William James e a médium Piper
- Vitor Moura
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William James e a médium Piper
(5) Parte III
Pelo Professor William James
CARO SR. MYERS,
Você pede um registro de minhas próprias experiências com a Sra. Piper, para serem incorporadas no registro a ser publicado em seus Proceedings. Lamento ser incapaz de fornecer-lhe com quaisquer notas diretas das sessões além daquelas que o Sr. Hodgson já terá fornecido. Admito que ao não ter tomado mais notas fui bem desleixado, e só posso pedir perdão. A desculpa (se isto for uma) para minha negligência foi que desejei principalmente satisfazer-me sobre a Sra. Piper; e sentindo que como evidência para os outros nenhuma nota exceto as estenográficas teriam valor, e não sendo capaz de consegui-las, eu raramente anotava alguma. Eu ainda penso que para influenciar a opinião pública, o simples fato que fulano e beltrano foram convencidos por sua experiência pessoal que “há algo na mediunidade” é a coisa essencial. A opinião pública segue líderes muito mais que segue a evidência. O simples “endosso” do Professor Huxley à Sra Piper, p.ex., seria mais eficiente que volumes de notas por tais como eu. Praticamente, no entanto, eu devia tê-las tomado, e a visão de seus métodos mais científicos faz-me lamentar duplamente minhas faltas.
Sob as circunstâncias, a única coisa que eu posso fazer é dar-lhe meu estado presente de crença quanto aos poderes da Sra.Piper, com um registro simples de memória dos passos que levaram-me a isto.
Tomei conhecimento da Sra. Piper no outono de 1885. A mãe da minha esposa, Sra. Gibbens, sobe dela por um amigo, durante o verão anterior, e nunca tendo visto um médium antes, prestou-lhe uma visita por curiosidade. Retornou com a declaração que Sra. P. tinha dado-lhe uma longa corrente de nomes de membros da família, a maior parte nomes principais, junto com fatos sobre as pessoas mencionadas e suas relações umas com as outras, conhecimento de que de sua parte era incompreensível sem poderes supranormais. Minha cunhada foi no dia seguinte, com resultados ainda melhores, como ela os relatou. Entre outras coisas, a médium tinha descrito exatamente as circunstâncias do escritor de uma carta que ela segurava contra a sua testa, depois que a Senhorita G. tinha dado a carta a ela. A carta estava em italiano, e seu escritor era conhecido a apenas duas pessoas neste país.
[Posso adicionar que numa ocasião posterior minha esposa e eu levamos outra carta desta mesma pessoa à Sra. P., que foi falar dela de certa maneira que identificou-a inconfundivelmente outra vez. Numa terceira ocasião, dois anos mais tarde, minha cunhada e eu estivemos outra vez com a Sra. P., ela voltou novamente em seu transe a estas cartas, e então deu-nos o nome do escritor, que disse não ter sido capaz de entender na ocasião anterior].
Mas voltando ao início. Lembro-me de exercer o esprit fort nessa ocasião diante de meus parentes femininos, e procurando explicar, por considerações simples o caráter maravilhoso dos fatos que trouxeram de volta.
Isto não impediu-me, no entanto, de ir alguns dias mais tarde, em companhia de minha esposa, receber uma impressão pessoal direta. Os nomes de nenhum de nós até esta reunião foram anunciados à Sra. P., e Sra. J. e eu éramos, naturalmente, cuidadosos em não fazer nenhuma referência a nossos parentes que nos tinham precedido. A médium, no entanto, quando extasiada, repetiu a maioria dos nomes de “espíritos” que ela tinha anunciado nas duas ocasiões anteriores e adicionou outros. Os nomes vieram com dificuldade, e só gradualmente foram feitos perfeitos. O nome Gibbens do pai da minha esposa foi anunciado primeiramente como Niblin, então como Giblin. Uma criança Herman (a quem nós tínhamos perdido no ano anterior) teve seu nome explicitado como Herrin. Penso que em nenhum caso foram dados ambos os nomes principais e os sobrenomes nesta visita. Mas os fatos afirmados das pessoas nomeadas tornam em muitos exemplos impossível não reconhecer os indivíduos particulares que foram mencionados. Fizemos particular esforço nesta ocasião para não dar ao controle Phinuit nenhuma ajuda às suas dificuldades e não fazer nenhuma pergunta conducente.
Na luz de experiência subseqüente eu acredito que esta não seja a melhor política. Pois freqüentemente acontece, caso você dê a esta personalidade de transe um nome ou algum pequeno fato para a falta da qual ele é levado a uma paralisação, ela então começará com um fluxo copioso de conversa adicional, contendo em si uma abundância de “provas”.
Minha impressão após a primeira visita, foi que a Sra. Piper era portadora de poderes supranormais ou conhecia os membros da família de minha esposa pela visão e tinha, por alguma coincidência, conhecido com tais uma variedade de suas circunstâncias domésticas para produzir o impacto da impressão que ela fazia. Meu último conhecimento sobre suas reuniões e contato pessoal com ela levam-me absolutamente a rejeitar a última hipótese e a crer que ela tem poderes supranormais.
Visitei-a uma dúzia de vezes naquele inverno, às vezes só, às vezes com minha esposa, uma vez em companhia com o Rev. M. J. Savage. Enviei um grande número de pessoas a ela, desejando receber os resultados de tantas primeiras sessões quanto possível. Eu mesmo marquei encontros para a maioria destas pessoas, cujos nomes em nenhum momento foram anunciados à média. Na primavera de 1886 publiquei um sumário “Relatório do Comitê sobre Fenômenos Mediúnicos” nos Proceedings da Sociedade Americana para Pesquisa Psíquica, do que extraio o seguinte:—
“Eu mesmo testemunhei uma dúzia de seus transes, e tenho o testemunho em primeira mão de 25 assistentes, todos exceto um que foram virtualmente introduzidos à Sra. P. por mim mesmo1. De cinco das sessões nós temos relatórios estenográficos textuais. Doze dos assistentes, que na maioria dos casos sentaram um de cada vez, não receberam nada da médium exceto nomes desconhecidos ou conversa trivial. Quatro destes eram membros da Sociedade, e de suas sessões relatórios textuais foram tomados. Quinze dos assistentes foram surpreendidos pelas comunicações que receberam, nomes e fatos sendo mencionados na primeira entrevista que pareceram improváveis pudessem ter sido do conhecimento do médium por algum meio normal. A probabilidade que ela não possuiu nenhum indício quanto à identidade do acompanhante era, acredito, em cada e em todos estes 15 casos, suficiente. Mas de só um deles existe um relatório estenográfico; de modo que, infelizmente para a médium, a evidência em seu favor é, embora mais abundante, menos exigente em qualidade do que algumas daquelas contrárias a ela. Destes 15 assistentes, cinco, todas senhoras, eram parentes de sangue, e dois (eu mesmo sendo um) eram homens ligados por casamento com a família a que elas pertenceram. Duas outras conexões desta família estão incluídas nos 12 que nada receberam. A médium mostrou uma intimidade bem assustadora com estes casos da família, conversando de muitas questões não conhecidas a ninguém de fora, e que por fofoca não poderia ter chegado às suas orelhas. Os detalhes não provariam nada ao leitor, a menos que impressos in extenso, com plenas notas pelos assistentes. Volta-se, afinal, à convicção pessoal. Minha própria convicção não é evidência, mas parece ajustado registrá-la. Estou convencido da honestidade da médium, e da genuinidade de seu transe; e embora a princípio disposto a pensar que os 'acertos' que ela fez fossem felizes coincidências, ou o resultado de conhecimento em sua parte de quem o assistente era e dos seus negócios de família, eu agora acredito que ela está em posse de um poder até agora inexplicado”.
Eu também fiz durante este inverno uma tentativa para ver se o transe da Sra. Piper tinha qualquer comunidade de natureza com transe hipnótico costumeiro. Escrevi no relatório:—
“Minhas primeiras duas tentativas de hipnotizá-la foram mal sucedidas. Entre a segundo vez e a terceira, eu sugeri a seu 'controle' no transe mediúnico que ele deveria fazê-la um indivíduo mesmérico para mim. Concordou. (Uma sugestão deste tipo feita pelo operador em um transe hipnótico provavelmente teria algum efeito no próximo). Tornou-se parcialmente hipnotizada na terceira tentativa; mas o efeito foi tão leve que eu atribuo antes ao efeito de repetição que à sugestão feita. Pela quinta tentativa ela tinha tornado-se um indivíduo hipnótico bastante bom, até onde os fenômenos musculares e imitações automáticas de fala e gesto iam; mas eu não pude afetar sua consciência, nem contrariamente levá-la além deste ponto. Sua condição nesta semi-hipnose é muito diferente de seu transe mediúnico. O último é caracterizado por grande inquietação muscular, mesmo as suas orelhas se movendo vigorosamente de certa maneira impossível a ela em seu estado desperto. Mas em hipnose seu relaxamento muscular e fraqueza são extremos. Ela freqüentemente faz vários esforços ao falar para que sua voz torne-se audível; e para conseguir uma contração forte da mão, por exemplo, manipulação expressa e sugestão devem ser praticadas. As imitações automáticas eu falei serem em primeiro lugar muito fracas, e somente tornam-se forte depois de repetição. As suas pupilas contraem no transe mediúnico. Sugestões ao 'controle' que ele deve fazê-la recordar depois do transe mediúnico o que ela tinha dito foram aceitas, mas não tiveram nenhum resultado. No transe hipnótico tal sugestão vai frequentemente fazer o paciente lembrar-se de tudo o que aconteceu.
“Nenhum sinal de transferência de pensamento — como testado por cartão e diagrama de adivinhação — foi encontrado nela, tanto na condição hipnótica logo descrita, quanto imediatamente depois dela; embora seu 'controle' no transe mediúnico disse que ele os ocasionaria. Até então como tentado (só duas vezes), nenhuma adivinhação correta de cartões no transe mediúnico. Nenhum sinal claro de transferência de pensamento, como testado pela nomeação dos cartões, durante o estado de vigília. Testes de 'willing game,' e tentativas em escrita automática, deram resultados semelhantemente negativos. Até onde a evidência vai, então, seu transe mediúnico parece uma característica isolada na sua psicologia.
Isto seria por si só um resultado importante se pudesse ser estabelecidos e generalizado, mas o registro é obviamente demais imperfeito para que conclusões confiantes possam ser aproveitadas em qualquer direção”.
Aqui suspendi meus inquéritos sobre a mediunidade da Sra. Piper durante um período de aproximadamente dois anos, tendo satisfeito-me que havia um mistério genuíno aí, mas sobrecarregado com deveres que exigem tempo, e sentindo que qualquer circunavegação adequada dos fenômenos seria uma tarefa demais prolongada para eu aspirar quanto mais empreender. Via-a uma vez, meio que acidentalmente, no entanto, durante esse intervalo, e na primavera de 1889 vi-a novamente quatro vezes . No outono de 1889 prestou-nos uma visita de uma semana em nossa casa de campo em New Hampshire, e eu então soube conhecê-la pessoalmente melhor que nunca antes, e tinha confirmado em mim a crença que é uma pessoa genuína absolutamente simples. Ninguém, quando desafiado, pode fornecer “evidência” a outros para tais crenças como esta. Ainda que todos vivamos por elas cotidianamente, e eu praticamente deveria estar disposto agora a apostar tanto dinheiro na honestidade da Sra. Piper quanto na (honestidade) de qualquer pessoa que eu conheço, e fico bem satisfeito em entregar minha reputação como sábio ou louco, até onde diz respeito à natureza humana, a permanecer de pé ou cair por esta declaração.
Quanto à explicação de seus fenômenos de transe, não tenho nenhuma a oferecer. A teoria prima facie, que é a de controle espiritual, é difícil de reconciliar com a trivialidade extrema da maioria das comunicações. Que espírito real, por fim capaz de visitar novamente sua esposa nesta terra, não acharia algo melhor a dizer do que ela tinha mudado o lugar da sua fotografia? Este é o tipo de observação a que os espíritos introduzidos pelo misterioso Phinuit são capazes de confinarem-se. Devo admitir, no entanto, que Phinuit tem outras disposições. Por várias vezes, quando minha esposa e me sentávamo-nos juntos com ele, repentinamente começava em longas conferências a nós sobre nossos defeitos internos e faltas externas, que eram muito sinceras, assim como moral e psicologicamente sutis, e impressionantes num alto grau. Estes discursos, embora dados pelo próprio pároco do Phinuit, eram muito diferente em estilo da sua conversa mais normal, e provavelmente superior a algo que a médium pode produzir na mesma linha em seu estado natural. O próprio Phinuit, no entanto, carrega toda a aparência de ser um ser fictício. Seu francês, até onde foi capaz de mostrar-me, era limitado a algumas frases de saudação, que facilmente pode ter tido sua erupção na memória “inconsciente” da médium; ele nunca foi capaz de entender meu francês; e as migalhas de informação que ele dá sobre sua carreira terrena são, como você sabe, tão poucas, vagas, e soando improváveis, como se sugerisse o romancear de alguém cujo estoque de materiais para invenção está excessivamente reduzido. É, no entanto, como ele realmente se apresenta, um indivíduo humano definido, com imenso tato e paciência, e grande desejo de agradar e de ser considerado como infalível. Com respeito ao estilo rude e em gíria que ele tão freqüentemente usa, deve ser dito que a tradição Espiritualista aqui na América está toda em favor do “espírito-controle” ser uma personagem um tanto grotesca e atrevida. O Zeitgeist tem sempre muito tem a ver com dar forma a fenômenos de transe, de modo que um “controle” desse temperamento é o que alguém naturalmente esperaria. Sr. Hodgson já tinha informado-lhe da semelhança entre o nome de Phinuit e o do “controle” do médium em cuja casa a Sra. Piper primeiro foi extasiada. A coisa mais notável sobre a personalidade de Phinuit parece a mim o extraordinária tenacidade e minúcia da sua memória. A médium foi visitada por muitas centenas de assistentes, metade deles, talvez, sendo estranhos que vieram apenas uma vez. A cada um Phinuit dá um hora cheia de fragmentos desconexos de conversa sobre pessoas vivas, mortas, ou imaginárias, e acontecimentos passados, futuros, ou irreais. Que memória desperta normal pode manter esta massa caótica de material reunida? Mas Phinuit consegue; pois as possibilidades parecem ser, que se um assistente deve voltar depois de anos do intervalo, a médium, quando uma vez extasiada, lembraria os incidentes mais minúsculos da entrevista anterior, e começa por recapitular muito do que então foi dito. Até onde pude descobrir, a memória desperta da Sra. Piper não é notável, e a constituição inteira de sua memória de transe é algo que eu estou perplexo para entender. Mas não direi nada mais de Phinuit, porque, ajudado por nossos amigos na França, você já está sistematicamente procurando estabelecê-lo ou desmenti-lo como um nativo anterior deste mundo.
Phinuit é geralmente o meio de comunicação entre outros espíritos e o assistente. Mas dois outros espíritos soi-disant têm, em minha presença, assumido “controle” direto da Sra. Piper. Um pretendeu ser o falecido Sr. E. O outro era uma tia minha que morreu no ano passado em Iorque. Eu já enviei a você o único registro que posso dar de minhas experiências anteriores com o “controle E.”. As primeiras mensagens vieram por Phinuit, há cerca de um ano, quando depois de dois anos sem comunicações com a Sra. Piper ela almoçou um dia em nossa casa e deu uma sessão para minha esposa e para mim depois. Foi bastante ruim; e confesso que o ser humano em mim foi muito mais forte que o homem de ciência já que fiquei demais repugnado com as bobagens cansativas de Phinuit mesmo para anotar. Quando mais tarde o fenômeno desenvolveu numa pretendida fala direta do próprio E. eu lamentei isto, pois um registro completo teria sido útil. Eu agora meramente posso dizer que nem aí, nem em qualquer outro tempo, existiu em minha mente a mais leve íntima verossimilhança na personificação. Mas o fracasso em produzir um mais plausível E. fala diretamente em favor da não-participação da mente ciente da médium na performance. Ela poderia muito facilmente ter treinado a si mesma para ser mais eficiente.
Seu discurso em transe sobre a minha própria família mostra a mesma inocência. A teoria cética de seus êxitos é que mantém um tipo de escritório de detetive funcionando em boa parte do mundo, de modo que quem quer a chame com certeza a encontrará preparada com fatos sobre sua vida. Poucas coisas poderiam ter sido mais fáceis, em Boston, que a Sra. Piper colecionar fatos sobre a própria família de meu pai para uso em minhas sessões com ela. Mas embora meu pai, minha mãe, e um irmão morto foram anunciados repetidamente como presentes, nada exceto seus meros nomes jamais saiu, exceto uma mensagem saudosa de agradecimento de meu pai por eu “ter publicado o livro”. Tinha publicado seu Literary Remains; mas quando Phinuit foi perguntado “qual livro?” tudo que ele pode fazer foi soletrar as letras L, I, e nada mais. Se for sugerido que tudo isto nada foi a não ser um refinamento astuto, para que tais reticências habilidosamente distribuídas sejam o que traz a maioria de crédito a um médium, eu devo negar a proposta in toto. Vi e ouvi o suficiente das sessões para estar seguro que os trunfos da médium são a prontidão e a integralidade em suas revelações. É um erro em geral (contudo pode ocasionalmente, como agora, ser citado em seu favor) reter algo que ela sabe. Os lapsos de Phinuit, a ortografia, e outros meios contrariamente imperfeitos de revelar seus fatos é uma grande desvantagem com a maioria dos assistentes, e ainda isto é habitual com ele.
A tia que pretendeu “tomar controle” diretamente era uma personificação muito melhor, tendo uma grande quantidade de alegre energia da fala da original. Falou, a propósito, nesta ocasião, da condição de saúde de dois membros da família em Nova Iorque, do que não soubemos nada na época, e que foi depois corroborado por carta. Nós repetidamente ouvimos da Sra. Flautista em transe de coisas que nós não estávamos cientes no momento. Se o elemento supranormal no fenômeno é transferência de pensamento certamente não é do pensamento ciente do assistente. É antes o reservatório do seu conhecimento potencial que é derivado; e nem sempre isso, mas o conhecimento de alguma pessoa viva distante, como no último incidente citado.Às vezes mesmo parecia a mim que muita ansiedade da parte do assistente para ter Phinuit dizendo uma certa coisa age como um obstáculo.
Sra. Blodgett, de Holyoke, Mass., e sua irmã, tramaram, antes da última morrer, o que teria sido uma boa prova de um retorno espiritual real. A irmã, Srta. H. W., escreveu em seu leito de morte uma carta, selou-a, e deu-a à Sra. B. Depois de sua morte ninguém vivo sabia que palavras continha a carta. A Sra. B. então não conhecendo a Sra. Piper, confiou a mim a carta selada, e pediu-me que desse alguns artigos da vestimenta pessoal da irmã morta para a Sra. Piper, para ajudá-la chegar a seu conteúdo. Esta comissão eu executei. Sra. P. deu corretamente o nome completo (que mesmo eu não conhecia) da escritora, e finalmente, depois de uma demora e cerimônia que ocupou várias semanas da parte de Phinuit, ditou o que pretendia ser uma cópia da carta. Esta comparei com a original (da qual a Sra. B. permitiu-me quebrar o selo); mas as duas cartas nada tinham em comum, nem eram corretos quaisquer dos numerosos fatos domésticos aludidos na carta da médium reconhecidos pela Sra. Blodgett. A Sra. Piper foi igualmente mal sucedida em duas tentativas posteriores que ela fez para reproduzir o conteúdo deste documento, embora em ambas as vezes a revelação pretendesse vir diretamente de sua falecida escritora. Seria difícil de tramar uma melhor prova que este teria sido, tivesse imediatamente prosperado, para a exclusão de transferência de pensamento de mentes vivas.
Minha sogra, em seu retorno de Europa, gastou uma manhã em vão procurando sua caderneta bancária. Sra. Piper logo depois de ser perguntada onde este livro estava, descreveu o lugar tão exatamente que foi instantaneamente achado. Fui contado por ela que o espírito de um rapaz chamado Robert F. era o companheiro de minha criança perdida. Os F. eram primos de minha esposa vivendo numa cidade distante. Em meu retorno ao lar mencionei o incidente a minha esposa, dizendo, “Sua prima perdeu um bebê, não? mas a Sra. Piper estava errada sobre seu sexo, nome, e idade”. Eu então soube que a Sra. Piper tinha sido bastante correta em todos esses pormenores, e que a minha era a impressão errada. Mas, obviamente, para a fonte de revelações tais como estas, não se precisa ir atrás do próprio armazém de experiências do assistente esquecidas ou desprezadas. Os experimentos de Srta. X. em olhar fixamente para o cristal provam como estranhamente estas sobrevivem. Se transferência de pensamento é o indício a ser seguido ao interpretar as elocuções do transe da Sra. Piper (e isso, até onde minha experiência vai, é o que, de longe mais do que quaisquer instilações supramundanas, os fenômenos parecem em sua face ser) devemos admitir que a necessidade de “transferência” não é do pensamento ciente nem mesmo o inconsciente do assistente, mas freqüentemente deve ser do pensamento de alguém distante. Assim, na segunda visita de minha sogra à médium ela foi dita que uma de suas filhas sofria de uma dor severa nas suas costas nesse dia. Esta ocorrência do todo incomum, desconhecida ao assistente, provou ser verdade. O anúncio a minha esposa e irmão da morte da minha tia em Nova Iorque antes de nós termos recebido o telegrama (Sr. Hodgson, acredito, enviou-lhe um registro disto) pode, por outro lado, ter sido ocasionado pela apreensão ciente dos assistentes do acontecimento. Este incidente particular é uma “prova” do tipo qual prontamente citação; mas a minha mente ele foi muito menos convincente que as inumeráveis pequenas questões domésticas das quais a Sra. Piper continuamente falou em suas sessões com membros da minha família. Com os casos de parentesco por parte da mãe de minha esposa em particular seu conhecimento em transe era bem íntimo. Alguns deles estavam mortos, alguns na Califórnia, alguns no Estado de Maine. Caracterizou-os todo, tanto vivos como mortos, falou de suas relações uns com os outros, de seus gostos e desgostos, de seus planos práticos até então inéditos, e quase nunca cometeu um erro, embora, como de costume, havia um muito pequeno conjunto ou comentários em algo que saiu. Uma pessoa normal, alheia à família, não poderia ter dito tanto; uma familiarizada dificilmente poderia ter evitado de falar mais.
As coisas mais convincentes ditas sobre o meu próprio lar imediato eram ou muito íntimas ou muito triviais. Infelizmente as primeiras não podem ser publicadas. Das triviais, esqueci a maior parte, mas as seguintes, rarce nantes, podem servir como amostras de sua classe: Disse que tínhamos perdido recentemente um tapete, e eu um colete. [ela injustamente acusou uma pessoa de roubar o tapete, que depois foi achado na casa.] Contou de meu assassinato de gato cinzento e branco, com éter, e descreveu como ele “tinha girado em círculos” antes de morrer. Contou como minha tia de Nova Iorque tinha escrito uma carta a minha esposa, advertindo-a contra todos os médiuns, e então disparou numa crítica bem divertida, plena traits vifs, do excelente caráter da mulher. [naturalmente ninguém exceto minha esposa e eu sabíamos da existência da carta em questão.] Foi incisiva nos acontecimentos em nosso berçário, e deu notáveis conselhos durante nossa primeira visita a ela sobre o meio de lidar com certos “ataques de fúria” de nossa segunda criança, “pequeno Billy,” como chamou-o, reproduzindo seu nome de berçário. Contou como o berço rangia de noite, como uma certa cadeira de balanço rangia misteriosamente, como minha esposa tinha ouvido pegadas na escada, &c, &c. Insignificantes que estas coisas soam quando lidas, o acúmulo de um grande número delas tem um efeito irresistível. Repito agora o que já disse anteriormente que levando em conta o que eu conheço da Sra. Piper, o resultado me faz sentir tão absolutamente certo, como estou de qualquer fato pessoal no mundo, que ela conhece coisas em transe os quais não pode possivelmente ter ouvido em estado de vigília e que a filosofia definida em seus transes está ainda para ser descoberta.
As limitações de suas informações do transe, sua descontinuidade e capricho, e sua incapacidade aparente de desenvolver além de um certo ponto, embora acabem por incitar uma moral e humana impaciência com o fenômeno, ainda estão, de um ponto de vista científico, entre suas peculiaridades mais interessantes, já que onde há limites há condições, e a descoberta destes é sempre o começo de explicação.
Isto é todo que eu o posso dizer da Sra. Piper. Queria que fosse mais “científico”. Mas, valeat quantum! Isto é o melhor que posso fazer.
Pelo Professor William James
CARO SR. MYERS,
Você pede um registro de minhas próprias experiências com a Sra. Piper, para serem incorporadas no registro a ser publicado em seus Proceedings. Lamento ser incapaz de fornecer-lhe com quaisquer notas diretas das sessões além daquelas que o Sr. Hodgson já terá fornecido. Admito que ao não ter tomado mais notas fui bem desleixado, e só posso pedir perdão. A desculpa (se isto for uma) para minha negligência foi que desejei principalmente satisfazer-me sobre a Sra. Piper; e sentindo que como evidência para os outros nenhuma nota exceto as estenográficas teriam valor, e não sendo capaz de consegui-las, eu raramente anotava alguma. Eu ainda penso que para influenciar a opinião pública, o simples fato que fulano e beltrano foram convencidos por sua experiência pessoal que “há algo na mediunidade” é a coisa essencial. A opinião pública segue líderes muito mais que segue a evidência. O simples “endosso” do Professor Huxley à Sra Piper, p.ex., seria mais eficiente que volumes de notas por tais como eu. Praticamente, no entanto, eu devia tê-las tomado, e a visão de seus métodos mais científicos faz-me lamentar duplamente minhas faltas.
Sob as circunstâncias, a única coisa que eu posso fazer é dar-lhe meu estado presente de crença quanto aos poderes da Sra.Piper, com um registro simples de memória dos passos que levaram-me a isto.
Tomei conhecimento da Sra. Piper no outono de 1885. A mãe da minha esposa, Sra. Gibbens, sobe dela por um amigo, durante o verão anterior, e nunca tendo visto um médium antes, prestou-lhe uma visita por curiosidade. Retornou com a declaração que Sra. P. tinha dado-lhe uma longa corrente de nomes de membros da família, a maior parte nomes principais, junto com fatos sobre as pessoas mencionadas e suas relações umas com as outras, conhecimento de que de sua parte era incompreensível sem poderes supranormais. Minha cunhada foi no dia seguinte, com resultados ainda melhores, como ela os relatou. Entre outras coisas, a médium tinha descrito exatamente as circunstâncias do escritor de uma carta que ela segurava contra a sua testa, depois que a Senhorita G. tinha dado a carta a ela. A carta estava em italiano, e seu escritor era conhecido a apenas duas pessoas neste país.
[Posso adicionar que numa ocasião posterior minha esposa e eu levamos outra carta desta mesma pessoa à Sra. P., que foi falar dela de certa maneira que identificou-a inconfundivelmente outra vez. Numa terceira ocasião, dois anos mais tarde, minha cunhada e eu estivemos outra vez com a Sra. P., ela voltou novamente em seu transe a estas cartas, e então deu-nos o nome do escritor, que disse não ter sido capaz de entender na ocasião anterior].
Mas voltando ao início. Lembro-me de exercer o esprit fort nessa ocasião diante de meus parentes femininos, e procurando explicar, por considerações simples o caráter maravilhoso dos fatos que trouxeram de volta.
Isto não impediu-me, no entanto, de ir alguns dias mais tarde, em companhia de minha esposa, receber uma impressão pessoal direta. Os nomes de nenhum de nós até esta reunião foram anunciados à Sra. P., e Sra. J. e eu éramos, naturalmente, cuidadosos em não fazer nenhuma referência a nossos parentes que nos tinham precedido. A médium, no entanto, quando extasiada, repetiu a maioria dos nomes de “espíritos” que ela tinha anunciado nas duas ocasiões anteriores e adicionou outros. Os nomes vieram com dificuldade, e só gradualmente foram feitos perfeitos. O nome Gibbens do pai da minha esposa foi anunciado primeiramente como Niblin, então como Giblin. Uma criança Herman (a quem nós tínhamos perdido no ano anterior) teve seu nome explicitado como Herrin. Penso que em nenhum caso foram dados ambos os nomes principais e os sobrenomes nesta visita. Mas os fatos afirmados das pessoas nomeadas tornam em muitos exemplos impossível não reconhecer os indivíduos particulares que foram mencionados. Fizemos particular esforço nesta ocasião para não dar ao controle Phinuit nenhuma ajuda às suas dificuldades e não fazer nenhuma pergunta conducente.
Na luz de experiência subseqüente eu acredito que esta não seja a melhor política. Pois freqüentemente acontece, caso você dê a esta personalidade de transe um nome ou algum pequeno fato para a falta da qual ele é levado a uma paralisação, ela então começará com um fluxo copioso de conversa adicional, contendo em si uma abundância de “provas”.
Minha impressão após a primeira visita, foi que a Sra. Piper era portadora de poderes supranormais ou conhecia os membros da família de minha esposa pela visão e tinha, por alguma coincidência, conhecido com tais uma variedade de suas circunstâncias domésticas para produzir o impacto da impressão que ela fazia. Meu último conhecimento sobre suas reuniões e contato pessoal com ela levam-me absolutamente a rejeitar a última hipótese e a crer que ela tem poderes supranormais.
Visitei-a uma dúzia de vezes naquele inverno, às vezes só, às vezes com minha esposa, uma vez em companhia com o Rev. M. J. Savage. Enviei um grande número de pessoas a ela, desejando receber os resultados de tantas primeiras sessões quanto possível. Eu mesmo marquei encontros para a maioria destas pessoas, cujos nomes em nenhum momento foram anunciados à média. Na primavera de 1886 publiquei um sumário “Relatório do Comitê sobre Fenômenos Mediúnicos” nos Proceedings da Sociedade Americana para Pesquisa Psíquica, do que extraio o seguinte:—
“Eu mesmo testemunhei uma dúzia de seus transes, e tenho o testemunho em primeira mão de 25 assistentes, todos exceto um que foram virtualmente introduzidos à Sra. P. por mim mesmo1. De cinco das sessões nós temos relatórios estenográficos textuais. Doze dos assistentes, que na maioria dos casos sentaram um de cada vez, não receberam nada da médium exceto nomes desconhecidos ou conversa trivial. Quatro destes eram membros da Sociedade, e de suas sessões relatórios textuais foram tomados. Quinze dos assistentes foram surpreendidos pelas comunicações que receberam, nomes e fatos sendo mencionados na primeira entrevista que pareceram improváveis pudessem ter sido do conhecimento do médium por algum meio normal. A probabilidade que ela não possuiu nenhum indício quanto à identidade do acompanhante era, acredito, em cada e em todos estes 15 casos, suficiente. Mas de só um deles existe um relatório estenográfico; de modo que, infelizmente para a médium, a evidência em seu favor é, embora mais abundante, menos exigente em qualidade do que algumas daquelas contrárias a ela. Destes 15 assistentes, cinco, todas senhoras, eram parentes de sangue, e dois (eu mesmo sendo um) eram homens ligados por casamento com a família a que elas pertenceram. Duas outras conexões desta família estão incluídas nos 12 que nada receberam. A médium mostrou uma intimidade bem assustadora com estes casos da família, conversando de muitas questões não conhecidas a ninguém de fora, e que por fofoca não poderia ter chegado às suas orelhas. Os detalhes não provariam nada ao leitor, a menos que impressos in extenso, com plenas notas pelos assistentes. Volta-se, afinal, à convicção pessoal. Minha própria convicção não é evidência, mas parece ajustado registrá-la. Estou convencido da honestidade da médium, e da genuinidade de seu transe; e embora a princípio disposto a pensar que os 'acertos' que ela fez fossem felizes coincidências, ou o resultado de conhecimento em sua parte de quem o assistente era e dos seus negócios de família, eu agora acredito que ela está em posse de um poder até agora inexplicado”.
Eu também fiz durante este inverno uma tentativa para ver se o transe da Sra. Piper tinha qualquer comunidade de natureza com transe hipnótico costumeiro. Escrevi no relatório:—
“Minhas primeiras duas tentativas de hipnotizá-la foram mal sucedidas. Entre a segundo vez e a terceira, eu sugeri a seu 'controle' no transe mediúnico que ele deveria fazê-la um indivíduo mesmérico para mim. Concordou. (Uma sugestão deste tipo feita pelo operador em um transe hipnótico provavelmente teria algum efeito no próximo). Tornou-se parcialmente hipnotizada na terceira tentativa; mas o efeito foi tão leve que eu atribuo antes ao efeito de repetição que à sugestão feita. Pela quinta tentativa ela tinha tornado-se um indivíduo hipnótico bastante bom, até onde os fenômenos musculares e imitações automáticas de fala e gesto iam; mas eu não pude afetar sua consciência, nem contrariamente levá-la além deste ponto. Sua condição nesta semi-hipnose é muito diferente de seu transe mediúnico. O último é caracterizado por grande inquietação muscular, mesmo as suas orelhas se movendo vigorosamente de certa maneira impossível a ela em seu estado desperto. Mas em hipnose seu relaxamento muscular e fraqueza são extremos. Ela freqüentemente faz vários esforços ao falar para que sua voz torne-se audível; e para conseguir uma contração forte da mão, por exemplo, manipulação expressa e sugestão devem ser praticadas. As imitações automáticas eu falei serem em primeiro lugar muito fracas, e somente tornam-se forte depois de repetição. As suas pupilas contraem no transe mediúnico. Sugestões ao 'controle' que ele deve fazê-la recordar depois do transe mediúnico o que ela tinha dito foram aceitas, mas não tiveram nenhum resultado. No transe hipnótico tal sugestão vai frequentemente fazer o paciente lembrar-se de tudo o que aconteceu.
“Nenhum sinal de transferência de pensamento — como testado por cartão e diagrama de adivinhação — foi encontrado nela, tanto na condição hipnótica logo descrita, quanto imediatamente depois dela; embora seu 'controle' no transe mediúnico disse que ele os ocasionaria. Até então como tentado (só duas vezes), nenhuma adivinhação correta de cartões no transe mediúnico. Nenhum sinal claro de transferência de pensamento, como testado pela nomeação dos cartões, durante o estado de vigília. Testes de 'willing game,' e tentativas em escrita automática, deram resultados semelhantemente negativos. Até onde a evidência vai, então, seu transe mediúnico parece uma característica isolada na sua psicologia.
Isto seria por si só um resultado importante se pudesse ser estabelecidos e generalizado, mas o registro é obviamente demais imperfeito para que conclusões confiantes possam ser aproveitadas em qualquer direção”.
Aqui suspendi meus inquéritos sobre a mediunidade da Sra. Piper durante um período de aproximadamente dois anos, tendo satisfeito-me que havia um mistério genuíno aí, mas sobrecarregado com deveres que exigem tempo, e sentindo que qualquer circunavegação adequada dos fenômenos seria uma tarefa demais prolongada para eu aspirar quanto mais empreender. Via-a uma vez, meio que acidentalmente, no entanto, durante esse intervalo, e na primavera de 1889 vi-a novamente quatro vezes . No outono de 1889 prestou-nos uma visita de uma semana em nossa casa de campo em New Hampshire, e eu então soube conhecê-la pessoalmente melhor que nunca antes, e tinha confirmado em mim a crença que é uma pessoa genuína absolutamente simples. Ninguém, quando desafiado, pode fornecer “evidência” a outros para tais crenças como esta. Ainda que todos vivamos por elas cotidianamente, e eu praticamente deveria estar disposto agora a apostar tanto dinheiro na honestidade da Sra. Piper quanto na (honestidade) de qualquer pessoa que eu conheço, e fico bem satisfeito em entregar minha reputação como sábio ou louco, até onde diz respeito à natureza humana, a permanecer de pé ou cair por esta declaração.
Quanto à explicação de seus fenômenos de transe, não tenho nenhuma a oferecer. A teoria prima facie, que é a de controle espiritual, é difícil de reconciliar com a trivialidade extrema da maioria das comunicações. Que espírito real, por fim capaz de visitar novamente sua esposa nesta terra, não acharia algo melhor a dizer do que ela tinha mudado o lugar da sua fotografia? Este é o tipo de observação a que os espíritos introduzidos pelo misterioso Phinuit são capazes de confinarem-se. Devo admitir, no entanto, que Phinuit tem outras disposições. Por várias vezes, quando minha esposa e me sentávamo-nos juntos com ele, repentinamente começava em longas conferências a nós sobre nossos defeitos internos e faltas externas, que eram muito sinceras, assim como moral e psicologicamente sutis, e impressionantes num alto grau. Estes discursos, embora dados pelo próprio pároco do Phinuit, eram muito diferente em estilo da sua conversa mais normal, e provavelmente superior a algo que a médium pode produzir na mesma linha em seu estado natural. O próprio Phinuit, no entanto, carrega toda a aparência de ser um ser fictício. Seu francês, até onde foi capaz de mostrar-me, era limitado a algumas frases de saudação, que facilmente pode ter tido sua erupção na memória “inconsciente” da médium; ele nunca foi capaz de entender meu francês; e as migalhas de informação que ele dá sobre sua carreira terrena são, como você sabe, tão poucas, vagas, e soando improváveis, como se sugerisse o romancear de alguém cujo estoque de materiais para invenção está excessivamente reduzido. É, no entanto, como ele realmente se apresenta, um indivíduo humano definido, com imenso tato e paciência, e grande desejo de agradar e de ser considerado como infalível. Com respeito ao estilo rude e em gíria que ele tão freqüentemente usa, deve ser dito que a tradição Espiritualista aqui na América está toda em favor do “espírito-controle” ser uma personagem um tanto grotesca e atrevida. O Zeitgeist tem sempre muito tem a ver com dar forma a fenômenos de transe, de modo que um “controle” desse temperamento é o que alguém naturalmente esperaria. Sr. Hodgson já tinha informado-lhe da semelhança entre o nome de Phinuit e o do “controle” do médium em cuja casa a Sra. Piper primeiro foi extasiada. A coisa mais notável sobre a personalidade de Phinuit parece a mim o extraordinária tenacidade e minúcia da sua memória. A médium foi visitada por muitas centenas de assistentes, metade deles, talvez, sendo estranhos que vieram apenas uma vez. A cada um Phinuit dá um hora cheia de fragmentos desconexos de conversa sobre pessoas vivas, mortas, ou imaginárias, e acontecimentos passados, futuros, ou irreais. Que memória desperta normal pode manter esta massa caótica de material reunida? Mas Phinuit consegue; pois as possibilidades parecem ser, que se um assistente deve voltar depois de anos do intervalo, a médium, quando uma vez extasiada, lembraria os incidentes mais minúsculos da entrevista anterior, e começa por recapitular muito do que então foi dito. Até onde pude descobrir, a memória desperta da Sra. Piper não é notável, e a constituição inteira de sua memória de transe é algo que eu estou perplexo para entender. Mas não direi nada mais de Phinuit, porque, ajudado por nossos amigos na França, você já está sistematicamente procurando estabelecê-lo ou desmenti-lo como um nativo anterior deste mundo.
Phinuit é geralmente o meio de comunicação entre outros espíritos e o assistente. Mas dois outros espíritos soi-disant têm, em minha presença, assumido “controle” direto da Sra. Piper. Um pretendeu ser o falecido Sr. E. O outro era uma tia minha que morreu no ano passado em Iorque. Eu já enviei a você o único registro que posso dar de minhas experiências anteriores com o “controle E.”. As primeiras mensagens vieram por Phinuit, há cerca de um ano, quando depois de dois anos sem comunicações com a Sra. Piper ela almoçou um dia em nossa casa e deu uma sessão para minha esposa e para mim depois. Foi bastante ruim; e confesso que o ser humano em mim foi muito mais forte que o homem de ciência já que fiquei demais repugnado com as bobagens cansativas de Phinuit mesmo para anotar. Quando mais tarde o fenômeno desenvolveu numa pretendida fala direta do próprio E. eu lamentei isto, pois um registro completo teria sido útil. Eu agora meramente posso dizer que nem aí, nem em qualquer outro tempo, existiu em minha mente a mais leve íntima verossimilhança na personificação. Mas o fracasso em produzir um mais plausível E. fala diretamente em favor da não-participação da mente ciente da médium na performance. Ela poderia muito facilmente ter treinado a si mesma para ser mais eficiente.
Seu discurso em transe sobre a minha própria família mostra a mesma inocência. A teoria cética de seus êxitos é que mantém um tipo de escritório de detetive funcionando em boa parte do mundo, de modo que quem quer a chame com certeza a encontrará preparada com fatos sobre sua vida. Poucas coisas poderiam ter sido mais fáceis, em Boston, que a Sra. Piper colecionar fatos sobre a própria família de meu pai para uso em minhas sessões com ela. Mas embora meu pai, minha mãe, e um irmão morto foram anunciados repetidamente como presentes, nada exceto seus meros nomes jamais saiu, exceto uma mensagem saudosa de agradecimento de meu pai por eu “ter publicado o livro”. Tinha publicado seu Literary Remains; mas quando Phinuit foi perguntado “qual livro?” tudo que ele pode fazer foi soletrar as letras L, I, e nada mais. Se for sugerido que tudo isto nada foi a não ser um refinamento astuto, para que tais reticências habilidosamente distribuídas sejam o que traz a maioria de crédito a um médium, eu devo negar a proposta in toto. Vi e ouvi o suficiente das sessões para estar seguro que os trunfos da médium são a prontidão e a integralidade em suas revelações. É um erro em geral (contudo pode ocasionalmente, como agora, ser citado em seu favor) reter algo que ela sabe. Os lapsos de Phinuit, a ortografia, e outros meios contrariamente imperfeitos de revelar seus fatos é uma grande desvantagem com a maioria dos assistentes, e ainda isto é habitual com ele.
A tia que pretendeu “tomar controle” diretamente era uma personificação muito melhor, tendo uma grande quantidade de alegre energia da fala da original. Falou, a propósito, nesta ocasião, da condição de saúde de dois membros da família em Nova Iorque, do que não soubemos nada na época, e que foi depois corroborado por carta. Nós repetidamente ouvimos da Sra. Flautista em transe de coisas que nós não estávamos cientes no momento. Se o elemento supranormal no fenômeno é transferência de pensamento certamente não é do pensamento ciente do assistente. É antes o reservatório do seu conhecimento potencial que é derivado; e nem sempre isso, mas o conhecimento de alguma pessoa viva distante, como no último incidente citado.Às vezes mesmo parecia a mim que muita ansiedade da parte do assistente para ter Phinuit dizendo uma certa coisa age como um obstáculo.
Sra. Blodgett, de Holyoke, Mass., e sua irmã, tramaram, antes da última morrer, o que teria sido uma boa prova de um retorno espiritual real. A irmã, Srta. H. W., escreveu em seu leito de morte uma carta, selou-a, e deu-a à Sra. B. Depois de sua morte ninguém vivo sabia que palavras continha a carta. A Sra. B. então não conhecendo a Sra. Piper, confiou a mim a carta selada, e pediu-me que desse alguns artigos da vestimenta pessoal da irmã morta para a Sra. Piper, para ajudá-la chegar a seu conteúdo. Esta comissão eu executei. Sra. P. deu corretamente o nome completo (que mesmo eu não conhecia) da escritora, e finalmente, depois de uma demora e cerimônia que ocupou várias semanas da parte de Phinuit, ditou o que pretendia ser uma cópia da carta. Esta comparei com a original (da qual a Sra. B. permitiu-me quebrar o selo); mas as duas cartas nada tinham em comum, nem eram corretos quaisquer dos numerosos fatos domésticos aludidos na carta da médium reconhecidos pela Sra. Blodgett. A Sra. Piper foi igualmente mal sucedida em duas tentativas posteriores que ela fez para reproduzir o conteúdo deste documento, embora em ambas as vezes a revelação pretendesse vir diretamente de sua falecida escritora. Seria difícil de tramar uma melhor prova que este teria sido, tivesse imediatamente prosperado, para a exclusão de transferência de pensamento de mentes vivas.
Minha sogra, em seu retorno de Europa, gastou uma manhã em vão procurando sua caderneta bancária. Sra. Piper logo depois de ser perguntada onde este livro estava, descreveu o lugar tão exatamente que foi instantaneamente achado. Fui contado por ela que o espírito de um rapaz chamado Robert F. era o companheiro de minha criança perdida. Os F. eram primos de minha esposa vivendo numa cidade distante. Em meu retorno ao lar mencionei o incidente a minha esposa, dizendo, “Sua prima perdeu um bebê, não? mas a Sra. Piper estava errada sobre seu sexo, nome, e idade”. Eu então soube que a Sra. Piper tinha sido bastante correta em todos esses pormenores, e que a minha era a impressão errada. Mas, obviamente, para a fonte de revelações tais como estas, não se precisa ir atrás do próprio armazém de experiências do assistente esquecidas ou desprezadas. Os experimentos de Srta. X. em olhar fixamente para o cristal provam como estranhamente estas sobrevivem. Se transferência de pensamento é o indício a ser seguido ao interpretar as elocuções do transe da Sra. Piper (e isso, até onde minha experiência vai, é o que, de longe mais do que quaisquer instilações supramundanas, os fenômenos parecem em sua face ser) devemos admitir que a necessidade de “transferência” não é do pensamento ciente nem mesmo o inconsciente do assistente, mas freqüentemente deve ser do pensamento de alguém distante. Assim, na segunda visita de minha sogra à médium ela foi dita que uma de suas filhas sofria de uma dor severa nas suas costas nesse dia. Esta ocorrência do todo incomum, desconhecida ao assistente, provou ser verdade. O anúncio a minha esposa e irmão da morte da minha tia em Nova Iorque antes de nós termos recebido o telegrama (Sr. Hodgson, acredito, enviou-lhe um registro disto) pode, por outro lado, ter sido ocasionado pela apreensão ciente dos assistentes do acontecimento. Este incidente particular é uma “prova” do tipo qual prontamente citação; mas a minha mente ele foi muito menos convincente que as inumeráveis pequenas questões domésticas das quais a Sra. Piper continuamente falou em suas sessões com membros da minha família. Com os casos de parentesco por parte da mãe de minha esposa em particular seu conhecimento em transe era bem íntimo. Alguns deles estavam mortos, alguns na Califórnia, alguns no Estado de Maine. Caracterizou-os todo, tanto vivos como mortos, falou de suas relações uns com os outros, de seus gostos e desgostos, de seus planos práticos até então inéditos, e quase nunca cometeu um erro, embora, como de costume, havia um muito pequeno conjunto ou comentários em algo que saiu. Uma pessoa normal, alheia à família, não poderia ter dito tanto; uma familiarizada dificilmente poderia ter evitado de falar mais.
As coisas mais convincentes ditas sobre o meu próprio lar imediato eram ou muito íntimas ou muito triviais. Infelizmente as primeiras não podem ser publicadas. Das triviais, esqueci a maior parte, mas as seguintes, rarce nantes, podem servir como amostras de sua classe: Disse que tínhamos perdido recentemente um tapete, e eu um colete. [ela injustamente acusou uma pessoa de roubar o tapete, que depois foi achado na casa.] Contou de meu assassinato de gato cinzento e branco, com éter, e descreveu como ele “tinha girado em círculos” antes de morrer. Contou como minha tia de Nova Iorque tinha escrito uma carta a minha esposa, advertindo-a contra todos os médiuns, e então disparou numa crítica bem divertida, plena traits vifs, do excelente caráter da mulher. [naturalmente ninguém exceto minha esposa e eu sabíamos da existência da carta em questão.] Foi incisiva nos acontecimentos em nosso berçário, e deu notáveis conselhos durante nossa primeira visita a ela sobre o meio de lidar com certos “ataques de fúria” de nossa segunda criança, “pequeno Billy,” como chamou-o, reproduzindo seu nome de berçário. Contou como o berço rangia de noite, como uma certa cadeira de balanço rangia misteriosamente, como minha esposa tinha ouvido pegadas na escada, &c, &c. Insignificantes que estas coisas soam quando lidas, o acúmulo de um grande número delas tem um efeito irresistível. Repito agora o que já disse anteriormente que levando em conta o que eu conheço da Sra. Piper, o resultado me faz sentir tão absolutamente certo, como estou de qualquer fato pessoal no mundo, que ela conhece coisas em transe os quais não pode possivelmente ter ouvido em estado de vigília e que a filosofia definida em seus transes está ainda para ser descoberta.
As limitações de suas informações do transe, sua descontinuidade e capricho, e sua incapacidade aparente de desenvolver além de um certo ponto, embora acabem por incitar uma moral e humana impaciência com o fenômeno, ainda estão, de um ponto de vista científico, entre suas peculiaridades mais interessantes, já que onde há limites há condições, e a descoberta destes é sempre o começo de explicação.
Isto é todo que eu o posso dizer da Sra. Piper. Queria que fosse mais “científico”. Mas, valeat quantum! Isto é o melhor que posso fazer.
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Re: William James e a médium Piper
Vitor Moura escreveu: Sob as circunstâncias, a única coisa que eu posso fazer é dar-lhe meu estado presente de crença quanto aos poderes da Sra.Piper, com um registro simples de memória dos passos que levaram-me a isto.
Evidencia anedota.
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http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”
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Re: William James e a médium Piper
O ENCOSTO escreveu:Vitor Moura escreveu: Sob as circunstâncias, a única coisa que eu posso fazer é dar-lhe meu estado presente de crença quanto aos poderes da Sra.Piper, com um registro simples de memória dos passos que levaram-me a isto.
Evidencia anedota.
Você pede um registro de minhas próprias experiências com a Sra. Piper, para serem incorporadas no registro a ser publicado em seus Proceedings. Lamento ser incapaz de fornecer-lhe com quaisquer notas diretas das sessões além daquelas que o Sr. Hodgson já terá fornecido.
Foram feitos experimentos com resultados positivos. Não é anedótico. Um dia traduzo tais notas diretas das sessões.
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Re: William James e a médium Piper
Vitor Moura escreveu:O ENCOSTO escreveu:Vitor Moura escreveu: Sob as circunstâncias, a única coisa que eu posso fazer é dar-lhe meu estado presente de crença quanto aos poderes da Sra.Piper, com um registro simples de memória dos passos que levaram-me a isto.
Evidencia anedota.
Você pede um registro de minhas próprias experiências com a Sra. Piper, para serem incorporadas no registro a ser publicado em seus Proceedings. Lamento ser incapaz de fornecer-lhe com quaisquer notas diretas das sessões além daquelas que o Sr. Hodgson já terá fornecido.
Foram feitos experimentos com resultados positivos. Não é anedótico. Um dia traduzo tais notas diretas das sessões.
Vitor Moura, tem tanta gente interessante pra vc debater no Rev! vai dar bola para esse coitado que sabe tanto do que escreve quanto meu filho de 5 anos sabe sobre Mecanica Quantica!!!!
A caridade nesse caso pode ser dispensada meu caro!!! :emoticon4:
Há dois meios de ser enganado. Um é acreditar no que não é verdadeiro; o outro é recusar a acreditar no que é verdadeiro. Søren Kierkegaard (1813-1855)
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Re: William James e a médium Piper
O ENCOSTO escreveu:Vitor Moura escreveu: Sob as circunstâncias, a única coisa que eu posso fazer é dar-lhe meu estado presente de crença quanto aos poderes da Sra.Piper, com um registro simples de memória dos passos que levaram-me a isto.
Evidencia anedota.
Pronto! o A PALAVRA FINAL e definitiva que desmorona qualquer argumento! não vi não aconteceu!
Ou seria falta de argumento diante do inquestionavel?

Há dois meios de ser enganado. Um é acreditar no que não é verdadeiro; o outro é recusar a acreditar no que é verdadeiro. Søren Kierkegaard (1813-1855)
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Re: William James e a médium Piper
Vitor Moura escreveu:O ENCOSTO escreveu:Vitor Moura escreveu: Sob as circunstâncias, a única coisa que eu posso fazer é dar-lhe meu estado presente de crença quanto aos poderes da Sra.Piper, com um registro simples de memória dos passos que levaram-me a isto.
Evidencia anedota.
Você pede um registro de minhas próprias experiências com a Sra. Piper, para serem incorporadas no registro a ser publicado em seus Proceedings. Lamento ser incapaz de fornecer-lhe com quaisquer notas diretas das sessões além daquelas que o Sr. Hodgson já terá fornecido.
Foram feitos experimentos com resultados positivos. Não é anedótico. Um dia traduzo tais notas diretas das sessões.
Me poupe.
O ENCOSTO
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Onde houver fé, levarei a dúvida.
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