Em que acreditar, se não for em Deus?

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spink
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Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por spink »

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22/02/2007
Em que acreditar, se não for em Deus?

Johannes Saltzwedel

Em que exatamente os não-crentes acreditam? Apesar de todos os atrativos espirituais tentadores que o nosso mundo oferece, muitos são os céticos cultos e esclarecidos que ainda insistem em praticar uma moralidade leiga, humanista. Mas está ficando cada vez mais difícil resistir a essa isca: até os mais pios dentre os católicos estão começando a sonhar com a reencarnarão.

O lendário cineasta espanhol Luis Buñuel (1900-1983) fantasiou sobre o ato de abandonar o seu corpo terrestre num derradeiro esforço:

Peço a todos aqueles velhos amigos que, assim como eu, são ateus até o último fio de cabelo para virem me visitar. Tomados pela tristeza, eles se reúnem em volta da minha cama. Então, o padre que eu convoquei aparece. Os meus amigos ficam assistindo à cena com horror, enquanto me confesso, peço perdão por todos os meus pecados, e recebo os últimos sacramentos. Então, eu me volto para a parede - e morro.

Essa última brincadeira apenas sublinha o quão seriamente este esquerdista anarquista considerava os rituais cristãos; para Buñuel, a charada que consistia em ver a luz da verdade quando no seu leito de morte representava o tiro supremo de ruptura.

Um quarto de século mais tarde, o desejo frenético de vingança em relação a tudo aquilo que emita um forte cheiro de religião não desapareceu nem um pouco. Com o falecimento do marxismo, a constante crítica materialista da Igreja e da religião - uma profissão de fé no antigo bloco dos países comunistas que gozava de forte repercussão nos círculos intelectuais ocidentais - também conheceu uma morte humilde.

O slogan de Marx - "A religião é o ópio do povo" - costumava ser praticamente estampado na testa de todo e qualquer intelectual. Já, os dias de hoje estão mais para a reflexão e a indiferença: de fato, por que sondar as profundezas de problemas perenes quando ninguém de modo algum dispõe de respostas consistentes? Qual é o sentido da tímida pergunta de Gretchen a Fausto - o que você pensa da religião? - se nada estiver questionando ou ameaçando seus rituais e suas cerimônias, e se até mesmo os casamentos e os funerais puderem ser realizados sem qualquer ajuda dos servidores terrestres do Bom Senhor?

As forças super-naturais podem existir

Ainda assim, pelo menos na Alemanha, os ateus ensandecidos têm uma boa razão para comemorar: Um em cada três cidadãos deixou de ser registrado oficialmente como cristão. Apenas um em cada quatro alemães orientais acredita que o Cristo foi realmente crucificado. Apenas dois terços das pessoas registradas como católicas dizem acreditar em Deus - e apenas um em cada dois protestantes declara crer em sua existência. Por fim, quando pressionadas a admitir a sua opinião, 11% das pessoas registradas oficialmente como protestantes reconhecem ser atéias de carteirinha.

"A Igreja é só uma opção, hoje em dia, nada mais", comenta o sociólogo especializado em religião Klaus-Peter Jörns, que andou compilando essas estatísticas nos últimos anos. Segundo um estudo coordenado pela Shell, hoje um em cada cinco jovens pertence a uma categoria que Jörns chama de "crentes na transcendência": eles admitem que forças super-naturais podem existir, mas não querem aplicar nelas o nome de "deus" - e menos ainda pôr fé em conceitos tais como a epifania, o pecado e a salvação.

Simultaneamente, um número crescente de adultos que foram criados no contexto da cultura cristã espera ser reencarnado. Mais de um quarto de todos os católicos suíços praticantes afirmam ter um grande interesse nas idéias budistas sobre o assunto. Heiner Barz, um professor de ciência educacional da Universidade de Düsseldorf, identificou a "substituição da doutrina da ressurreição por aquela da reencarnação" como uma tendência religiosa chave na Europa contemporânea - ainda que com a ressalva de que ela não comporta "a doutrina do carma que lhe é associada na esfera cultural oriental", nem o seu sistema de cômputo pessoal.


Nem mesmo os mais ferrenhos detratores históricos da religião poderiam ter imaginado que os seus protestos produziriam resultados tão confusos e diversificados: os arautos da Razão tais como Immanuel Kant (1724-1804), para quem a procura por evidências da existência de Deus era um exercício fútil; os reformadores sociais irrealistas que pretendiam substituir toda e qualquer religião por um culto abstrato da virtude; e os materialistas incondicionais que - desde a Revolução francesa - vêm torcendo pelo fim de toda essa "infantilidade", tal como Christoph Türcke, um filósofo de Leipzig, chegou a qualificar certa vez a religião.

"Filosofia da revelação"

Mas o movimento Romântico já havia manifestado suas dúvidas em relação ao fato de desqualificar Deus sem qualquer cerimônia. Uma após a outra, as mentes as mais brilhantes da época voltaram a prestigiar o catolicismo, por volta de 1800. A religião também conheceu um reflorescimento similar entre os protestantes: Friedrich Schleiermacher (1768-1834), um dublê de filósofo e pregador bastante popular em Berlim, referiu-se à fé como uma "percepção e um gosto pelo infinito" e uma "província independente no interior da alma", acima do domínio das palavras. Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling (1775-1854), o mais audacioso dentre os seguidores de Kant, de fato postulou uma "filosofia da revelação" durante os anos 1840.

Aquilo, é claro, não passava de uma tentativa barata de imitar o reacionário rei protestante da Prússia, Frederico Guilherme 4º. Intelectualmente falando, os cientistas da natureza e os pensadores radicais haviam reforçado as dúvidas a respeito da fé. Um poder mais elevado? "Eu não tinha necessidade alguma desta hipótese, Sire", teria dito a Napoleão o matemático e físico Pierre-Simon Laplace (1749-1827). Por sua vez, o filósofo esquerdista hegeliano Ludwig Andréas Feuerbach (1804-1872) rotulou Deus como uma "criação inegável e beata" do coração humano, no melhor dos casos um produto do "wishful thinking" - o pensamento do desejável. Com o conceito do "ópio", Karl Marx (1818-1883) cristalizou a crítica religiosa num grito de guerra.

Certos victorianos mais sérios tais como o britânico Matthew Arnold
(1822-1888) reconheceram que a fé oferece pouco mais do que "uma moralidade tocada pela emoção". O seu contemporâneo americano, o pio intelectual Ralph Waldo Emerson (1803-1882), enxergava a si mesmo como passando por um "momento de transição", no qual "as formas antigas ficam embaralhadas, enquanto as novas demoram a aparecer". E enquanto o francês Auguste Comte (1798-1857), um defensor da ciência, estava sonhando com um culto dos fatos equipado com o seu próprio departamento de moralidade, o filho de um pastor que certificaria em última instância o óbito de Deus em 1882 ("Deus morreu"), ainda era um colegial em Naumburg: Friedrich Nietzsche (1844-1900).

O tambor retórico que Nietzsche utilizou para bater contra a "neurose religiosa" em suas tentativas para desaboná-la como sendo uma ilusão e fruto da hipocrisia teve forte repercussão no século 20. Desde então, poetas e filósofos (inclusive o próprio Nietzsche) têm reagido com sentimentos que vão desde a melancolia até o horror quando confrontados ao vazio escancarado que cerca o nome de Deus. Um após o outro, os pesquisadores foram aumentando as fileiras dos que apóiam o veredicto visionário de Nietzsche. Sociólogos tais como Émile Durkheim e Max Weber desmistificaram o dogma religioso, chamando-o de uma espécie de adesivo moral. Os psicólogos, por sua vez, de William James a Sigmund Freud, dissecaram o conceito de Deus e, após terem exposto as suas entranhas, nele enxergaram o refúgio para um bem-estar de si mesmo, uma sensação de estar em harmonia com o mundo - ou uma busca infantil visando a recriar o próprio pai.

Construções auto-geradas

Os teólogos estiveram em apuros para contrariar a sóbria descrição feita pelo sociólogo Georg Simmel do sentimento religioso como sendo uma "mistura estranha de devoção abnegada com desejo eudemônico, de humildade e alegria". No mesmo momento, operários em processo de ruptura cantavam orgulhosamente a versão alemã da "Internacional": "Não existe nenhum salvador supremo, nenhum Deus, nenhum imperador, nenhum defensor do povo. / Se nós quisermos escapar da nossa miséria, precisamos liberar a nossa própria comuna!"

Ainda assim, as estratégias materialistas tampouco ofereceram qualquer solução - conforme demonstraram as muitas tentativas no início do século 20 de compensar o desaparecimento de um significado garantido da vida por meio de construções filosóficas auto-geradas. A vida humana é "essencialmente uma fronteira, um limite na natureza", proclamou Simmel em 1918. Mais tarde, filósofos existencialistas tais como Martin Heidegger (1889-1976) encararam o desafio da "justificativa suprema".

Em 1940, a religião permanecia uma questão de consciência para os contemporâneos cultos de Heidegger. Ao definir a fé como uma "realidade psíquica", o psicólogo Carl Gustav Jung (1875-1961) provocou um debate acalorado. Hoje, no momento em que a erosão de todos os campos religiosos está deixando até mesmo os agnósticos desalentados, o "sentimento de absoluta dependência (tal como Schleiermacher no passado descrevera os laços religiosos) representa apenas uma das muitas opções que oferecem um significado para a vida de muitos europeus ocidentais".

"O que é uma boa religião?" Há duas décadas apenas, esta pergunta teria soado blasfematória ou provocadora. Mas quando o diário "Neue Zürcher Zeitung" a fez recentemente, apenas dois autores manifestaram suas dúvidas sobre o fato de comparar as religiões da mesma forma que são comparados "suplementos dietéticos" ou "programas de qualidade de vida". De modo bastante revelador, esses dois eram o cientista religioso indiano Chakravarthi Ram-Prasad e o sociólogo alemão Gerhard Schulze. Os outros contribuintes arriscaram fazer flutuar jangadas de ideais sonhadores que iam desde o "desenvolvimento da personalidade" aos conceitos de "maturidade e liberdade", "sabedoria" e "autoconhecimento", até "a capacidade de criticar e pensar".

Hoje, vale quase tudo

Obviamente, tais ideais racionais - valores que o filósofo Hans Jonas chama de "experiência de autocrescimento e de autotranscendência" - podem sobreviver sem Alá, Buda, Confúcio ou Cristo. Em vez de se atormentarem com preces e mandamentos, os soporíferos habitantes do Primeiro Mundo preferem se divertir com piadas pós-nietzscheanas escritas pelo falecido autor de ficção científica Douglas Adams, que atribui os best-sellers "Onde Deus Errou", "Mais Alguns dos Maiores Erros de Deus" e "Quem é Esse Tal de Deus, Afinal"? a um mestre pensador chamado Oolon Colluphid.

Mas, muito além da questão fundamental, hoje vale praticamente tudo. A salvação, a imersão, o êxtase, ou ainda, regras de vida acondicionadas em embrulhos multicoloridos contam entre as marcas as mais insípidas que estão à venda no grande bazar espiritual, o qual Heiner Barz chama de mercado de pulgas da "colcha de retalhos da religiosidade". Esse supermercado para a alma oferece ervas curativas provenientes da "divina farmácia" da mística Hildegard von Bingen e tendas de suor de xamã, sem esquecer diversas ferramentas psíquicas, pedras preciosas dotadas de poderes misteriosos, anjos da guarda, o Feng Shui e o Tantra.

Fenômenos super-naturais inócuos, que não induzem o medo de Deus nas pessoas, têm provado ser os mais populares. Qualquer um que há muito deixou de acreditar no coelho da Páscoa - ou na Páscoa em si, neste caso - poderia encontrar uma realização na meditação ou num golpe de solstício de verão. Em todo caso, o tempo de Deus, assim como a "absoluta manifestação do comando causal", conforme descrita por Georg Simmel, está basicamente em alta. Até mesmo a cristandade está obrigada a entrar de penetra neste mercado, pela porta dos fundos - por intermédio do turismo, por exemplo: "As operadoras da cena esotérica", explica Heiner Barz, "começaram a oferecer visitas de lugares sagrados tradicionais cristãos como experiências 'super-enriquecedoras' que concentram uma energia espiritual especial".

Até mesmo os especialistas encontram dificuldades em se manter atualizados diante da multidão de sonhos de outros mundos, imagens humanas e quebras-cabeças existenciais vendidos como amenos artefatos religiosos para consumo popular. O especialista em educação religiosa Georg Hilger descobriu que os jovens de hoje são capazes de enxergar praticamente tudo em suas vidas como "sagrado" - os seus pais e amigos, Deus e a Igreja, as suas motos, seus hamsters, seus quartos de dormir e até mesmo o seu tempo livre. Praticamente um em cada quatro adolescentes alemães acredita em espíritos benevolentes ou em astrologia. E praticamente metade deles acredita em predestinação. Nem mesmo os adultos são imunes a essa febre "para-religiosa".

Críticos da Igreja e da fé

"O nosso mundo moderno é bem menos culto e esclarecido do que nós pensamos", diz Hartmut Böhme. Este cientista cultural que vive em Berlim avalia que existem evidências palpáveis de "fetichismo" no ideário europeu moderno. Mas há também um aspecto positivo no que diz respeito a essa profusão de cultos e crenças mais ou menos esclarecidos: são pouquíssimos os crentes não-ortodoxos que irão derramar sangue em seus esforços para difundir o seu credo.

Na França, onde os críticos da Igreja e da fé gostam de praticar acrobacias lingüísticas quando se trata de difundir sua mensagem, ateus tais como Luc Ferry ("O Homem Deus") e Michel Onfray ("Nós Não Precisamos de um Deus") hoje como ontem ainda se mostram capazes de fomentar um debate a qualquer momento sobre a questão. Por sua vez, heréticos combativos alemães tais como Gerhard Rampp ou o idoso historiador cultural Karlheinz Deschner ("História Criminal do Cristianismo") costumam despertar pouco mais do que sorrisos condescendentes.

É de modo compreensível que os grupos organizados de não-crentes demonstram ter pouco zelo em seu proselitismo. Os nomes das suas associações podem soar até mesmo combativos - "Associação Alemã de Livres Pensadores", "Associação dos Humanistas Alemães", "Federação de Organizações de Opiniões Livres sobre o Mundo" ou "Federação Internacional dos Membros da Não-Denominação e dos Ateus". Mas quem investigar um pouco o que há por trás dessas denominações criativas, nada encontrará a não ser uma crítica amena das Igrejas instituídas, uma surrada moralidade de consenso, além de ofertas de assistência para quem estiver interessado em organizar casamentos ou funerais sem sacerdote.

Tais grupos, que o especialista berlinense Andreas Fincke designa cuidadosamente como "não-denominativos", sempre relutam a participar de polêmicas sobre assuntos existenciais. Eles preferem debater em torno das questões éticas da atualidade: o meio-ambiente, a manutenção da paz, a igualdade sexual, a eutanásia e a engenharia genética. Mas será que grupos como esses, voltados para interesses específicos, são realmente necessários para discutir essas questões? Não seria um aspecto mais característico do laicismo moderno o fato de que as questões mais sensíveis - por exemplo, a vida depois da morte e o significado da vida - permaneçam arquivadas nos recônditos os mais profundos e íntimos da nossa existência?

No mundo ocidental, esta atitude tornou-se de tal forma dominante que o ato de escolher uma religião pode vir a ser o caminho o mais difícil, conforme descobriu o filósofo cultural canadense Charles Taylor. Para ele, este constitui um desdobramento dos mais extraordinários na história do pensamento, assim como uma realização realmente admirável. Ainda assim, há uma quantidade considerável de perguntas que permanecem em suspenso: neste "eclipse de Deus" que nós estamos vivendo - algo próximo de uma grande anomalia na história do mundo - onde será que poderíamos ancorar nossos valores e nossa inspiração? Como poderíamos justificar um "amor pela raça humana"? Como conseguirmos chegar uma conclusão em relação à questão cruelmente sem graça da "busca de um significado"?

Não estaria faltando alguma coisa?

Encontrar esse significado não seria possível com a "ética pós-moderna" bastante rala em termos de princípios que o sociólogo Zygmunt Bauman certa vez propagou numa avalanche de palavras que contrastava com a sua carência de resultados. Nem se dedicando a uma imersão num universo orientado pela mídia - e os eventos - que oferece pontos altos instantâneos sobre tudo, do futebol à música pop. Quando a noção de pecado envolve principalmente farras de calorias; quando a confissão - se é que ela chega mesmo a acontecer - se dá durante a consulta do profissional que oferece orientação sobre o casamento, e quando a fé passa a ser do domínio exclusivo de egos competentes e bem-sucedidos ávidos em obter lucros de um mercado de possibilidades existenciais - não estaria faltando alguma coisa? E se estiver faltando, o que será?

De maneira bastante sugestiva, Georg Simmel descreveu Deus como o "lugar transcendental da energia de grupo": uma aspiração por uma comunhão espiritual com si mesmo e com outros que nem mesmo aqueles que se afastaram dos ritos e dos rituais da fé podem abandonar definitivamente. "Eu estou cercando Deus constantemente, à espreita na torre secular", escreveu o poeta Rainer Maria Rilke em 1899. Cerca de 100 anos mais tarde, o sociólogo Niklas Luhmann descreveu as questões de vida imponderáveis, remanescentes em termos mais prosaicos: "O paradoxo do sagrado é simultaneamente o fim e o começo da análise".

Até mesmo o teórico do discurso Jürgen Habermas - o antigo arqui-rival de Luhmann - concordaria com ele neste ponto. Um líder entre os pensadores na Alemanha desde os dias que precederam a reunificação, Habermas, aos 77 anos, ainda desponta como um legítimo intelectual ocidental quando se trata de religião, um campo no qual ele rejeita toda simplificação especiosa. Habermas considera a si mesmo como uma pessoa "religiosamente não-musical", assim como o grande Max Weber afirmava ser. Contudo, ele convidou recentemente os seus compatriotas a se manterem em sintonia com "o expressivo poder das linguagens religiosas".

O dirigente da Igreja Luterana na Alemanha, o bispo Wolfgang Huber, de Berlim, disse que Habermas havia "anunciado uma era pós-secular". Anunciado? Mais provavelmente, este apelo a respeitar todas as confissões representou uma maneira de apaziguar as tensões crescentes entre as congregações eclesiásticas sem precisar revelar a sua própria posição.

Foi esta mesma forma de liberalismo civil - "todas as religiões são iguais e boas" - que o jovem rei Frederico 2º da Prússia abraçou em 1740. A imponente magnanimidade, resumida na frase "deixar que cada um viva a vida que escolheu" é um eco da antiguidade. Na Roma imperial, por exemplo, todos os tipos de deuses eram venerados: desde o oficial Júpiter e da deusa da Lua egípcia Isis até o misterioso toureiro e salvador, Mitras. Segundo relatos, o imperador Alexandre Severo, que reinou de 222 a 235, se recolhia todo dia de manhã para orações diante de imagens do Cristo, de Abraão e Orfeu - numa capela repleta de imagens de divindades.

Será uma ousadia esperar que o nosso mundo, com todas as suas turbulências religiosas, possa se inspirar num multiculturalismo tão tolerante e liberal? Ou será que os fanáticos irão surgir de todas as arquiteturas religiosas e correr em todas as direções para exterminar o pluralismo esclarecido, o qual é um avanço ocidental que surgiu há menos de 300 anos? O mais provável é que os céticos religiosos respeitosos e esclarecidos ainda terão de carregar o fardo das suas dúvidas - assim como o conhecido historiador da arte de Basel, Jacob Burckhardt, que perdeu a sua fé cristã muito cedo durante a sua vida, mas chegou à seguinte conclusão: "Podemos até mesmo ser heréticos, mas estamos decididos a permanecer honestos".

Tradução: Jean-Yves de Neufville
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

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Jeanioz
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Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por Jeanioz »

Lógico, somente os crentes estão certos!!!

Certos até mesmo no fato de pensarem que os católicos não acreditam em Deus... :emoticon19:

Em que acreditar, se não for em Deus?


Mas está ficando cada vez mais difícil resistir a essa isca: até os mais pios dentre os católicos estão começando a sonhar com a reencarnarão.


:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:
"Uma sociedade sem religião é como um navio sem bússola."
Napoleão Bonaparte


"Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas."
Napoleão Bonaparte

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docdeoz
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Mensagem por docdeoz »

Companheiros,

Um pai, preocupado com a educação do filho, fez o seguinte teste: colocou numa sala um copo de cerveja, um revólver e uma Bíblia.

Se tomasse a cerveja, seria um bêbado festeiro, o revólver um ladrão e a Bíblia um religioso.

O filho entrou, bebeu a cerveja, pôs o revólver no bolso e saiu com a Bíblia debaixo do braço... :emoticon12:
(HNT) ויאמר אלי אחד מן־הזקנים אל־תבכה הנה נצח האריה אשר הוא משבט Rev 5:5
http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?t=13986
http://rv.cnt.br/viewtopic.php?t=14653

Apocaliptica

Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por Apocaliptica »

Blablabla

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evoluindo
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Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por evoluindo »

O Ateísmo é a única opção racional!
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"...Transformam o País inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro..."
Cazuza

Apocaliptica

Re: Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por Apocaliptica »

evoluindo escreveu:O Ateísmo é a única opção racional!


Não é bem assim. O agnosticismo e o niilismo também.
Mas a decepção pela descoberta de que as provas materiais não existem e que a existência não têm respostas, muito menos acerca de um criador, trazem uma bagagem emocional enorme.

É racional apenas no nível das idéias e da exigência por evidência científica.

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evoluindo
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Re: Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por evoluindo »

Apocaliptica escreveu:
evoluindo escreveu:O Ateísmo é a única opção racional!


Não é bem assim. O agnosticismo e o niilismo também.
Mas a decepção pela descoberta de que as provas materiais não existem e que a existência não têm respostas, muito menos acerca de um criador, trazem uma bagagem emocional enorme.

É racional apenas no nível das idéias e da exigência por evidência científica.


Cara crente,nunca ninguém descobriu ou provou NADA sobrenatural ou supernatural.Em contra partida o naturalismo cético tem se tornado muito efeciente,obrigado.
Colocar um Deus tornaria a coisa mais complicada, logo é mais racional o ateísmo.
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"...Transformam o País inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro..."
Cazuza

Apocaliptica

Re: Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por Apocaliptica »

evoluindo escreveu:
Apocaliptica escreveu:
evoluindo escreveu:O Ateísmo é a única opção racional!


Não é bem assim. O agnosticismo e o niilismo também.
Mas a decepção pela descoberta de que as provas materiais não existem e que a existência não têm respostas, muito menos acerca de um criador, trazem uma bagagem emocional enorme.

É racional apenas no nível das idéias e da exigência por evidência científica.


Cara crente,nunca ninguém descobriu ou provou NADA sobrenatural ou supernatural.Em contra partida o naturalismo cético tem se tornado muito efeciente,obrigado.
Colocar um Deus tornaria a coisa mais complicada, logo é mais racional o ateísmo.


EU, crente????


:emoticon12:

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evoluindo
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Re: Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

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Apocaliptica escreveu:
evoluindo escreveu:
Apocaliptica escreveu:
evoluindo escreveu:O Ateísmo é a única opção racional!


Não é bem assim. O agnosticismo e o niilismo também.
Mas a decepção pela descoberta de que as provas materiais não existem e que a existência não têm respostas, muito menos acerca de um criador, trazem uma bagagem emocional enorme.

É racional apenas no nível das idéias e da exigência por evidência científica.


Cara crente,nunca ninguém descobriu ou provou NADA sobrenatural ou supernatural.Em contra partida o naturalismo cético tem se tornado muito efeciente,obrigado.
Colocar um Deus tornaria a coisa mais complicada, logo é mais racional o ateísmo.


EU, crente????


:emoticon12:


Foi o que me pareceu,uma teísta, errei?
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Cazuza

Apocaliptica

Re: Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por Apocaliptica »

evoluindo escreveu:
Apocaliptica escreveu:
evoluindo escreveu:
Apocaliptica escreveu:
evoluindo escreveu:O Ateísmo é a única opção racional!


Não é bem assim. O agnosticismo e o niilismo também.
Mas a decepção pela descoberta de que as provas materiais não existem e que a existência não têm respostas, muito menos acerca de um criador, trazem uma bagagem emocional enorme.

É racional apenas no nível das idéias e da exigência por evidência científica.


Cara crente,nunca ninguém descobriu ou provou NADA sobrenatural ou supernatural.Em contra partida o naturalismo cético tem se tornado muito efeciente,obrigado.
Colocar um Deus tornaria a coisa mais complicada, logo é mais racional o ateísmo.


EU, crente????


:emoticon12:


Foi o que me pareceu,uma teísta, errei?


Ex-agnóstica, atéia e quase niilista... :emoticon16:

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clara campos
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Re: Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por clara campos »

evoluindo escreveu:O Ateísmo é a única opção racional!

quanta arrongância!

provas de que o ateismo éa unica opção racional?

provas de que o ateismo é uma opção?
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

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André
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Mensagem por André »

Existe muito em que se acreditar além de religião.

Eu já me defini como um homem de fé, e isso não me impede de ser agnostico em relação a Deus, ou seja duvidar de sua existencia, assim como de em termos sociais não ter qualquer religião, e não acreditar nos Deuses pessoais dessas religioes.Que para mim são criaçoes culturais humanas.

As pessoas podem acreditar em ideais de justiça, de solidariedade.Podem ainda acreditar como eu acredito em principios democráticos.Podem acreditar no poder e na importancia da busca pelo conhecimento, na revelancia que existe em buscar melhor compreender o mundo.Podem ainda acreditar na amizade, no amor, e na possibilidade de conecçoes positivas com outros seres humanos.E olhe que eu estou apenas nas coisas que eu acredito e que considero boas, pq se fosse descrever o que os outros acreditam e não é Deus, nossa a lista seria longa.

Pode-se acreditar em suas próprias idéias e sonhos, mesmo que esses ainda pareçam distantes, a utopia que nos move, para de fato nos mover, fé é um elemento necessario, e a fé no possivel, diferente da fé que acredita ser dona da verdade, não é apenas razoavel, mas ela nos impulsiona para o trabalho, para criatividade, para açoes...

Enfim a muito que se acreditar para além de Deus, ou de qualquer idéia sobrenatural.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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André
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Re: Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por André »

Apocaliptica escreveu:
evoluindo escreveu:O Ateísmo é a única opção racional!


Não é bem assim. O agnosticismo e o niilismo também.
Mas a decepção pela descoberta de que as provas materiais não existem e que a existência não têm respostas, muito menos acerca de um criador, trazem uma bagagem emocional enorme.

É racional apenas no nível das idéias e da exigência por evidência científica.


Eu iria um pouco além.Tenho amigos teistas, catolicos, presbiterianos, e já conheci pessoas de outras religioes.Se perguntado exponho minha maneira de pensar minhas duvidas, fruto de honestidade comigo mesmo, mas respeito a forma deles pensar e não acho prudente caracterizar de irracional.

É fruto de influencia cultural, geralmente familiar, em determinados casos até cumpre um papel, e penso que podemos aprender coisas com as religioes, permanecendo agnosticos ou ateus, e tendo nossas criticas e diferenças.Enfim penso que o respeito pela diferença é um valor, e uma prática social a se almejar.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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Ilovefoxes
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Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por Ilovefoxes »

provas de que o ateismo éa unica opção racional?
Me dê provas de que Deus existe, senão acreditar nele segundo o ônus da prova na ciência não segue a razão.
provas de que o ateismo é uma opção?
Você pode ou não acreditar em Deus. Parece que ateísmo segue o singnificado do termo "opção".

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DIG
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Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por DIG »

Me dê provas de que Deus existe, senão acreditar nele segundo o ônus da prova na ciência não segue a razão.


[crente]A minha fé é a prova de que deus existe, e isso basta pra mim[/crente]

:emoticon12:

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Mr. Crowley
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Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por Mr. Crowley »

Em que acreditar, se não for em Deus?


Papai noel, Coelhinho da Pascoa, Maluf, Celso Pitta, Geraldo Alckimin e etc...

:emoticon16:
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DaviDeMogi
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Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por DaviDeMogi »

Acreditar que nascemos, crescemos e morremos igual à um pé de couve. De diferentes só temos a consciência que não somos um pé de couve.
Creio na morte, única amante absolutamente fiel,
Creio na estupidez humana, única força com que se pode contar sempre,
E creio no humor, única forma de encarar a primeira e suportar a segunda.

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Najma
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Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por Najma »

Bom mesmo, na falta de um deus qualquer, é acreditar em si mesmo... :emoticon7:
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Mr. Crowley
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Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por Mr. Crowley »

Belo avatar, Lígia! :emoticon1:
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Najma
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Re: Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por Najma »

Mr. Crowley escreveu:Belo avatar, Lígia! :emoticon1:


Oba! Você gostou? :emoticon202:

:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
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Shanaista
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Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por Shanaista »

Existem quem crê em deuses por causa da fé. Um amigo meu que é pastor quem disse.

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Mr. Crowley
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Re: Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por Mr. Crowley »

Najma escreveu:
Mr. Crowley escreveu:Belo avatar, Lígia! :emoticon1:


Oba! Você gostou? :emoticon202:

:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:


Demais... ele possui uma beleza toda particular... :emoticon12:
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Najma
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Re: Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por Najma »

Mr. Crowley escreveu:
Najma escreveu:
Mr. Crowley escreveu:Belo avatar, Lígia! :emoticon1:


Oba! Você gostou? :emoticon202:

:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:


Demais... ele possui uma beleza toda particular... :emoticon12:


:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: ... também achei... :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:
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Fernando Silva
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Re: Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por Fernando Silva »

clara campos escreveu:
evoluindo escreveu:O Ateísmo é a única opção racional!

quanta arrongância!

provas de que o ateismo éa unica opção racional?

provas de que o ateismo é uma opção?

O ateísmo é a posição default.
Nascemos ateus e ateus permanecemos até que apareça algo em que acreditar.
No caso de uma decepção com a nova crença, voltamos à posição default.

maggie
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Re.: Em que acreditar, se não for em Deus?

Mensagem por maggie »

Olá povo.
Entrei no fórum justamente pra postar esse texto, que achei bem interessante!spiegel
Não vejo o texto como uma refutação total, como no trecho final onde afirma "O mais provável é que os céticos religiosos respeitosos e esclarecidos ainda terão de carregar o fardo das suas dúvidas".

Que acham?

Trancado