A história do Budismo

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Buda
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A história do Budismo

Mensagem por Buda »

Há 3000 anos começaram a se formar as principais filosofias e religiões que organizaram as visões de mundo do homem contemporâneo. Alguns filósofos, como o alemão Karl Jaspers, dão a essa época o nome de Era Axial. Axial diz respeito a eixo. Foi, portanto, quando o homem começou a buscar o seu eixo. Ou, segundo Jaspers, quando passamos a prestar atenção em nós mesmos. A Era Axial estende-se entre os séculos VIII e II a.C. “Nessa época, as pessoas discutiam sobre espiritualidade com o mesmo entusiasmo com que hoje se discute futebol”, diz a escritora inglesa Karen Armstrong, uma das mais respeitadas estudiosas de religião, autora de best-sellers como Maomé e Buda. Os historiadores ainda não sabem o que causou esse despertar para a religião e para a filosofia, nem por que ele se concentrou na China, no Mediterrâneo Oriental, na Índia e no Irã. Acredita-se que com as sociedades agrícolas, mais estáveis, o homem ganhou tempo extra para dedicar-se à contemplação. O certo é que todos os sábios desse período parecem seguir um caminho comum quando conclamam seus contemporâneos a radicais mudanças em suas vidas. Do século VIII ao VI a.C. os profetas de Israel reformaram o antigo paganismo hebreu. Na China dos séculos VI e V a.C., Confúcio e Lao-Tsé chaolhavam as velhas tradições religiosas. Na Pérsia, o monoteísmo desenvolvido por Zoroastro expandiu-se e influenciou outras religiões. No século V a.C., Sócrates e Platão encorajavam os gregos a questionar até mesmo as verdades que pareciam mais evidentes. Tudo acontecendo mais ou menos junto. E é bem no meio dessa era, no século VI a.C., que surge o criador do budismo, uma das mais influentes religiões do mundo, hoje com quase 400 milhões de adeptos.
No caldo da primeira Era Axial, a Índia também passou por grandes transformações. Sua cultura foi dominada pelos arianos, antigos povos nômades que teriam migrado da Ásia Central 4000 anos antes. A sociedade ariana dividia-se em castas: brahmins, os sacerdotes; Ksatriyas, os guerreiros e governantes; vaisyas, os camponeses e criadores de gado; e sudras, os escravos ou marginais. O que determina a inclusão em uma dessas classes é a hereditariedade – ou seja, somente aquele que nasceu de mãe da casta bramânica podia realizar rituais e curas. Para os brâmanes, a essência do universo está em Brahman, deus primordial que se expressa em uma infinidade de outras deidades. Sua rígida espiritualidade é expressa nas escrituras sagradas conhecidas como Vedas. Na Índia dessa época, os sacerdotes tinham uma espécie de reserva de mercado. E, assim como acontecia em outras regiões, surgiu uma revolta contra esses sacerdotes e seus rituais – que incluíam sangrentos sacrifícios de animais. Mas novos movimentos reinterpretavam as antigas tradições, procurando afastar-se desses rituais e buscar outro tipo de sacrifício, mais interno, de renúncia às coisas do mundo – aquela atenção a si mesmo descrita por Jaspers.
É nessa Índia em ebulição espiritual que surge Sidarta Gautama, o Buda. Ele nasceu em 563 a.C. em Lumbini, aos pés do Himalaia, em uma região que hoje pertence ao Nepal. Era uma aristocrata, da casta Ksatrya, a dos guerreiros e governantes. Seu pai, Sudodhana, era o rei do clã dos sakyas. Vem daí o outro nome pelo qual Sidarta se tornaria conhecido: Sakyamuni, ou “o sábio silencioso dos sakyas”. O pai de Sidarta, temendo que se cumprisse uma profecia segundo a qual ele se tornaria um homem santo, cercou-o de luxos e prazeres, acreditando que se o mantivesse ignorante sobre o sofrimento do mundo, iria afastá-lo do caminho espiritual. Sidarta tinha um palácio para o inverno, outro para o verão e um terceiro para a época das chuvas. Na adolescência, vivia cercado por belas moças, ocupadas em diverti-lo em seus aposentos decorados com sugestiva arte erótica. Aos 16 anos, escolheu-se uma noiva para ele, a Yashodhara, com quem teria um filho, Rahula.
Pouca coisa mudaria na sua vida até os 29 anos. Apesar de todo o luxo, Sidarta sentia-se infeliz. Certo dia, contra a vontade do pai, saiu para passear fora do palácio e se surpreendeu com quatro cenas que o tirariam para sempre daquela vida de prazeres. Primeiro, viu um velho arqueado, de pele enrugada, movendo-se com dificuldade. Depois avistou um doente que sofria dores terríveis. Mais tarde, cruzou seu caminho um cortejo fúnebre. Um morto era carregado por amigos e parentes que choravam sua perda. Foi um choque e tanto para alguém que sempre vivera protegido, sem se dar conta de que tudo que nasce também se degenera, envelhece e morre. “A imagem que temos de Sidarta Gautama pelas antigas escrituras é a de um jovem às voltas com problemas existenciais, angustiado por questões ligadas ao mistério da vida”, diz o monge brasileiro Nissin Cohen, que traduziu para o português o Dhammapada, uma das mais importantes escrituras budistas. A quarta visão do passeio de Sidarta foi um mendigo errante, esmolando por comida. Apesar da sua pobreza, tinha porte ereto, feições radiantes e expressão de profunda serenidade. Sidarta determinou-se a também abraçar uma vida santa e a buscar uma resposta para o sofrimento que viu no mundo. Uma decisão como essa não era tão incomum na Índia daquela época. Acreditava-se que somente quando se abandona a vida doméstica e os laços afetivos para tornar-se um eremita ou andarilho é que se conseguem as respostas para a busca espiritual. Essa busca tinha um objetivo específico. A maioria da população indiana acreditava em alguma forma de renascimento ou transmigração, em um ciclo interminável que começa no nascimento, passa para a velhice, a morte e recomeça em novo nascimento. O ideal que todos desejavam era algo capaz de pôr fim a esse ciclo, que pudesse libertar o espírito desse movimento circular.
Sidarta abandonou o palácio enquanto todos dormiam. Saiu de fininho, sem ao menos se despedir da mulher e do seu pequeno filho. O príncipe logo aprendeu a dormir no chão e a esmolar por comida. Além da mendicância, a vida de filósofo-andarilho (sramara) incluía práticas de meditação. Na sua busca, ele se aproximou de dois famosos mestres e rapidamente chegou aos últimos estágios de absorção contemplativa propostos por eles. Mas ainda não atingira a suprema realização que buscava. Dedicou-se então à automortificação. As práticas ascéticas são comuns às formas primitivas da maior parte das religiões, inclusive no Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. O que está por trás da autoflagelação é a idéia de que um rígido controle dos sentidos desenvolve a autodisciplina e transfere o máximo de energia corporal para a atividade mental.
Durante seis anos, Sidarta experimentou privações e dores. Mudou radicalmente a alimentação, ampliando o período entre as refeições. De uma por dia, passou a uma a cada dois dias, três, quatro, até alimentar-se somente a cada 15 dias. Depois, diminuiu a quantidade até chegar à ração diária de um único grão de arroz. Simultaneamente, fazia experiências psicológicas, analisando em si mesmo certas emoções que, acreditava, só poderiam eliminar completamente se as observasse em profundidade. Para analisar o medo e meditar sobre a impermancência, passava noites deitado entre cadáveres e esqueletos num cemitério. Ainda assim, não alcançara sua realização final. O próprio Sidarta descreve os efeitos dos jejuns: “Quando eu pensava estar tocando a pele do meu abdômen, era a minha coluna que eu segurava”. Abandonou essas práticas quando já era quase só pele e ossos. Sua experiência provou que a autoflagelação embota a mente em vez de favorecê-la. Ele intuiu, então, que o caminho para a libertação não estava nos excessos de ascetismo, nem nos da sensualidade, mas em um ponto de equilíbrio entre eles. Vem daí a expressão “caminho do de meio”, um dos pilares do Budismo.
Sidarta voltou a comer. Segundo conta-se, uma porção de arroz e leite oferecida por uma jovem que o encontrou quase morto à beira de um rio. Dias depois, recuperado, preparou um assento de capim sob uma figueira – que ficaria conhecida como a árvore bodhi, ou árvore de iluminação – na região de Bodhgaya, no norte da Índia. Decidiu então que ou atingiria a iluminação ali ou morreria. Mesmo para um alto praticante como ele, surgiram obstáculos. Alguns relatos os descrevem na forma de tentações e demônios, como Mara, deus indiano da morte. São imagens que simbolizam os obscuros medos reprimidos, fragmentos de memória, dúvidas, fantasias e outros conteúdos mentais tão persistentes e familiares a quem já tenha tentado alguma prática meditativa. Sidarta transpôs esses obstáculos e, serenamente, dominou todos os estágios de meditação. Como fez isso? As escrituras dizem apenas que ele permaneceu imóvel diante das investidas de Mara. Mas há uma pista nas técnicas para lidar com esses conteúdos mentais. Uma delas é a meditação de ponto único. Nela, a observação concentra-se em um objeto específico (a respiração, por exemplo), controlando ou suspendendo temporariamente o fluxo dispersivo de pensamentos.
Assim, Sidarta tornou-se um Buda numa noite de lua cheia no mês de maio, quando tinha 35 anos. Buda não é um nome próprio, mas uma em sânscrito que significa “o Desperto” ou “o iluminado”. Esse título passou a definir a condição de Sidarta Gautama e ficou ligado ao seu nome, da mesma maneira como o título de Cristo (“Salvador”) associo-se ao nome de Jesus.
O detalhamento dessa experiência sob a figueira tornou-se o corpo dos seus ensinamentos, cuja essência é não fazer o mal, praticar o bem e purificar a mente. Buda ampliou o conhecimento sobre a mente humana e acreditava ter descoberto uma verdade profunda que lhe permitiu viver grande transformação interior e conquistar a imunidade ao sofrimento. Depois da sua iluminação, passou 45 anos ensinando outras pessoas a fazer o mesmo e organizou comunidades de monges só homens. No início, o próprio Buda não era favorável à admissão de mulheres em sua ordem. Parece que sua preocupação era com a dispersão que a presença delas pudesse representar em uma comunidade que tinha como um de seus pilares o total controle dos desejos. Mas acabou mudando de idéia.
A grande novidade trazida por Buda em sua época foi a idéia de que a vida espiritual, como capacidade de conhecer a si mesmo, não tem nada a ver com as restrições de casta impostas pelos Brâmades. Foi um salto e tanto para a estrutura social da Índia, que aceitou prontamente essa religião tolerante. Buda diz que todos os seres humanos têm vislumbres de iluminação. Isso acontece nos momentos em que aquele insistente e auto-referente “eu” não interfere, quando a mente não se prende ao passado, não sonha com o futuro e se envolve apenas com o momento presente. Esses vívidos momentos de ligação com o aqui-e-agora contrastam com a mente habitual. Eles surgem como relances fugidios, mas podem também ser voluntariamente induzidos pelo processo meditativo. Aí está o fim do sofrimento, a iluminação, o nirvana.
A essência dos ensinamentos budistas está nas práticas meditativas, que se fundam em tradições anteriores ao próprio Buda. Na meditação busca-se cessar a atividade mental ininterrupta, na qual pensamentos e fantasias bloqueiam a experiência direta e intuitiva. Na maior parte do tempo alimentamos pensamentos que podem nos deixar ansiosos, frustrados, com mágoa, raiva, ressentimento ou medo. Tragada por essa vórtice de sensações, nossa atenção perde o foco. É por isso que, muitas vezes, comemos sem sentir o sabor do alimento, olhamos uma pessoa sem vê-la de fato. Por quase meio século, Buda viveu cercado de multidões às quais receitava antídotos para essa dispersão, como a chamada “atenção plena”, prática que consiste em dispensar o máximo de atenção a tudo o que se faz – e que está na base de várias técnicas meditativas.
Buda morreu por volta de 483 a.C. depois de ter uma infecção intestinal. Sua doutrina foi transmitida através de numerosas linhagens de mestres que se espalharam por vários países. Quando morreu, seus ensinamentos estavam bem estabelecidos na região central da Índia. Havia muitos seguidores leigos, mas o coração da comunidade eram os monges mendicantes, os bhiksus. Sua doutrina se espalhou por uma poderosa rede de mosteiros e tomou diversas formas, adaptando-se a diferentes situações históricas e culturais. Essa característica flexível do Budismo seria determinante para sua difusão. Por ser ele mesmo mutável e impermanente, o budismo tem um mecanismo interno que barra o fundamentalismo – risco presente em outras religiões, cuja história está manchada de sangue. “Não deveis aceitar nada por ouvir falar, tampouco porque está nas escrituras”, disse Buda em um discurso. Como sua ênfase é a compaixão, o budismo não define a si mesmo como solução melhor que qualquer outra. O Budismo primitivo, a rigor, nem era uma religião, mas um conjunto de práticas morais e mentais. No que diz respeito à meditação, essas práticas podem ser vistas como simples técnicas, que não implicam em compromisso com nenhum tipo de religiosidade.
Como resultado da sua expansão, cerca de 300 anos depois da morte de Buda, o budismo já se dividia em 18 escolas. Seus ensinamentos, mantidos por transmissão oral, agora estavam escritos. Vários concílios foram organizados para dar homogeneidade às escrituras das diversas escolas. Um deles, realizado no século III a.C., resultou no chamado Cânone Páli, o registro mais antigo dos ensinamentos budistas. Pouco depois, o budismo dividiu-se em duas tradições, cada uma delas afirmando-se como possuidora do verdadeiro sentido da palavra de Buda. A tradição Theravada, ou “à maneira dos antigos”, que se baseava exclusivamente nos textos escritos na língua páli, espalhou-se pelo sudeste da Ásia. Para o praticante Theravada, Buda não era um deus, mas sim um grande sábio. O objetivo do caminho Theravada é iluminação individual.
A outra tradição é a Mahayana (literalmente “Grande Veículo”), que se instalou sobretudo na China, Coréia e Japão. A base de seus ensinamentos também está na prática da meditação. No Budismo Mahayana, porém, Buda já não é apenas um sábio, mas uma divindade reverenciada. Assim como os chamados bodhisatvas, seres considerados iluminados, que adiam sua entrada no nirvana para poder ajudar na iluminação de outros. Foi no âmbito das escolas Mahayana que mais se desenvolveram os aspectos sobrenaturais e imaginários do Budismo. Sidarta, ou Buda Sakyamuni, jamais se apresentou como um enviado, salvador ou reencarnação de quem quer que fosse. Nos seus discursos não há referência sequer ao fato de que existe reencarnação. Ele não disse palavra a favor ou contra a idéia de Deus.
O conceito de Buda já não se restringia a Sidarta, o Buda Sakyamuni. Passou a definir um princípio fundamental de iluminação espiritual. Sakyamuni já não era mais “o” Buda, mas sim “um” Buda. As tradições orientais sustentam que houve muitos Budas no passado e que ainda haverá muitos outros no futuro. Ampliando o conceito de que há muitos Budas quanto grãos de areia, esse budismo pop expandiu-se amigavelmente pelo Oriente, incorporando uma infinidade de arquétipos ou divindades locais. Isso explica por que existem tantas imagens diferentes do Iluminado. Quando ele é representado como um asceta esquelético, refere-se ao Sidarta da fase pré-Buda. Quando mostrado como um meditador sereno, é o Buda Sakyamuni. Se a figura for a de um sujeito gorducho e sorridente, quase sempre trata-se de uma divindade local, geralmente símbolo de prosperidade, na China e no Japão. O mesmo ocorre com os dhianybudas, ou budas da meditação, aos quais se atribuem significados ocultos. Ou com as 21 belas figuras da jovem Tara – representação do aspecto feminino e compassivo de Buda, cultuada na tradição tibetana.
Apesar do grande florescimento que teve em sua terra natal, o Budismo foi varrido da Índia em decorrência das invasões dos hunos no século V d.C. e dos islâmicos nos séculos XII e XIII. A corrente que mais se expandiu foi a Mahayana, por ser menos ortodoxa que a Theravada. O maior desenvolvimento do Budismo aconteceu na China, onde chegou no século I d.C., e, depois, na Coréia e no Japão. Seu encontro com as tradições chinesas deu origem à escola de meditação Ch’an e, mais tarde, no Japão, ao Zen Budismo. “Zen” é uma palavra japonesa derivada do chinês ch’an, que vem do sânscrito dhyana – técnica que segundo a psicologia do Yoga, conduz a um elevado estado de consciência em que o homem une-se com o universo. Os chineses preferiram encontrar essa união no trabalho cotidiano, em vez de na meditação solitária numa floresta, como o próprio Sidarta.
O Zen é um dos mais importantes herdeiros da vertente Mahayana – só equipado pela corrente. Vajrayana, que se desenvolveu no Tibete. Chamado de “Caminho do Diamante”, o Vajrayana tem suas origens encravadas em textos budistas do século II, registrados nos chamados tantras, escrituras esotéricas sobre a transformação da mente através de meditações, visualizações e ritos. Essa linha surgiu no norte da Índia há cerca de 2000 anos e hoje é seguida pela tradição tibetana.
O Budismo só penetraria no Ocidente a partir do século XIX, com o estudo das culturas da Índia e da publicação de O mundo como vontade e idéia. Nesse livro, o alemão Arthur Shopenhauer, que influenciaria muitos outros filósofos, como Friedrich Nietzsche, mergulha nos ensinamentos budistas. O Budismo também chegou à Europa e à América junto com os imigrantes chineses e, depois, japoneses. Mas foi somente com a chegada de mestres Zen, nos anos 30 do século XX, que algumas das principais idéias budistas começariam a ter maior difusão ocidental. Para a mentalidade judaico-cristã, que tem sua solução religiosa na pessoa externa de um pai divino, um grande motivo de estranhamento – e de fascínio – causado pelo Budismo talvez seja a idéia de um caminho espiritual que depende, em última instância, apenas do esforço de cada pessoa. O Budismo sustenta que o mundo é uma projeção da mente é que, portanto, o homem não poderá encontrar no exterior aquilo que não possua dentro de si mesmo.
Nos anos 40 e 50, os livros sobre Zen escritos pelo inglês Alan W. Watts influenciaram os escritores da geração beat, como Jack Kerouac e Allen Ginsberg, gurus dos movimentos que iriam chacoalhar os anos 60, como a contracultura e o hippies. Com a invasão do Tibete pela China, em 1959, e a guerra do Vietnã, nos anos 60, mestres budistas desses países migraram para o Ocidente, onde abriram vários centros de meditação. Estava traçado o caminho que levaria o Budismo para a Califórnia e os estúdios de Hollywood, atraindo adeptos de classe média alta, além de muotos artistas e terapeutas. Diferentemente do que aconteceu na primeira metade do século XX, quando Zen era sinônimo de Budismo no Ocidente, nas últimas décadas o ramo que mais se difundiu foi o Budismo tântrico de Tibete. Algo que ajudou muito nessa divulgação foi a figura sorridente do Dalai Lama, líder do Tibete no exílio, que já era famoso bem antes de ganhar o Prêmio Nobel da Paz em 1989, de dançar no palco com a banda Beastie Boys em shows pela libetação do Tibete, ou de percorrer o mundo falando de espiritualidade. Inclusive no Brasil, onde um dos organizadores de suas visitas é o gaúcho Alfredo Aveline, ou Lama Padma Santem (Lama é a palavra em Tibetano para “mestre espiritual”). Aveline dá uma pista de como essa linha espiritual pode ajudar o homem do século XXI, ao falar da importância do desapego como uma forma de evitar o sofrimento: “A impermanência paira sobre sua cabeça nas relações, no emprego, na sua saúde, no seu endereço, no seu celular, na sua aparência, nas suas aptidões, no afeto. Essa é a vida a que todos estão submetidos. No Budismo, o objetivo é ultrapassar essas limitações. Não estamos dizendo que buscamos distância dessa experiência limitada, mas nosso objetivo é libertarmos-nos dos processos sutis que a criam para ajudar os outros seres a fazer o mesmo e superar as frustrações inevitáveis do processo”.
Dizem que Buda previu que sua ordem duraria muito menos se tivesse a participação de mulheres. Se realmente fez isso, talvez esteja aí um raro equívoco cometido pelo Iluminado. Hoje o que se vê é uma presença cada vez maior de mulheres na pregação da sua doutrina. Às vezes, numa mesma semana na capital paulista, quatro mulheres budistas de diferentes escolas e linhagens costumam atrair grande público para suas palestras: a inglesa Lama Caroline, da escola tibetana Gelupa; a americana Lama Tsering, da escola tibetana Ningma; a monja chinesa Chueh Chen, da escola Ch’na; e a brasileira monja Coen, formada nas tradições japonesas do Soto Zen. Quem quiser entender por que o Budismo exerce tanta atração no Ocidente precisa ver como elas conquistam sua audiência, geralmente de jovens, em torno da idéia da compaixão. “Houve uma geração que quebrou todos os seus valores e hoje mergulha na busca espiritual”, diz a monja Cláudia Coen, que todos os dias orienta grupos de meditação em São Paulo. “Como as técnicas funcionam independentemente da religião de quem as pratica, tem despertado o interesse também de Judeus, Cristãos e Muçulmanos.
Mas, afinal, o que fez o Budismo ser tão bem-aceito no Ocidente? Numa palavra, poder-se-ia dizer que é seu caráter de auto-ajuda, conceito que, nesse caso, nada tem a ver com manuais de comportamento, mas sim com a certeza de que todas as respostas para os problemas do homem estão dele mesmo.

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Hrrr
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Re.: A história do Budismo

Mensagem por Hrrr »

às vezes eu acho o budismo como sendo um Gerin Oil do bem..

..isso pq eu ainda nao sei de nenhuma atrocidade que tenha sido feita em nome de Buda ou dessa religiao
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Flavio Costa
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Re: Re.: A história do Budismo

Mensagem por Flavio Costa »

Hrrr escreveu:às vezes eu acho o budismo como sendo um Gerin Oil do bem..

..isso pq eu ainda nao sei de nenhuma atrocidade que tenha sido feita em nome de Buda ou dessa religiao

Como o Budismo não encoraja o proselitismo, não faz sentido usá-lo como pretexto para atrocidades, como "conversão dos infiéis" ou algo assim.

Entretanto, qualquer característica étnico-cultural pode estimular sentimentos de rivalidade e servir de estopim para conflitos políticos e sociais.
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O ENCOSTO
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Mensagem por O ENCOSTO »

Budismo deve ser um pé no saco.
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Hrrr
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Re: Re.: A história do Budismo

Mensagem por Hrrr »

Flavio Costa escreveu:
Hrrr escreveu:às vezes eu acho o budismo como sendo um Gerin Oil do bem..

..isso pq eu ainda nao sei de nenhuma atrocidade que tenha sido feita em nome de Buda ou dessa religiao

Como o Budismo não encoraja o proselitismo, não faz sentido usá-lo como pretexto para atrocidades, como "conversão dos infiéis" ou algo assim.

Entretanto, qualquer característica étnico-cultural pode estimular sentimentos de rivalidade e servir de estopim para conflitos políticos e sociais.


pelo que eu conheço, o budismo tambem nao eh uma "religiao caracteristica daquele povo", como os paganismos
o budismo se espalhou pelo sudeste asiatico, India (onde desapareceu na Idade Media mas pode ter voltado mais tarde), China e Japao

pelo visto, pelo menos dando essa olhada superficial na historia, a pregaçao do budismo nao veio acompanhada de violencia
JINGOL BEL, JINGOL BEL DENNY NO COTEL... :emoticon266:

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Flavio Costa
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Mensagem por Flavio Costa »

O ENCOSTO escreveu:Budismo deve ser um pé no saco.

Bom mesmo deve ser a gauchada enrolada no pau-de-fita. :emoticon10:
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Huxley
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Re.: A história do Budismo

Mensagem por Huxley »

Existe um fenômeno curioso.Religiões politeístas ou que não se importam com a existência de Deus (como o Budismo), nunca foram catalizadores de guerras santas como as monoteístas foram.Pelo menos em relação ao Budismo, eu nunca ouvi falar de "cruzada budista".
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”

Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)

"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."

John Maynard Keynes

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Mensagem por o pensador »

Já houve confrontos armados entre hinduístas e budistas.só que nâo tenho a referência disponível agora.

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King In Crimson
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Re.: A história do Budismo

Mensagem por King In Crimson »

Facções de monges se engajam em lutas sangrentas até hoje.

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Re.: A história do Budismo

Mensagem por Lúcifer »

Mas os confrontos budistas são mais raras do que qualquer outra religião.
Eu fiquei um tempo frequentando reuniões budistas. Até que era legal mas muito calmo para mim.
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Tranca
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Re.: A história do Budismo

Mensagem por Tranca »

Os budistas legais são os violentos:

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Palavras de um visionário:

"Seria uma ressurreição satânica retirarmos Lula e Brizola - esse casamento do analfabetismo econômico com o obsoletismo ideológico - do lixo da história para o palco do poder."

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Jeanioz
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Re: Re.: A história do Budismo

Mensagem por Jeanioz »

Tranca-Ruas escreveu:Os budistas legais são os violentos:

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Endosso.

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"Uma sociedade sem religião é como um navio sem bússola."
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"Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas."
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O ENCOSTO
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Mensagem por O ENCOSTO »

Flavio Costa escreveu:
O ENCOSTO escreveu:Budismo deve ser um pé no saco.

Bom mesmo deve ser a gauchada enrolada no pau-de-fita. :emoticon10:


É outra palhaçada também.
O ENCOSTO


http://www.manualdochurrasco.com.br/
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Flavio Costa
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Mensagem por Flavio Costa »

O ENCOSTO escreveu:
Flavio Costa escreveu:
O ENCOSTO escreveu:Budismo deve ser um pé no saco.

Bom mesmo deve ser a gauchada enrolada no pau-de-fita. :emoticon10:


É outra palhaçada também.

:emoticon12:
The world's mine oyster, which I with sword will open.
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Moninha
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Re.: A história do Budismo

Mensagem por Moninha »

Uma das histórias mais tronchas q escutei sobre o budismo, aliás, sobre buda foi a seguinte:
Um boi ou uma vaca, sei lá não me lembro direito, fez cocô e deste cocô nasceu uma flor, chamada flor de lótus e esta flor quando se abriu buda estava lá dentro.
Não lembro mais quem me contou isso, mas a história ficou até hj na minha mente.

Moninha :emoticon4:

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Jeanioz
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Re: Re.: A história do Budismo

Mensagem por Jeanioz »

Moninha escreveu:Uma das histórias mais tronchas q escutei sobre o budismo, aliás, sobre buda foi a seguinte:
Um boi ou uma vaca, sei lá não me lembro direito, fez cocô e deste cocô nasceu uma flor, chamada flor de lótus e esta flor quando se abriu buda estava lá dentro.
Não lembro mais quem me contou isso, mas a história ficou até hj na minha mente.

Moninha :emoticon4:


Outro dia eu ouvi outra história envolvendo budismo e merda. :emoticon12:

E foi o discípulo do mestre monge de encontro ao mestre:

- Mestre, hoje me acontecem um fato, e tenho certeza que há uma moral no fato, mas não consigo achar qual é?

- Pois não, díscipulo, me narre o fato.

- Mestre, hoje eu estava andando pelas monstanhas quando achei um passarinho na neve, tremendo de frio. Fiquei com pena e decidi achar um lugar quente para colocá-lo, e ali perto achei fezes de vaca, recém feita e ainda quente, então decidi por o passarinho lá para aquece-lo! O passarinho ficou quentinho e começou a piar de felicidade. Mas quando pensei que tudo estava bem, veio uma águia num mergulho e pegou o passarinho...

O monge olha seu díscipulo com atenção.

- Discípulo, nesse fato não há apenas uma moral, mas três!

- Três? Quais são, mestre?

E o mestre disse:

1. Nem sempre quem nos coloca na merda é nosso inimigo.

2. Nem sempre quem nos tira da merda é nosso amigo.

3. Quem está na merda não tem nada que ficar piando...
"Uma sociedade sem religião é como um navio sem bússola."
Napoleão Bonaparte


"Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas."
Napoleão Bonaparte

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Ateu Tímido
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Re.: A história do Budismo

Mensagem por Ateu Tímido »

Onde o budismo é uma religião de massa, a maioria dos budistas acreditam num monte de deuses. E acreditam também que podem reencarnar como minhocas.

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Alter-ego
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Re.: A história do Budismo

Mensagem por Alter-ego »

Eu ainda prefiro Bunda... :emoticon16:
"Noite escura agora é manhã..."

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Re: Re.: A história do Budismo

Mensagem por Ateu Tímido »

Alter-ego escreveu:Eu ainda prefiro Bunda... :emoticon16:


Sem dúvida!!
Principalmente quando vem combinada com outros bons "objetos de culto"...

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Re: Re.: A história do Budismo

Mensagem por Alter-ego »

Ateu Tímido escreveu:
Alter-ego escreveu:Eu ainda prefiro Bunda... :emoticon16:


Sem dúvida!!
Principalmente quando vem combinada com outros bons "objetos de culto"...

Ô...
:emoticon14:
"Noite escura agora é manhã..."

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Re.: A história do Budismo

Mensagem por Najma »

Eu sinto falta do proselitismo de "budismo satânico" que existia por aqui antes... :emoticon1:
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Re.: A história do Budismo

Mensagem por Aranha »

- Tô sentindo que este é um tôpico mediúnico-ritualístico para convocar uma determinada entidade que frequentava este espaço... :emoticon5: :emoticon5: :emoticon5:
"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
Ben Parker

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Re: Re.: A história do Budismo

Mensagem por Najma »

Abmael escreveu:- Tô sentindo que este é um tôpico mediúnico-ritualístico para convocar uma determinada entidade que frequentava este espaço... :emoticon5: :emoticon5: :emoticon5:


Vira esses dedos pra lá, Abmael!! :emoticon5: Aproveita e "isola" batendo na madeira 3 vezes... :emoticon12:
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Re: Re.: A história do Budismo

Mensagem por Ateu Tímido »

Najma escreveu:
Abmael escreveu:- Tô sentindo que este é um tôpico mediúnico-ritualístico para convocar uma determinada entidade que frequentava este espaço... :emoticon5: :emoticon5: :emoticon5:


Vira esses dedos pra lá, Abmael!! :emoticon5: Aproveita e "isola" batendo na madeira 3 vezes... :emoticon12:


Esconjuro!!!

:emoticon266:

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Re: Re.: A história do Budismo

Mensagem por Flavio Costa »

Ateu Tímido escreveu:Onde o budismo é uma religião de massa, a maioria dos budistas acreditam num monte de deuses. E acreditam também que podem reencarnar como minhocas.

Assim como o católico de massa acredita em simpatia e espiritismo. Creio que seja um fenômeno natural da massificação doutrinária e a única forma de reduzí-lo é com forte fundamentalismo religioso, como acontece em certos grupos protestantes.
The world's mine oyster, which I with sword will open.
- William Shakespeare
Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
- William James
Agora já aprendemos, estamos mais calejados...
os companheiros petistas certamente não vão fazer as burrices que fizeram neste primeiro mandato.
- Luis Inácio, 20/10/2006

Trancado