Groom of the Stool
Enviado: 06 Fev 2007, 10:40
Por Andrei Winograd
Os primeiros registros do uso higiênico do papel datam do séc. XIV. Nessa época, na China, folhas de papel de cerca de 76 x 114 cm eram feitas para uso do imperador. O primeiro papel higiênico moderno começou a ser vendido, em pacotes com 500 folhas separadas, em 1857, nos EUA. Os rolos surgiram no mercado no fim da década de 1870, nesse mesmo país. Até então, as pessoas se limpavam com tudo que era coisa: lã, folhas, palha, areia, neve, cascas de frutas, espigas de milho e qualquer papel que lhes caísse nas mãos. Um almanaque norte-americano para fazendeiros, do séc. XIX, já vinha com um furo que permitia que ele fosse pendurado, facilitando que se lhe arrancassem as páginas para uso no banheiro. O catálogo da loja de departamentos Sears era uma grande fonte de papel higiênico.
E, é claro, usavam-se as mãos** . Na corte inglesa, uma pessoa era encarregada de limpar – sim, com a mão – o traseiro do rei. O cargo, considerado honorífico, tinha o título de Groom of the Stool (“Atendente das Fezes”). O seu equivalente francês era o Porte-Coton (“Porta-Algodão”), cujo nome sugere condições de trabalho um tantinho menos piores do que na Inglaterra.
A tradição muçulmana diz que a higiene pessoal deve ser feita com água, utilizando-se a mão esquerda. No tempo e no lugar em que essa tradição surgiu, não havia papel higiênico, bidê ou sabonete com perfume de lavanda. A mão direita deve ser usada para praticamente todo o resto das atividades humanas, incluindo cumprimentar as pessoas, comer (tampouco havia talheres) e segurar o Corão. Assim, presume-se que a pena de amputação da mão direita, aplicável, em situações extremas, a ladrões, tenha também um caráter simbólico, por obrigar o criminoso a realizar essas atividades com a mão “impura”.
E, além do óbvio, para o que mais se usa o papel higiênico? Segundo uma pesquisa divulgada por um atacadista norte-americano de material de higiene e limpeza, os principais usos alternativos são, do mais para o menos freqüente: higiene do nariz, limpeza de pequenos derramamentos, remoção de maquiagem e limpeza de espelhos .
* Numa casa onde minha sogra morou na infância, sua avó colocou sobre o vaso sanitário o seguinte aviso: “Empreguemos sempre os meios / De evitar reclamação / Ninguém tem obrigação / De chocar ovos alheios / Terminada a operação / Com resultado patente / Queira puxar a corrente / Com cuidado e discrição”.
** Minha sogra conta, em suas memórias, que nas paredes dos banheiros do colégio de freiras do qual foi interna na infância, havia muitos “1111”, fruto da escassez de papel higiênico. Abstenho-me de maiores explicações, tenho certeza de que você vai entender.
http://en.wikipedia.org/wiki/Groom_of_the_Stool
Os primeiros registros do uso higiênico do papel datam do séc. XIV. Nessa época, na China, folhas de papel de cerca de 76 x 114 cm eram feitas para uso do imperador. O primeiro papel higiênico moderno começou a ser vendido, em pacotes com 500 folhas separadas, em 1857, nos EUA. Os rolos surgiram no mercado no fim da década de 1870, nesse mesmo país. Até então, as pessoas se limpavam com tudo que era coisa: lã, folhas, palha, areia, neve, cascas de frutas, espigas de milho e qualquer papel que lhes caísse nas mãos. Um almanaque norte-americano para fazendeiros, do séc. XIX, já vinha com um furo que permitia que ele fosse pendurado, facilitando que se lhe arrancassem as páginas para uso no banheiro. O catálogo da loja de departamentos Sears era uma grande fonte de papel higiênico.
E, é claro, usavam-se as mãos** . Na corte inglesa, uma pessoa era encarregada de limpar – sim, com a mão – o traseiro do rei. O cargo, considerado honorífico, tinha o título de Groom of the Stool (“Atendente das Fezes”). O seu equivalente francês era o Porte-Coton (“Porta-Algodão”), cujo nome sugere condições de trabalho um tantinho menos piores do que na Inglaterra.
A tradição muçulmana diz que a higiene pessoal deve ser feita com água, utilizando-se a mão esquerda. No tempo e no lugar em que essa tradição surgiu, não havia papel higiênico, bidê ou sabonete com perfume de lavanda. A mão direita deve ser usada para praticamente todo o resto das atividades humanas, incluindo cumprimentar as pessoas, comer (tampouco havia talheres) e segurar o Corão. Assim, presume-se que a pena de amputação da mão direita, aplicável, em situações extremas, a ladrões, tenha também um caráter simbólico, por obrigar o criminoso a realizar essas atividades com a mão “impura”.
E, além do óbvio, para o que mais se usa o papel higiênico? Segundo uma pesquisa divulgada por um atacadista norte-americano de material de higiene e limpeza, os principais usos alternativos são, do mais para o menos freqüente: higiene do nariz, limpeza de pequenos derramamentos, remoção de maquiagem e limpeza de espelhos .
* Numa casa onde minha sogra morou na infância, sua avó colocou sobre o vaso sanitário o seguinte aviso: “Empreguemos sempre os meios / De evitar reclamação / Ninguém tem obrigação / De chocar ovos alheios / Terminada a operação / Com resultado patente / Queira puxar a corrente / Com cuidado e discrição”.
** Minha sogra conta, em suas memórias, que nas paredes dos banheiros do colégio de freiras do qual foi interna na infância, havia muitos “1111”, fruto da escassez de papel higiênico. Abstenho-me de maiores explicações, tenho certeza de que você vai entender.
http://en.wikipedia.org/wiki/Groom_of_the_Stool