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O fim de uma longa farsa

Enviado: 08 Fev 2007, 20:11
por Alter-ego
O fim de uma longa farsa

O ex-chefe da espionagem romena, Ion Mihai Pacepa, confessou recentemente que a onda de acusações ao Papa Pio XII, que começou com a peça de Rolf Hochhuth, O Vigário (1963), e culminou no livro de John Cornwell, O Papa de
Hitler (1999), foi de cabo a rabo uma criação da KGB. A operação foi desencadeada em 1960 por ordem pessoal de Nikita Kruschev. Pacepa foi um de seus participantes diretos. Entre 1960 e 1962 ele enviou a Moscou centenas de documentos sobre Pio XII. Na forma original, os papéis nada continham que pudesse incriminar o Papa. Maquiados pela KGB, fizeram dele um virtual colaborador de Hitler e cúmplice ao menos passivo do Holocausto (leiam a história inteira aqui).

Foi nesses documentos forjados que Hochhuth se baseou para escrever sua peça, a qual acabou por se tornar o maior succès de scandale da história do teatro mundial. O dramaturgo talvez fosse apenas um idiota útil, mas Erwin Piscator, diretor do espetáculo e aliás prefaciador da edição brasileira (Grijalbo, 1965), era um comunista histórico com excelentes relações no
Kremlin e na KGB. Muito provavelmente sabia da falsificação.

Costa-Gavras, o diretor que em 2001 lançou a versão cinematográfica da peça, decerto cabe com Hochhuth na categoria dos idiotas úteis. Mas o mesmo não se pode dizer de John Cornwell, que mentiu um bocado a respeito das fontes da
sua reportagem, dizendo que havia feito extensas investigações na Biblioteca do Vaticano, quando as fichas da instituição não registravam senão umas poucas e breves visitas dele. Cornwell é vigarista consciente. O conteúdo da
sua denúncia já estava desmoralizado desde 2005, graças ao estudo do rabino David G. Dalin, The Myth of Hitler's Pope, publicado pela Regnery, do qual o público brasileiro praticamente nada sabe até agora, pois o livro não foi
traduzido nem mencionado na grande mídia. Com a revelação das fontes, nada sobra de confiável na lenda do "Papa de Hitler", que, no Brasil, graças à omissão da mídia e das casas editoras, tem campo livre para continuar sendo alardeada como verdade pura. Da Grijalbo nada se pode esperar. É radicionalmente pró-comunista e nem sei se ainda existe. Mas a Imago, editora de O Papa de Hitler, parece ser honesta o bastante para reconhecer sua obrigação moral de publicar o livro do rabino Dalin. Noto, de passagem, que eu mesmo, quando li a denúncia de Cornwell, acreditei em tudo e cheguei
a citá-la em artigo. Que Deus me perdoe.

***

Elogiado em San Salvador pela sua fidelidade inflexível ao movimento comunista, homenageado na mesma semana em Davos pela sua conversão ao capitalismo, o presidente Luís Inácio Lula da Silva parece ser o maior enigma ideológico de todos os tempos. Porém ainda mais admirável é a recusa
geral da mídia em notar o paradoxo e pedir explicações ao personagem. O cérebro nacional tornou-se tão lerdo e apático que já aceita sem reagir as informações mais desencontradas, a tudo aquiescendo com indiferença bovina e uma reconfortante sensação de normalidade.

Olavo de Carvalho
Jornal do Brasil, 1o de fevereiro de 2007

Re.: O fim de uma longa farsa

Enviado: 08 Fev 2007, 20:20
por rapha...
Bacana saber que o bom e velho Catholico está de volta.

Aquele Igor cheirava-me a muito esquerdismo.

Re: Re.: O fim de uma longa farsa

Enviado: 08 Fev 2007, 20:24
por Will
rapha... escreveu:Bacana saber que o bom e velho Catholico está de volta.

Aquele Igor cheirava-me a muito esquerdismo.


O que é isso, um caso de dupla personalidade?

Re: O fim de uma longa farsa

Enviado: 08 Fev 2007, 21:12
por zencem
Alter-ego escreveu:

***

Elogiado em San Salvador pela sua fidelidade inflexível ao movimento comunista, homenageado na mesma semana em Davos pela sua conversão ao capitalismo, o presidente Luís Inácio Lula da Silva parece ser o maior enigma ideológico de todos os tempos. Porém ainda mais admirável é a recusa
geral da mídia em notar o paradoxo e pedir explicações ao personagem. O cérebro nacional tornou-se tão lerdo e apático que já aceita sem reagir as informações mais desencontradas, a tudo aquiescendo com indiferença bovina e uma reconfortante sensação de normalidade.

Olavo de Carvalho
Jornal do Brasil, 1o de fevereiro de 2007

Porque pedir explicações ao personagem ?

Todo o mundo sabe que "ele não sabe de nada!!!" :emoticon12:

Se bem que, pela inteligência comunista, ele devesse ser comunista.

Todavia, qual o pai, que vendo o seu lulinha filho tristinho e acabrunhado, terá coragem de lhe oferecer uma serpente e negar-lhe uma caixinha de bombons?


:emoticon12: :emoticon16: :emoticon12:




Re.: O fim de uma longa farsa

Enviado: 08 Fev 2007, 21:16
por Christiano

Re: Re.: O fim de uma longa farsa

Enviado: 08 Fev 2007, 21:28
por Alter-ego
Christiano escreveu:Ele esqueceu de citar a fonte: http://blog.bibliacatolica.com.br/2007/ ... nga-farsa/

Direto da fonte:
http://www.olavodecarvalho.org/semana/070201jb.html

Nem conhecia este blog que você citou aí.

Re.: O fim de uma longa farsa

Enviado: 08 Fev 2007, 21:29
por Alter-ego

Re: Re.: O fim de uma longa farsa

Enviado: 09 Fev 2007, 06:30
por Fernando Silva
Alter-ego escreveu:Mais sobre a história:

http://article.nationalreview.com/?q=YT ... EzYjY4NzI=

Mil versões sobre um mesmo fato.
Esta é apenas mais uma. E a fonte é parcial.

Como aceitá-la passivamente sabendo-se que até o papa João XXIII, por volta de 1960, a ICAR ainda repetia em sua liturgia menções aos "pérfidos judeus" ?

Eu não diria que Pio XII era um monstro. Eu diria que ele ficou dividido entre a pena que sentia pelos judeus sendo mortos e seu preconceito contra eles. Acabou não fazendo tudo o que podia para salvá-los.