O cabalista Isaac Luria formou uma teoria, que explica (com grandes traços metafóricos) como foi feita a Criação. Esta teoria se chama "a teoria do tzimtzum" (contração). No princípio, Deus não-manifestado, vivia em tudo que existia: o nada. Então, Ele pôs limites a Si mesmo, deixando espaço para a Criação (Deus não-manifestado se chama "en soph", que literalmente significa "não fim", ou seja, infinito ou eternidade). Então, En Soph se contraiu, criando a divisão entre o que era En Soph, e o que não o era (a Criação). Além disso, a Bíblia explica como Deus, durante os primeiros dias da Criação, separa: separa a luz das trevas, separa o céu da terra, etc. Citando textualmente da Bíblia o processo da Criação: (marco com negrito o importante)
" No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra era algo disforme e vazio, e as trevas cobriam o Abismo, e o sopro de Deus se espalhava pelas águas.
Então Deus disse: <<Que haja um firmamento no meio das águas, para que se estabeleça uma separação entre elas>>. E assim sucedeu. Deus fez o firmamento, e este separou as águas que estão abaixo dEle, das que estão acima dEle; e Deus chamou de Céu o firmamento. Assim se teve uma tarde e uma manhã: este foi o segundo dia.
Deus disse: <<Que se reúnam em um só lugar as águas que estão abaixo do céu, e que apareça o solo firme>>. E assim sucedeu. Deus chamou terra o solo firme e mar o conjunto das águas. Então disse: <<Que a terra produza vegetais, ervas que dão sementes e árvores frutíferas, que dêem sobre a terra frutos de sua mesma espécie com sua semente dentro>>. E assim sucedeu. A terra fez brotar vegetais, ervas que dão sementes segundo sua espécie e árvores que dão frutos de sua mesma espécie com sementes dentro. E Deus viu que este mundo era bom. Assim se teve uma tarde e uma manhã: este foi o terceiro dia.
Deus disse: <<Que haja astros no firmamento para se distinguir o dia da noite; que eles marquem sua festas, os dias e os anos, e que estejam como lâmpadas no firmamento do céu para iluminar a terra>>. E assim sucedeu. Deus fez os dois grandes astros - o maior para presidir o dia e o menor para presidir a noite -, e também fez as estrelas. E Deus viu que isto era bom. Assim se teve uma tarde e uma manhã: este foi o quarto dia.
Deus disse: <<Que as águas se encham de uma multidão de seres vivos e que voem pássaros sobre a terra, pelo firmamento do céu>>. Deus criou os grandes monstros marinhos, as diversas classes de seres viventes enchem as águas deslizando nelas e todas as espécies de animais com asas. E Deus viu que isto era bom. Então os abençoou dizendo: <<Fecundem-se e multipliquem-se; encham as águas dos mares e que as aves se multipliquem sobre a terra>>. Assim se teve uma tarde e uma manhã: este foi o quinto dia.
Deus disse: <<Que a terra produza todas as classes de seres vivos: gado, répteis e animais selvagens de todas as espécies>>. E assim sucedeu. Deus fez todas as diversas classes de animais do campo, as diversas classes de gado, e todos os répteis da terra, qualquer que seja sua espécie. E Deus viu que isto era bom.
Deus disse: <<Façamos o homem a nossa imagem e semelhança; e que lhe estejam submetidos todos os peixes do mar e as aves do céu, o gado, as feras da terra, e todos os animais que se arrastam pelo chão>>.
E Deus criou o homem a sua imagem;
os criou à imagem de Deus,
os criou homem e mulher.
E os abençoou, dizendo-lhes: <<Fecundem-se, multipliquem-se, encham a terra e submetam-a; dominem os peixes do mar, as aves do céu e a todos os seres vivos que se movem sobre a terra>>. E continuou dizendo: <<Eu lhes dou todas as plantas que produzem sementes sobre a terra, e todas as árvores que dão frutos com sementes, eles lhe servirão de alimento. E a todas as feras da terra, todos os pássaros do céu, e a todos os seres vivos que se arrastam pelo chão, lhes dou como alimento o pasto verde>>. E assim sucedeu. Deus viu tudo que havia feito, e viu que era muito bom. Assim se teve uma tarde e uma manhã: este foi o sexto dia. "
Estão marcados tantos "bons" e "maus" como resultou a natureza da Criação. Neste caso resultou "bom". Pensais: mas se Deus os fez, como não poderia ser bom? Deus não é bom ou mal. Deus é o potencial infinito destas duas tendências, e quando não se manifesta, ou seja, quando o potencial é puro, é o que chamamos En Soph.
O processo da criação se relata como um processo de separação, e em alguns casos, um processo de união; mas mais na frente, quando Adam decide comer o fruto da Árvore da Ciência do Bem e do Mal, começa a distinguir entre o bem e o mal, julgando-o a sua vontade. Esta separação era má, e continua sendo até hoje.
Quando eu digo "uma árvore", estou fazendo uma separação. Estou fazendo a separação do mundo real com a abstração na qual faço que imagines em tua mente: uma árvore. Mas essa separação não é ruim, porque poderia se considerar como uma separação primária, ou seja, apartir de algo básico, como é a realidade. Quando digo "2 + 2", estou criando outra abstração, que podem ser exemplificadas com abstrações de objetos reais (ou seja, "tenho duas maçãs e acrescento duas" - assim é como aprendemos), mas essa é uma abstração de abstrações, uma secundária. NOTA: Esta classificação de Abstrações Primárias e Secundárias é própria, não a entendam como palavra de um filósofo famoso. Não é má por si, mas já requer um nível intelectual mais alto, fazendo uma separação entre aqueles que sabem o que é, e os que não têm idéia. Como já disse, não é mau por si, mas não é tão bom quanto o anterior. Não sentem mais tranqüilidade ao pensar, de olhos fechados, no céu, ao invés de um problema de matemática? (as nuvens brancas ou as soluções reais de um logaritmo natural de um número imaginário). Essa tranqüilidade é a essência própria do ser que está em maior harmonia com as coisas reais, as que existem, porque ela mesma não existe.
A Criação de Deus não é má porque são todas separações primárias, a luz das trevas, as águas do céu, e o mar do firmamento. Logo uma união: "que se reúnam em um só lugar as águas que estão abaixo do céu" e uma separação mais: os vegetais da terra. Logo os animais do mar os do céu. No outro dia, seres vivos saíram da terra, e logo... o homem. O homem ía ser feito à imagem e semelhança de Deus, pelo que tinha que ser uma obra maestral. Então juntou (uniu) terra (sólido, estável, com os pés no chão, prático) com água (sensitivo, intuitivo, emocional, o que importa, fértil) para formar barro. O modelou e soprou seu fôlego de vida (ao ar se atribuem as qualidades de vocal, comunicativo, intelectual [e todas essas atribuições são abstrações primárias dos comportamentos humanos naturais e sociais]).
Por tanto, a Criação era boa, mas os atos humanos desde a mordida da fruta o converteram no que é hoje. Agora, o homem conseguiu algo desse pecado (que, além, o pecado foi desobedecer as ordens explícitas de Deus), ganhou auto-consciência, o a consciência de si mesmo, simbolizada na Bíblia como quando Adão abre os olhos, e se vê nu, desvestido.
Teoria de 1 Cabalista sobre criação do mundo
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