Meu Segundo* Pastor Favorito
Enviado: 13 Dez 2006, 21:14
Meu Segundo* Pastor Favorito
Por Acauan
Esta é para aqueles que achavam que eu nunca escreveria um elogio para um pastor evangélico.
Para estes dedico esta apologia ao meu segundo* pastor favorito.
Se eu tivesse que defini-lo com um adjetivo, diria que o cara é, antes de tudo, humano.
Não é pouca coisa.
Só quem é crente (ou muito observador) sabe que ser pastor é um saco para qualquer ser humano normal e bem intencionado, na medida possível da combinação.
Imagine ser líder de uma comunidade onde todo mundo se acha santo.
Quem ocupa esta função não pode coçar a bunda sem que algum membro mais sensível da congregação se escandalize com o gesto.
Mas chega de enrolação.
Meu segundo* pastor favorito é o reverendo Lovejoy, da First Church of Springfield.
Lovejoy é o estereótipo do pastor evangélico - estereótipo americano, ressalte-se, longe léguas deste sul do Equador onde qualquer paixão diverte.
Quem olha o cara com predisposição a antipatia percebe logo o zelo obsessivo com que cuida das ofertas durante o culto.
Certa vez ele só deu atenção a uma fiel aflita depois que ela depositou umas moedinhas na caixa de oferendas.
O interessante, ou surpreendente, conforme o ponto de vista, é que Lovejoy é um pastor honesto.
Todo dinheiro que entra na igreja é destinado à própria, sendo que o reverendo desfruta de um padrão de vida na média de seus congregados, nem melhor nem pior que o de um Homer Simpson, o modelo de referência no universo amostral considerado.
Se há alguém lendo isto que por acaso aventou a dúvida "por que ACAUAN DOS TUPIS simpatizou com este personagem", explico.
Uma das maneiras de saber algo sobre o que um homem é, é saber o que ele faz quando não tem nada para fazer.
Pois é.
Quando não tem nada para fazer, ACAUAN DOS TUPIS escreve textos como este.
Voltando ao que interessa.
O reverendo Lovejoy quando não tem o que fazer vai brincar no porão de sua casa com seu modelo de ferrovia, com direito a bonezinho de maquinista com o qual controla locomotivas em miniatura por trajetos imaginários durante horas a fio.
Legal.
Muita gente faz coisa parecida em "dois D" no playstation 2 ou similar.
Construir e fazer tudo funcionar no mundo real, mesmo que em escala, não é pouca coisa.
E Lovejoy tem bons motivos para se enfurnar com seus trenzinhos.
Além da pentelhação dos fiéis, ainda tem que administrar o casamento com uma das maiores fofoqueiras de Springfield e as armações da filha pré-adolescente (não acredito que usei este termo), primeira e única a fazer o próprio Bart Simpson de idiota combinando precoces encantos femininos com doses irresistíveis de malícia e malandragem da grossa.
Lovejoy se mostra na plenitude de sua humanidade no episódio "In Marge We Trust", quando numa retrospectiva biográfica foi mostrado como o pastor jovem e idealista, cheio de fé e vontade, que viu dia a dia sua energia pastoral minada pela proximidade constante de Ned Flanders, o cristão cristão prá caramba, cuja perfeição incomodava o clérigo a ponto de, gradativamente, perder todo o entusiasmo com a missão pastoral.
Não era culpa do Ned.
Humanos são assim.
E isto pode ser resumido no agradecimento que Lovejoy faz a Marge Simpson no fim do episódio por ela ter restaurado nele o interesse por aquela turma que tanto se incomoda com a possibilidade de ele coçar a bunda de vez em quando:
"… thank Marge Simpson. She taught me that there's more to being a minister than not caring about people."
Algo como, "Obrigado Marge, você me fez ver que há algo mais em ser um pastor do que não se importar com as pessoas".
Qualquer coincidência é mera semelhança.
E por isto Lovejoy é meu segundo* pastor favorito.

*n.A. (nota do Acauan): Só para constar, meu primeiro pastor favorito é o reverendo dr. Martin Luther King Jr.
Por Acauan
Esta é para aqueles que achavam que eu nunca escreveria um elogio para um pastor evangélico.
Para estes dedico esta apologia ao meu segundo* pastor favorito.
Se eu tivesse que defini-lo com um adjetivo, diria que o cara é, antes de tudo, humano.
Não é pouca coisa.
Só quem é crente (ou muito observador) sabe que ser pastor é um saco para qualquer ser humano normal e bem intencionado, na medida possível da combinação.
Imagine ser líder de uma comunidade onde todo mundo se acha santo.
Quem ocupa esta função não pode coçar a bunda sem que algum membro mais sensível da congregação se escandalize com o gesto.
Mas chega de enrolação.
Meu segundo* pastor favorito é o reverendo Lovejoy, da First Church of Springfield.
Lovejoy é o estereótipo do pastor evangélico - estereótipo americano, ressalte-se, longe léguas deste sul do Equador onde qualquer paixão diverte.
Quem olha o cara com predisposição a antipatia percebe logo o zelo obsessivo com que cuida das ofertas durante o culto.
Certa vez ele só deu atenção a uma fiel aflita depois que ela depositou umas moedinhas na caixa de oferendas.
O interessante, ou surpreendente, conforme o ponto de vista, é que Lovejoy é um pastor honesto.
Todo dinheiro que entra na igreja é destinado à própria, sendo que o reverendo desfruta de um padrão de vida na média de seus congregados, nem melhor nem pior que o de um Homer Simpson, o modelo de referência no universo amostral considerado.
Se há alguém lendo isto que por acaso aventou a dúvida "por que ACAUAN DOS TUPIS simpatizou com este personagem", explico.
Uma das maneiras de saber algo sobre o que um homem é, é saber o que ele faz quando não tem nada para fazer.
Pois é.
Quando não tem nada para fazer, ACAUAN DOS TUPIS escreve textos como este.
Voltando ao que interessa.
O reverendo Lovejoy quando não tem o que fazer vai brincar no porão de sua casa com seu modelo de ferrovia, com direito a bonezinho de maquinista com o qual controla locomotivas em miniatura por trajetos imaginários durante horas a fio.
Legal.
Muita gente faz coisa parecida em "dois D" no playstation 2 ou similar.
Construir e fazer tudo funcionar no mundo real, mesmo que em escala, não é pouca coisa.
E Lovejoy tem bons motivos para se enfurnar com seus trenzinhos.
Além da pentelhação dos fiéis, ainda tem que administrar o casamento com uma das maiores fofoqueiras de Springfield e as armações da filha pré-adolescente (não acredito que usei este termo), primeira e única a fazer o próprio Bart Simpson de idiota combinando precoces encantos femininos com doses irresistíveis de malícia e malandragem da grossa.
Lovejoy se mostra na plenitude de sua humanidade no episódio "In Marge We Trust", quando numa retrospectiva biográfica foi mostrado como o pastor jovem e idealista, cheio de fé e vontade, que viu dia a dia sua energia pastoral minada pela proximidade constante de Ned Flanders, o cristão cristão prá caramba, cuja perfeição incomodava o clérigo a ponto de, gradativamente, perder todo o entusiasmo com a missão pastoral.
Não era culpa do Ned.
Humanos são assim.
E isto pode ser resumido no agradecimento que Lovejoy faz a Marge Simpson no fim do episódio por ela ter restaurado nele o interesse por aquela turma que tanto se incomoda com a possibilidade de ele coçar a bunda de vez em quando:
"… thank Marge Simpson. She taught me that there's more to being a minister than not caring about people."
Algo como, "Obrigado Marge, você me fez ver que há algo mais em ser um pastor do que não se importar com as pessoas".
Qualquer coincidência é mera semelhança.
E por isto Lovejoy é meu segundo* pastor favorito.

*n.A. (nota do Acauan): Só para constar, meu primeiro pastor favorito é o reverendo dr. Martin Luther King Jr.