
A União Européia deveria assumir a liderança na área de Direitos Humanos, posição que os Estados Unidos não têm mais credibilidade para exercer devido ao seu envolvimento em práticas como tortura e detenção de suspeitos sem julgamento, afirma o relatório anual da entidade Human Rights Watch.
“Com a voz de Washington diminuída, a União Européia deveria ser hoje a mais forte e mais efetiva defensora de Direitos Humanos”, afirma o documento. “Mas enquanto se debate com a entrada dos seus novos membros, a UE está agindo com muito menos força do que poderia.”
A organização lamenta a política na qual governos que favorecem uma acomodação acabam por prevalecer sobre aqueles que defendem uma abordagem mais dura para abusos de Direitos Humanos.
Os Estados Unidos ficam moralmente comprometidos pelos abusos praticados em nome do terrorismo e a União Européia pouco envolvida na questão dos Direitos Humanos. Assim sendo, o compromisso assumido pela comunidade internacional, numa declaração de setembro de 2005, de proteger vítimas de atrocidades não se sustenta.
Prova disso seria a falta de pressões internacionais por uma solução no conflito civil em Darfur, que a Human Rights Watch vê como a pior crise humana no mundo no momento.
Diz que a covardia política usual no que se refere a mobilizações militares explica parte da falta de acção, mas também tem havido muito pouca pressão sobre o governo sudanês para aceitar uma força de proteção real.
A entidade volta a fazer duras críticas ao governo americano pela guerra no Iraque, pelos efeitos no próprio país e pelas supostas repercussões que teve em outras crises humanas. Diz que parte do problema é que a invasão americana do Iraque e as tentativas posteriores do governo de Bush de justificá-la como uma intervenção humanitária tornaram mais fácil para governos como o do Sudão se opor a qualquer esforço para salvar a população de Darfur.
A Human Rights Watch também ataca a manutenção indefenida de suspeitos de terrorismo na prisão de Guantánamo, em Cuba, instalação que deveria ser simplesmente fechada. Também diz que o uso de tortura no governo Bush é uma política ditada do topo, mais do que uma má conduta aberrante de alguns interrogadores de baixo escalão.
In: Ateismos.net