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UMA CARTA

Enviado: 05 Dez 2006, 21:05
por emmmcri
PARA OS COLEGAS ESTA CARTA DIRIGIDA À PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL, EXPRESSANDO O SENTIMENTO DO POVO BRASILEIRO, QUE NÃO AGUENTA
MAIS
O QUE VEM ACONTECENDO EM NOSSO PAIS.



Exma Sra Juíza Ellie Gracie.

Presidente do Supremo Tribunal Federal



Consternado e entristecido ouvi ontem, em cadeia Nacional, a
melancólica e
triste entrevista de Vª Excelência tentando justificar direitos
salariais
e jetons para si e seus pares.

Tenha certeza Sra Gracie, permita-me assim chamá-la, eu
e
milhões de Brasileiros fomos dormir, ontem, mais tristes, mais
desesperançados e muito, muito mais melancólicos com os destinos de
nossa
pobre e explorada Nação.

Confesso de coração aberto e com alma de cidadão, que
fiquei feliz e emocionado quando a Sra foi escolhida para presidir a
mais
alta corte da Justiça Brasileira. Em boa e alvissareira hora,
substituindo seu antecessor de triste memória e questionável
desempenho
ético.

Li, nas páginas de uma revista semanal, o belíssimo artigo de
sua conterrânea Gaúcha, a admirável e amada LYA LUFT, discorrendo
sobre a
escolha pelo voto para Governadora de seus estados, três MULHERES.
Em
seu lúcido artigo, transparecia a esperança depositada nestas
mulheres,
mães, esposas - reserva moral da família - e talvez a redenção da
Pátria.

Decorridos apenas alguns dias, deparo-me com a sua
entrevista no citado tele-jornal. Charmosa nos seus anos maduros,
simpática e com postura de autoridade, como sempre elegante, com o
domínio completo de suas atribuições. Mas, Sra Presidente, que
desilusão,
que desgosto, que inversão de valores a Senhora nos passou com a
defesa
intransigente sobre o aumento de seus próprios salários e de uma
novíssima modalidade de reforçar seus já generosos contra-cheques -
JETONS, JETONS - pagamentos específicos para Vªs Excelências, por
reuniões em hora de expediente e com finalidades não devidamente
esclarecidas. E mais, retroativos a JULHO de 2005, com os devidos
ressarcimentos. E ainda, Sra Presidente, totalmente isentos de Imposto
de
Renda, esta coisa comezinha e degenerada que só a ralé deve descontar
religiosa e mensalmente para que Vªs Excelências tenham seu
contra-cheques, mordomias mil e JETONS inexplicáveis garantidos.

Penso que Juízes e assemelhados devam ser bem
remunerados.
Penso que um magistrado no sagrado dever de suas atribuições, não pode
e
não deve ficar preocupado com suas contas, suas faturas, e a
condução
administrativa de seus familiares e as despesas do dia-a-dia. Suas
funções e suas atribuições são nobres, belas e importantes demais,
para
que Vªs Senhorias se desviem, durante seu "expediente" para tratar de
assuntos tão corriqueiros.

Mas entre salários - sim, salários - porque Vªs Senhorias são
funcionários, e, portanto, são assalariados, assim como eu e milhões de
brasileiros, e salários milionários, vai uma grande diferença. No
momento em que se discute se o salário mínimo aumentará R$ 17,00 ou R$
25,00, o Judiciário Brasileiro, o mais bem remunerado do Planeta,
pleiteia
descarada, abusiva e acintosamente um novo e fabuloso aumento.

O legado iluminista de MONTESQIEU, na sua mais bela obra "O Espírito
das
Leis-1748", modificou para sempre a História dos povos e das Nações
modernas e socialmente justas, prevendo a separação dos poderes, como
forma mais adequada de Governo.

No entanto, esses conceitos, que para outras Nações privilegiadas foi
uma
benção e uma maneira eficaz e correta de governar os povos, para o
nosso
infeliz Brasil, é uma praga descontrolada. Ninguém controla nada,
ninguém processa ninguém, e todos se locupletam.

A Bielo-Rússia é ex-colônia da falecida URSS. Continua um
estado
totalitário, ineficaz e corrupto. Não tem grandes indústrias, seu
comércio é pífio e suas riquezas naturais, modestas. Nem de longe
comparar com o fantástico e imenso território Brasileiro, com suas
incríveis reservas naturais. Nossa indústria é pujante e moderna,
nosso
povo é ordeiro e laborioso. Assim mesmo Exma Sra Juíza, aquele
pequeno
e infeliz País da Europa Oriental teve seu IDH superior ao do Brasil.
Por
quê? Por que será que caminhamos céleres e firmes para o ralo da
História? Não lhe ocorre nada?

O que pensam Vªs Excelências, como estipulam seus estipêndios? De onde
acham que saem os recursos que sustentam sua paralisada máquina?
Afinal,
para que tanta ganância? Porque um juiz da triste Nação Brasileira
necessita ser milionário, quando a imensa maioria do povo humilde é
miserável e passa fome, não tem saúde, não tem educação, não tem
assistência JURÍDICA e não tem esperança?

Acaso tiveram em sua bela e generosa existência Vª Senhoria e seus
pares a
oportunidade de privar com o simples cidadão? O empregado da Indústria,
o
trabalhador rural, o peão de obra, a doméstica que levanta às 05h00
para
chegar a tempo no seu modesto emprego e receber um salário vil e
famigerado? Tenho certeza que não. Vossas Senhorias, todas, não sabem
mais dos valores e das misérias da existência humana. A alegria e
tragédia
de um povo humilde, trabalhador, honrado, digno. Vªs Senhorias todos se
perderam nos descaminhos viciados do imenso e fantástico poder que
desfrutam e usam até o limite da tolerância da sociedade.

Que espécie de Nação pensam estar legando para a posteridade? O que Vªs
Senhorias pensam do futuro de nossos filhos e netos? Até onde aguentará
a
paciência generosa do povo Brasileiro? Até quando?

Exma Sra Presidente Ellie Gracie, sou um simples cidadão, um pai de
família, um funcionário público aposentado. Ainda assim trabalho para
reforçar minha renda. Porque preciso, porque sei, porque gosto.
Convivo
diariamente com Homens, Homens com HHH maiúsculo. Peões de obra,
assalariados, miseráveis, gente simples, modesta, inculta, pobre e
desdentada - com suas roupas sujas, remendadas, com o cheiro inerente
aos
homens da labuta, o cheiro do suor, do trabalho. O cheiro inconfundível
do
progresso, da honra, da dignidade humana. O cheiro que certamente
para
as finas narinas de Vªs Senhorias seria intragável, para mim, que os
conheço e respeito, é o cheiro da esperança de um futuro melhor, de uma
nação mais próspera, de uma sociedade mais justa e igualitária.

Solicito respeitosamente a Vª Excelência, ou melhor, imploro Sra
Presidente, como Brasileiro e cidadão, imploro humildemente do meu
modesto
e simples lugar: não destrua mais uma vez a esperança de milhões de
compatriotas, não compactue com a ganância sem fim de seus pares, não
sangrem mais a nação extenuada e prostrada até a última gota.

Deposito no Judiciário Brasileiro a última esperança, o derradeiro
lamento, o último grito de socorro. Todos os demais poderes,
corrompidos,
conspurcados, indiferentes à sorte da Nação deles, nada mais espero -
senão vergonha, dor, tristeza e desesperança.

Respeitosamente



Gerson Marquardt Cidadão, pai, avô.
Brasileiro.




23 Novembro 2006