A parábola de Brucutu
A parábola de Brucutu
Brucutu era um bom selvagem. Morava muitas milhas de distância das metrópoles européias enfiado em uma selva perigosa como um nômade, cheia de ameaças naturais onde imperava a sobrevivência do mais forte. Apesar de todas essas adversidades, Brucutu era um exemplar seguidor da Lei Moral.
Brucutu respeitava os seres vivos. Nunca matava filhotes, caçava unicamente para o seu sustento, não desperdiçava comida, não profanava os cadáveres que abatia e sempre rezava preces às almas dos que morriam para que ele continuasse vivendo.
Brucutu respeitava e ajudava seus semelhantes. Era capaz de ceder sua única refeição de muitos dias para um idoso ou jovem faminto, estava sempre disposto a ajudar os necessitados com sua enorme força física e possuía o impulso natural de perdoar aqueles que o magoavam; ele amava companheiro ou forasteiro, amigo ou inimigo.
Brucutu exibia conduta moral até mesmo em afazeres sexuais. Intencionalmente deixou as dependências de sua tribo original pela mesma encarar a poligamia e o adultério com normalidade e fez o voto de viver casto para sempre ou até encontrar uma esposa fiel que partilhasse de suas ideologias. Com o tempo que poderia gastar se preocupando com sua sexualidade, utilizou para se tornar cada vez mais sábio sobre a Natureza.
Um dia, após seu trigésimo aniversário, Brucutu conheceu pela primeira vez um homem europeu. O homem apresentou-se como Missionário Leopoldo e disse ser Cristão protestante. Leopoldo contou a Brucutu que durante muito tempo admirava seu estilo de vida tão puro moralmente apesar de sua total ignorância das escrituras sagradas de sua religião.
Leopoldo passou uma tarde inteira na cabana do nobre ermitão contando sobre a existência de Cristo, seus ensinamentos, sua cruel execução, a doutrina da salvação e o registro da vida de Jesus nos evangelhos. Brucutu apesar de rústico tinha raciocínio rápido, e com muita educação prestou copiosa atenção às palavras do idoso pastor. O pastor explicitou que todos os seres humanos são pecadores e que para uma pós-vida de tranqüilidade, todos devem admitir esse fardo e aceitar Jesus Cristo como salvador pessoal.
Brucutu parecia muito atormentado com a doutrina de salvação, embora tivesse a compreendido nos mínimos detalhes. O Missionário Leopoldo contou ao corajoso homem que Deus havia de ter muito orgulho de um servo tão pio como ele e que Ele estava no aguardo pela sua redenção. Informou que iria voltar à sua cabana em uma semana e pediu que em sua grande sabedoria, filosofasse à respeito.
Brucutu decidiu que seria uma boa idéia seguir tal conselho com a mente descansada e se deitou após ter se despedido do venerável pastor. Naquela noite, entretanto, acordou subitamente ao ouvir sons desesperadores: uma criança chorando aos prantos.
Se prontificando para ver o que acontecia, Brucutu deixou sua cabana e constatou em horror que um grande leão perseguia um pequeno menino. Brucutu partiu para cima da fera e com as próprias mãos tentou a estrangular. O menino, à salvo, correu para sua tribo em segurança. O leão, entretanto, estava acompanhado e em segundos duas ferozes leoas se engalfinharam com o vigoroso caçador, e começaram a devorá-lo vivo.
Após dez minutos de muita luta e se debatendo de tanta dor, o herói mutilado não agüentou mais e virou refeição dos furiosos felinos. Foi uma morte lenta e brutal.
250 anos depois, no Dia do Julgamento Final, Brucutu foi ressuscitado e se viu em frente ao trono de Deus. Em uma voz grandiloqüente, Deus bradou que Brucutu não jazia no Livro da Vida e o atônito selvagem foi encaminhado ao lago de fogo e enxofre onde os condenados rangem os dentes durante toda a eternidade.
30 anos de benevolência de acordo com a Lei Moral concedendo salvação automática de sua alma foram trocados por uma noite de debates com um pastor cristão e tortura infinita.
Moral da história: a teologia evangélica tradicional não faz o menor sentido
Brucutu respeitava os seres vivos. Nunca matava filhotes, caçava unicamente para o seu sustento, não desperdiçava comida, não profanava os cadáveres que abatia e sempre rezava preces às almas dos que morriam para que ele continuasse vivendo.
Brucutu respeitava e ajudava seus semelhantes. Era capaz de ceder sua única refeição de muitos dias para um idoso ou jovem faminto, estava sempre disposto a ajudar os necessitados com sua enorme força física e possuía o impulso natural de perdoar aqueles que o magoavam; ele amava companheiro ou forasteiro, amigo ou inimigo.
Brucutu exibia conduta moral até mesmo em afazeres sexuais. Intencionalmente deixou as dependências de sua tribo original pela mesma encarar a poligamia e o adultério com normalidade e fez o voto de viver casto para sempre ou até encontrar uma esposa fiel que partilhasse de suas ideologias. Com o tempo que poderia gastar se preocupando com sua sexualidade, utilizou para se tornar cada vez mais sábio sobre a Natureza.
Um dia, após seu trigésimo aniversário, Brucutu conheceu pela primeira vez um homem europeu. O homem apresentou-se como Missionário Leopoldo e disse ser Cristão protestante. Leopoldo contou a Brucutu que durante muito tempo admirava seu estilo de vida tão puro moralmente apesar de sua total ignorância das escrituras sagradas de sua religião.
Leopoldo passou uma tarde inteira na cabana do nobre ermitão contando sobre a existência de Cristo, seus ensinamentos, sua cruel execução, a doutrina da salvação e o registro da vida de Jesus nos evangelhos. Brucutu apesar de rústico tinha raciocínio rápido, e com muita educação prestou copiosa atenção às palavras do idoso pastor. O pastor explicitou que todos os seres humanos são pecadores e que para uma pós-vida de tranqüilidade, todos devem admitir esse fardo e aceitar Jesus Cristo como salvador pessoal.
Brucutu parecia muito atormentado com a doutrina de salvação, embora tivesse a compreendido nos mínimos detalhes. O Missionário Leopoldo contou ao corajoso homem que Deus havia de ter muito orgulho de um servo tão pio como ele e que Ele estava no aguardo pela sua redenção. Informou que iria voltar à sua cabana em uma semana e pediu que em sua grande sabedoria, filosofasse à respeito.
Brucutu decidiu que seria uma boa idéia seguir tal conselho com a mente descansada e se deitou após ter se despedido do venerável pastor. Naquela noite, entretanto, acordou subitamente ao ouvir sons desesperadores: uma criança chorando aos prantos.
Se prontificando para ver o que acontecia, Brucutu deixou sua cabana e constatou em horror que um grande leão perseguia um pequeno menino. Brucutu partiu para cima da fera e com as próprias mãos tentou a estrangular. O menino, à salvo, correu para sua tribo em segurança. O leão, entretanto, estava acompanhado e em segundos duas ferozes leoas se engalfinharam com o vigoroso caçador, e começaram a devorá-lo vivo.
Após dez minutos de muita luta e se debatendo de tanta dor, o herói mutilado não agüentou mais e virou refeição dos furiosos felinos. Foi uma morte lenta e brutal.
250 anos depois, no Dia do Julgamento Final, Brucutu foi ressuscitado e se viu em frente ao trono de Deus. Em uma voz grandiloqüente, Deus bradou que Brucutu não jazia no Livro da Vida e o atônito selvagem foi encaminhado ao lago de fogo e enxofre onde os condenados rangem os dentes durante toda a eternidade.
30 anos de benevolência de acordo com a Lei Moral concedendo salvação automática de sua alma foram trocados por uma noite de debates com um pastor cristão e tortura infinita.
Moral da história: a teologia evangélica tradicional não faz o menor sentido
- Aurelio Moraes
- Mensagens: 19637
- Registrado em: 23 Out 2005, 18:26
- Localização: São José dos Campos, S.P
- Contato:
Brucutu era um bom selvagem

. Morava muitas milhas de distância das metrópoles européias

enfiado em uma selva perigosa como um nômade

cheia de ameaças naturais

Brucutu respeitava os seres vivos.

Nunca matava filhotes, caçava unicamente para o seu sustento

não desperdiçava comida

, não profanava os cadáveres

sempre rezava preces às almas dos que morriam para que ele continuasse vivendo.

Brucutu respeitava e ajudava seus semelhantes.

era capaz de ceder sua única refeição de muitos dias para um idoso

ou jovem faminto

ele amava companheiro

ou forasteiro

amigo ou inimigo.

Brucutu exibia conduta moral até mesmo em afazeres sexuais.

Intencionalmente deixou as dependências de sua tribo original

Brucutu conheceu pela primeira vez um homem europeu.

. O homem apresentou-se como Missionário Leopoldo

e disse ser Cristão protestante.

Leopoldo contou a Brucutu que durante muito tempo admirava seu estilo de vida tão puro moralmente apesar de sua total ignorância das escrituras sagradas de sua religião.

O pastor explicitou que todos os seres humanos são pecadores

para uma pós-vida de tranqüilidade,


aceitar Jesus Cristo como salvador pessoal.

Deus havia de ter muito orgulho de um servo tão pio como ele e que Ele estava no aguardo pela sua redenção

Brucutu deixou sua cabana e constatou em horror que um grande leão perseguia um pequeno menino.

O menino, à salvo, correu para sua tribo em segurança.

250 anos depois, no Dia do Julgamento Final, Brucutu foi ressuscitado e se viu em frente ao trono de Deus.

Em uma voz grandiloqüente

Deus bradou que Brucutu não jazia no Livro da Vida

o atônito selvagem foi encaminhado ao lago de fogo

a teologia evangélica tradicional não faz o menor sentido

FOTO-POSTAGEM ATUALIZADA EM 15 DE JUNHO DE 2006
Editado pela última vez por Aurelio Moraes em 15 Jun 2006, 14:30, em um total de 2 vezes.
- Deise Garcia
- Mensagens: 5362
- Registrado em: 30 Out 2005, 13:35
- Gênero: Feminino
Re: Re.: A parábola de Brucutu
Azathoth escreveu:O Niels irá se encarregar das ilustrações para a história.
O Niels é a antítese e suas ilustrações demonstram o grau da insanidade.
- clara campos
- Moderadora
- Mensagens: 3356
- Registrado em: 02 Abr 2006, 15:42
- Contato:
Re.: A parábola de Brucutu
Fiquei com saudades do aurélio 

Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)
- Deise Garcia
- Mensagens: 5362
- Registrado em: 30 Out 2005, 13:35
- Gênero: Feminino
Re: Re.: A parábola de Brucutu
Apo escreveu:Gostei da parábola. Mas não entendi porque Brucutu rezava...
Porque ateu não existe!

- Apo
- Mensagens: 25468
- Registrado em: 27 Jul 2007, 00:00
- Gênero: Feminino
- Localização: Capital do Sul do Sul
Re: Re.: A parábola de Brucutu
Deise Garcia escreveu:Apo escreveu:Gostei da parábola. Mas não entendi porque Brucutu rezava...
Porque ateu não existe!![]()
Nhé!


- Deise Garcia
- Mensagens: 5362
- Registrado em: 30 Out 2005, 13:35
- Gênero: Feminino
Re: Re.: A parábola de Brucutu
Apo escreveu:Deise Garcia escreveu:Apo escreveu:Gostei da parábola. Mas não entendi porque Brucutu rezava...
Porque ateu não existe!![]()
Nhé!



Re: A parábola de Brucutu
Azathoth escreveu:Moral da história: a teologia evangélica tradicional não faz o menor sentido
Exatamente.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".
O esquimó perguntou ao padre:
"Se eu não soubesse nada sobre Deus e o pecado, iria para o inferno?"
"Não", disse o padre, "se você não soubesse de nada, não iria."
"Então, porque você me contou?", perguntou o esquimó.
"Se eu não soubesse nada sobre Deus e o pecado, iria para o inferno?"
"Não", disse o padre, "se você não soubesse de nada, não iria."
"Então, porque você me contou?", perguntou o esquimó.
"Desisti de ser feliz. Agora me sinto muito menos infeliz."
Micítaus do ISSÁS
"Um rio que tudo arrasta se diz violento, mas não se dizem violentas as margens que o oprimem."
Bertold Brecht
O que estou ouvindo?
Jeff Buckley-Hallelujah"
Micítaus do ISSÁS
"Um rio que tudo arrasta se diz violento, mas não se dizem violentas as margens que o oprimem."
Bertold Brecht
O que estou ouvindo?
Jeff Buckley-Hallelujah"
- videomaker
- Mensagens: 8668
- Registrado em: 25 Out 2005, 23:34
Alexandre escreveu:O esquimó perguntou ao padre:
"Se eu não soubesse nada sobre Deus e o pecado, iria para o inferno?"
"Não", disse o padre, "se você não soubesse de nada, não iria."
"Então, porque você me contou?", perguntou o esquimó.

Há dois meios de ser enganado. Um é acreditar no que não é verdadeiro; o outro é recusar a acreditar no que é verdadeiro. Søren Kierkegaard (1813-1855)