O Realizador Inteligente
Enviado: 03 Fev 2007, 17:35
O Realizador Inteligente
Desde pequena que a Natureza me fascina. Não apenas a natureza “natural”, mas também a natureza humana.
O amor, o desespero, a forma perfeitamente geométrica das pétalas das flores, o tamanho descomunal de algumas árvores, as relações entre o rinoceronte e o pica-bois, a fragilidade duma floresta perante um tornado, a majestosa erupção de um vulcão, a incrível molécula de ADN, são algumas das coisas que, se me sento a pensar nelas, me tiram o fôlego.
A tentação de acreditar num destino, num fio condutor, numa espécie de grande plano, foi muitas vezes forte.
Na Ciência descobri algumas explicações simples para coisas que me pareciam complexas. A pequena luz que então se fazia no meu cérebro iluminava-me por muitas noites (não é extraordinário que pequenas moléculas químicas, das quais nem a mais pequena consciência temos, condicionem de alguma forma as nossas escolhas relacionais? Não é fantástico que um mecanismo tão simples como a osmose permita o controlo das mais variadas funções e sistemas? Não é avassalador pensar que somos o que somos porque os nossos pais nos fizerem exactamente naquele dia, e porque fizemos exactamente o que fizemos, e vivemos exactamente o que vivemos, ou, quem sabe, seríamos substancialmente diferentes?).
Mas tardo em chegar aonde quero…
Além das respostas, estudar Ciência abriu-me os olhos a novos mistérios, novas questões. Ao invés de me sentir Às escuras, também os mistérios (ou as respostas tão complexas que não deixam para mim de ser misteriosas) me iluminam. Iluminam-me porque me demonstram que tudo isto é tão complexo, mas tão complexo, que jamais terei (teremos?) tédio.
Não é pesado o fardo de saber que tudo é passível de resposta?
Contudo, e eis outra das maravilhas, nem sempre me sinto da mesma forma em relação às mesmas coisas.
Por vezes a ideia do supervisionamento dum ser consciente faz um estranho sentido na minha cabeça. Não poderia ser contudo um Designer, ou um Arquitecto. Esta ideia sempre me pareceu ilógica, porque os imprevistos não podem ser previsíveis e o caos não pode ser determinado. O mundo não se assemelha a um jogo de xadrez, as peças não são desprovidas de vontade própria, tão pouco o tabuleiro é estático ou constante.
A única possibilidade seria a da existência de uma espécie de Realizador de Filmes inteligente, uma consciência superior à nossa, de cujo projecto faríamos parte mas cujo projecto era dinâmico e com vida própria. Um projecto sujeito a imprevistos, erros, e englobador de pequenos e infinitos projectos que fugiriam ao controlo do Realizador, que seria talvez superior, mas apenas no sentido de ter uma maior consciência sobre todas as coisas, e que não seria, certamente, omnipotente nem perfeito.
Naturalmente esta hipótese levanta tantas “novas” questões que dificilmente a posso encarar como uma “resposta”… de que seria feito esse ser? Seria uno? Exactamente que coisas estão sob o seu controlo, e que outras coisas ele não seria mais capaz de controlar? Seria a sua intervenção contínua? Ou teria existido apenas nos primórdios?
Teria alguma vez tentado contactar-nos? Qual a sua linguagem?
Enfim…
Nem mesmo o realizador inteligente pode preencher as dúvidas das minhas divagações, pois aceitar um criador, independentemente do seu estilo de criação, levanta o véu à espiral da criação, pois se se aceita que o que existe foi conscientemente criado então o próprio criador não deverá fugir a essa regra…
Desde pequena que a Natureza me fascina. Não apenas a natureza “natural”, mas também a natureza humana.
O amor, o desespero, a forma perfeitamente geométrica das pétalas das flores, o tamanho descomunal de algumas árvores, as relações entre o rinoceronte e o pica-bois, a fragilidade duma floresta perante um tornado, a majestosa erupção de um vulcão, a incrível molécula de ADN, são algumas das coisas que, se me sento a pensar nelas, me tiram o fôlego.
A tentação de acreditar num destino, num fio condutor, numa espécie de grande plano, foi muitas vezes forte.
Na Ciência descobri algumas explicações simples para coisas que me pareciam complexas. A pequena luz que então se fazia no meu cérebro iluminava-me por muitas noites (não é extraordinário que pequenas moléculas químicas, das quais nem a mais pequena consciência temos, condicionem de alguma forma as nossas escolhas relacionais? Não é fantástico que um mecanismo tão simples como a osmose permita o controlo das mais variadas funções e sistemas? Não é avassalador pensar que somos o que somos porque os nossos pais nos fizerem exactamente naquele dia, e porque fizemos exactamente o que fizemos, e vivemos exactamente o que vivemos, ou, quem sabe, seríamos substancialmente diferentes?).
Mas tardo em chegar aonde quero…
Além das respostas, estudar Ciência abriu-me os olhos a novos mistérios, novas questões. Ao invés de me sentir Às escuras, também os mistérios (ou as respostas tão complexas que não deixam para mim de ser misteriosas) me iluminam. Iluminam-me porque me demonstram que tudo isto é tão complexo, mas tão complexo, que jamais terei (teremos?) tédio.
Não é pesado o fardo de saber que tudo é passível de resposta?
Contudo, e eis outra das maravilhas, nem sempre me sinto da mesma forma em relação às mesmas coisas.
Por vezes a ideia do supervisionamento dum ser consciente faz um estranho sentido na minha cabeça. Não poderia ser contudo um Designer, ou um Arquitecto. Esta ideia sempre me pareceu ilógica, porque os imprevistos não podem ser previsíveis e o caos não pode ser determinado. O mundo não se assemelha a um jogo de xadrez, as peças não são desprovidas de vontade própria, tão pouco o tabuleiro é estático ou constante.
A única possibilidade seria a da existência de uma espécie de Realizador de Filmes inteligente, uma consciência superior à nossa, de cujo projecto faríamos parte mas cujo projecto era dinâmico e com vida própria. Um projecto sujeito a imprevistos, erros, e englobador de pequenos e infinitos projectos que fugiriam ao controlo do Realizador, que seria talvez superior, mas apenas no sentido de ter uma maior consciência sobre todas as coisas, e que não seria, certamente, omnipotente nem perfeito.
Naturalmente esta hipótese levanta tantas “novas” questões que dificilmente a posso encarar como uma “resposta”… de que seria feito esse ser? Seria uno? Exactamente que coisas estão sob o seu controlo, e que outras coisas ele não seria mais capaz de controlar? Seria a sua intervenção contínua? Ou teria existido apenas nos primórdios?
Teria alguma vez tentado contactar-nos? Qual a sua linguagem?
Enfim…
Nem mesmo o realizador inteligente pode preencher as dúvidas das minhas divagações, pois aceitar um criador, independentemente do seu estilo de criação, levanta o véu à espiral da criação, pois se se aceita que o que existe foi conscientemente criado então o próprio criador não deverá fugir a essa regra…