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Reporter da Globo envolvido com bicheiro

Enviado: 19 Dez 2006, 06:22
por Johnny
Repórter recebia dinheiro de bicheiro, acusa o MPF
O repórter José Messias Xavier, da TV Globo, foi demitido sob a acusação de envolvimento com a quadrilha de um bicheiro do Rio. O jornalista nega a participação e diz que se infiltrou no bando "com objetivos jornalísticos". Xavier foi denunciado pelo Ministério Público Federal

Rodrigo Morais
da Agência Estado


19/12/2006 00:58


O jornalista da TV Globo José Messias Xavier teve sua demissão anunciada ontem por suposto envolvimento com organização criminosa. Em denúncia enviada à Justiça pelo Ministério Público Federal, ele é apontado como integrante da quadrilha do bicheiro Fernando Iggnácio de Miranda, chefe da máfia dos caça-níqueis no Rio de Janeiro. À Globo, Messias disse que tentava se infiltrar na organização com objetivos jornalísticos.

Por meio de interceptações telefônicas, e-mails e fotografias feitas pela Polícia Federal, o MPF afirma ter "comprovado" a participação de Messias na quadrilha. O procurador José Augusto Simões Vagos disse que o jornalista manteve relação "contínua, estável e reiterada" com a organização. Messias responderá por crime de formação de quadrilha armada.

A cada mês, o jornalista receberia R$ 1 mil para repassar informações privilegiadas à quadrilha, como o cumprimento de mandados de prisão, entregar a autoridades dossiês apócrifos elaborados pela organização criminosa, com o objetivo de incriminar o rival Rogério de Andrade e produzir reportagens de interesse de Iggnácio.

Uma foto mostra Messias em um restaurante, no centro do Rio, com outro denunciado, Sílvio Maciel de Carvalho, advogado de Iggnácio, acusado de corromper servidores públicos. Duas "reuniões" entre eles foram acompanhadas pela PF. Um e-mail sobre "despesas" enviado por Carvalho para Ulisses Resende, o Grego, tesoureiro e segundo na hierarquia de Iggnácio, traz os seguintes itens: "Messias R$ 1.000" e "Funcionários do Fórum Central de Bangu R$ 2.200".

Haveria um "estreito relacionamento", uma "relação promíscua" entre Carvalho e Messias, com a obtenção de vantagens ilícitas pelo jornalista. Além dos "presentes" mensais, código usado pelos acusados em referência ao pagamento mensal, Messias receberia "presentes extras" cada vez que repassava informações sigilosas a Carvalho.

Na sexta-feira, a operação da PF que investiga Messias prendeu 76 policiais no Rio, que vinham sendo investigados por envolvimento com o crime organizado e o tráfico de drogas. Iggnácio foi detido no dia 12 de outubro, 24 dias após seu arquiinimigo, Rogério Andrade, ser condenado a 19 anos de prisão por assassinato.

A prisão de Iggnácio pode ter rendido R$ 1,3 milhão aos policiais ligados ao ex-chefe da Polícia Civil Álvaro Lins, que trabalhavam a serviço de Rogério Andrade. A informação foi captada nas escutas telefônicas.

No diálogo, o inspetor Fábio Menezes de Leão, já preso, diz que a conta bancária do inspetor Hélio Machado da Conceição "engordou uns trezentinhos" . Na prisão do contraventor, Helio foi fotografado acompanhando Iggnácio. Já o inspetor Jorge Luís Fernandes "engordou um pontinho", referência a R$ 1 milhão.

A denúncia mostra que os policiais recebiam propina em torno de R$ 5 mil para facilitar operações que prejudicassem a quadrilha de Iggnácio e retardar ou paralisar "ações inconvenientes" para o bando de Rogério Andrade.