A sua benção, padre...
Enviado: 05 Jan 2007, 20:02
A morte é desconcertante.
Mesmo quando somos do tipo que pouco nos importamos com a possibilidade de virmos a morrer daqui a alguns instantes, imaginar a morte de alguém a quem muito queremos bem, em si, é suficiente para nos causar dor. Imaginar que será afastado do olhar, do sorriso, dos gestos, da voz de uma pessoa que nos faz bem é uma possibilidade que pode chegar a ser aterradora, por mais corajosos que sejamos.
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Ontem à noite, já pelas duas da manhã, enquanto me "preparava" para dormir, liguei a TV e passei a zapear pelos canais. Passando pela Canção Nova, notei que passava uma pregação do Padre Léo, e parei para observar o quanto a quimioterapia dos últimos meses o deixara abatido... Então notei que no canto da tela passava uma pequena inscrição, com datas de nascimento e morte. - o padre Léo?! - Quase engasguei e sentei-me melhor para ver se dizia algo, se ele havia mesmo morrido, já ficando aterrado com a possibilidade, quando uma legenda começou a correr o canto inferior da tela: "Cremos na ressurreição! A canção nova tem o pesar de anunciar a morte do padre Léo e convida para o velório que será durante toda a manhã, com missa de corpo presente às 13:00 hs."
Rios de lágrima corriam em meu interior, embora meus olhos (secos pela vida) não fossem capazes de derramar uma única gota.
Quem estranha o meu comportamento, certamente não conhece o padre Léo...
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QUEM É O PADRE LÉO ?
Tarcísio Gonçalves Pereira – mais conhecido como padre Léo –, nasceu no dia 9 de outubro de 1961, em Delfim Moreira (MG), filho de Joaquim Mendes e Maria Nazaré. Veio de uma família simples e sempre quis ser padre. Entrou para a Renovação Carismática Católica (RCC) em 1973. Era músico, cantor, compositor, apresentador, pregador e escritor. Aos 12 de outubro de 1995, fundou a Comunidade Bethânia, que, hoje, conta com mais de 30 membros e 5 casas espalhadas pelo Brasil, cuja missão é restaurar jovens dependentes químicos, portadores de HIV e marginalizados em geral.
Essa missão começou quando padre Léo atendia jovens envolvidos com drogas e se sentiu chamado a ajudá-los de forma mais completa. Irreverente e profundo em suas pregações, atraía milhares de pessoas em todos os encontros que promovia, pois era grande conhecedor das Sagradas Escrituras.
Escreveu 7 livros pela Editora Canção Nova e 14 pela Loyola. O último, recentemente lançado no ‘Hosana Brasil 2006’, intitula-se “Buscai as Coisas do Alto”, escrito durante o tratamento, período em que se submetia a sessões de radioterapia e quimioterapia. Sempre com bom humor e entusiasmo pela vida, o sacerdote dehoniano começou o tratamento contra o câncer em abril de 2006 e, mesmo debilitado, esteve presente no ‘Hosana Brasil 2006’ em dezembro, visivelmente abatido pelo longo tratamento, fez uma surpreendente pregação.
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Padre Léo era daquelas pessoas com quem não se consegue antipatizar. Mesmo quem não concordasse com uma única palavra de suas pregações, não seria capaz de se deixar furtar um sorriso com seus gracejos ou de se empolgar com seu amor por aquilo em que acreditava.
Baixei a cabeça e, do meu cantinho, pedi, com o fervor de quem ora, para que ele "fosse para perto do Deus por quem viveu".
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Pela manhã, pude ver alguns instantes das homenagens a ele. E vi quando o apresentador contava que, logo cedo, uma senhora veio até ele aos prantos perguntar "porque Deus deixa tanta gente miserável no mundo, e levou logo o Léo?", ao que os que se revezavam nos comentários tentavam "explicar.
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A mim, foi especialmente doloroso vê-lo estendido no caixão, sobretudo em minha condição atual...
Então, comecei a assistir à sua última pregação e não pude deixar de emocionar-me, ao vê-lo magrinho, cabelos brancos, abatido, como se ao invés de 45 anos, tivesse 90. E aquele homem de coração puro, a quem fora dado apenas três meses de vida, foi capaz de lutar e viver, intensamente, por quase 10 meses. Contou que, ao passar pela sua "noite escura" perdera tudo, até a dignidade, pois tinha de ficar de fraldão e depender dos outros, mas não perdera a fé...
E ele começou a cantar uma canção, que me fez lembrar a minha juventude, preparando-me para a Primeira Comunhão de coração puro. Uma música composta por um companheiro dehoniano, que diz mais ou menos assim:
Alô meu Deus,
fazia tanto tempo
que eu não mais te procurava.
Alô meu Deus,
senti saudades tuas
e acabei voltando aqui.
Andei por mil caminhos
e, como as andorinhas,
eu vim fazer meu ninho
em tua casa e repousar.
Embora eu me afastasse
e andasse desligado,
meu coração cansado,
resolveu voltar.
Eu não me acostumei,
nas terras onde andei.
Eu não me acostumei,
nas terras onde andei...
Alô meu Deus,
fazia tanto tempo
que eu não mais te procurava.
Alô meu Deus,
senti saudades tuas
e acabei voltando aqui.
Gastei a minha herança,
comprando só matéria,
restou-me a esperança
de outra vez te encontrar.
Voltei arrependido,
meu coração ferido
e volto convencido,
que este é o meu lugar.
Mesmo quando somos do tipo que pouco nos importamos com a possibilidade de virmos a morrer daqui a alguns instantes, imaginar a morte de alguém a quem muito queremos bem, em si, é suficiente para nos causar dor. Imaginar que será afastado do olhar, do sorriso, dos gestos, da voz de uma pessoa que nos faz bem é uma possibilidade que pode chegar a ser aterradora, por mais corajosos que sejamos.
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Ontem à noite, já pelas duas da manhã, enquanto me "preparava" para dormir, liguei a TV e passei a zapear pelos canais. Passando pela Canção Nova, notei que passava uma pregação do Padre Léo, e parei para observar o quanto a quimioterapia dos últimos meses o deixara abatido... Então notei que no canto da tela passava uma pequena inscrição, com datas de nascimento e morte. - o padre Léo?! - Quase engasguei e sentei-me melhor para ver se dizia algo, se ele havia mesmo morrido, já ficando aterrado com a possibilidade, quando uma legenda começou a correr o canto inferior da tela: "Cremos na ressurreição! A canção nova tem o pesar de anunciar a morte do padre Léo e convida para o velório que será durante toda a manhã, com missa de corpo presente às 13:00 hs."
Rios de lágrima corriam em meu interior, embora meus olhos (secos pela vida) não fossem capazes de derramar uma única gota.
Quem estranha o meu comportamento, certamente não conhece o padre Léo...
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QUEM É O PADRE LÉO ?
Tarcísio Gonçalves Pereira – mais conhecido como padre Léo –, nasceu no dia 9 de outubro de 1961, em Delfim Moreira (MG), filho de Joaquim Mendes e Maria Nazaré. Veio de uma família simples e sempre quis ser padre. Entrou para a Renovação Carismática Católica (RCC) em 1973. Era músico, cantor, compositor, apresentador, pregador e escritor. Aos 12 de outubro de 1995, fundou a Comunidade Bethânia, que, hoje, conta com mais de 30 membros e 5 casas espalhadas pelo Brasil, cuja missão é restaurar jovens dependentes químicos, portadores de HIV e marginalizados em geral.
Essa missão começou quando padre Léo atendia jovens envolvidos com drogas e se sentiu chamado a ajudá-los de forma mais completa. Irreverente e profundo em suas pregações, atraía milhares de pessoas em todos os encontros que promovia, pois era grande conhecedor das Sagradas Escrituras.
Escreveu 7 livros pela Editora Canção Nova e 14 pela Loyola. O último, recentemente lançado no ‘Hosana Brasil 2006’, intitula-se “Buscai as Coisas do Alto”, escrito durante o tratamento, período em que se submetia a sessões de radioterapia e quimioterapia. Sempre com bom humor e entusiasmo pela vida, o sacerdote dehoniano começou o tratamento contra o câncer em abril de 2006 e, mesmo debilitado, esteve presente no ‘Hosana Brasil 2006’ em dezembro, visivelmente abatido pelo longo tratamento, fez uma surpreendente pregação.
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Padre Léo era daquelas pessoas com quem não se consegue antipatizar. Mesmo quem não concordasse com uma única palavra de suas pregações, não seria capaz de se deixar furtar um sorriso com seus gracejos ou de se empolgar com seu amor por aquilo em que acreditava.
Baixei a cabeça e, do meu cantinho, pedi, com o fervor de quem ora, para que ele "fosse para perto do Deus por quem viveu".
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Pela manhã, pude ver alguns instantes das homenagens a ele. E vi quando o apresentador contava que, logo cedo, uma senhora veio até ele aos prantos perguntar "porque Deus deixa tanta gente miserável no mundo, e levou logo o Léo?", ao que os que se revezavam nos comentários tentavam "explicar.
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A mim, foi especialmente doloroso vê-lo estendido no caixão, sobretudo em minha condição atual...
Então, comecei a assistir à sua última pregação e não pude deixar de emocionar-me, ao vê-lo magrinho, cabelos brancos, abatido, como se ao invés de 45 anos, tivesse 90. E aquele homem de coração puro, a quem fora dado apenas três meses de vida, foi capaz de lutar e viver, intensamente, por quase 10 meses. Contou que, ao passar pela sua "noite escura" perdera tudo, até a dignidade, pois tinha de ficar de fraldão e depender dos outros, mas não perdera a fé...
E ele começou a cantar uma canção, que me fez lembrar a minha juventude, preparando-me para a Primeira Comunhão de coração puro. Uma música composta por um companheiro dehoniano, que diz mais ou menos assim:
Alô meu Deus,
fazia tanto tempo
que eu não mais te procurava.
Alô meu Deus,
senti saudades tuas
e acabei voltando aqui.
Andei por mil caminhos
e, como as andorinhas,
eu vim fazer meu ninho
em tua casa e repousar.
Embora eu me afastasse
e andasse desligado,
meu coração cansado,
resolveu voltar.
Eu não me acostumei,
nas terras onde andei.
Eu não me acostumei,
nas terras onde andei...
Alô meu Deus,
fazia tanto tempo
que eu não mais te procurava.
Alô meu Deus,
senti saudades tuas
e acabei voltando aqui.
Gastei a minha herança,
comprando só matéria,
restou-me a esperança
de outra vez te encontrar.
Voltei arrependido,
meu coração ferido
e volto convencido,
que este é o meu lugar.