Psi transcendente

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Vitor Moura
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Psi transcendente

Mensagem por Vitor Moura »

PSI TRANSCENDENTE

Por Michael Grosso

Em ‘Milagres’ de D. Scott Rogo (1982) nos deparamos com fenômenos que relacionam-se com a parapsicologia da religião—por exemplo, visões Marianas, stigmata, o Sudário de Turin, prodígios de sangue, inedia, levitação, curas em relicários religiosos, fenômenos de incorrupção, etc.

Mas a parapsicologia da corrente principal tem na maior parte negligenciado psi num cenário religioso. Há boas razões históricas e metodológicas para isto. Uma disciplina que luta por alcançar status na comunidade científica corre o risco de incorrer em um tipo de culpa pela associação com religião; críticos hostis já associaram a ciência de psi com magia, e outras buscas desacreditadas. Mas há também a questão da metodologia. É duro, se não impossível, capturar psi religioso ocorrendo no laboratório. Muito do melhor material (p.ex,. as levitações do Santo José de Copertino) é baseado em circunstâncias históricas raras, e mal podem ser pensadas como ‘replicáveis’ no sentido científico normal. Há também o problema de obter cooperação em pesquisa deste tipo. Nas minhas próprias tentativas para obter testemunho imparcial de discípulos de Muktananda (e do próprio Muktananda) assim como dos monges de São Giovanni Rotondo (concernente ao Padre Pio), achei-me sendo sutilmente manobrado numa ‘experiência’ espiritual não planejada por mim. Apesar de tais problemas psi merece ser olhado no contexto de experiência religiosa.

A questão de significado é superior. Adivinhar cartões, tentativas de influenciar geradores de eventos aleatórios, etc, de modo algum pode se comparar com o contexto rico de significado, emoção, símbolo, necessidade, esperança, e expectativa, em que o psi religioso espontâneo prospera. O livro do Rogo torna este fato claro por descrever o contexto, a história, o drama dos acontecimentos em El Zeiton, Fátima, a Catedral de Nápoles, e outros cenários de notáveis acontecimentos de psi.

Psi num contexto religioso é psi reforçado pelas paixões de transcendência e ressoante com o poder espiritual de arquétipos — uma condição que C. G.Jung disse talvez levar a acontecimentos de psi. (Ele não explica como, mas algum pensamento novo ao longo destas linhas vem de um papel recente por Ullman (1983)). O laboratório, em contraste com o cenário religioso, é uma abstração de vida. Os procedimentos de laboratório realçam controle e quantificação; mas um dos melhores prognosticadores de psi é a espontaneidade, e as variáveis chave no processo de psi são psicológicas. O laboratório é provavelmente a condição ideal para destruir o processo de psi — não para todos mas talvez para a maioria dos indivíduos dotados, especialmente os espiritualmente dotados. Seriam capazes de rebelar contra a objectividade de procedimentos experimentais; a dúvida seria um adversário para obter êxito na própria experiência transcendente. Padre Pio, ao oposto de Descartes, uma vez disse: ‘A dúvida é a ruína do mundo’. Tal desprezo para o intelecto céptico é impar com a empresa científica normal. O xamã é receoso do cientista, e ainda ironicamente pode possuir os segredos de psi que o cientista anseia saber. O ponto, naturalmente, é não menosprezar a realização da parapsicologia experimental mas sugerir que psi em seu ambiente religioso ‘natural’ seja olhado mais de perto.

Considere dinâmicas paranormais de grupo. Os pesquisadores têm por longo tempo focalizado no estado de dependência do processo de psi; mas isto, junto com estudos de personalidade, tem principalmente lidado com indivíduos. Dinâmicas paranormais de grupo permanece uma área nascente de estudo. Rogo usou dados de dinâmicas de grupo de poltergeist para interpretar alguns ‘milagres’ que ele estudou. Alguém pode discordar em pormenores, mas a abordagem total, realçando as dinâmicas sociais, é importante; e Rogo tem, em minha vista, fornecido novas introspecções no que poderia estar envolvidos efeitos de psi em larga escala. (Vide especialmente os capítulos sobre São Januário e Remiremont). Rogo conclui que o psi de santos parece ser ‘muito maior e mais consistente’ que aqueles de indivíduos normalmente estudados por pesquisadores. Este fato, ele sugere, pode ser devido à sensibilidade a um ‘reino espiritual’ (p. 314). Visões similares foram expressadas por Thurston (1952, p. 1) e mais recentemente por White (1981) e por mim mesmo num curto artigo sobre Padre Pio (Grosso, 1982).

A HIPÓTESE DE PSI TRANSCENDENTE

Deixe-nos então assumir que (deixe-nos chamá-lo) psi espiritual ou transcendente é demonstravelmente ‘maior’ — mais consistente, maior em magnitude e variedade de efeitos, — que o psi não religioso. Se verdade, tal fato seria teoricamente importante à parapsicologia. Bons modelos do funcionamento têm avançado para explicar psi: modelos baseados no conceito de necessidade, estados alterados, variáveis de personalidade, e assim por diante. Mas se é verdadeiro que a magnitude, qualidade, e consistência de psi é ligada às dinâmicas da vida espiritual, é algo que merece nossa atenção. Como o quadro pareceria uma vez que nós seriamente assumíssemos a realidade de uma ordem de psi espiritual de alto nível?

MEDIUNIDADE E PSI TRANSCENDENTE

Talvez a objeção mais forte à idéia de um psi espiritual superior resida no desempenho dos grandes médiuns, Sra. Piper, Sra. Leonard, e do tipo. Afinal de contas, eles não faziam suas coisas num cenário não religioso? A resposta é que embora (digamos) a Sra. Piper talvez não qualifique-se para santidade de acordo com as regras da Igreja católica, sua eterna e modesta devoção para a pesquisa psíquica, pelos seus serviços como uma médium, e acima de tudo, a rendição rotineira de sua consciência egocêntrica no processo de mediunidade de transe, soma-se a um tipo de comportamento espiritual. Mais ainda, a orientação dos grandes médiuns — como a dos grandes santos — é sempre sobrenatural. Neste sentido podemos falar da função transcendente de psi: entre os santos o objeto transcendente supremo é Deus; entre os médiuns são pessoas desencarnadas, “controles”, guias espirituais, e, em geral, o mundo invisível. É como se (nosso hipotético) psi de alto nível fosse um subproduto de uma interação peculiar entre um organismo ego-submergido e um alvo transcendente. Quando psi funciona num contexto não transcendente os resultados parecem por contraste tornarem-se “de baixa qualidade”, fracos, transitórios, e inconsistentes.

Mas isto deveria ser tão surpreendente? Psi, por definição, é um modo de interação não sensorial. Comparado com os sentidos costumeiros, é inútil como um meio de adaptação confiável ao ambiente físico. Realço o fator de fiabilidade. Não há nenhuma dúvida que psi ocasionalmente funcione ‘instrumentalmente’ em resposta às necessidades de organismos. No estudo de impressões telepáticas de Stevenson (1970), por exemplo, vários exemplos bons são descritos em detalhe. Na grande maioria de casos espontâneos, no entanto, é de modo algum óbvio que propósito, se algum, psi se serve em ajudar as tarefas de sobrevivência do organismo. Naturalmente, é possível especular ad hoc sobre as necessidades as quais podem ter servido, sempre que psi ocorre. Mas tal especulação não alteraria minha impressão que a função primária de psi não é certamente ajudar o organismo a se adaptar ao ambiente terrestre. Esse propósito é servido pela percepção sensorial. Alguém pode negar que há uma função primária ou essencial de psi, mas é uma pergunta valorosa de se fazer.

O seguinte é uma possível aproximação a esta pergunta. Suponha que o organismo humano tenha dois sistemas, o sensorial e o extra-sensorial, para se comunicar com o que quer que seja. Presumivelmente, o sistema sensorial está adaptado às necessidades do mundo sensorial; o sistema extra-sensorial, eu proponho, está adaptado às necessidades de um mundo extra-sensorial.

Podemos colocar entre parênteses qualquer tentativa de descrever a natureza ou os habitantes deste mundo extra-sensorial, ou sua relação à nossa própria existência imediata. Mas a menos que sejamos solipsistas, é razoável supor que os sentidos surgiram em resposta a um mundo sensorial externo; isto leva-me à conjetura que as modalidades extra-sensoriais também surgiram em resposta a um mundo externo extra-sensorial, um mundo em substância mais como pensamento que matéria. A sugestão, além do mais, não é ao todo fantástica em vista das alegações por toda a história humana da existência de tal mundo extra-mundano.

Se a função psi é realmente transcendente neste sentido, podemos ficar menos surpresos de achar que seja tão exígua, quase se cancelando, no cenário não religioso; ou que pareça tornar-se mais forte quando os sistemas-alvo são extra-mundanos: a ordem divina (como com os santos) e a ordem despercebida (como com os médiuns).

A hipótese de psi transcendente convida-nos a refletir em outros dados em novos meios.

ESFORÇO EGO-ENVOLVENTE E TRANSCENDÊNCIA

Ao estudar a literatura de pesquisa, recebe-se uma forte impressão que esforço ego-envolvente obstrui a tarefa de psi. Naturalmente, há razões psicológicas mundanas de por que o esforço errado talvez bloqueie a eficiência em qualquer linha de esforço humano. Mas a idéia ganha importância adicional com psi: esforços ego-envolventes tendem em direção à sobrevivência mundana, afirmação do organismo mediado pelos sentidos. Mas se a função principal de psi é orientada em direção a um mundo extra-sensorial, então qualquer esforço em direção à preservação de nós neste mundo talvez iniba psi de funcionar. E então os santos e adeptos, indivíduos ajustados em direção a metas auto-transcendentes, talvez sejam o tipos de pessoas que melhor peguem psi pelas asas. Pois tais indivíduos teriam renunciado a sobrevivência de seu mundo mediado por psi como seu objetivo primário, assim liberando o uso de seu potencial de psi, que, ex hypothesi serve ao uso do mundo além.

Há outro meio de fazer este ponto. As condições conhecidas serem psi-condutivas parecem serem condições em diferença com adaptação ao mundo sensório. Considere, por exemplo, a alegação concluinte de Honorton (1977) baseada numa revisão de 80 estudos experimentais: ‘O funcionamento de psi é aumentado (i.é., é mais facilmente detectado e reconhecido) quando o receptor está num estado de relaxamento sensório e é minimamente influenciado por percepção costumeira e propriocepção’. O sistema psi de funcionamento talvez, digamos, seja inversamente proporcional a uma resposta positiva ativa do organismo ao ambiente externo. É quando o sistema sensório está ‘ocioso’ com respeito ao mundo externo, que o sistema extra-sensorial, não distraído pelo ‘barulho’ de assistir às tarefas de vida, é disposto a funcionar mais eficientemente. Honorton fala da ‘redução de entrada exteroceptiva’ e da ‘instalação de atenção em direção a processos internos de mentalização como otimizador de psi. ‘Se procura a verdade’, disse Santo Augustine numa época e contexto diferentes, ‘interiorize-se’.

Certos momentos chave na história da filosofia repetem-se, cada tempo fornecendo começando pontos frescos para renovar pensamentos. Descartes repete o ato Augustiniano de voltar-se para dentro; Husserl também, de quem eu peguei emprestei a sentença do grande pai latino, também lutou por reintegrar a autonomia da mente e o indivíduo humano. A parapsicologia pode ser pensada como a última expressão, usando os métodos da ciência, de atos renovando a centroversão. Assim o caminho passado da verdade espiritual de Santo Augustine e o caminho futuro dos procedimentos otimizadores de psi de Honorton parecem aqui convergir.

TRANSCENDÊNCIA E QUASE MORTE

A mudança dramática de atenção em direção a estados internos é uma espécie de morrer para o mundo. Mas o que de fato morre ou quase morre? Se a função psi é transcendente, nós não devemos esperar que a capacidade de psi aumente enquanto um organismo se aproxima da morte? As visões de leito de morte e experiência de quase-morte parecem gerar uma formação larga de possíveis acontecimentos de psi e estados de transpessoais de consciência: experiências fora-do-corpo, PK e precognição — e também aqueles encontros transformadores com seres luz e outros mensageiros soi disant de outros mundos. De acordo com a sugestão presente, podemos dizer que na situação de quase-morte o sistema transcendente de comunicação entra em jogo. Podemos dizer que deve ser ativado enquanto a morte se aproxima, já que psi seria essencial para sobrevivência num mundo transcendente.

DENTRO DO MUNDO TRANSCENDENTE

Psi talvez trabalhe melhor quando funcione contra o grão de sobrevivência egocêntrica e auto-afirmação. (Ou, como em certas situações de crise quando a sobrevivência gravemente está ameaçada). Psi transcendente também pode ocorrer em meios cobertos sutilmente misturados com nossos processos mentais normais. O filósofo C. D. Broad disse que as interações de psi podem ocorrer continuamente em níveis não detectáveis de experiência humana. O ponto que eu desejo fazer é uma extensão de Broad. Estes comportamentos despercebidos mediados por psi podem ser orientados em direção à auto-transcendência.

Estes podem começar num ponto claramente abaixo numa série—por exemplo, nas qualidades de compaixão, compaixão, empatia. Minha suposição é que ‘acertos’ reais aqui são tão raros e desaparecem como aqueles que se podem observar em qualquer laboratório parapsicológico. O ‘amor’, Myers (1903) uma vez escreveu, ‘é uma espécie de telepatia exaltada mas não específica’. E de fato a experiência mostra que às vezes a comunicação é fácil, tácita, subliminar; com outros o esforço da mais exasperantemente explícita razoabilidade é continuamente impedido. Amantes jovens ilustram o primeiro (com concessão ao inevitável efeito de declínio); velhos peritos numa conferência de desarmamento o último.

Pode-se pensar em outros exemplos de relações interpessoais em que psi transcendente pode estar atuando. Os músicos que eu conheço dizem que há freqüentemente um elemento de mediunidade ou telepatia em momentos de alta inspiração. As notas podem ser tocadas perfeitamente — em arremesso, ritmo, ritmo; mas aí aparece um ingrediente extra sem que o desempenho esteja meramente correto e vem brevemente do inspirado. A sugestão é que quando somos liberados da auto-conservação de compulsão, e emergimos em direção a uma esfera de compaixões maiores, psi transcendente entra em jogo.

O amor, a arte — e o que dos versos heróicos da vida moral? Talvez aqui também nós talvez detectemos a sombra de psi. Talvez feitos de grande coragem ou atos de grande fé melhor sejam explicados por psi transcendente, pela noção de algo ligar-nos a uma mente maior, ‘energia’, ou ‘realidade’. Certas ações vão contra a energia mecânica de inclinações humanas, ações que nós talvez descrevamos como espirituais. De fato, certas vidas tentam-me propor um tipo diferente de ‘causa’ no trabalho nos negócios do mundo — uma causa ligando-nos com um padrão maior de ser humano, e realidade talvez sobre-humana, não limitada pelas restrições de psicologia mundana.

Para fazer um caso para tudo isto, alguém teria que mergulhar nos detalhes de vidas individuais e completamente irrepetíveis, estudar o padrão de feitos na teia de circunstâncias, e medi-lo contra estruturas transcendentes ou não transcendentes. Tome, por exemplo, a vida de Padre Pio, o monge santo que carregou o estigmata por cinqüenta anos — ferida que desapareceu na morte sem vestígio. Bem à parte dos fenômenos extraordinários associados com seu nome, também teria-se que escrutar os atos espirituais, as evidências intermináveis (vide o Diario 1975): a luta contra 'demônios' internos; contra o próprio rebanho que sufoca-o com exigências e adoração; contra a perseguição de certos de seus próprios irmãos dentro da Igreja; contra lacerantes dores corpóreas: ainda entre tudo isto observamos um homem capaz de permanecer centrado em suas tarefas, fiel a suas visões privadas, assim como a seus juramentos e deveres como um sacerdote. Psi transcendente é indicado, em minha visão, para explicar tal vida.

IMPLICAÇÕES EXPERIMENTAIS DE PSI TRANSCENDENTE

Para uma idéia possuir qualquer valor cientificamente deve ser testável de alguma maneira. Isto é um critério estrito, que mais prontamente é aplicado em física e química. Nas ciências da vida conceitos testáveis são mais difíceis de conseguir. Talvez seja possível planejar tipos de experiências quantitativos específicos para testar a idéia de psi transcendente, mas há algo mais que eu quero chamar a atenção aqui. O conceito de psi transcendente talvez leve-nos a considerar um tipo de experiência diferente. Deixe-me fechar com um exemplo.

REZA E PENSAMENTO META-DIRECIONADO

Um princípio que eu adotaria em tentar de formular este novo tipo de experiência é este: objetivo não para psi diretamente mas objetivo para transcendência; nenhum esforço direto: antes, permanecemos no posto de observação para psi com um pouco de espera ou sorte [we stay on the lookout for psi as a piece of grace or serendipity] — um subproduto de um novo relacionamento ao aspecto transcendente do funcionamento de psi. Um possível modelo para isto seria a oração experimental.

As pessoas alegam que quando oram, coincidências favoráveis começam a acontecer. Podemos pensar em oração como um tipo de pensamento psi-mediado meta-dirigido. O que nós talvez façamos é absolutamente nada exceto cuidadosamente atender à meta, concentrando numa imagem talvez do acontecimento desejado. Alguém talvez adicione um passo — sem nenhuma dúvida crucial a muitos — de invocar o auxílio do Transcendente, que, dependendo de um preconceito cultural, seria investido com uma forma ou imagem apropriada. Tradicionalmente, há dois tipos de orações: por meio de petição e contemplativas. Na primeira desejamos algum objeto específico; ajudar a outro, ou obter um favor para si. Aqui, qualquer excesso de esforço egocêntrico seria inútil. No segundo tipo de oração procuramos nos unir com o Transcendente. Há muitos meios concebíveis de conduzir a este tipo de experiência. A coisa principal seria a mudança em meta, a nova orientação à função transcendente de psi. Se de fato for verdadeiro que a função principal de psi é transcendente, então tal caminho também levaria a manifestações aumentadas de psi.

Não seria fácil de verificar os resultados do modo que fazemos nas ciências físicas ou comportamentais. A idéia de verificação numa ciência do espírito obviamente indica algum pensamento. Talvez a “verificação” incluiria uma transformação de atitude e estilo de vida, um padrão de mudanças na qualidade de uma total e completamente individual, completamente irrepetível, vida. Alguém necessitaria os métodos de fenomenologia para registrar tal empreendimento em saber [One would need the methods of phenomenology to record such a venture in knowing].

Pensamento meta-orientado, ou oração, não necessitam serem pensados como um deslocamento do pensar racional na arte de vida; só como um modo complementar. Pode-se alertar alguém próximo sobre acontecimentos, períodos de medida de sessões de pensamento meta-orientado (procedimentos não admitindo nenhuma dúvida de graus de habilidade), tentar imparcialmente observar aumentos de coincidências favoráveis, episódios interiores raros, novas formas de relacionamento, e assim por diante. O tal tipo de experiência iria sem nenhuma dúvida admitir todas as maneiras de ilusão e má observação. Mas não há nenhuma necessidade descartar a priori a possibilidade de acumular dados úteis e aprender sobre os processos de psi — e o que eles talvez encerrem sobre o padrão maior de realidade humana. Os defeitos em rigor e controle seriam compensados pelo aumento em significância. Em minha visão, métodos podiam ser projetados para testar a hipótese de psi transcendente no contexto do que podemos chamar de vida cotidiana experimental. Mas meu objetivo neste artigo é sugerir que a noção de psi transcendente, longe de não ser empírica, talvez abra portas a novas formas de experimentação, formas que as pessoas da vida cotidiana podem utilizar. Pessoas não religiosas talvez sejam capazes de testar tais idéias numa veia experimental sem perturbar, ao menos a princípio, sua visão de mundo científica; as pessoas religiosamente ocupadas podem usar psi transcendente para explorar e refinar ainda mais sua visão de mundo.

Para ganhar reconhecimento, a pesquisa de psi deve provar sua utilidade. Estamos longe de um modelo prático de aplicação de psi tenha sido desenvolvido que pressuponha a aplicação direta de psi a problemas ou tarefas particulares: a descoberta de crime, cura, bolsa de valores, negócio, etc. O método de aplicação prática que eu sugiro é baseado num princípio diferente — algo que opera por vias indiretas. Não focaliza em problemas específicos mas em alterar uma visão de mundo diário e mudando, ou melhor, adicionando um novo modo de pensar, um novo modo de reagir com coisas em extensão. O conceito de psi transcendente oferece um indício para explorar um novo meio de estar no mundo.

1422 River Road
Edgewater New Jersey 07020 U.S.A.


REFERÊNCIAS

Agostino da S. Marco in Lamis. Padre Pio da Pietrelcina: Diario. San Giovanni Rotondo, 1975.

Grosso, M. Padre Pio and the paranormal. The Christian Parapsychologist 1982, V. 4, N.7., pp. 21&-225.

Honorton, C. Psi and internal attention states B. Wolman (Ed). In Handbook of Parapsychology. Van Nostrand: New York, 1977, pp. 435-472.

Myers, F. Human Personality and its Survival of Bodily Death. Longmans: London, 1903. Vol. 2, p. 282.

Rogo, D. S. Miracles. Dial Press: New York, 1982.

Stevenson, I. Telepathic impressions: a review and report of thirty-five cases. ProcASPR, Vol. 29, 1970.

Thurston, H. Physical Phenomena of Mysticism. Regnery: Chicago, 1952.

Ullman, M. Dream, metaphor and psi. RIP 1983, 1984, 138-152.

White, R. Saintly psi: a study of spontaneous ESP in saints, Journal of Religion and Psychical Research,1981, Vol. 4, Nos. 3-4, 157-167.

Publicado no Journal of the Society for Psychical Research, Vol. 53, Nº 799, em fevereiro de 1985.

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