Meshaal aceita Israel como facto consumado
Enviado: 11 Jan 2007, 11:11
Meshaal aceita Israel como facto consumado
Lumena Raposo
Fonte: DN
Khaled Meshaal, o líder político no exterior do movimento integrista Hamas, afirmou ontem que o Estado de Israel é uma realidade, um facto consumado. Em entrevista à Reuters, citada pelos diários israelita Haaretz e britânico The Times, Meshaal avançou que um reconhecimento formal de Israel só ocorrerá, porém, quando for criado o Estado palestiniano.
Israel é uma "realidade" e "permanecerá um Estado chamado Israel; é um facto consumado", disse Meshaal em declarações proferidas na capital síria. "O problema não é a existência de uma entidade chamada Israel. O problema é que o Estado palestiniano não existe", adiantou.
Trata-se da primeira vez que Meshaal - que o Governo de Benjamin Netanyahu tentou assassinar em 1997- faz declarações deste teor. É também a primeira vez que um responsável do Hamas avança a possibilidade de reconhecer formalmente Israel no futuro.
As afirmações de Meshaal provocaram, segundo o Haaretz e o Times, alguma surpresa entre os responsáveis do Hamas em Gaza. "Israel está lá, é membro das Nações Unidas e não negamos a sua existência. Mas ainda temos direitos e terra que foram usurpados e enquanto estas questões não forem resolvidas não o reconheceremos", disse, a propósito, Ahmed Yusuf, conselheiro do primeiro-ministro palestiniano Ismail Haniyeh.
No fundo, a diferença entre as afirmações de Yusuf e as de Meshaal é muito ténue, nem poderia ser de outro modo: Meshaal é, de facto, o líder do Hamas desde que Israel assassinou o xeque Ahmed Yassin e, como tal, as posições que assume publicamente não podem ser ignoradas nem encaradas de ânimo leve. O líder do grupo integrista aproveitou o momento para lançar um apelo à formação de um governo de unidade nacional e criticou a interferência política e financeira dos EUA a favor do Presidente palestiniano, Mahmud Abbas.
Curiosamente, a entrevista de Meshaal ocorre quando Jordânia e Egipto pressionam para que palestinianos e israelitas avancem para um acordo sobre o "estatuto final" dos territórios e dias após a cimeira entre o primeiro-ministro israelita Ehud Olmert e o Presidente egípcio Hosni Mubarak para relançar o processo de paz israelo-palestiniano; com o mesmo objectivo chega no fim-de-semana à região a chefe da diplomacia americana, Condoleezza Rice.
Entretanto e em entrevista ao Haaretz, o homem forte da Fatah (partido de Abbas) em Gaza, Mohammed Dahlan, negou existir qualquer guerra em Gaza mas "um ataque do Hamas à Fatah". A solução passa, diz, pela realização de eleições. E referindo-se à manifestação de há três dias em Gaza, onde desafiou os integristas a alvejá-lo, Dahlan afirma: "Provamos ao Hamas que Gaza não lhe pertence."
Lumena Raposo
Fonte: DN
Khaled Meshaal, o líder político no exterior do movimento integrista Hamas, afirmou ontem que o Estado de Israel é uma realidade, um facto consumado. Em entrevista à Reuters, citada pelos diários israelita Haaretz e britânico The Times, Meshaal avançou que um reconhecimento formal de Israel só ocorrerá, porém, quando for criado o Estado palestiniano.
Israel é uma "realidade" e "permanecerá um Estado chamado Israel; é um facto consumado", disse Meshaal em declarações proferidas na capital síria. "O problema não é a existência de uma entidade chamada Israel. O problema é que o Estado palestiniano não existe", adiantou.
Trata-se da primeira vez que Meshaal - que o Governo de Benjamin Netanyahu tentou assassinar em 1997- faz declarações deste teor. É também a primeira vez que um responsável do Hamas avança a possibilidade de reconhecer formalmente Israel no futuro.
As afirmações de Meshaal provocaram, segundo o Haaretz e o Times, alguma surpresa entre os responsáveis do Hamas em Gaza. "Israel está lá, é membro das Nações Unidas e não negamos a sua existência. Mas ainda temos direitos e terra que foram usurpados e enquanto estas questões não forem resolvidas não o reconheceremos", disse, a propósito, Ahmed Yusuf, conselheiro do primeiro-ministro palestiniano Ismail Haniyeh.
No fundo, a diferença entre as afirmações de Yusuf e as de Meshaal é muito ténue, nem poderia ser de outro modo: Meshaal é, de facto, o líder do Hamas desde que Israel assassinou o xeque Ahmed Yassin e, como tal, as posições que assume publicamente não podem ser ignoradas nem encaradas de ânimo leve. O líder do grupo integrista aproveitou o momento para lançar um apelo à formação de um governo de unidade nacional e criticou a interferência política e financeira dos EUA a favor do Presidente palestiniano, Mahmud Abbas.
Curiosamente, a entrevista de Meshaal ocorre quando Jordânia e Egipto pressionam para que palestinianos e israelitas avancem para um acordo sobre o "estatuto final" dos territórios e dias após a cimeira entre o primeiro-ministro israelita Ehud Olmert e o Presidente egípcio Hosni Mubarak para relançar o processo de paz israelo-palestiniano; com o mesmo objectivo chega no fim-de-semana à região a chefe da diplomacia americana, Condoleezza Rice.
Entretanto e em entrevista ao Haaretz, o homem forte da Fatah (partido de Abbas) em Gaza, Mohammed Dahlan, negou existir qualquer guerra em Gaza mas "um ataque do Hamas à Fatah". A solução passa, diz, pela realização de eleições. E referindo-se à manifestação de há três dias em Gaza, onde desafiou os integristas a alvejá-lo, Dahlan afirma: "Provamos ao Hamas que Gaza não lhe pertence."