intelectuais, artistas e ativistas de movimentos negros, contra os projetos de lei de cotas raciais e do chamado Estatuto da Igualdade Racial (leia a íntegra da carta à página A3). O sociólogo americano Edward Telles, que não a assina, "pescou" o texto na internet e publicou-o no boletim eletrônico da Brazilian Studies Association. Acrescentou um cabeçalho no qual "informa" que ele "circulou no Brasil com o título "Manifesto da Elite Branca'".

Telles foi diretor de programas da Fundação Ford (FF) no Rio de Janeiro na década de 90. A FF inspirou o multiculturalismo e os programas de cotas raciais nos EUA, atuando em estreita conexão com os governos Johnson (1963-69) e Nixon (1969-74). McGeorge Bundy, assessor de segurança nacional de Johnson, um entusiasta da Guerra do Vietnã, deixou o governo para ser presidente da FF, cargo que ocupou de 1966 a 1979.

Sob Bundy, a fundação filantrópica, cujo portfólio atual de investimentos ultrapassa US$ 10,5 bilhões, transformou-se num aparato ideológico internacional. Nos EUA, na África e na América Latina, o dinheiro da filantropia passou a irrigar movimentos e ONGs de cunho "étnico" ou "racial". Nos EUA, vultosos financiamentos da FF "convenceram" universidades a criar disciplinas voltadas para a produção de identidades raciais, com sistemas de admissão baseados em cotas. Paralelamente, milhares de bolsas de estudos foram direcionadas para a formação de intelectuais-ativistas que se engajam na difusão internacional do modelo americano de ação afirmativa. No núcleo da ideologia da FF está a noção de "minorias". As nações não seriam constituídas por cidadãos, isto é, indivíduos iguais perante a lei, mas por coletividades definidas pela raça ou etnia.

Nessa ordem política reconstruída, o Estado trocaria o dever de oferecer serviços públicos universais pela obrigação de conduzir programas seletivos de "inclusão" das "minorias". Desde a queda do Muro de Berlim, uma parcela da esquerda, órfã de suas antigas certezas, mas sempre descrente na democracia, aderiu à plataforma política de Bundy. Na academia, os intelectuais citam entre aspas e indicam rigorosamente as fontes. Telles faz isso nos seus trabalhos sobre raça e discriminação. Mas, na condição de intelectual-ativista, ele não se importa em falsificar o título e o sentido de um documento público que critica a doutrina da nova Internacional. Afinal, sua "ética de resultados" tem o fim útil de elevar o volume das caixas de som para encobrir as vozes que querem dialogar.


http://clipping.planejamento.gov.br/Not ... Cod=278212

Re.: A 5ª Internacional

Enviado: 20 Nov 2006, 10:55
por nohay
"As nações não seriam constituídas por cidadãos, isto é, indivíduos iguais perante a lei, mas por coletividades definidas pela raça ou etnia. "
há dois caminhos, reforço da identidade nacional alem de corrigir o problema nas bases (longo prazo), ou tentar inserir o negro através de cotas em universidades, quem sabe no futuro também uma ajudinha às empresas que contratarem negros, entre outras coisas que além de fomentar essa divisão racial geram mais racismo por parte da maioria que foi prejudicada (e o mérito??) fora que por essa mesma questão do mérito cairá a qualidade do ensino etc.. como eu não prevejo o futuro, é só uma lógica os fatos decorretes dessas reformas, mas a principio é uma solução a curto prazo. é uma pena que o governo brasileiro tenha optado por esse segundo caminho defendido por esses ativistas, não acho que os estados unidos seja um lindo modelo de integração social racial.