Centenário do nascimento de Emílio Garrastazu Médici
Enviado: 04 Dez 2005, 20:12
Um grande líder
Cel. Amaury Friese Cardoso
Com o afastamento, por grave enfermidade, do Presidente Costa e Silva, o General Emílio Garrastazu Médici, através de eleição indireta pelo Congresso Nacional, exerceu o cargo de Presidente da República no período de 30.10.1969 a 15.03.1974. A função lhe foi passada por uma Junta Militar, exercida pelos Ministros Militares de então.
O perfil e a grande confiança de que gozava este ilustre chefe militar levaram ao total assentimento das Forças Armadas à sua indicação para o cargo, em detrimento do então Vice-presidente, Dr. Pedro Aleixo, que não pôde, naquele momento crítico, sem trazer grave risco para a estabilidade do regime, substituir o Presidente Costa e Silva, em face de ser necessária a aprovação da Emenda Constitucional nº1, que se incorporou na Constituição de 1967 as medidas previstas no Ato Institucional nº5 (AI - 5), contra o qual já havia se manifestado.
A confiança depositada no General Médici teve respaldo na retidão, equilíbrio, determinação, seriedade e profissionalismo demonstrados em toda a sua vida militar. Desde 1927, quando foi declarado Aspirante-a-Oficial da Arma de Cavalaria, até o seu Comando no então III Exército, foi alvo do respeito e admiração dos seus chefes e subordinados, pelos atributos muito bem evidenciados, especialmente a lealdade, a camaradagem, a objetividade, a coerência, a sobriedade e a responsabilidade.
Sua liderança no Comando da Academia Militar das Agulhas Negras em 1964 levou essa organização a total adesão à causa revolucionária, tendo grande importância no desfecho das operações no Vale do Paraíba.
Foi Adido Militar junto à Embaixada do Brasil nos EUA e Delegado Brasileiro na Junta Interamericana de Defesa em Washington. Foi Chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) no Governo Costa e Silva, quando teve oportunidade de bem conhecer os macro-problemas brasileiros e as políticas necessárias para soluciona-los. Suas promoções aà General-de-Brigada, General-de-Divisão e General-de-Exército ocorreram em 1961, 1965 e 1969, respectivamente.
No período de Governo do General Médici houve o recrudescimento das ações das esquerdas radicais pela opção da luta armada, inspiradas nas revoluções comunistas ocorridas na China, em Cuba e no Vietnã, esperando com isso, contar com o apoio da população para retornar seu projeto revolucionário..
Os estudantes já tinham sido facilmente aliciados contra o Governo, em face do modismo acadêmico baseado nas idéias da Escola de Frankfurt, inspirada no marxismo e com propósitos de transformação do mundo, de maneira passional e violenta. Foram estimulados pelos exemplos do que vinha ocorrendo na França contra De Gaule e nos Estados Unidos contra a Guerra do Vietnã.
A ação subversiva no Brasil intensificou-se através do terrorismo seletivo, assaltos a bancos (chamados “expropriações” pelos militares), assassinatos, seqüestros de autoridades estrangeiras, guerrilhas urbanas e rurais, particular- mente em Registro, Caparaó, Araguaia e no Vale da Ribeira.
Grupos organizados como a Aliança Libertadora Nacional (ALN), o Movimento Revolucionário 8 de Outubro – data da morte do Che Guevara na Bolívia (MR8), Partido Comunista do Brasil (PC do B), Vanguarda Armada Revolucionária (VAL – Palmar) hostilizavam o poder constituindo, comprometendo a paz social.
Diante de tal situação, o Presidente Médici agiu com rigor e determinação, não admitindo a passividade e a permissividade dos elementos de segurança em face dos acontecimentos que perturbavam a ordem pública. Em resposta a radicalização das organizações de esquerda, o Governo transferiu a ação repressiva para elementos especializados, o Comando de Operações de Defesa Interna(CODI), os Destacamentos de Operações e Informações(DOIs), a “Operação Bandeirante” (OBAN), os Pelotões de Operações Especiais (PELOPES) nas organizações operacionais do Exército e os órgãos de inteligência das Forças Armadas, cujos efetivos totais somaram quase 7% dos militares da ativa.
A ação governamental levou à desestruturação das organizações de esquerda, o que motivou a profunda frustração e o ressentimento de seus militantes, o que persiste até hoje. Com a derrota da “luta armada” e a contestação reduzida, o General Médici orientou a ação política para a recomposição da normalidade democrática. Nos campos econômico e social, o Governo Médici tratou de retomar a linha do desenvolvimento e o Brasil viveu o chamado “milagre brasileiro”, que consistiu na grande expansão da economia, expressa no vertiginoso crescimento do PIB (mais de 10% ao ano), na estabilização dos índices inflacionários, na expansão da indústria, do emprego e do mercado interno com resultados comparáveis aos do Japão.
Foi criado o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), o Estatuto do Índio, o Projeto de Integração Nacional, que previa a construção das rodovias Perimetral Norte e Transamazônica, chegando às fronteiras Norte e Oeste, visando a ligação com os portos do Oceano Pacífico e a integração da Amazônia. Fez acordos com a Bolívia para a construção de um gasoduto de Santa Cruz de La Sierra a Paulinia, com o Paraguai para a construção da usina hidrelétrica de Itaipu, decidiu a construção da Ponte Presidente Costa e Silva, ligando Rio de Janeiro a Niterói, ampliou do limite do mar territorial brasileiro para 200 milhas, elaborou o Plano de Integração Social e o Programa de Metas e Bases para Ação do Governo, que coordenava cerca de duzentos projetos tidos como prioritários à política do desenvolvimento. Inaugurou a usina hidrelétrica de Ilha Solteira e a refinaria de petróleo de Paulinia.
Essas realizações no governo do General Médici, nos obriga a avaliar o que elas significam para o país até os dias de hoje...
A história chama os governos do período de 1964 a 1985 de Governos Militares. Sim, as normas de ação aplica- das foram coerentes com a experiência e formação militar. O assessoramento à ação governamental do Presidente Médici foi dado por uma equipe de altíssimo padrão que agiu como um verdadeiro Estado-Maior, acatandocom disciplina intelectual, lealdade e denodo às decisões de um Presidente que soube muito bem selecionar seus ministros – Alfredo Buzaid (Justiça), Antonio Delfim Neto (Fazenda), Mario Gibson Barbosa (Relações Exteriores), Luiz Fernando Cirne Lima (Agricultura), Jarbas Gonçalves Passarinho (Educação), Julio Barata (Trabalho), Francisco Rocha Lagoa (Saúde), Fabio Iassuda (Indústria e Comércio), Antonio Dias Leite (Minas e Energia), João Paulo dos Reis Veloso (Planejamento), Mário Andreazza (Transportes), Higino Corsetti (Comunicações), José Costa Cavalcanti (Interior), João Leitão de Abreu (Gabinete Civil), João de Oliveira Figueiredo (Gabinete Militar), Carlos Fontoura (SNI) e ainda os coronéis Pasqualli e Guedes nos Projetos Rondon e Construção da Ponte Rio - Niterói respectivamente. Nos ministérios militares tivemos o Alm Adalberto Nunes, o Gen Orlando Geisel e o Brigadeiro Souza Melo.
Ao comemorarmos o centenário de nascimento do Presidente Médici, justas homenagens devem ser prestadas a esse ilustre brasileiro pelo seu desprendimento e pelo seu empenho em fazer um Brasil grande, sem se comprometer com vaidades pessoais, agindo sempre de acordo com sua consciência e seus valores. Soube, com altruísmo, enfrentar com muita dignidade, as conseqüências de suas atitudes e decisões.
Em toda sua vida jamais foi omisso.
O Presidente Médici deixou o governo admirado pela maioria do povo brasileiro, a quem levou a auto-estima e esperança, o que foi muito bem expresso nos aplausos recebidos no Estádio do Maracanã, quando foi anunciada sua presença para assistir a um jogo de futebol. A expressão de confiança, “ninguém segura mais este País”, constitui slogan de ufanismo de nosso povo na época.
Diz-se que atrás de um grande homem sempre existe uma grande mulher. Isso foi verdade para o Gen Médici. D. Scylla Gaffrée Nogueira Médici, que o acompanhou em toda a sua vida militar, foi a conselheira, a vigilante e dedicada esposa, foi a grande mulher a quem nós prestamos também a nossa homenagem.
http://www.defesanet.com.br/pensamento/friese.htm

Cel. Amaury Friese Cardoso
Com o afastamento, por grave enfermidade, do Presidente Costa e Silva, o General Emílio Garrastazu Médici, através de eleição indireta pelo Congresso Nacional, exerceu o cargo de Presidente da República no período de 30.10.1969 a 15.03.1974. A função lhe foi passada por uma Junta Militar, exercida pelos Ministros Militares de então.
O perfil e a grande confiança de que gozava este ilustre chefe militar levaram ao total assentimento das Forças Armadas à sua indicação para o cargo, em detrimento do então Vice-presidente, Dr. Pedro Aleixo, que não pôde, naquele momento crítico, sem trazer grave risco para a estabilidade do regime, substituir o Presidente Costa e Silva, em face de ser necessária a aprovação da Emenda Constitucional nº1, que se incorporou na Constituição de 1967 as medidas previstas no Ato Institucional nº5 (AI - 5), contra o qual já havia se manifestado.
A confiança depositada no General Médici teve respaldo na retidão, equilíbrio, determinação, seriedade e profissionalismo demonstrados em toda a sua vida militar. Desde 1927, quando foi declarado Aspirante-a-Oficial da Arma de Cavalaria, até o seu Comando no então III Exército, foi alvo do respeito e admiração dos seus chefes e subordinados, pelos atributos muito bem evidenciados, especialmente a lealdade, a camaradagem, a objetividade, a coerência, a sobriedade e a responsabilidade.
Sua liderança no Comando da Academia Militar das Agulhas Negras em 1964 levou essa organização a total adesão à causa revolucionária, tendo grande importância no desfecho das operações no Vale do Paraíba.
Foi Adido Militar junto à Embaixada do Brasil nos EUA e Delegado Brasileiro na Junta Interamericana de Defesa em Washington. Foi Chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) no Governo Costa e Silva, quando teve oportunidade de bem conhecer os macro-problemas brasileiros e as políticas necessárias para soluciona-los. Suas promoções aà General-de-Brigada, General-de-Divisão e General-de-Exército ocorreram em 1961, 1965 e 1969, respectivamente.
No período de Governo do General Médici houve o recrudescimento das ações das esquerdas radicais pela opção da luta armada, inspiradas nas revoluções comunistas ocorridas na China, em Cuba e no Vietnã, esperando com isso, contar com o apoio da população para retornar seu projeto revolucionário..
Os estudantes já tinham sido facilmente aliciados contra o Governo, em face do modismo acadêmico baseado nas idéias da Escola de Frankfurt, inspirada no marxismo e com propósitos de transformação do mundo, de maneira passional e violenta. Foram estimulados pelos exemplos do que vinha ocorrendo na França contra De Gaule e nos Estados Unidos contra a Guerra do Vietnã.
A ação subversiva no Brasil intensificou-se através do terrorismo seletivo, assaltos a bancos (chamados “expropriações” pelos militares), assassinatos, seqüestros de autoridades estrangeiras, guerrilhas urbanas e rurais, particular- mente em Registro, Caparaó, Araguaia e no Vale da Ribeira.
Grupos organizados como a Aliança Libertadora Nacional (ALN), o Movimento Revolucionário 8 de Outubro – data da morte do Che Guevara na Bolívia (MR8), Partido Comunista do Brasil (PC do B), Vanguarda Armada Revolucionária (VAL – Palmar) hostilizavam o poder constituindo, comprometendo a paz social.
Diante de tal situação, o Presidente Médici agiu com rigor e determinação, não admitindo a passividade e a permissividade dos elementos de segurança em face dos acontecimentos que perturbavam a ordem pública. Em resposta a radicalização das organizações de esquerda, o Governo transferiu a ação repressiva para elementos especializados, o Comando de Operações de Defesa Interna(CODI), os Destacamentos de Operações e Informações(DOIs), a “Operação Bandeirante” (OBAN), os Pelotões de Operações Especiais (PELOPES) nas organizações operacionais do Exército e os órgãos de inteligência das Forças Armadas, cujos efetivos totais somaram quase 7% dos militares da ativa.
A ação governamental levou à desestruturação das organizações de esquerda, o que motivou a profunda frustração e o ressentimento de seus militantes, o que persiste até hoje. Com a derrota da “luta armada” e a contestação reduzida, o General Médici orientou a ação política para a recomposição da normalidade democrática. Nos campos econômico e social, o Governo Médici tratou de retomar a linha do desenvolvimento e o Brasil viveu o chamado “milagre brasileiro”, que consistiu na grande expansão da economia, expressa no vertiginoso crescimento do PIB (mais de 10% ao ano), na estabilização dos índices inflacionários, na expansão da indústria, do emprego e do mercado interno com resultados comparáveis aos do Japão.
Foi criado o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), o Estatuto do Índio, o Projeto de Integração Nacional, que previa a construção das rodovias Perimetral Norte e Transamazônica, chegando às fronteiras Norte e Oeste, visando a ligação com os portos do Oceano Pacífico e a integração da Amazônia. Fez acordos com a Bolívia para a construção de um gasoduto de Santa Cruz de La Sierra a Paulinia, com o Paraguai para a construção da usina hidrelétrica de Itaipu, decidiu a construção da Ponte Presidente Costa e Silva, ligando Rio de Janeiro a Niterói, ampliou do limite do mar territorial brasileiro para 200 milhas, elaborou o Plano de Integração Social e o Programa de Metas e Bases para Ação do Governo, que coordenava cerca de duzentos projetos tidos como prioritários à política do desenvolvimento. Inaugurou a usina hidrelétrica de Ilha Solteira e a refinaria de petróleo de Paulinia.
Essas realizações no governo do General Médici, nos obriga a avaliar o que elas significam para o país até os dias de hoje...
A história chama os governos do período de 1964 a 1985 de Governos Militares. Sim, as normas de ação aplica- das foram coerentes com a experiência e formação militar. O assessoramento à ação governamental do Presidente Médici foi dado por uma equipe de altíssimo padrão que agiu como um verdadeiro Estado-Maior, acatandocom disciplina intelectual, lealdade e denodo às decisões de um Presidente que soube muito bem selecionar seus ministros – Alfredo Buzaid (Justiça), Antonio Delfim Neto (Fazenda), Mario Gibson Barbosa (Relações Exteriores), Luiz Fernando Cirne Lima (Agricultura), Jarbas Gonçalves Passarinho (Educação), Julio Barata (Trabalho), Francisco Rocha Lagoa (Saúde), Fabio Iassuda (Indústria e Comércio), Antonio Dias Leite (Minas e Energia), João Paulo dos Reis Veloso (Planejamento), Mário Andreazza (Transportes), Higino Corsetti (Comunicações), José Costa Cavalcanti (Interior), João Leitão de Abreu (Gabinete Civil), João de Oliveira Figueiredo (Gabinete Militar), Carlos Fontoura (SNI) e ainda os coronéis Pasqualli e Guedes nos Projetos Rondon e Construção da Ponte Rio - Niterói respectivamente. Nos ministérios militares tivemos o Alm Adalberto Nunes, o Gen Orlando Geisel e o Brigadeiro Souza Melo.
Ao comemorarmos o centenário de nascimento do Presidente Médici, justas homenagens devem ser prestadas a esse ilustre brasileiro pelo seu desprendimento e pelo seu empenho em fazer um Brasil grande, sem se comprometer com vaidades pessoais, agindo sempre de acordo com sua consciência e seus valores. Soube, com altruísmo, enfrentar com muita dignidade, as conseqüências de suas atitudes e decisões.
Em toda sua vida jamais foi omisso.
O Presidente Médici deixou o governo admirado pela maioria do povo brasileiro, a quem levou a auto-estima e esperança, o que foi muito bem expresso nos aplausos recebidos no Estádio do Maracanã, quando foi anunciada sua presença para assistir a um jogo de futebol. A expressão de confiança, “ninguém segura mais este País”, constitui slogan de ufanismo de nosso povo na época.
Diz-se que atrás de um grande homem sempre existe uma grande mulher. Isso foi verdade para o Gen Médici. D. Scylla Gaffrée Nogueira Médici, que o acompanhou em toda a sua vida militar, foi a conselheira, a vigilante e dedicada esposa, foi a grande mulher a quem nós prestamos também a nossa homenagem.
http://www.defesanet.com.br/pensamento/friese.htm