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A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 16:36
por o anátema
É comum a ladainha de que apenas criminosos pobres são condenados popularmente, só esses geram revolta e tal; que se fossem mais ricos os criminosos, as pessoas não se revoltariam pela mesma qualidade de crimes.

O irônico é que a realidade é justamente o contrário.

Só se vê defesas de criminosos como o Champinha, e todos esses que tentam ridiculamente "desculpar" atribuindo à desigualdade social ou à pobreza, a causa de seus crimes bárbaros - muitas vezes com requintes de crueldade, como incendiar pessoas vivas, estuprar filhas diante dos pais, brincar de "boneco de judas" com uma criança. E absolutamente não se vê defesas de Suzane Richtoffen e outros criminosos mais ricos. Ou ao menos eu não me lembro.

Alguém se lembra de ter saído em revistas, talvez análogas à Carta Capital, mas "do outro lado", defesa do(s) assassino(s) do índio que morreu queimado? De pitboys arruaceiros, violentos, vendedores de extasy, espancadores de gays e nordestinos? Da Suzane Richtofen? Do cara que matou a avó, empregada e talvez outros familiares com uma espada?

Ou mesmo maior complacência com esses, da opinião pública, supostamente "elitófila", ou mesmo de pessoas mais ricas?

Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 16:42
por Led Zeppelin
Basta lembrar da garota (bonita por sinal) que matou os pais. A Suzi... sou louco pra comer ela de novo.

Re: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 16:43
por Apocaliptica
o anátema escreveu:É comum a ladainha de que apenas criminosos pobres são condenados popularmente, só esses geram revolta e tal; que se fossem mais ricos os criminosos, as pessoas não se revoltariam pela mesma qualidade de crimes.

O irônico é que a realidade é justamente o contrário.

Só se vê defesas de criminosos como o Champinha, e todos esses que tentam ridiculamente "desculpar" atribuindo à desigualdade social ou à pobreza, a causa de seus crimes bárbaros - muitas vezes com requintes de crueldade, como incendiar pessoas vivas, estuprar filhas diante dos pais, brincar de "boneco de judas" com uma criança. E absolutamente não se vê defesas de Suzane Richtoffen e outros criminosos mais ricos. Ou ao menos eu não me lembro.

Alguém se lembra de ter saído em revistas, talvez análogas à Carta Capital, mas "do outro lado", defesa do(s) assassino(s) do índio que morreu queimado? De pitboys arruaceiros, violentos, vendedores de extasy, espancadores de gays e nordestinos? Da Suzane Richtofen? Do cara que matou a avó, empregada e talvez outros familiares com uma espada?

Ou mesmo maior complacência com esses, da opinião pública, supostamente "elitófila", ou mesmo de pessoas mais ricas?


Falácia e paradoxo. A mesma lei que julga e pune é a que julga e absolve ou afrouxa a pena.

Se há excessos de defesa para os que se dizem vítimas da sociedade, há que se perguntar porque os filhinhos de papai cometem tais atrocidades.


Isso é prova de que o capitalismo não tem culpa de nada.

Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 16:50
por Samael
A partir do momento que o sujeito que possuir mais condições financeiras tiver a capacidade de contratar um advogado melhor, a coisa já está desquilibrada.

A solução para isso, é claro, é uma defensoria pública de qualidade.

Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 17:01
por o anátema
Eu não me refiro a de fato pessoas mais ricas terem maiores chances de se safarem, ou mesmo que a pobreza possa levar as pessoas a alguns tipos de crimes; mas à ladainha constantemente repetida das pessoas de alguma forma terem diferentes graus de compaixão e atribuírem diferentes graus de culpa de acordo com a classe social das vítimas e criminosos.

Para refrescar a memória, uma pérola da Mariane Felinto:



Morte da menina rica e o ódio de classe

A morte de uma menina rica, assassinada no município de Embu-Guaçu, Grande São Paulo, em novembro último, supostamente por uma quadrilha que inclui um adolescente de 16 anos, pobre e morador da periferia do Embu, deixou claro, mais uma vez (até a exaustão, vamos lá), que o Brasil tem dois tipos de cidadão: que o valor de cada coisa – de cada pessoa – é seu preço no mercado, como afirma Josep Ramoneda.

Está claro que o rabino H. Sobel, ao pedir a instituição da pena de morte no Brasil, só ousou fazê-lo porque a jovem morta, Liana Friedenbach, pertencia à comunidade judaica de São Paulo. A hipocrisia do rabino é flagrante: está claro que ele defende a pena de morte para brasileiros pobres. No seu delírio, o rabino deve ter achado que aqui é uma espécie de Israel – e que a esmagadora maioria dos brasileiros, da classe pobre, é uma espécie de Palestina a ser eliminada da face da terra! Ora, até que ponto se pode chegar?

Está claro que todo esse rebuliço em torno do assassinato da jovem de 16 anos e de seu namorado, Felipe Caffé, 19, não teria acontecido se a vítima tivesse sido apenas este último, filho da classe média baixa e sem nenhuma “comunidade” forte por trás. Somente por tabela o nome de Felipe foi lembrado em programas de televisão e na tal passeata “contra a violência”, que ocorreu em São Paulo em meados de novembro.

O negócio mesmo era Liana, cujo pai em desespero pôde mover até mesmo helicóptero para ir a seu encalço. E pôde, com apoio da tal comunidade, ter acesso a todo tipo de mídia, do mais rasteiro programa de televisão da apresentadora Hebe Camargo e seus ares de xaveco fascista a entrevistas de página inteira à nata da imprensa que serve à elite.

Por acaso a classe alta saiu às ruas para pedir a pena de morte para outra menina rica paulista, Suzane Richthofen, acusada de planejar o assassinato dos próprios pais, junto com o namorado, em 2002? Por acaso a classe alta pediu pena de morte para o também jovem paulista Jorge Bouchabki, acusado (e depois inocentado) em 1988 do assassinato dos pais, no famoso “crime da rua Cuba”?

O caso de Liana Friedenbach reúne todos os elementos da hipocrisia da elite paulista – esta de nomes estrangeirados, pronta para impor-se, para humilhar e esmagar sob seus pés os espantados “silvas”, “sousas”, “costas” e outros nomezinhos portugueses e “afro-escravos”. O pai da moça, o advogado Ari Friedenbach, empenha-se agora em conseguir mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Disse a um jornal de São Paulo que a fotografia de R.A.A.C., 16 anos, acusado de matar sua filha, deveria aparecer nos jornais. Disse também que é “radicalmente a favor” da redução da maioridade penal e que “nossos legisladores se fazem de surdos quando a população clama por isso”. Que população? A que “população” se refere o senhor Friedenbach? Eu mesma não me incluo nessa “população”! Aposto que os jovens da periferia, seus pais ou a mãe de R.A.A.C. também não se incluem. A “população” a que ele se refere é a própria comunidade dele (ou grande parte dela), a classe rica, concentradora de renda num dos países mais desiguais do mundo – o Brasil onde um rico ganha trinta vezes mais do que um pobre!

Uma pesquisa do IPEA publicada em 2001 mostra a ganância e a concentração de renda perpetradas escandalosamente pela elite brasileira: mostra a razão entre a renda dos 20 por cento mais ricos e a dos 20 por cento mais pobres, ou seja, quanto um rico ganha mais do que um pobre em diversos países do mundo. “Platão dizia que esse número tinha que ser 4, ninguém sabe de onde ele tirou o 4, mas ele dizia que o rico tinha que ganhar quatro vezes mais do que os pobres. Na Holanda, um rico ganha 5,5 vezes mais do que um pobre. No Brasil, ganha 25, 30 vezes mais! Nos Estados Unidos, é 10; no Uruguai, também é 10. Então, vê-se aqui o alto nível de desigualdade e a estabilidade dessa desigualdade.”

Agora vem esse rabino pedir pena de morte no Brasil para crimes hediondos. Nos Estados Unidos, que tem pena de morte, os crimes são cada vez mais “hediondos” – conceito, aliás, sem sentido. O que torna um crime mais “hediondo” que outro? Só se for a classe social da vítima: quando é rica e loirinha, então, o crime é mais hediondo do que se a vítima for um “Pernambuco” qualquer, também de 16 anos, morador do Jardim Ângela ou do Capão Redondo, periferia de São Paulo, morto por outro “Pernambuco” de 16 anos, também sem sobrenome. Todo dia morrem às pencas jovens assassinados por outros jovens nas favelas e aglomerados pobres das periferias das grandes cidades – nem por isso há movimentos pela pena de morte ou pela redução da maioridade penal.

A elite brasileira vive mesmo fora da realidade. Não tem idéia do ódio que a diferença de classe insufla todo dia nas gerações de jovens pobres que povoam o país de ponta a ponta, que vagam pelas matas ou pelo asfalto das ruas sem nenhuma perspectiva. Esse R.A.A.C. mal tinha freqüentado a escola. Ele supostamente disse à polícia que, ao caminhar pela mata com outro acusado do crime, “avistaram o casal (Liana e Felipe), cuja aparência física destoava das pessoas que normalmente freqüentam o local”.

O ódio de classe – quem já conviveu com jovens pobres de favelas e periferias conhece esse sentimento. Tudo destoa, humilhando-os, provocando neles desprezo e raiva: a aparência física, a roupa, a escola, a comida, o carro, o jeito, o hospital, o tratamento policial, o enterro. Ora, a polícia de São Paulo jamais iria se bandear daqui para Pernambuco atrás do outro acusado de matar o casal de namorados (em poucos dias encontraram dentro de um ônibus no sertão pernambucano Paulo César da Silva Marques, 32 anos, vulgo “Pernambuco”) se o jovem morto fosse um pernambucanozinho qualquer sem eira nem beira.

Está clara a hipocrisia. A imprensa não trata da violência que essa desigualdade social imposta diuturnamente aos jovens pobres significa. Não trata desse veneno que a elite brasileira truculenta injeta todo santo dia na veia dos meninos. Jovens como R.A.A.C. sabem que não valem nada no mercado. Eles sabem que não passam de “Pernambucos” condenados ao preconceito de classe, à exclusão total, à humilhação. Eles sabem que nada têm a perder – por isso matam. A vida, para eles, dentro ou fora de uma unidade da Febem ou de uma cadeia não faz muita diferença.

Da apresentadora de televisão que se julga no direito de matar R.A.A. C. (Hebe Camargo) ao pai de Liana que quer ver o rosto do rapaz estampado nos jornais da elite, passando pelas declarações oportunistas do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e sua política de segurança fascista (que propõe “endurecer” o ECA), o alvo de todos eles é o mesmo do rabino da pena de morte: o extermínio puro e simples dos jovens pobres. Para que eles continuem, em última instância, a embolsar todo mês trinta vezes mais que qualquer pai maltrapilho e desempregado da favela.

Eles fazem ouvidos moucos para a mensagem que vem da miséria. O que a “violência” diz hoje no Brasil é que ou seremos todos cidadãos ou ninguém será, ou ninguém viverá a “segurança” almejada pelos ricos. Ou serão todos cidadãos ou ninguém será. As democracias evitam sistematicamente pensar a violência e se limitam a contrapor os bons sentimentos gerais em favor da não-violência, diz Josep Ramoneda. “Se aceitarmos como critério a autonomia do sujeito, o ideal kantiano da emancipação individual, o cidadão é a figura política que corresponde a essa idéia de plenitude da pessoa humana”, afirma o estudioso espanhol. Foi a própria elite brasileira que transformou R.A.A.C. em pessoa-animal. É preciso ser intransigente com essa elite brasileira surda e cega ao ódio de classe que ela insufla. É preciso ser intransigente na defesa dos direitos humanos de R.A.A.C. Direitos humanos, sim, para a pessoa que a elite voraz e devoradora quer transformar em animal a ser caçado a laço e exposto à execração pública e à morte pela justiça popular. Mal sabe ela que R.A.A.C. passava por isso todos os dias – pela execração pública. Mal sabe a elite que exclusão social, tal qual ocorre no Brasil, é igual, sempre foi igual, sinônimo mesmo de “execração pública” e de “pena de morte”.



Marilene Felinto é escritora e jornalista.
marilenefelinto@carosamigos.com.br

http://www.midiaindependente.org/es/red ... 1615.shtml


Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 17:03
por Led Zeppelin
o anátema,

Essa Felinto aí é um aborto.

Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 17:05
por o anátema
Isso é só seu preconceito de classe, tentando humilhá-la com seu nome estrangeiroso, Led Zeppelin.


Nem ser descendente de imigrantes as pessoas podem ser mais. O socialismo nacional cada vez mais com ares de nacional-socialismo.

Re: Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 17:10
por Led Zeppelin
o anátema escreveu:Isso é só seu preconceito de classe, tentando humilhá-la com seu nome estrangeiroso, Led Zeppelin.


Nem ser descendente de imigrantes as pessoas podem ser mais. O socialismo nacional cada vez mais com ares de nacional-socialismo.


:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

Um grande amigo meu, que por sinal é primo do Branco, o Usuário deletado quase apanhou no início do ano passado por ter um carro com som. Dá pena de pessoas medíocres e invejosas, se os pais delas na maioria das vezes foram vagabundos e não tiveram condições de conseguir um bom emprego problema do cara, deveria estudar e procurar fazer com que os filhos dele não passem pelo que ele passa. Mas vagabundo é tudo igual... e essa Felinto aí deve ser casada com traficante e ter filho trombadinha.

Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 17:18
por o anátema
Não acho que o status econômico seja produto direto da vagabundice ou falta dela. Sejam uns apenas mais sortudos que outros, tendo menos apesar de esforço muito menor, ou nenhum, a inveja "destrutiva", e essa auto-piedade de muitos - que vira uma moda nociva, um meme virulento - não se justificam mesmo assim.

Re: Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 17:21
por Led Zeppelin
Usuário deletado escreveu:
Led Zeppelin escreveu:
o anátema escreveu:Isso é só seu preconceito de classe, tentando humilhá-la com seu nome estrangeiroso, Led Zeppelin.


Nem ser descendente de imigrantes as pessoas podem ser mais. O socialismo nacional cada vez mais com ares de nacional-socialismo.


:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

Um grande amigo meu, que por sinal é primo do Branco, o Usuário deletado quase apanhou no início do ano passado por ter um carro com som. Dá pena de pessoas medíocres e invejosas, se os pais delas na maioria das vezes foram vagabundos e não tiveram condições de conseguir um bom emprego problema do cara, deveria estudar e procurar fazer com que os filhos dele não passem pelo que ele passa. Mas vagabundo é tudo igual... e essa Felinto aí deve ser casada com traficante e ter filho trombadinha.


Não sabia que isso tinha acontecido com ele.


Ele foi cercado em frente uma república de estudantes, um amigo nosso que o salvou, ele conhecia um dos meliantes.

Re: Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 17:26
por Led Zeppelin
Usuário deletado escreveu:A sociedade brasileira é complicada. Existem pessoas ricas que acham que todo pobre é bandido ou vagabundo, existem pessoas pobres que acham que todo rico é arrogante e imoral. Enquanto não desenvolvermos nosso sistema educacional de forma adequada o país não crescerá de forma significativa. Um povo desunido e sectarizado em "incluídos e excluídos" não tem como se desenvolver.


Eu não quis dizer que todo pobre é vagabundo, mas que boa parte sim.

Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 17:27
por Ateu Tímido
É fato que quanto mais dinheiro você tem, mais possibilidades terá de se livrar da justiça.
Há quanto tempo o Pimenta Neves matou a namorada? Foi condenado há pouco e ainda recorre em liberdade.
Qual a pena do coronel Ubiratan pelo massacre do Carandiru?
Quanto tempo, em média, ficam presos um rico e um pobre pelo mesmo crime?
Compare o tratamento recebido pelos assassinos do índio em Brasília e por Chapinha e Cia.

Miséria não justifica o crime. Mas a riqueza pode fazê-lo compensar por aqui...

Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 17:29
por Led Zeppelin
Usuário deletado,

Eu sei, mas outro forista poderia ter pensado isso, pois seu post veio logo abaixo do meu. :emoticon13:

Re: Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 17:39
por Apocaliptica
Ateu Tímido escreveu:É fato que quanto mais dinheiro você tem, mais possibilidades terá de se livrar da justiça.
Há quanto tempo o Pimenta Neves matou a namorada? Foi condenado há pouco e ainda recorre em liberdade.
Qual a pena do coronel Ubiratan pelo massacre do Carandiru?
Quanto tempo, em média, ficam presos um rico e um pobre pelo mesmo crime?
Compare o tratamento recebido pelos assassinos do índio em Brasília e por Chapinha e Cia.

Miséria não justifica o crime. Mas a riqueza pode fazê-lo compensar por aqui...


Bandidos e traficantes advindos das classes mais baixas também têm dinheiro suficiente para se defender e conseguir aliciar muita gente, inclusive seus advogados, que dão um jeito de afrouxarem suas penas.

So...

Re: Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 17:43
por o anátema
Ateu Tímido escreveu:É fato que quanto mais dinheiro você tem, mais possibilidades terá de se livrar da justiça.
Há quanto tempo o Pimenta Neves matou a namorada? Foi condenado há pouco e ainda recorre em liberdade.
Qual a pena do coronel Ubiratan pelo massacre do Carandiru?
Quanto tempo, em média, ficam presos um rico e um pobre pelo mesmo crime?
Compare o tratamento recebido pelos assassinos do índio em Brasília e por Chapinha e Cia.

Miséria não justifica o crime. Mas a riqueza pode fazê-lo compensar por aqui...


Como eu disse, não estou me referindo ao que o dinheiro pode fazer pelas pessoas. Não estou dizendo que não dá para pagar melhores advogados, que a justiça é justíssima independentemente da classe e etc.

Mas apenas que as pessoas, de modo geral, ricas e pobres, condenam moralmente tanto Champinha quanto a Richtofen, tanto os assassinos ricos do índio quanto os assassinos pobres que incendiaram um carro com um casal dentro, de propósito.

Tem alguma parcela que realmente acha que tudo que é pobre não presta, e que tudo que é rico não presta; ok.

Mas você não vai ver, exceto talvez dos familiares ou uns poucos malucos, pessoas, além dos advogados, defendendo a Suzane Richtofen, e outros da mesma classe social, da mesma forma que vemos freqüentemente criminosos pobres, por maior que seja a crueldade, sendo defendidos como "vítimas do capitalismo" e do ódio de classes.

Gritam por pena de morte para ela, para o Pimenta Neves, para o Champinha, sem favoritismos de classe.

O que mais vejo, não é o favoritismo de classe, mas a "vitimização" dos bandidos de classes mais baixas, predominantemente.

Pode até ter um ou outro maluco defendendo a inocência ou perdão à bela e pura Suzane Richtofen, ao Pimenta Neves, àquele cara que matou a empregada e a avó com uma espada. Tem de tudo, até a Marilene Felinto, pode até ser que tenha algo parecido no lado oposto do espectro.

Dentro dessa "vitimização" dos criminosos de classes mais baixas talvez até se enquadre a classificação de "massacre" com o caso da contenção da rebelião do Carandiru, mas não estou bem a par de todos os fatos. Os detentos - presos por terem cometido crimes - fazem uma rebelião, armados, jogam botijão de gás nos policiais, e queriam que mandassem sobrevoar um helicóptero que jogasse pétalas de rosas para conter a rebelião? Ou, como vi no Superpop, que entrassem em combate com armamento equiparável, em vez de superior, que é algo injusto? Pelamor dedeus.

Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 17:44
por clara campos
Não obstante a população ser geralmente mais intolerante com bandidos ricos, muitas vezes oferece-se mais resitência À admissão da sua culpa.

Re: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 17:48
por SickBoy
Apocaliptica escreveu:Isso é prova de que o capitalismo não tem culpa de nada.


Isso seria verdade se proporcionalmente pobres cometessem tantos crimes quanto os ricos cometem. inclusive crimes "bárbaros"

Sobre a culpa do capitalismo, ou do "sistema", acho que não se deve prender a somente essas duas opções. Ou a culpa é do sistema, ou os criminosos (e joga-se aqui todos os tipos de criminosos) são inerentemente maus. Eu atribuo sim uma parte da culpa ao meio. mas não defendo impunidade(óbvio que estimularia ainda mais a criminalidade). Discute-se criminalidade e fala-se tanto em maioridade penal, pena de morte e etc, eu simplesmente penso que inclusão social tem 10 vezes mais eficácia do que tudo isso. Digo isso claro generalizando, sociopatas continuariam existindo.


Quanto a afirmação de que crimes cometidos por ricos geram menos revolta que os os cometidos por pobres, Isso é facilmente contestado ao se verificar crimes envolvendo pessoas ricas que além de gerar revolta, tiveram um grande destaque na mídia, e levaram a debates calorosos, cada um com uma tônica particular. No caso dos jovens que atearam fogo no índio, a discussão gerava em torno da insensibilidade dos jovens, e de não considerarem um mendigo como um igual. No caso da suzanne, a própria natureza humana violenta. Champinha, e no caso o menino arrastado, giram em torno de segurança pública. redução da maioridade penal e etc.

eu particularmente entendo que alguns crimes que deveriam ser considerados iguais chocam mais a uma parte da sociedade (que se sente ameaçada) do que outros. crimes barbaros ocorridos entre pessoas de baixa renda são considerados "comuns".

Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 17:50
por Apocaliptica
o anátema,

O que mais vejo, não é o favoritismo de classe, mas a "vitimização" dos bandidos de classes mais baixas, predominantemente.


Em suma , objetivamente, é isso que você quer dizer?

Re: Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 17:57
por o anátema
clara campos escreveu:Não obstante a população ser geralmente mais intolerante com bandidos ricos, muitas vezes oferece-se mais resitência À admissão da sua culpa.


Ao mesmo tempo em que concordo que até há isso - mais intolerância com bandidos ricos, talvez até por não terem a "desculpa" da pobreza - também se apressam em culpá-los ao menos em alguns casos, de forma que "não sei" quanto a segunda afirmação. Por aqui, houveram dois casos recentes: um de um ou dois assassinatos ocorridos durante um assalto a uma casa, em que o assaltante conseguiu fugir, e o filho foi momentaneamente considerado suspeito por não ter sido morto. Me parece que ele não pode ir ao enterro ou velório dos pais, e a casa foi toda pixada com "assassino" e coisas do tipo. Pouco mais tarde encontraram o verdadeiro assassino.

O outro caso é de um múltiplo atropelamento, com uma morte de uma estudante, e alguns feridos, que uns supõem ter tido tido intenção de assassinato. A motorista quereria matar o marido que a chifrava, e estaria na lanchonete com a amante. Mas a versão da defesa foi um erro de direção, e que o marido estava com ela no carro. Não sei, mas acho que ninguém foi provado culpado ainda.

No entanto esse mesmo último caso foi utilizado há pouco como exemplo de como as pessoas condenariam mais os pobres que os ricos, por não haver clamor pela pena de morte nesse caso, que seria mais cruel que aquele outro em que os bandidos arrastaram de carro uma criança até a morte.

Re: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 17:59
por Apocaliptica
SickBoy escreveu:
Apocaliptica escreveu:Isso é prova de que o capitalismo não tem culpa de nada.


Isso seria verdade se proporcionalmente pobres cometessem tantos crimes quanto os ricos cometem. inclusive crimes "bárbaros"

Sobre a culpa do capitalismo, ou do "sistema", acho que não se deve prender a somente essas duas opções. Ou a culpa é do sistema, ou os criminosos (e joga-se aqui todos os tipos de criminosos) são inerentemente maus. Eu atribuo sim uma parte da culpa ao meio. mas não defendo impunidade(óbvio que estimularia ainda mais a criminalidade). Discute-se criminalidade e fala-se tanto em maioridade penal, pena de morte e etc, eu simplesmente penso que inclusão social tem 10 vezes mais eficácia do que tudo isso. Digo isso claro generalizando, sociopatas continuariam existindo.


Quanto a afirmação de que crimes cometidos por ricos geram menos revolta que os os cometidos por pobres, Isso é facilmente contestado ao se verificar crimes envolvendo pessoas ricas que além de gerar revolta, tiveram um grande destaque na mídia, e levaram a debates calorosos, cada um com uma tônica particular. No caso dos jovens que atearam fogo no índio, a discussão gerava em torno da insensibilidade dos jovens, e de não considerarem um mendigo como um igual. No caso da suzanne, a própria natureza humana violenta. Champinha, e no caso o menino arrastado, giram em torno de segurança pública. redução da maioridade penal e etc.

eu particularmente entendo que alguns crimes que deveriam ser considerados iguais chocam mais a uma parte da sociedade (que se sente ameaçada) do que outros. crimes barbaros ocorridos entre pessoas de baixa renda são considerados "comuns".


Eu creio que ambos tipos de crimes chocam e em meio á revolta e a dor, tentamos encontrar justificativas para todos eles ( não querendo dizer com isso que concordemos com os motivos). Mas temos a necessidade de tentar entender coisas que abalam a estrutura da sociedade,e como você disse, causam medo, porque num Estado incompetente m não sabemos como nos defender e muito menos quem será a próxima vítima.

Re: Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 18:05
por o anátema
Apocaliptica escreveu:o anátema,

O que mais vejo, não é o favoritismo de classe, mas a "vitimização" dos bandidos de classes mais baixas, predominantemente.


Em suma , objetivamente, é isso que você quer dizer?


Seria isso.... nossa, estou andando tão ruim de articulação verbal assim hoje é?

Com novamente a ressalva de que me refiro à opinião popular, não aos resultados judiciais. Não acho que deve ter na Veja ou outra revista de direita, algo análogo a esse texto da Felinto, defendendo a Richtofen por algum motivo que acho difícil de imaginar qual poderia ser, dizendo talvez que as pessoas são injustamente condenadas por serem ricas. E as pessoas ficaram tão ou mais revoltadas com o crime dela do que com esse aí. E ao mesmo tempo, praticamente saem livres de comentários o namorado e o irmão, que suponho serem menos ricos que ela, em vez da culpa/condenação popular recair praticamente totalmente sobre eles, como seria "previsível" dessa argumentação de que todos puxam o saco dos mais ricos.

Mas o problema é que uns diriam, se concordassem com a condenação popular dela, que foi só porque os pais dela eram mais ricos que ela mesma, talvez.

Re: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 18:18
por o anátema
SickBoy escreveu:eu particularmente entendo que alguns crimes que deveriam ser considerados iguais chocam mais a uma parte da sociedade (que se sente ameaçada) do que outros. crimes barbaros ocorridos entre pessoas de baixa renda são considerados "comuns".


Também acho que se há algo que poderia ser parecido com indiferença para com pessoas mais pobres, seria isso.

É natural que as pessoas tenham algum grau de empatia diferencial na medida em que puderem se sentir um pouco mais "na pele" das vítimas.

Eu não me acho melhor, superior, que qualquer um que morra numa guerra ou pisando numa mina no Ferradistão; mas isso não me choca tanto quanto eu ouvir falar de algum crime grave ocorrido aqui na minha vizinhança, que poderia ter sido comigo ou com alguém que eu conheça.

O que é diferente de pensar coisas como:

"ah, foi com um pobre mesmo, que se dane"

"Mas o quê? Fizeram isso com uma pessoa tão rica? Como pode uma coisa dessas... meu Zeus..... ele tinha tanto dinheiro... agora não poderá gastar mais nem um centavo.... pobrezinho.... como estáo as coisas..."

"sabe da última? Minha prima foi estuprada e morta... cê precisava ver a Ferrari dos caras.... demais...."

Re: Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 18:25
por Apocaliptica
o anátema escreveu:
Apocaliptica escreveu:o anátema,

O que mais vejo, não é o favoritismo de classe, mas a "vitimização" dos bandidos de classes mais baixas, predominantemente.


Em suma , objetivamente, é isso que você quer dizer?


Seria isso.... nossa, estou andando tão ruim de articulação verbal assim hoje é?


Não esquenta...eu que estou com déficit de atenção mesmo. :emoticon4:



Com novamente a ressalva de que me refiro à opinião popular, não aos resultados judiciais. Não acho que deve ter na Veja ou outra revista de direita, algo análogo a esse texto da Felinto, defendendo a Richtofen por algum motivo que acho difícil de imaginar qual poderia ser, dizendo talvez que as pessoas são injustamente condenadas por serem ricas. E as pessoas ficaram tão ou mais revoltadas com o crime dela do que com esse aí. E ao mesmo tempo, praticamente saem livres de comentários o namorado e o irmão, que suponho serem menos ricos que ela, em vez da culpa/condenação popular recair praticamente totalmente sobre eles, como seria "previsível" dessa argumentação de que todos puxam o saco dos mais ricos.

Mas o problema é que uns diriam, se concordassem com a condenação popular dela, que foi só porque os pais dela eram mais ricos que ela mesma, talvez.


Então acho que a condenação popular também é sectária.

Re: Re.: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 18:28
por Apocaliptica
Usuário deletado escreveu:O capitalismo não tem culpa. Uma analogia bem bobinha explica isso: Uma faca é usada para cortar alimentos, uma pessoa pega essa ferramenta de trabalho e mata outra pessoa.

A faca em si não é culpada, ela é apenas uma ferramenta criada para que o trabalho de cortar alimentos seja efetuado com mais eficiência, o culpado é aquele que pegou a ferramenta e a usou de forma inadequada.

O capitalismo não é culpado pelos crimes violentos, ele é apenas um sistema criado para que o ser humano viva de forma mais dinâmica e saudável, o culpado pelos crimes de "cunho social" é o governante que pegou o sistema e o utilizou de forma inadequada.


Concordo plenamente.

Re: A falácia da empatia com criminosos ricos

Enviado: 17 Fev 2007, 19:08
por SickBoy
o anátema escreveu:O que é diferente de pensar coisas como:

"ah, foi com um pobre mesmo, que se dane"


"Mas o quê? Fizeram isso com uma pessoa tão rica? Como pode uma coisa dessas... meu Zeus..... ele tinha tanto dinheiro... agora não poderá gastar mais nem um centavo.... pobrezinho.... como estáo as coisas..."

"sabe da última? Minha prima foi estuprada e morta... cê precisava ver a Ferrari dos caras.... demais...."



na verdade acontece assim:

"morreu é? quem era? ihh.. da favela do queijo? tsc.. pode apostar que não era flor que se cheire, é menos um bandido no mundo. se matam entre eles"