Romênia é o primeiro país que condena comunismo
Enviado: 24 Dez 2006, 18:51
Romênia é o primeiro país que condena comunismo como "ilegítimo e criminoso"
(Acrescenta desculpas de Basescu a vítimas de comunismo e outras declarações) Bucareste, 18 dez (EFE).- O presidente romeno, o liberal Traian Basescu, condenou hoje oficialmente o comunismo como "ilegítimo e criminoso", o que transforma a Romênia no primeiro membro do ex-bloco comunista que dá este passo, a apenas duas semanas de sua entrada na União Européia (UE).
Basescu fundamentou sua condenação em um exaustivo relatório elaborado por uma comissão liderada pelo historiador Vladimir Tismaneanu, que analisou os crimes e os abusos da ditadura comunista entre 1945 e 1989, ano da queda Cortina de Ferro.
"Temos todos os dados para condenar o comunismo como ilegítimo e criminoso", afirmou o presidente perante o Parlamento, em meio às vaias de numerosos deputados ultranacionalistas, que qualificaram o relatório como "anti-romeno".
"Em nome do Estado romeno, peço desculpas às vítimas da ditadura comunista e aos que sofreram e tiveram suas vidas arruinadas entre 1945 e 1989", disse.
Participaram da sessão como convidados o Rei Miguel I, último chefe de Estado da Romênia antes de o comunismo ser implantado, e os ex-presidentes da Polônia Lech Walesa e da Bulgária Jelyo Jelev.
De acordo com o estudo, a Romênia teve entre 500 mil e 2 milhões de vítimas do comunismo, assassinadas nas prisões ou em campos de trabalho forçado, e que vão desde a elite política e cultural do entreguerras aos opositores do regime que se rebelaram ou só pensaram de maneira diferente.
"A Securitate (a Polícia política secreta) foi uma organização criminosa do princípio ao fim", destaca o relatório de 660 páginas.
A comissão analisou as principais instituições e as personalidades políticas que tornaram possível a perpetuação da ditadura comunista, assim como as violações dos direitos humanos.
Basescu enumerou vinte razões que justificam a condenação do comunismo na Romênia, entre elas o abandono do interesse nacional nas relações com a União Soviética, a aniquilação do Estado de direito, a destruição dos partidos políticos, o extermínio da elite política, cultural e religiosa.
O presidente destacou as perseguições das minorias - étnicas, religiosas, sexuais - o extermínio dos grupos anticomunistas armados que resistiram até 1962 e a repressão violenta contra os camponeses que se opunham à coletivização.
Basescu lembrou os últimos anos do regime de Ceausescu, quando o ditador impôs medidas de extermínio da população pela fome, frio, miséria física e desespero e terminou com o massacre dos manifestantes anticomunistas em dezembro de 1989.
"Por todos estes motivos, condeno explícita e categoricamente o regime comunista, desde sua criação até sua queda", disse.
Basescu assegurou que deseja uma "reconciliação nacional", a eliminação da desconfiança generalizada e o avanço rumo à UE e à democracia "com um passado limpo".
O estudo menciona 53 políticos que contribuíram para manter e perpetuar o regime comunista, entre eles Ana Pauker, Gheorghe Ghorghiu Dej, assim como Nicolae e Elena Ceausescu.
Alguns dos políticos denunciados continuam na vida política romena, como o ex-presidente Ion Iliescu, o ultranacionalista Corneliu Vadim Tudor, líder do Partido Grande Romênia ou o social-democrata Adrian Paunescu.
Iliescu, que conduziu a Romênia durante dez dos últimos 17 anos e que atualmente é presidente honorífico do Partido Social Democrata (PSD), que é de oposição, rejeitou hoje sua menção entre os "pilares do comunismo" e acusou o autor do relatório de manipulação e falta de honestidade intelectual.
O ex-presidente disse ver no relatório "um grande risco" para a vida política da Romênia e um "pretexto para a contra-ofensiva da direita agressiva" e acrescentou que "a própria história condenou o comunismo com a queda do regime".
Já Tudor reagiu com veemência e acusou Basescu de aprovar um "projeto miserável" para acertar as contas com seus adversários políticos.
Emil Boc, líder do Partido Democrata, ressaltou que o documento não levará a "uma caça às bruxas".
O Relatório recomenda a total abertura dos arquivos confidenciais tanto da Securitate como do Partido Comunista para que os romenos tenham acesso à verdade sobre uma época histórica obscura.
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2 ... 81938.jhtm
(Acrescenta desculpas de Basescu a vítimas de comunismo e outras declarações) Bucareste, 18 dez (EFE).- O presidente romeno, o liberal Traian Basescu, condenou hoje oficialmente o comunismo como "ilegítimo e criminoso", o que transforma a Romênia no primeiro membro do ex-bloco comunista que dá este passo, a apenas duas semanas de sua entrada na União Européia (UE).
Basescu fundamentou sua condenação em um exaustivo relatório elaborado por uma comissão liderada pelo historiador Vladimir Tismaneanu, que analisou os crimes e os abusos da ditadura comunista entre 1945 e 1989, ano da queda Cortina de Ferro.
"Temos todos os dados para condenar o comunismo como ilegítimo e criminoso", afirmou o presidente perante o Parlamento, em meio às vaias de numerosos deputados ultranacionalistas, que qualificaram o relatório como "anti-romeno".
"Em nome do Estado romeno, peço desculpas às vítimas da ditadura comunista e aos que sofreram e tiveram suas vidas arruinadas entre 1945 e 1989", disse.
Participaram da sessão como convidados o Rei Miguel I, último chefe de Estado da Romênia antes de o comunismo ser implantado, e os ex-presidentes da Polônia Lech Walesa e da Bulgária Jelyo Jelev.
De acordo com o estudo, a Romênia teve entre 500 mil e 2 milhões de vítimas do comunismo, assassinadas nas prisões ou em campos de trabalho forçado, e que vão desde a elite política e cultural do entreguerras aos opositores do regime que se rebelaram ou só pensaram de maneira diferente.
"A Securitate (a Polícia política secreta) foi uma organização criminosa do princípio ao fim", destaca o relatório de 660 páginas.
A comissão analisou as principais instituições e as personalidades políticas que tornaram possível a perpetuação da ditadura comunista, assim como as violações dos direitos humanos.
Basescu enumerou vinte razões que justificam a condenação do comunismo na Romênia, entre elas o abandono do interesse nacional nas relações com a União Soviética, a aniquilação do Estado de direito, a destruição dos partidos políticos, o extermínio da elite política, cultural e religiosa.
O presidente destacou as perseguições das minorias - étnicas, religiosas, sexuais - o extermínio dos grupos anticomunistas armados que resistiram até 1962 e a repressão violenta contra os camponeses que se opunham à coletivização.
Basescu lembrou os últimos anos do regime de Ceausescu, quando o ditador impôs medidas de extermínio da população pela fome, frio, miséria física e desespero e terminou com o massacre dos manifestantes anticomunistas em dezembro de 1989.
"Por todos estes motivos, condeno explícita e categoricamente o regime comunista, desde sua criação até sua queda", disse.
Basescu assegurou que deseja uma "reconciliação nacional", a eliminação da desconfiança generalizada e o avanço rumo à UE e à democracia "com um passado limpo".
O estudo menciona 53 políticos que contribuíram para manter e perpetuar o regime comunista, entre eles Ana Pauker, Gheorghe Ghorghiu Dej, assim como Nicolae e Elena Ceausescu.
Alguns dos políticos denunciados continuam na vida política romena, como o ex-presidente Ion Iliescu, o ultranacionalista Corneliu Vadim Tudor, líder do Partido Grande Romênia ou o social-democrata Adrian Paunescu.
Iliescu, que conduziu a Romênia durante dez dos últimos 17 anos e que atualmente é presidente honorífico do Partido Social Democrata (PSD), que é de oposição, rejeitou hoje sua menção entre os "pilares do comunismo" e acusou o autor do relatório de manipulação e falta de honestidade intelectual.
O ex-presidente disse ver no relatório "um grande risco" para a vida política da Romênia e um "pretexto para a contra-ofensiva da direita agressiva" e acrescentou que "a própria história condenou o comunismo com a queda do regime".
Já Tudor reagiu com veemência e acusou Basescu de aprovar um "projeto miserável" para acertar as contas com seus adversários políticos.
Emil Boc, líder do Partido Democrata, ressaltou que o documento não levará a "uma caça às bruxas".
O Relatório recomenda a total abertura dos arquivos confidenciais tanto da Securitate como do Partido Comunista para que os romenos tenham acesso à verdade sobre uma época histórica obscura.
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2 ... 81938.jhtm