Software livre: de graça?
Enviado: 27 Jan 2007, 08:40
Software livre: de graça?
por Antônio Emílio A. de Araújo em 16 de novembro de 2006
Resumo: Pensar em usar o Linux para lutar contra o bicho papão da Microsoft, ou porque o Linux é feito por monges trapistas, é uma quimera.
© 2006 MidiaSemMascara.org
Eu nunca pensei que as pessoas chegassem a uma confusão mental tão grande que não soubessem avaliar quando uma coisa é de graça ou não. Este é o caso da discussão sobre o software livre.
Aqui se misturam várias confusões. Primeiro vem a ignorância das leis econômicas, que muitos acham que não existem. Para quem está acostumado com o paradigma das leis da física, basta ser dito o seguinte. Se você desrespeita a lei da gravidade, jogando uma pedra para cima e ficando embaixo esperando o desfecho, você provavelmente sairá com a cabeça dolorida (se a pedra for pequena) ou rachada (se a pedra for um paralelepípedo). Se você (uma sociedade, um país) desrespeita as leis econômicas, você conseguirá pouco (se o desrespeito for pequeno) ou nenhum (caso seja um grande desrespeito) aprimoramento no seu bem-estar (da sociedade, do país).
A diferença das duas leis é que uma lei pode ser desobedecida (a econômica), a outra não. As leis da física são, na verdade, descrições do que acontece, ou seja, a lei da gravidade é uma descrição do que acontece com as pedras quando as jogo para cima. As leis econômicas, como as leis morais, são como receita de bolo. Eu posso mudar uma receita de bolo, mas o resultado será também alterado. Uma sociedade que se entrega, por exemplo, a todo tipo de abusos morais, terá como conseqüência a degeneração dos costumes, a violência e depois a barbárie. Assim, a lei moral é uma receita para ser seguida. Se você não quiser seguir, azar o seu.
Apesar das similaridades, as leis econômicas não são leis morais. Existem homens caridosos, mas não existem economias caridosas. Pode-se fazer caridade com o dinheiro próprio, não com o dos outros. Se você tenta incluir na receita econômica a caridade, o bolo vai desandar.
O tal software de graça não tem nada gracioso. É difícil de imaginar que alguém acredite que um empreendimento como o Linux possa ser realizado por pessoas totalmente despojadas e que não pensam e não precisam ganhar dinheiro. Não é possível pensar no Linux como uma obra de caridade, pois ele é um produto econômico como outro qualquer. Bilhões de dólares são movimentados neste negócio e quem opta por usar o Linux, ao invés do Windows, gasta muito dinheiro!
Tente instalar o Linux em seu computador e começar a operar. Você começará por comprar livros, fazer cursos, participar de chats e comunidades no orkut, etc. O tempo gasto será absurdo (time is money, lembram-se?), até que você consiga fazer as mais triviais operações com o novo sistema operacional. Quando você for adquirir algum software aplicativo específico para funcionar com o Linux, você verá o quão graciosa é sua empreitada.
Ao invés disso, se você for à esquina e comprar o Windows, por digamos R$ 400,00, você começará operar imediatamente, sem maiores problemas. Qual é, então o software mais barato?
Pensar em usar o Linux para lutar contra o bicho papão da Microsoft, ou porque o Linux é feito por monges trapistas, é uma quimera. Ambos os lados estão atuando num mercado de bilhões de dólares, onde, para descontentamento de muitos, as leis econômicas estão em pleno funcionamento.
Uma última palavra: falar em domínio da Microsoft, vá lá. Falar em monopólio da Microsoft é uma piada. Aliás, para entender o que é monopólio não é preciso consultar compêndios econômicos, basta ir ao Aurélio que diz: tráfico, exploração, posse, direito ou privilégio exclusivos. A única exclusividade da Microsoft é ser malhada pelos esquerdistas mundo afora.
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5371
por Antônio Emílio A. de Araújo em 16 de novembro de 2006
Resumo: Pensar em usar o Linux para lutar contra o bicho papão da Microsoft, ou porque o Linux é feito por monges trapistas, é uma quimera.
© 2006 MidiaSemMascara.org
Eu nunca pensei que as pessoas chegassem a uma confusão mental tão grande que não soubessem avaliar quando uma coisa é de graça ou não. Este é o caso da discussão sobre o software livre.
Aqui se misturam várias confusões. Primeiro vem a ignorância das leis econômicas, que muitos acham que não existem. Para quem está acostumado com o paradigma das leis da física, basta ser dito o seguinte. Se você desrespeita a lei da gravidade, jogando uma pedra para cima e ficando embaixo esperando o desfecho, você provavelmente sairá com a cabeça dolorida (se a pedra for pequena) ou rachada (se a pedra for um paralelepípedo). Se você (uma sociedade, um país) desrespeita as leis econômicas, você conseguirá pouco (se o desrespeito for pequeno) ou nenhum (caso seja um grande desrespeito) aprimoramento no seu bem-estar (da sociedade, do país).
A diferença das duas leis é que uma lei pode ser desobedecida (a econômica), a outra não. As leis da física são, na verdade, descrições do que acontece, ou seja, a lei da gravidade é uma descrição do que acontece com as pedras quando as jogo para cima. As leis econômicas, como as leis morais, são como receita de bolo. Eu posso mudar uma receita de bolo, mas o resultado será também alterado. Uma sociedade que se entrega, por exemplo, a todo tipo de abusos morais, terá como conseqüência a degeneração dos costumes, a violência e depois a barbárie. Assim, a lei moral é uma receita para ser seguida. Se você não quiser seguir, azar o seu.
Apesar das similaridades, as leis econômicas não são leis morais. Existem homens caridosos, mas não existem economias caridosas. Pode-se fazer caridade com o dinheiro próprio, não com o dos outros. Se você tenta incluir na receita econômica a caridade, o bolo vai desandar.
O tal software de graça não tem nada gracioso. É difícil de imaginar que alguém acredite que um empreendimento como o Linux possa ser realizado por pessoas totalmente despojadas e que não pensam e não precisam ganhar dinheiro. Não é possível pensar no Linux como uma obra de caridade, pois ele é um produto econômico como outro qualquer. Bilhões de dólares são movimentados neste negócio e quem opta por usar o Linux, ao invés do Windows, gasta muito dinheiro!
Tente instalar o Linux em seu computador e começar a operar. Você começará por comprar livros, fazer cursos, participar de chats e comunidades no orkut, etc. O tempo gasto será absurdo (time is money, lembram-se?), até que você consiga fazer as mais triviais operações com o novo sistema operacional. Quando você for adquirir algum software aplicativo específico para funcionar com o Linux, você verá o quão graciosa é sua empreitada.
Ao invés disso, se você for à esquina e comprar o Windows, por digamos R$ 400,00, você começará operar imediatamente, sem maiores problemas. Qual é, então o software mais barato?
Pensar em usar o Linux para lutar contra o bicho papão da Microsoft, ou porque o Linux é feito por monges trapistas, é uma quimera. Ambos os lados estão atuando num mercado de bilhões de dólares, onde, para descontentamento de muitos, as leis econômicas estão em pleno funcionamento.
Uma última palavra: falar em domínio da Microsoft, vá lá. Falar em monopólio da Microsoft é uma piada. Aliás, para entender o que é monopólio não é preciso consultar compêndios econômicos, basta ir ao Aurélio que diz: tráfico, exploração, posse, direito ou privilégio exclusivos. A única exclusividade da Microsoft é ser malhada pelos esquerdistas mundo afora.
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5371