É possível crescermos a taxas chinesas?
- Aranha
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É possível crescermos a taxas chinesas?
Seria possível crescermos nas taxas astronômicas da China e da Índia?
Eu creio que ao contrário do que muitos pensam não é apenas questão de incompetência nossa, elencarei a seguir questões que devem ser consideradas caso queiramos atingir os patamares de crescimento chinês.
Grande parte do crescimento chinês vem de altas taxas de urbanização, o milagre econômico brasileiro da década de 70 também veio daí, Nos anos 60, o Brasil ainda era um país agrícola, com uma taxa de urbanização de apenas 44,7%. Em 1980, 67,6% do total da população já vivia em cidades. Entre 1991 e 1996, houve um acréscimo de 12,1 milhões de habitantes urbanos, o que se reflete na elevada taxa de urbanização de 78,4%, enquanto isso, a taxa de urbanização da China é agora de apenas 31%, 15 pontos percentuais abaixo do nível médio mundial, será que queremos explodir o nosso êxodo rural multiplicando nosso já aterrorizante caos urbano?
Outra questão é nossa legislação trabalhista, por mais que a considerem um entrave a nosso crescimento, a verdade é que quanto mais democrático e próspero é um país, mais avançada é sua legislação trabalhista, assim é na Europa, Austrália, EUA, a China não pode nem ser considerada uma economia de mercado, pois não respeita nenhuma legislação trabalhista ou social, Hoje já se discute que a mão-de-obra é pré-escrava na China, porque eles não têm férias, não têm décimo terceiro, não têm fundo de garantia e trabalham de segunda a domingo, principalmente a população mais jovem, que é a população de maior capacidade de produção de trabalho, duvido que alguém aqui no Brasil queira crescer a este preço, já a Índia conta com uma legislação trabalhista razoavelmente avançada, no entanto, é menos abrangente que a Brasileira, mas se fosse não faria tão grande diferença, o padrão de vida indiano é tão miserável que não há legislação que torne alto o custo dos salários de fome que pagam lá, um bom exemplo disso é uma concorrência de serviços de informática nos EUA de que participou a empresa brasileira POLITEC, ela concorreu com 18 empresas, muitas indianas e chinesas, na Índia, além de todos falarem inglês, os salários são muito mais baixos. O preço da hora de serviço na Índia é US$ 9 (o custo dele é US$ 5). No Brasil, fica entre US$ 12 e US$ 13. Aqui, os funcionários ganham R$ 5 mil. Na Índia, R$ 1,5 mil e nos EUA, US$ 7 mil, vejam só, partimos de um patamar muito maior, será que devemos baixá-lo? - Eu, por exemplo, não estou nem um pouco afim de pagar esse pato.
Temos também uma legislação ambiental avançadíssima que não permite que nossos investimentos em infra-estrutura sejam tão tempestivos quanto os ocorridos na China onde o governo central não presta contas a ninguém quando vai desmatar, alagar ou explodir qualquer coisa que queira, há os que defende um afrouxamento na legislação ambiental afim de atingirmos um crescimento de 10% ao ano ao custo de nossas florestas, rios e ar limpo que respiramos, é algo a considerar para quem acha que vale a pena, ou será que a China tem lucros agora ao custo de prejuízos irreparáveis num futuro bastante próximo?
Além de tudo isso temos, é claro, graves problemas estruturais que nunca se resolverão a curto prazo, nossa taxa de juros deve continuar em queda em 2007 mas isso não se repetirá em 2008, a menos que se diminua bastante o ritmo, começamos ano passado um movimento de diminuição da dívida pública e queda de mais uns 3 pontos na taxa SELIC este ano é possível atingir o sonhado deficit nominal zero, mas para chegarmos a taxas de juro reais inferiores à 7% é preciso resolver o rombo previdenciário, por exemplo, e esse, não tem jeito, só se resolverá a longuíssimo prazo, o mesmo vale para a dívida pública, a menos que o governo dê um cano monstruoso nos aposentados, nos fornecedores, nos servidores e no sistema financeiro, quem sabe do caos que se seguiria sairia um país melhor, mas.... quem paga prá ver?
Conclusão: crescimento chinês é impossível para nós, 5% é uma promessa viável em um prazo de uns 2 anos, mais que isso é lucro.
Abraços,
Eu creio que ao contrário do que muitos pensam não é apenas questão de incompetência nossa, elencarei a seguir questões que devem ser consideradas caso queiramos atingir os patamares de crescimento chinês.
Grande parte do crescimento chinês vem de altas taxas de urbanização, o milagre econômico brasileiro da década de 70 também veio daí, Nos anos 60, o Brasil ainda era um país agrícola, com uma taxa de urbanização de apenas 44,7%. Em 1980, 67,6% do total da população já vivia em cidades. Entre 1991 e 1996, houve um acréscimo de 12,1 milhões de habitantes urbanos, o que se reflete na elevada taxa de urbanização de 78,4%, enquanto isso, a taxa de urbanização da China é agora de apenas 31%, 15 pontos percentuais abaixo do nível médio mundial, será que queremos explodir o nosso êxodo rural multiplicando nosso já aterrorizante caos urbano?
Outra questão é nossa legislação trabalhista, por mais que a considerem um entrave a nosso crescimento, a verdade é que quanto mais democrático e próspero é um país, mais avançada é sua legislação trabalhista, assim é na Europa, Austrália, EUA, a China não pode nem ser considerada uma economia de mercado, pois não respeita nenhuma legislação trabalhista ou social, Hoje já se discute que a mão-de-obra é pré-escrava na China, porque eles não têm férias, não têm décimo terceiro, não têm fundo de garantia e trabalham de segunda a domingo, principalmente a população mais jovem, que é a população de maior capacidade de produção de trabalho, duvido que alguém aqui no Brasil queira crescer a este preço, já a Índia conta com uma legislação trabalhista razoavelmente avançada, no entanto, é menos abrangente que a Brasileira, mas se fosse não faria tão grande diferença, o padrão de vida indiano é tão miserável que não há legislação que torne alto o custo dos salários de fome que pagam lá, um bom exemplo disso é uma concorrência de serviços de informática nos EUA de que participou a empresa brasileira POLITEC, ela concorreu com 18 empresas, muitas indianas e chinesas, na Índia, além de todos falarem inglês, os salários são muito mais baixos. O preço da hora de serviço na Índia é US$ 9 (o custo dele é US$ 5). No Brasil, fica entre US$ 12 e US$ 13. Aqui, os funcionários ganham R$ 5 mil. Na Índia, R$ 1,5 mil e nos EUA, US$ 7 mil, vejam só, partimos de um patamar muito maior, será que devemos baixá-lo? - Eu, por exemplo, não estou nem um pouco afim de pagar esse pato.
Temos também uma legislação ambiental avançadíssima que não permite que nossos investimentos em infra-estrutura sejam tão tempestivos quanto os ocorridos na China onde o governo central não presta contas a ninguém quando vai desmatar, alagar ou explodir qualquer coisa que queira, há os que defende um afrouxamento na legislação ambiental afim de atingirmos um crescimento de 10% ao ano ao custo de nossas florestas, rios e ar limpo que respiramos, é algo a considerar para quem acha que vale a pena, ou será que a China tem lucros agora ao custo de prejuízos irreparáveis num futuro bastante próximo?
Além de tudo isso temos, é claro, graves problemas estruturais que nunca se resolverão a curto prazo, nossa taxa de juros deve continuar em queda em 2007 mas isso não se repetirá em 2008, a menos que se diminua bastante o ritmo, começamos ano passado um movimento de diminuição da dívida pública e queda de mais uns 3 pontos na taxa SELIC este ano é possível atingir o sonhado deficit nominal zero, mas para chegarmos a taxas de juro reais inferiores à 7% é preciso resolver o rombo previdenciário, por exemplo, e esse, não tem jeito, só se resolverá a longuíssimo prazo, o mesmo vale para a dívida pública, a menos que o governo dê um cano monstruoso nos aposentados, nos fornecedores, nos servidores e no sistema financeiro, quem sabe do caos que se seguiria sairia um país melhor, mas.... quem paga prá ver?
Conclusão: crescimento chinês é impossível para nós, 5% é uma promessa viável em um prazo de uns 2 anos, mais que isso é lucro.
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Ben Parker
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Re: É possível crescermos a taxas chinesas?
Abmael escreveu:Seria possível crescermos nas taxas astronômicas da China e da Índia?
Eu creio que ao contrário do que muitos pensam não é apenas questão de incompetência nossa, elencarei a seguir questões que devem ser consideradas caso queiramos atingir os patamares de crescimento chinês.
Você trilha caminhos errados, jamais encontrará qualquer resposta a partir do paradigma esquerdista.
Os entraves ao crescimento da economia brasileira são por demais conhecidos, falta a necessária coragem de enfrentar o monstro estatal e realizar reformas liberais profundas.
"Quando LULLA fala, o mundo se abre, se ilumina e se esclarece."
Marilena Chauí, filósofa da USP.
O triste é saber que tal figura recebe do contribuinte para dizer tais asneiras.
Chamo de pervertido um animal, uma espécie, um indivíduo, quando esse ou essa perde seus instintos, quando escolhe, prefere o que lhe é prejudicial.
F. Nietzche
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- Aranha
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Re: É possível crescermos a taxas chinesas?
Washington escreveu:Abmael escreveu:Seria possível crescermos nas taxas astronômicas da China e da Índia?
Eu creio que ao contrário do que muitos pensam não é apenas questão de incompetência nossa, elencarei a seguir questões que devem ser consideradas caso queiramos atingir os patamares de crescimento chinês.
Você trilha caminhos errados, jamais encontrará qualquer resposta a partir do paradigma esquerdista.
Os entraves ao crescimento da economia brasileira são por demais conhecidos, falta a necessária coragem de enfrentar o monstro estatal e realizar reformas liberais profundas.
- Escreveu merda no primeiro parágrafo e absolutamente NADA no segundo.
Abraços,
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- Ateu Tímido
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Re.: É possível crescermos a taxas chinesas?
[Libabaca]O Brasil nunca alcançara esses patamares de crescimento, porque não existem aqui verdadeiros liberais, como os dirigentes do PC Chinês...[/Libabaca]
- Poindexter
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Re.: É possível crescermos a taxas chinesas?
[Comulista]Enquanto não rompermos com o medelo neo-liberal (!?) e com os yankees, nosso país ficará estagnado.[/Comulista]
Si Pelé es rey, Maradona es D10S.
Ciertas cosas no tienen precio.
¿Dónde está el Hexa?
Retrato não romantizado sobre o Comun*smo no século XX.
A child, not a choice.
Quem Henry por último Henry melhor.
O grito liberalista em favor da prostituição já chegou à este fórum.
Lamentável...
O que vem de baixo, além de não me atingir, reforça ainda mais as minhas idéias.
The Only Difference Between Suicide And Martyrdom Is Press Coverage
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- Ateu Tímido
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- Seria possível pararmos com as bravatas ideológicas e analisarmos seriamente a questão?
- Quem acha que é possível crescer a taxas chinesas mesmo resolvendo nossos problemas estruturais?
- Não esqueçamos de que nosso PIB percapta é 10 vezes maior que o chinês e maior ainda que o indiano.
Abraços,
- Quem acha que é possível crescer a taxas chinesas mesmo resolvendo nossos problemas estruturais?
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Abraços,
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- Poindexter
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Re.: É possível crescermos a taxas chinesas?
Caiu tão bem em você que respondeu à minha mensagem.
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- Ateu Tímido
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Abmael escreveu:- Seria possível pararmos com as bravatas ideológicas e analisarmos seriamente a questão?
- Quem acha que é possível crescer a taxas chinesas mesmo resolvendo nossos problemas estruturais?
- Não esqueçamos de que nosso PIB percapta é 10 vezes maior que o chinês e maior ainda que o indiano.
Abraços,
Um dos motivos do crescimento da China é o número de pessoas, antes miseráveis no campo, que estão entrando no mercado de consumo. Dizem que foram 300 milhões nos últimos anos.
Mesmo que fôssemos criar "zonas especiais", com jornadas de trabalho de até 14 horas, quase sem direitos sociais, como fez a china para atrair empresas, simplesmente não temos (ainda bem!) 300 milhões de miseráveis para aumentar tanto o tamanho da economia. Mas talvez possamos crescer um pouco mais, mesmo tendo problemas em razão da complexidade e da concorrência internacional.
- Poindexter
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Re.: É possível crescermos a taxas chinesas?
Para começo de conversa, Abmael, profundo corte de impostos e investimento em Educação séria, não essa palhaçada que se vê aí de proibição de reprovação, desacato a professores...
Seria bom passar a cobrar as mensalidades das universidades públicas para pagamento após a formatura (ou jubilamento) e dar bolsas para aqueles muito bons que não possam pagar, além de diminuir o tempo para jubilamento. Digo isso porque assim ou o aluno estuda ou sai da universidade o quanto antes (para sua dívida inútil não aumentar ou devido à rapidez do jubilamento), liberando espaço para quem de fato vai estudar.
Seria bom passar a cobrar as mensalidades das universidades públicas para pagamento após a formatura (ou jubilamento) e dar bolsas para aqueles muito bons que não possam pagar, além de diminuir o tempo para jubilamento. Digo isso porque assim ou o aluno estuda ou sai da universidade o quanto antes (para sua dívida inútil não aumentar ou devido à rapidez do jubilamento), liberando espaço para quem de fato vai estudar.
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- Apáte
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Re.: É possível crescermos a taxas chinesas?
Primeiro passo: multa impagável pra quem tem mais de dois filhos.
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi
- betossantana
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Re: Re.: É possível crescermos a taxas chinesas?
Apáte escreveu:Primeiro passo: multa impagável pra quem tem mais de dois filhos.
Multa IMPAGÁVEL?? Hehe, impagável essa mensagem.

É um problema espiritual, chupe pau!
- Aranha
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Ateu Tímido escreveu:
Um dos motivos do crescimento da China é o número de pessoas, antes miseráveis no campo, que estão entrando no mercado de consumo. Dizem que foram 300 milhões nos últimos anos.
Mesmo que fôssemos criar "zonas especiais", com jornadas de trabalho de até 14 horas, quase sem direitos sociais, como fez a china para atrair empresas, simplesmente não temos (ainda bem!) 300 milhões de miseráveis para aumentar tanto o tamanho da economia. Mas talvez possamos crescer um pouco mais, mesmo tendo problemas em razão da complexidade e da concorrência internacional.
- Até que enfim uma resposta séria !!! - Já li tanto lixo aqui que já estava desistindo !!!!

- Criar uma área destas no nordeste e outra na amazônia seria interessante, mas há um problema adicional, nossos pobres, ao contrário dos chineses, são de baixíssima escolaridade o que prejudica nossa competitividade, mesmo que não fosse assim, nosso piso salarial é muito superior ao chinês (Umas 10 vezes), é possível que o pessoal ganhasse mais engraxando sapatos e vigiando carros do que trabalhando em tais áreas.

Abraços,
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- Aranha
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Re: Re.: É possível crescermos a taxas chinesas?
Poindexter escreveu:Para começo de conversa, Abmael, profundo corte de impostos e investimento em Educação séria, não essa palhaçada que se vê aí de proibição de reprovação, desacato a professores...
Seria bom passar a cobrar as mensalidades das universidades públicas para pagamento após a formatura (ou jubilamento) e dar bolsas para aqueles muito bons que não possam pagar, além de diminuir o tempo para jubilamento. Digo isso porque assim ou o aluno estuda ou sai da universidade o quanto antes (para sua dívida inútil não aumentar ou devido à rapidez do jubilamento), liberando espaço para quem de fato vai estudar.
- Sejamos pragmáticos Guilherme, todo mundo sabe que temos que cortar impostos, mas isto exige toda uma logística orçamentária que levará uns 10 anos, reduzir impostos agora sem diminuir os gastos do governo, reduziria a margem de investimentos e estouraria o déficit público, uma opção interessante seria diminuir os gastos em relação ao percentual do PIB e não em relação ao montante, ou seja, os gastos poderiam subir, mas num ritmo inferior ao crescimento do país.
- Não adianta ninguém dizer que faria isso de uma tacada só, o custo político seria tão alto que a Heloísa Helena seria eleita em seguida...

Abraços,
"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
Ben Parker
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Re: Re.: É possível crescermos a taxas chinesas?
Ateu Tímido escreveu:[Libabaca]O Brasil nunca alcançara esses patamares de crescimento, porque não existem aqui verdadeiros liberais, como os dirigentes do PC Chinês...[/Libabaca]

"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam" - Desconhecido


Ateu Tímido escreveu:Abmael escreveu:- Seria possível pararmos com as bravatas ideológicas e analisarmos seriamente a questão?
- Quem acha que é possível crescer a taxas chinesas mesmo resolvendo nossos problemas estruturais?
- Não esqueçamos de que nosso PIB percapta é 10 vezes maior que o chinês e maior ainda que o indiano.
Abraços,
Um dos motivos do crescimento da China é o número de pessoas, antes miseráveis no campo, que estão entrando no mercado de consumo. Dizem que foram 300 milhões nos últimos anos.
Mesmo que fôssemos criar "zonas especiais", com jornadas de trabalho de até 14 horas, quase sem direitos sociais, como fez a china para atrair empresas, simplesmente não temos (ainda bem!) 300 milhões de miseráveis para aumentar tanto o tamanho da economia. Mas talvez possamos crescer um pouco mais, mesmo tendo problemas em razão da complexidade e da concorrência internacional.
E quando não for possível expandir o mercado de consumidores?
Pergunta é séria.
"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam" - Desconhecido


- Aranha
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RETIRADO escreveu:Ateu Tímido escreveu:Abmael escreveu:- Seria possível pararmos com as bravatas ideológicas e analisarmos seriamente a questão?
- Quem acha que é possível crescer a taxas chinesas mesmo resolvendo nossos problemas estruturais?
- Não esqueçamos de que nosso PIB percapta é 10 vezes maior que o chinês e maior ainda que o indiano.
Abraços,
Um dos motivos do crescimento da China é o número de pessoas, antes miseráveis no campo, que estão entrando no mercado de consumo. Dizem que foram 300 milhões nos últimos anos.
Mesmo que fôssemos criar "zonas especiais", com jornadas de trabalho de até 14 horas, quase sem direitos sociais, como fez a china para atrair empresas, simplesmente não temos (ainda bem!) 300 milhões de miseráveis para aumentar tanto o tamanho da economia. Mas talvez possamos crescer um pouco mais, mesmo tendo problemas em razão da complexidade e da concorrência internacional.
E quando não for possível expandir o mercado de consumidores?
Pergunta é séria.
- Naturalmente tais zonas seriam voltadas para a exportação.
Abraços,
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Re: Re.: É possível crescermos a taxas chinesas?
Ateu Tímido escreveu:[Libabaca]O Brasil nunca alcançara esses patamares de crescimento, porque não existem aqui verdadeiros liberais, como os dirigentes do PC Chinês...[/Libabaca]



"Assombra-me o universo e eu crer procuro em vão, que haja um tal relógio e um relojoeiro não.
VOLTAIRE
Porque tanto se orgulhar de nossos conhecimentos se os instrumentos para alcançá-los e objetivá-los são limitados e parciais ?
A Guerra faz de heróis corajosos assassinos covardes e de assassinos covardes heróis corajosos .
No fim ela mostra o que somos , apenas medíocres humanos.

VOLTAIRE
Porque tanto se orgulhar de nossos conhecimentos se os instrumentos para alcançá-los e objetivá-los são limitados e parciais ?
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No fim ela mostra o que somos , apenas medíocres humanos.
- user f.k.a. Cabeção
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Realmente, estou sem tempo para escrever.
As taxas em que a China cresce podem realmente ser acima das possibilidades brasileiras, e um dos principais fatores é o contingente populacional com certeza, além é claro da maior abertura do país recentemente para a prática de offshoring, mas nada disso justifica o crescimento medíocre apresentado nos últimos anos pela economia brasileira.
Se taxas chinesas nos são impossíveis, as chilenas não são. O Brasil deveria se espelhar nesse exemplo de sucesso de políticas econômicas. E não ficar arrumando desculpas para o próprio fracasso.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem
- Ateu Tímido
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user f.k.a. Cabeção escreveu:
Realmente, estou sem tempo para escrever.
As taxas em que a China cresce podem realmente ser acima das possibilidades brasileiras, e um dos principais fatores é o contingente populacional com certeza, além é claro da maior abertura do país recentemente para a prática de offshoring, mas nada disso justifica o crescimento medíocre apresentado nos últimos anos pela economia brasileira.
Se taxas chinesas nos são impossíveis, as chilenas não são. O Brasil deveria se espelhar nesse exemplo de sucesso de políticas econômicas. E não ficar arrumando desculpas para o próprio fracasso.
Deve ser lembrado que, com toda a festa que se faz sobre o desempenho da economia chilena, está ainda é dependente de uns poucos produtos tradicionais, sobretudo o cobre, devendo boa parte da prosperidade chilena dos últimos anos ser creditada aos altos preços que esse produto alcançou e vem mantendo no comércio internacional.
Sobre as exportações chilenas:
A estrutura exportadora está composta por 45% de produtos industriais, 45% de produção mineral e 10% de produtos agrícolas. Dentro dos produtos industriais destaca-se a exportação de celulose, metanol, produtos químicos e insumos agrícolas. A indústria florestal, do salmão e do vinho - de reconhecido prestígio internacional - adquiriram importância na última década. Os produtos minerais mais importantes são as semi-manufaturas de cobre, mineral do qual o Chile é grande dependente. Na agricultura destaca-se a exportação de frutas e hortaliças.
O Chile vem praticando uma política de redução de tarifas e eliminação de barreiras comerciais. No entanto, carece de diversificação de produtos e por isso se concentra no cobre. O Chile tem tratados de livre-comércio com os Estados Unidos e a União Européia, China, Índia e o Japão.
Cabe destacar que a produção industrial chilena engloba todos os ramos produtivos (alimentar, siderúrgica, máquinário). Ainda que o Chile tenha reduzido sua dependência das exportações de cobre de 60% (durante a década dos setenta) a 35% em 2004, ainda é um nível muito alto, e grande parte do crescimento chileno está relacionado com os altos preços deste e outros minerais. Porém ainda não conseguiu um elevado nível de produção industrial com alto valor agregado. Chile foi o primeiro país da América Latina (junto com a Argentina) onde iniciou-se a industrialização em meados do século XIX. Durante o período entre-guerras, esse setor recebeu grande impulso pelas políticas de fomento industrial da Industrialização por Substituição de Importações.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Chile
Note-se que mesmo os produtos industriais que mais têm crescido são produtos de agro-indústrias tradicionais ou produtos semi-elaborados de origem vegetal ou mineral, exportados para que o processo da sua industrialização prossiga em outros países.
- Aranha
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user f.k.a. Cabeção escreveu:
Realmente, estou sem tempo para escrever.
As taxas em que a China cresce podem realmente ser acima das possibilidades brasileiras, e um dos principais fatores é o contingente populacional com certeza, além é claro da maior abertura do país recentemente para a prática de offshoring, mas nada disso justifica o crescimento medíocre apresentado nos últimos anos pela economia brasileira.
Se taxas chinesas nos são impossíveis, as chilenas não são. O Brasil deveria se espelhar nesse exemplo de sucesso de políticas econômicas. E não ficar arrumando desculpas para o próprio fracasso.
- Realmente, não nego que nosso crescimento seja medíocre, mas os fatores causadores deste mal não são contornáveis a curto prazo, a médio prazo pode-se sonhar com, no máximo 5%, a cobrança por taxas chinesas é contra-propaganda.
- Acho que as taxas chilenas são de 7%, se não me engano, eu particularmente duvido que cheguemos lá, o Chile cresce sob bases pequenas também, é uma economia baseada na agrícultura e no extrativismo mineral, seu PIB deve ser inferior ao do Rio de Janeiro, acho ser mais coerente nos compararmos com Coréia ou Rússia.
Abraços,
"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
Ben Parker
Ben Parker
Fonte
Subdesenvolvimento e preconceito
Coluna Econômica – 29/12/2006
Um dos fenômenos mais lamentáveis surgidos nos últimos anos foi a volta do elitismo rastaquera, preconceituoso, no bojo da crise política. Houve outros exemplos históricos. No início do século, o afrancesamento da elite cafeeira era de um ridículo atroz, visto agora, e provavelmente visto na época por estrangeiros.
O próprio Rio de Janeiro criou um tipo elitista preconceituoso na fase do famoso “café society”. Esse elitismo de colunas sociais nada tinha a ver com os verdadeiros empreendedores, Augusto de Azevedo Antunes, Walther Moreira Salles, João Pedro Gouvêa Vieira, que a rigor o desprezam como fútil.
Essa identidade elite-povo é fundamental para qualquer projeto de país. Foi ao conseguir promover a aproximação nação-povo que Franklin Delano Roosevelt consolidou o maior país capitalista do século.
Por aqui, esse elitismo desagregador, irresponsável, retorna como um drácula permanentemente ressuscitado. Nos últimos anos ficou patente esse processo nas loas que a imprensa paulista tecia à Daslu, ao Edemar Cid Ferreira, do Banco Santos. Pergunte ao Márcio Fortes quem era Edemar. Um tremendo malandro, conhecido desde antes do governo Collor, que de repente foi incensado pelo “neo-elite” paulistana. Os convites para seus jantares eram disputados a tapa, mesmo sabendo-se quem ele era. Nem o primeiro dos sistemas de controle social – o meio repudiar práticas condenáveis de seus membros – foi armado para conter a esbórnia de Edemar.
No Rio, esse elitismo passou a se manifestar através de alguns colunistas que transformaram a necessária crítica política ao governo Lula em fonte de preconceito. Passaram a caçoar das festas juninas, da falta de modos da primeira dama, da falta de estudos do presidente, do nordeste “atrasado”, da falta de cultura das classes D e E, com uma prepotência absurda. A crítica não era apenas aos métodos políticos questionáveis do PT, mas a todo um conjunto de hábitos e tradições populares. Como se fosse possível construir uma nação sem povo.
E não se pense em um quadro melhor do lado do PT. Grande parte dos quadros que se infiltraram na máquina pública acalentava o sonho de poder entrar para essa “elite”.
A classe média, há doze anos esmagada por um modelo econômico espúrio –inaugurado por Fernando Henrique Cardoso, aprofundado por Lula—de repente foi desviada do foco central dos problemas graças ao ferramental do preconceito. O Ministro Antonio Palocci matou a chance de recuperação da economia em 2003 e 2004. Mas manteve juros escorchantes, tentou aumento de impostos e concentrou mais a renda. Mas sua imagem – passada pelos colunistas, principalmente através desse preconceito de classe—era a do sujeito moderno em meio a uma tribo de trogloditas.
Nesse meio tempo houve a ascensão das classes populares. De repente, passou-se a atribuir as intempéries da classe média às políticas sociais, ao salário mínimo, deixando de lado juros e câmbio, numa demonstração escandalosa de falta de pesos e medidas.
Como dizia Nelson Rodrigues, o subdesenvolvimento é um trabalho de séculos.
Subdesenvolvimento e preconceito
Coluna Econômica – 29/12/2006
Um dos fenômenos mais lamentáveis surgidos nos últimos anos foi a volta do elitismo rastaquera, preconceituoso, no bojo da crise política. Houve outros exemplos históricos. No início do século, o afrancesamento da elite cafeeira era de um ridículo atroz, visto agora, e provavelmente visto na época por estrangeiros.
O próprio Rio de Janeiro criou um tipo elitista preconceituoso na fase do famoso “café society”. Esse elitismo de colunas sociais nada tinha a ver com os verdadeiros empreendedores, Augusto de Azevedo Antunes, Walther Moreira Salles, João Pedro Gouvêa Vieira, que a rigor o desprezam como fútil.
Essa identidade elite-povo é fundamental para qualquer projeto de país. Foi ao conseguir promover a aproximação nação-povo que Franklin Delano Roosevelt consolidou o maior país capitalista do século.
Por aqui, esse elitismo desagregador, irresponsável, retorna como um drácula permanentemente ressuscitado. Nos últimos anos ficou patente esse processo nas loas que a imprensa paulista tecia à Daslu, ao Edemar Cid Ferreira, do Banco Santos. Pergunte ao Márcio Fortes quem era Edemar. Um tremendo malandro, conhecido desde antes do governo Collor, que de repente foi incensado pelo “neo-elite” paulistana. Os convites para seus jantares eram disputados a tapa, mesmo sabendo-se quem ele era. Nem o primeiro dos sistemas de controle social – o meio repudiar práticas condenáveis de seus membros – foi armado para conter a esbórnia de Edemar.
No Rio, esse elitismo passou a se manifestar através de alguns colunistas que transformaram a necessária crítica política ao governo Lula em fonte de preconceito. Passaram a caçoar das festas juninas, da falta de modos da primeira dama, da falta de estudos do presidente, do nordeste “atrasado”, da falta de cultura das classes D e E, com uma prepotência absurda. A crítica não era apenas aos métodos políticos questionáveis do PT, mas a todo um conjunto de hábitos e tradições populares. Como se fosse possível construir uma nação sem povo.
E não se pense em um quadro melhor do lado do PT. Grande parte dos quadros que se infiltraram na máquina pública acalentava o sonho de poder entrar para essa “elite”.
A classe média, há doze anos esmagada por um modelo econômico espúrio –inaugurado por Fernando Henrique Cardoso, aprofundado por Lula—de repente foi desviada do foco central dos problemas graças ao ferramental do preconceito. O Ministro Antonio Palocci matou a chance de recuperação da economia em 2003 e 2004. Mas manteve juros escorchantes, tentou aumento de impostos e concentrou mais a renda. Mas sua imagem – passada pelos colunistas, principalmente através desse preconceito de classe—era a do sujeito moderno em meio a uma tribo de trogloditas.
Nesse meio tempo houve a ascensão das classes populares. De repente, passou-se a atribuir as intempéries da classe média às políticas sociais, ao salário mínimo, deixando de lado juros e câmbio, numa demonstração escandalosa de falta de pesos e medidas.
Como dizia Nelson Rodrigues, o subdesenvolvimento é um trabalho de séculos.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).
Mais uma:
O modelo chinês
Enviado por: Ruben
Nassif,
não entendo seu relativo pessimismo com a China. Alguns pensamentos:
1) existem duas estratégias de desenvolvimento econômico amplamente testadas e com grande sucesso: o mercantilismo, ou seja, o desenvolvimento de uma economia fundado num mercado exportador, e o que eu chamaria do modelo britânico, ou seja, viver sempre em deficits de conta corrente, consumindo bem mais do que produz, e fechando a conta com uma crise econômico-financeira periódicamente, que lhe permite recomprar os seus ativos por preço de banana que tinham sido vendidos a preços altíssimos. As duas, estratégias, complementares funcionam muito bem. Existe uma outra, que funcionou em somente 1 país, os estados unidos, de crescimento orgânico pela demanda interna. Nunca ninguém replicou isso, mas continua sendo propagado como modelo ideal pelos economistas-ideólogos americanos. O fisco da américa latina, e do brasil em particular, está aí para quem quiser ver. O príncipe do neo-liberalismo, o Chile, esta condenado à mediocridade: os cortiços continuam lá, e estarão lá daqui a 20 anos!
2) Investimento em infra-estrutura na China não é coisa nova, mas uma questão de visão estratégica. Qdo Deng assumiu o poder, seus assistentes econômicos chegaram para ele e disseram: bem achamos que a china precisa de muitas vias-expressas. Deng rebate: estão loucos? as pessoas não tem nem condições de comprar uma bicicleta e vcs querem vias expressas? Não obstante foi convencido, e no bom estilo chinês não construiu uma ou duas, mas definiu um plano muito ambicioso de construção, por 15 anos. Em 1997 a china tinha muitas vias expressas e nenhum fluxo nelas. Novamente a decisão estratégica: vamos construir mais. Hoje a China tem uma infra-estrutura só comparável a dos EUA. O desenvolvimento não teria sido possível sem isso. Enquanto isso no brasil discutia-se (afinal é só isso que se faz neste país, discutir) as condições para o desenvolvimento econômico sustentado...
3) A china ainda está perseguindo o modelo mercantilista. Ainda há muito espaço para ela na economia global. A china, que já se tornou uma exportadora líquida de bens de capital, tornar-se-á nos próximos anos a grande produtora delas, forçando os seus competidores à especialização: alemanha em instrumentos de alta performance, e japão em sistemas automatizados de alta performance, por exemplo. Tem muito ainda o que entrar na indústria mecânica... Vai pegar o brasil em cheio!
4) a fase final do desenvolvimento mercantilista é ineqüívoca: depois de atingir um certo patamar de riqueza, de atingir as condições demográficas adequadas, com uma taxa de câmbio valorizando-se, juros baixos, dá-se o desenvolvimento do mercado interno. Vide alemanha e japão nos anos 70...
5) A china não pretende entrar nesta fase ainda, mas como todos sabemos, há pressões de todos os lados. A demografia exige (é uma população envelhecendo), as pressões sobre a taxa de câmbio crescem a cada dia, as tensões sociais trasnparecem. Mas a china é ainda muito pobre. Precisa de mais 10 anos. Terá? Difícil dizer. Por enquanto tem feito um bom trabalho...
6) O capitalismo chinês está claramente na fase Schumpteriana: competição acirrada por crescimento, destruindo margens de lucro: o vencedor fica com tudo. Ainda haverá o movimento de consolidação do setor corporativo chines: qdo terminar diria que pelo menos 5 dos 10 mais ricos do mundo serão chineses.
7) Qdo Wall-Mart entrou na china, por exemplo, nos idos de 1996, o objetivo era singular: se 10 entre 10 pessoas antes viam a china como um mar de consumidores potenciais, Wall-Mart viu a china como um mar de trabalhadores baratos. Investiu, lucrou: não assumiu riscos desproporcionais. O capital investido pagou-se em muito pouco tempo. Qdo as empresas dos tigres asiáticos fizeram o mesmo, também não se arriscaram: o capital pagou-se em pouco tempo.
8) Talvez a grande frase do velho Fidel: não é ecologicamente viável o mundo ser como a economia americana! Muito verdadeiro. Que deus nos proteja no dia que os chineses quiserem andar com SUVs....
9) A grande oportunidade do brasil é a possibilidade de precificação do alimento pelo seu conteúdo energético além de seu conteúdo proteico. Que os EUA abram seu mercado de etanol: a gente descobre como plantar cana no mato grosso :)
Comentário
A China está seguindo a máxima de Friedrick List, de assimilar os fatores de produção. Em tudo, ela repete a velha Inglaterra, na atração de investidores externos, de imigrantes, na assimilação de tecnologia externa, no uso de todas as armas para aumentar a competitividade (do câmbio depreciado ao subfaturamento das exportações para pagar menos imposto). Como preconizava o próprio List, após a conquista do mercado externo, tem que consolidar o interno e ter uma base sólida. Caso contrário as empresas mudariam de país ao primeiro problema, como aconteceu com a Liga Hanseática.
No mais, muito boa a sua análise.
O modelo chinês
Enviado por: Ruben
Nassif,
não entendo seu relativo pessimismo com a China. Alguns pensamentos:
1) existem duas estratégias de desenvolvimento econômico amplamente testadas e com grande sucesso: o mercantilismo, ou seja, o desenvolvimento de uma economia fundado num mercado exportador, e o que eu chamaria do modelo britânico, ou seja, viver sempre em deficits de conta corrente, consumindo bem mais do que produz, e fechando a conta com uma crise econômico-financeira periódicamente, que lhe permite recomprar os seus ativos por preço de banana que tinham sido vendidos a preços altíssimos. As duas, estratégias, complementares funcionam muito bem. Existe uma outra, que funcionou em somente 1 país, os estados unidos, de crescimento orgânico pela demanda interna. Nunca ninguém replicou isso, mas continua sendo propagado como modelo ideal pelos economistas-ideólogos americanos. O fisco da américa latina, e do brasil em particular, está aí para quem quiser ver. O príncipe do neo-liberalismo, o Chile, esta condenado à mediocridade: os cortiços continuam lá, e estarão lá daqui a 20 anos!
2) Investimento em infra-estrutura na China não é coisa nova, mas uma questão de visão estratégica. Qdo Deng assumiu o poder, seus assistentes econômicos chegaram para ele e disseram: bem achamos que a china precisa de muitas vias-expressas. Deng rebate: estão loucos? as pessoas não tem nem condições de comprar uma bicicleta e vcs querem vias expressas? Não obstante foi convencido, e no bom estilo chinês não construiu uma ou duas, mas definiu um plano muito ambicioso de construção, por 15 anos. Em 1997 a china tinha muitas vias expressas e nenhum fluxo nelas. Novamente a decisão estratégica: vamos construir mais. Hoje a China tem uma infra-estrutura só comparável a dos EUA. O desenvolvimento não teria sido possível sem isso. Enquanto isso no brasil discutia-se (afinal é só isso que se faz neste país, discutir) as condições para o desenvolvimento econômico sustentado...
3) A china ainda está perseguindo o modelo mercantilista. Ainda há muito espaço para ela na economia global. A china, que já se tornou uma exportadora líquida de bens de capital, tornar-se-á nos próximos anos a grande produtora delas, forçando os seus competidores à especialização: alemanha em instrumentos de alta performance, e japão em sistemas automatizados de alta performance, por exemplo. Tem muito ainda o que entrar na indústria mecânica... Vai pegar o brasil em cheio!
4) a fase final do desenvolvimento mercantilista é ineqüívoca: depois de atingir um certo patamar de riqueza, de atingir as condições demográficas adequadas, com uma taxa de câmbio valorizando-se, juros baixos, dá-se o desenvolvimento do mercado interno. Vide alemanha e japão nos anos 70...
5) A china não pretende entrar nesta fase ainda, mas como todos sabemos, há pressões de todos os lados. A demografia exige (é uma população envelhecendo), as pressões sobre a taxa de câmbio crescem a cada dia, as tensões sociais trasnparecem. Mas a china é ainda muito pobre. Precisa de mais 10 anos. Terá? Difícil dizer. Por enquanto tem feito um bom trabalho...
6) O capitalismo chinês está claramente na fase Schumpteriana: competição acirrada por crescimento, destruindo margens de lucro: o vencedor fica com tudo. Ainda haverá o movimento de consolidação do setor corporativo chines: qdo terminar diria que pelo menos 5 dos 10 mais ricos do mundo serão chineses.
7) Qdo Wall-Mart entrou na china, por exemplo, nos idos de 1996, o objetivo era singular: se 10 entre 10 pessoas antes viam a china como um mar de consumidores potenciais, Wall-Mart viu a china como um mar de trabalhadores baratos. Investiu, lucrou: não assumiu riscos desproporcionais. O capital investido pagou-se em muito pouco tempo. Qdo as empresas dos tigres asiáticos fizeram o mesmo, também não se arriscaram: o capital pagou-se em pouco tempo.
8) Talvez a grande frase do velho Fidel: não é ecologicamente viável o mundo ser como a economia americana! Muito verdadeiro. Que deus nos proteja no dia que os chineses quiserem andar com SUVs....
9) A grande oportunidade do brasil é a possibilidade de precificação do alimento pelo seu conteúdo energético além de seu conteúdo proteico. Que os EUA abram seu mercado de etanol: a gente descobre como plantar cana no mato grosso :)
Comentário
A China está seguindo a máxima de Friedrick List, de assimilar os fatores de produção. Em tudo, ela repete a velha Inglaterra, na atração de investidores externos, de imigrantes, na assimilação de tecnologia externa, no uso de todas as armas para aumentar a competitividade (do câmbio depreciado ao subfaturamento das exportações para pagar menos imposto). Como preconizava o próprio List, após a conquista do mercado externo, tem que consolidar o interno e ter uma base sólida. Caso contrário as empresas mudariam de país ao primeiro problema, como aconteceu com a Liga Hanseática.
No mais, muito boa a sua análise.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).
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carlos escreveu:
A China está seguindo a máxima de Friedrick List, de assimilar os fatores de produção. Em tudo, ela repete a velha Inglaterra, na atração de investidores externos, de imigrantes, na assimilação de tecnologia externa, no uso de todas as armas para aumentar a competitividade (do câmbio depreciado ao subfaturamento das exportações para pagar menos imposto). Como preconizava o próprio List, após a conquista do mercado externo, tem que consolidar o interno e ter uma base sólida. Caso contrário as empresas mudariam de país ao primeiro problema, como aconteceu com a Liga Hanseática.
- O plano deles é bom, pena que não é possível simplesmente copiarmos, temos que achar um modelo nosso, mas não tenho esperança de nossos políticos conseguirem isso, espero que eu esteja errado, pelo menos na macroeconomia estamos acertando, falta uma política desenvolvimentista séria.
carlos escreveu:No mais, muito boa a sua análise.
- Obrigado!
Abraços,
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Re.: É possível crescermos a taxas chinesas?
Bruno,
O exemplo chileno, segundo os dados que você colocou e que eu não tive a chance de conferir, mostra que é possível se desenvolver econômica e socialmente sendo majoritariamente exportador de matérias primas, o que já é um cala-boca para uma considerável porção da retórica esquerdista sobre desenvolvimento.
A introdução das técnicas e idéias liberais tornaram o Chile mais eficiente, e o trabalhador chileno mais produtivo, com a abolição de boa parte da burocracia e dos empecilhos, além da privatização da maior parte das prestadoras de serviços. E quando se aumenta a produtividade, pouco se importa qual é o bem que se está exportando, já que o crescimento do capital é o mesmo.
Quanto a alta do preço do cobre, a ela não pode ser atribuído todo o desenvolvimento chileno, caso contrário teríamos então que os países exportadores de petróleo deveriam ter seguido no mesmo rumo de crescimento e reinvestimento de capital que desenvolveu o Chile, o que não é verdade na maioria dos casos.
E isso em grande parte se explica pelo fato dos exportadores de petróleo terem posturas muito mais hostis ao liberalismo, o que inclui as condutas beligerantes e autocráticas dos déspotas nos seus governos.
Sobre a Rússia, apesar do governo ainda ser extremamente burocratizado, interventor e corrupto e do gigantismo estatal não ter sido abolido, alguns progressos consideráveis foram conseguidos. Sobretudo no quesito tributação, a Rússia, assim como muitos países do leste europeu, adotou o modelo de taxação planificada, que é defendido por muitos autores liberais, Milton Friedman era um deles.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem