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Mini resenha."A religião na sociedade pós-moderna"

Enviado: 26 Fev 2007, 19:43
por André
Depois dessa devo diversificar a temática.


MARTELLI, S. Introdução In: A religião na sociedade pós-moderna. São Paulo, Paulinas, 1995, p. 9 - 27


O texto analisado é a Introdução de um livro de Stefano Martelli sobre a religião na sociedade pós – moderna. Neste capítulo introdutório o autor apresenta o tema, contextualizando sua importância para a sociologia hoje. Desse modo, chama a atenção para a renovada popularidade que a religião vem tendo em todo o mundo, nas últimas décadas do século passado, exemplificando com a expansão do fenômeno religioso nos países da América Latina e, principalmente, nos países do Leste Europeu, além da consolidação do islamismo na Ásia e até do fortalecimento do neofundamentalismo evangélico nos Estados Unidos.

Segundo o autor, este aumento da popularidade da religião contraria a pretensão dos teóricos da modernidade de que fenômenos como a industrialização e a urbanização levariam ao declínio das concepções e práticas religiosas. A modernização das sociedades contempor6aneas vem sendo objeto de reflexão crítica por não se revelar da forma como era esperada, sendo parte desse contexto a revalorização da religião.

O autor também aponta a crise do Estado de Bem-estar social como um dos fatores que podem explicar a re-popularização da religião, na medida em que o Estado em crise não tem conseguido garantir as condições de vida dignas a toda a população, criando condições para a busca de justificativas religiosas para a situação de pobreza ao tempo em que se procura a felicidade no plano espiritual da existência.

Esse contexto, segundo o autor, provoca não só uma reflexão sobre o que é religião, mas também sobre o que é a Sociologia no mundo contemporâneo. Comenta que as principais teorias sociológicas sobre a religião, elaboradas por Marx, Weber e Durkheim, “apresentam-se hoje inadequadas para interpretar os fenômenos religiosos contemporâneos”, porque foram elaboradas em sociedades pré-industriais, não dando conta do que ocorre nas sociedades pós-industriais de hoje. (p. 15).

Uma nova abordagem, fundamentada em Beckford, aponta que “a religião deve ser considerada como um recursos natural, cujos símbolos estão em grau de interpretar a nova realidade percebida pelos atores, sem que o uso da linguagem e dos símbolos deva necessariamente passar através das modalidades estabelecidas pelas religiões institucionais” (p. 17).

Nas sociedades pós industriais, pós modernas, pós-comunistas, abre-se a possibilidade de “reconsiderar o fenômeno religioso na sua globalidade e peculiaridade, sem reducionismos arbitrários nem exclusões preconceituosas, derivadas do assumir apriorístico da modernidade como ideologia” (p. 19) A religião tornou-se um fenômeno menos previsível.

O autor apresenta os diversos capítulos de que se compõe o seu livro, resumindo brevemente o conteúdo de cada um deles. Inicialmente pretende “revisitar as diferentes teorias sociológicas sobre a religião” (cap. 1), em seguida revisa a contribuição de autores da fenomenologia, para, no terceiro capítulo, focalizar a temática da secularização na obra de autores mais recentes. No quarto capítulo se propõe a descrever a difusão dos novos movimentos religiosos no plano internacional e, no quinto e último capítulo, delineia as perspectivas que se abrem à religião, na transformação do clima sócio-cultural no fim dos anos 80.

Por ser uma Introdução, o autor não desenvolve, evidentemente, os temas apontados, concluindo com uma reflexão acerca das suas intenções ao elaborar este livro. “Nossa intenção foi contribuir, com os materiais apresentados no decorrer da obra, para repensar a relação entre religião e sociedade, ( ...) hoje envolvidas em uma transição que repropõe a nunca esgotada exigência de compreensão e redefinição das respectivas identidades”. (p. 25).