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Dante, the Wicked
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Re: Re.: Funciona

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Samael escreveu:Karl Popper não foge ao positivismo lógico, na medida em que crê que a realidade factual possa ser alcançada a partir da utilização de um instrumento humano. E a própria teoria da falseabilidade lida claramente com essa empiria ou com os axiomas citados.


Rodrigo, é incrível a capacidade de você cometer tantos equívocos em um único parágrafo:
- Os positivistas-lógicos eram instrumentalistas, ou seja, definiam a ciência como um instrumento de fazer prognósticos. Popper era realista moderado, segundo o qual a ciência tem o direito de descrever a realidade desde que tenha conciência do quão dúbil sejam suas descrições.
- Os positivistas acreditavam na possibilidade de racionalizar a gênese do conhecimento. Popper rejeitava que qualquer genese de conhecimento empírico tivesse qualquer fundamento racional.
- O conceito fundamental da epistemologia positivista-lógica é a relação entre probabilidade e grau de verdade. Os conceitos fundamentais do falseacionismo popperiano são falsidade e pretensão de verdade.

Rodrigo, se depois disto tudo você insistir que popperianismo é só um ramo do positivismo, entenderei como birra das ciências humanas contra alguém que disse que ciências não pode ser oba-oba de achismo ideológico.


Samael escreveu:E, gostaria então, que você me explicitasse de onde é que se formulam as regras gerais, senão da própria empiria ou de qualquer estrutura cognitiva proveniente da mesma. Talvez surja ela por abiogênese? Ou já havia qualquer magia científica intrínseca que revelasse a nós, meros mortais, que a gravidade existe, independente das observações newtonianas e dos testes aplicados?


Pois não...

Alguns exemplos históricos:
- Arquimedes teve um insight sobre hidrostática ao entrar numa banheira.
- Friedrich August Kekulé von Stradonitz teve inspiração sobre a cadeia cíclica do benzeno em um sonho no qual uma cobra mordia o próprio rabo.
- Nikola Tesla teve um insight sobre como é possível construir um motor de corrente alternada enquanto observava o por do Sol.
Nenhum destes casos se enquadram na sua visão positivista-lógica da gênese do conhecimento:

Samael escreveu:a repetição observada do fato, probabilisticamente e logicamente, evidencia que a causa do fato é Y e não X.


Tem nada de lógico ou probabilístico em insights derivados de banhos, sonhos ou por-do-sol.
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Samael
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Re: Re.: Funciona

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Dante, the Wicked escreveu:Rodrigo, é incrível a capacidade de você cometer tantos equívocos em um único parágrafo:
- Os positivistas-lógicos eram instrumentalistas, ou seja, definiam a ciência como um instrumento de fazer prognósticos. Popper era realista moderado, segundo o qual a ciência tem o direito de descrever a realidade desde que tenha conciência do quão dúbil sejam suas descrições.
- Os positivistas acreditavam na possibilidade de racionalizar a gênese do conhecimento. Popper rejeitava que qualquer genese de conhecimento empírico tivesse qualquer fundamento racional.
- O conceito fundamental da epistemologia positivista-lógica é a relação entre probabilidade e grau de verdade. Os conceitos fundamentais do falseacionismo popperiano são falsidade e pretensão de verdade.

Rodrigo, se depois disto tudo você insistir que popperianismo é só um ramo do positivismo, entenderei como birra das ciências humanas contra alguém que disse que ciências não pode ser oba-oba de achismo ideológico.


A única coisa que Popper nega é o conhecimento por indução ou a empiria, visto que "nunca se sabe se as observações foram suficientes; a observação seguinte pode contradizer tudo o que a precedeu". Entretanto, Popper não aceita qualquer tipo de conhecimento que não seja testável nem estabeleça leis, pelo que se pode verificar das suas citações relacionadas à epistemologia e ontologia marxista, às teorias freudanas e à astrologia, arbitrariamente atiradas no "mesmo saco" pseudocientífico.

Me desculpe se o contato com o Círculo de Viena foi restrito o suficiente para que Popper não aderisse ao positivismo lógico. Horckheimmer prefere alcunhá-lo de "positivista popperiano". A realidade continua tangível a partir da razão...

Alguns exemplos históricos:
- Arquimedes teve um insight sobre hidrostática ao entrar numa banheira.
- Friedrich August Kekulé von Stradonitz teve inspiração sobre a cadeia cíclica do benzeno em um sonho no qual uma cobra mordia o próprio rabo.
- Nikola Tesla teve um insight sobre como é possível construir um motor de corrente alternada enquanto observava o por do Sol.
Nenhum destes casos se enquadram na sua visão positivista-lógica da gênese do conhecimento.


Eu te peço a aparesentação de exemplos onde a empiria não se fez necessária na comprovação de um fato científico e você me dá exemplos de fatos científicos descobertos (ou "inspirados") à priori embora muito bem comprovados pela mesma EMPIRIA posteriormente. Putz!

Talvez se Hume estivesse vivo hoje daria uma boa cutucada nesses positivista malucos...

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Samael
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Dante, the Wicked escreveu:
Samael escreveu:Karl Popper não foge ao positivismo lógico, na medida em que crê que a realidade factual possa ser alcançada a partir da utilização de um instrumento humano. E a própria teoria da falseabilidade lida claramente com essa empiria ou com os axiomas citados.


Rodrigo, é incrível a capacidade de você cometer tantos equívocos em um único parágrafo:
- Os positivistas-lógicos eram instrumentalistas, ou seja, definiam a ciência como um instrumento de fazer prognósticos. Popper era realista moderado, segundo o qual a ciência tem o direito de descrever a realidade desde que tenha conciência do quão dúbil sejam suas descrições.
- Os positivistas acreditavam na possibilidade de racionalizar a gênese do conhecimento. Popper rejeitava que qualquer genese de conhecimento empírico tivesse qualquer fundamento racional.
- O conceito fundamental da epistemologia positivista-lógica é a relação entre probabilidade e grau de verdade. Os conceitos fundamentais do falseacionismo popperiano são falsidade e pretensão de verdade.

Rodrigo, se depois disto tudo você insistir que popperianismo é só um ramo do positivismo, entenderei como birra das ciências humanas contra alguém que disse que ciências não pode ser oba-oba de achismo ideológico.


Samael escreveu:E, gostaria então, que você me explicitasse de onde é que se formulam as regras gerais, senão da própria empiria ou de qualquer estrutura cognitiva proveniente da mesma. Talvez surja ela por abiogênese? Ou já havia qualquer magia científica intrínseca que revelasse a nós, meros mortais, que a gravidade existe, independente das observações newtonianas e dos testes aplicados?


Pois não...

Alguns exemplos históricos:
- Arquimedes teve um insight sobre hidrostática ao entrar numa banheira.
- Friedrich August Kekulé von Stradonitz teve inspiração sobre a cadeia cíclica do benzeno em um sonho no qual uma cobra mordia o próprio rabo.
- Nikola Tesla teve um insight sobre como é possível construir um motor de corrente alternada enquanto observava o por do Sol.
Nenhum destes casos se enquadram na sua visão positivista-lógica da gênese do conhecimento:

Samael escreveu:a repetição observada do fato, probabilisticamente e logicamente, evidencia que a causa do fato é Y e não X.


Tem nada de lógico ou probabilístico em insights derivados de banhos, sonhos ou por-do-sol.

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Samael escreveu:
A única coisa que Popper nega é o conhecimento por indução ou a empiria, visto que "nunca se sabe se as observações foram suficientes; a observação seguinte pode contradizer tudo o que a precedeu". Entretanto, Popper não aceita qualquer tipo de conhecimento que não seja testável nem estabeleça leis, pelo que se pode verificar das suas citações relacionadas à epistemologia e ontologia marxista, às teorias freudanas e à astrologia, arbitrariamente atiradas no "mesmo saco" pseudocientífico.


A rejeição de Popper à cientificidade do não-testável é muito mais profunda do que uma mera definição arbitrária de ciência.
Quando é afirmada alguma coisa sobre o mundo, está sendo negado tudo o que contradiz isto. Agora, se não há coisa alguma que contradiga o que é afirmado, então a afirmação diz nada sobre o mundo no final das contas. A afirmação trata-se apenas de um truismo verdadeiro em forma e com um significado vazio ou arbitrário.
Por exemplo, se afirmo "Amanhã vai chover o dia inteiro", estou negando tudo o que contradiga isto: que chova só de manhã, que faça sol o dia inteiro, que neve, que o tempo só fique nublado etc.
Agora, se afirmo "Amanhã vai chover ou não vai chover", não há coisa alguma que contradiga isto. Se chover a proposição é verdadeira. Se não chover a proposição também é verdadeira. Ou seja, no final das contas não foi afirmada coisa alguma sobre o mundo. Apenas dita uma tautologia com um conteúdo meteorológico arbitrário.
Óbviamente que as pseudo-ciências não afirmam tautologias e truísmos descaradamente, mas incorrem em afirmações que nada as contradiga do mesmo jeito.
Pode estar no horóscopo de hoje: "Hoje o dia está inclinado para o amor, mas se não agir corretamente, perderá as oportunidades". Nada o que aconteça pode contradizer esta informação: Se achar o amor da vida neste dia ou terminar o namoro de anos, se ficar com uma garota linda ou tomar um fora dela, a afirmação continua infalseada.
Não vejo muita diferença entre isto e a atitude marxista de interpretar tudo ao seu favor. Se os salários abaixam, é o prognóstico de Marx concretizando-se, assim pensam os marxistas. Se os salários aumentam, é uma evidência da burguesia querendo refrear o inevitável colápso do sistema capitalista tal como previsto por Marx.


Samael escreveu:Me desculpe se o contato com o Círculo de Viena foi restrito o suficiente para que Popper não aderisse ao positivismo lógico. Horckheimmer prefere alcunhá-lo de "positivista popperiano". A realidade continua tangível a partir da razão...


A desonestidade dos membros da Escola de Frankfurt não tem limites. Mesmo com todas as diferenças fundamentais entre o positivismo e o popperianismo - a definição de ciência, a questão da verdade e a questão da gênese do conhecimento - eles fazem questão de procurar um detalhe pelo qual possam qualificar pejorativamente um opositor.
Se "acreditar que a realidade é tangível pela razão" é a definição de "positivista", então Aristóteles, São Tomás de Aquino, Leibniz e Descartes eram todos positivistas séculos antes de Comte.
Parece que o que se ensinava na Escola de Frankfurt (e na maioria das faculdades de ciências humanas até hoje) é como distorcer fatos.


Samael escreveu:Eu te peço a aparesentação de exemplos onde a empiria não se fez necessária na comprovação de um fato científico e você me dá exemplos de fatos científicos descobertos (ou "inspirados") à priori embora muito bem comprovados pela mesma EMPIRIA posteriormente. Putz!

Talvez se Hume estivesse vivo hoje daria uma boa cutucada nesses positivista malucos...


Rodrigo, talvez você não tenha percebido, mas eu nunca neguei que a fonte do conhecimento acerca das questões de fato seja a empiria. O que eu nego é a sua descrição positivista-lógica da gênse do conhecimento empírico. Descrição que faria Hume jogar o Investigações Acerca do Conhecimento Humano na sua cabeça.
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Re: Re.: Funciona

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Samael escreveu:
A única coisa que Popper nega é o conhecimento por indução ou a empiria, visto que "nunca se sabe se as observações foram suficientes; a observação seguinte pode contradizer tudo o que a precedeu". Entretanto, Popper não aceita qualquer tipo de conhecimento que não seja testável nem estabeleça leis, pelo que se pode verificar das suas citações relacionadas à epistemologia e ontologia marxista, às teorias freudanas e à astrologia, arbitrariamente atiradas no "mesmo saco" pseudocientífico.


A rejeição de Popper à cientificidade do não-testável é muito mais profunda do que uma mera definição arbitrária de ciência.
Quando é afirmada alguma coisa sobre o mundo, está sendo negado tudo o que contradiz isto. Agora, se não há coisa alguma que contradiga o que é afirmado, então a afirmação diz nada sobre o mundo no final das contas. A afirmação trata-se apenas de um truismo verdadeiro em forma e com um significado vazio ou arbitrário.
Por exemplo, se afirmo "Amanhã vai chover o dia inteiro", estou negando tudo o que contradiga isto: que chova só de manhã, que faça sol o dia inteiro, que neve, que o tempo só fique nublado etc.
Agora, se afirmo "Amanhã vai chover ou não vai chover", não há coisa alguma que contradiga isto. Se chover a proposição é verdadeira. Se não chover a proposição também é verdadeira. Ou seja, no final das contas não foi afirmada coisa alguma sobre o mundo. Apenas dita uma tautologia com um conteúdo meteorológico arbitrário.
Óbviamente que as pseudo-ciências não afirmam tautologias e truísmos descaradamente, mas incorrem em afirmações que nada as contradiga do mesmo jeito.
Pode estar no horóscopo de hoje: "Hoje o dia está inclinado para o amor, mas se não agir corretamente, perderá as oportunidades". Nada o que aconteça pode contradizer esta informação: Se achar o amor da vida neste dia ou terminar o namoro de anos, se ficar com uma garota linda ou tomar um fora dela, a afirmação continua infalseada.
Não vejo muita diferença entre isto e a atitude marxista de interpretar tudo ao seu favor. Se os salários abaixam, é o prognóstico de Marx concretizando-se, assim pensam os marxistas. Se os salários aumentam, é uma evidência da burguesia querendo refrear o inevitável colápso do sistema capitalista tal como previsto por Marx.


Samael escreveu:Me desculpe se o contato com o Círculo de Viena foi restrito o suficiente para que Popper não aderisse ao positivismo lógico. Horckheimmer prefere alcunhá-lo de "positivista popperiano". A realidade continua tangível a partir da razão...


A desonestidade dos membros da Escola de Frankfurt não tem limites. Mesmo com todas as diferenças fundamentais entre o positivismo e o popperianismo - a definição de ciência, a questão da verdade e a questão da gênese do conhecimento - eles fazem questão de procurar um detalhe pelo qual possam qualificar pejorativamente um opositor.
Se "acreditar que a realidade é tangível pela razão" é a definição de "positivista", então Aristóteles, São Tomás de Aquino, Leibniz e Descartes eram todos positivistas séculos antes de Comte.
Parece que o que se ensinava na Escola de Frankfurt (e na maioria das faculdades de ciências humanas até hoje) é como distorcer fatos.


Samael escreveu:Eu te peço a aparesentação de exemplos onde a empiria não se fez necessária na comprovação de um fato científico e você me dá exemplos de fatos científicos descobertos (ou "inspirados") à priori embora muito bem comprovados pela mesma EMPIRIA posteriormente. Putz!

Talvez se Hume estivesse vivo hoje daria uma boa cutucada nesses positivista malucos...


Rodrigo, talvez você não tenha percebido, mas eu nunca neguei que a fonte do conhecimento acerca das questões de fato seja a empiria. O que eu nego é a sua descrição positivista-lógica da gênse do conhecimento empírico. Descrição que faria Hume jogar o Investigações Acerca do Conhecimento Humano na sua cabeça.
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Mensagem por Dante, the Wicked »

Quem cala consente. Tudo bem, Rodrigo! Eu sei como é difícil para alguém das sociais dizer "É mesmo... você está certo e eu errado".
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Eu estive entupido de trabalhos de fim de período nos últimos dias, babaca. Só vim ler isso aqui agora. E mesmo assim, ainda preciso andar bem rápido.

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Re: Re.: Funciona

Mensagem por Samael »

Dante, the Wicked escreveu:A rejeição de Popper à cientificidade do não-testável é muito mais profunda do que uma mera definição arbitrária de ciência.
Quando é afirmada alguma coisa sobre o mundo, está sendo negado tudo o que contradiz isto. Agora, se não há coisa alguma que contradiga o que é afirmado, então a afirmação diz nada sobre o mundo no final das contas. A afirmação trata-se apenas de um truismo verdadeiro em forma e com um significado vazio ou arbitrário.
Por exemplo, se afirmo "Amanhã vai chover o dia inteiro", estou negando tudo o que contradiga isto: que chova só de manhã, que faça sol o dia inteiro, que neve, que o tempo só fique nublado etc.
Agora, se afirmo "Amanhã vai chover ou não vai chover", não há coisa alguma que contradiga isto. Se chover a proposição é verdadeira. Se não chover a proposição também é verdadeira. Ou seja, no final das contas não foi afirmada coisa alguma sobre o mundo. Apenas dita uma tautologia com um conteúdo meteorológico arbitrário.
Óbviamente que as pseudo-ciências não afirmam tautologias e truísmos descaradamente, mas incorrem em afirmações que nada as contradiga do mesmo jeito.
Pode estar no horóscopo de hoje: "Hoje o dia está inclinado para o amor, mas se não agir corretamente, perderá as oportunidades". Nada o que aconteça pode contradizer esta informação: Se achar o amor da vida neste dia ou terminar o namoro de anos, se ficar com uma garota linda ou tomar um fora dela, a afirmação continua infalseada.
Não vejo muita diferença entre isto e a atitude marxista de interpretar tudo ao seu favor. Se os salários abaixam, é o prognóstico de Marx concretizando-se, assim pensam os marxistas. Se os salários aumentam, é uma evidência da burguesia querendo refrear o inevitável colápso do sistema capitalista tal como previsto por Marx.


E nisso nega-se todo o tipo de conhecimento que não possa ser tratado empiricamente ou baseado em axiomas que partem dos mesmos princípios. E, nisso, nega-se uma gama de conhecimento que só pode ser alcançada (e refutada) a partir de elucubrações teóricas, concordâncias ou discordâncias. Nega-se a metafísica, praticamente.

Entretanto, o grande problema dos marxistas é vincular um autor como Marx (que tem raízes positivistas descaradas para qualquer um que faça uma leitura decente de sua obra) com a sua unção quase relativista do materialismo.

Quer um exemplo? Um frankfurtiano ou um neo-marxista qualquer ignora a inexistência de certa parcialidade ideológica em qualquer tipo de conhecimento. Marx não. Ele acreditava piamente na "ciência imparcial".

A obra de Marx de tautológica não tem nada. Sua essência é prever o futuro a partir de algumas leis bem definidas e que não são fruto ideológico, ao contrário, seriam a "mais pura verdade objetiva". Não preciso nem dizer que a proximidade entre Marx e os teóricos de Frankfurt, a esse sentido, é tão grande quanto a de um evolucionista e um criacionista.

A falseabilidade popperiana sempre me deixou a impressão de alguém que deseja se limitar ao que pode ser abarcado por uma lei natural imanente e que, tudo o que foge ao escopo dessa lei, deva ser simplesmente limado da ciência. Odiaria ter de reconhecer logicamente o falso sem poder, nem ao menos arriscar, o que venha a ser verdadeiro.

Dante, the Wicked escreveu:A desonestidade dos membros da Escola de Frankfurt não tem limites. Mesmo com todas as diferenças fundamentais entre o positivismo e o popperianismo - a definição de ciência, a questão da verdade e a questão da gênese do conhecimento - eles fazem questão de procurar um detalhe pelo qual possam qualificar pejorativamente um opositor.
Se "acreditar que a realidade é tangível pela razão" é a definição de "positivista", então Aristóteles, São Tomás de Aquino, Leibniz e Descartes eram todos positivistas séculos antes de Comte.
Parece que o que se ensinava na Escola de Frankfurt (e na maioria das faculdades de ciências humanas até hoje) é como distorcer fatos.


Não é desonestidade, é a própria concepção do que venha a representar, de maneira geral, o conceito de "positivismo" para os frankfurtianos.

Lembra-se da sua mensagem, tempos atrás, sobre "filosofia, para mim, se reduzir à lógica e à filosofia matemática." ? Segundo o conceito de Adorno do que venha a ser um positivista, você se encaixaria perfeitamente, por exemplo. Você nega o processo ideológico na ciência, você acredita que existem leis a serem imanentes a serem descobertas, você crê que os fatos independem do observador, você nega qualquer conhecimento que não possa ser analisado a partir da aplicação das tais leis imanentes.

E a questão não é simplesmente acreditar que a "realidade seja tangível pela razão", é acreditar que, pela razão, pode-se ter acesso a um conhecimento total e irrestrito da realidade. É crer que qualquer mecanismo humano seja a mais pura representação do que existe. No fundo, para os néo-marxistas e pós-modernos, essa é apenas uma posição ideológica, como outra qualquer.

Dante, the Wicked escreveu:Rodrigo, talvez você não tenha percebido, mas eu nunca neguei que a fonte do conhecimento acerca das questões de fato seja a empiria. O que eu nego é a sua descrição positivista-lógica da gênse do conhecimento empírico. Descrição que faria Hume jogar o Investigações Acerca do Conhecimento Humano na sua cabeça.


Ato falho meu ter usado uma descrição "vianense" acerca de como se trabalha na prática a questão da empiria.

Mas, se na questão empírica, estamos certos, essa parte da discussão perdeu o sentido.

Entretanto, duvido muito que para Hume, qualquer regra universal pudesse ser aplicada na gênese do conhecimento, visto que cada "fenômeno é um fenômeno novo e irrepetitível".

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Re: Re.: Funciona

Mensagem por Anna »

Kramer escreveu:As explicações de porque em alguns casos funicona não se resumem a efeito placebo. Eu creio que seja post hoc ergo propter hoc.

É natural que pessoas doentes e pais desesperados com filhos doentes apelem pra qualquer porcaria. A pessoa, por um acaso, se cura e foi graças à homeopatia...


Meus pais acham que fiquei curada graças ao Kardecismo e a intervenção espiritual. Só sei que me lembro deles bastante desesperado quando eu era pequena e vivia internada. :emoticon18:
Cérebro é uma coisa maravilhosa. Todos deveriam ter um.

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Re: Re.: Funciona

Mensagem por Anna »

Samael escreveu:
ímpio escreveu:Tentando explicar: se alguém faz dança da chuva diversas vezes, eventualmente, vai chover mais ou menos após a dança da chuva. Mas não por causa dela.


Exato. E a ciência, por meio da empiria, não foge muito disso. Constata-se e criam-se conceituações científicas posteriormente ao acontecimento do fato.


Mas isso é meio antigo, hoje em dia é bem errado fazer esse tipo de coisa. Não se pode criar um modelo ou sistema no qual a natureza, fenômeno ou objeto deva ser encaixado depois. O contrário deve ser feito, um modelo deve ser criado a partir das evidências que você consegue extrair por observação e depois devemos testá-lo, com o resultado ai sim tiramos as conclusões, sugerimos modelos mais fidedignos ao que foi observado em primeira instância.
Cérebro é uma coisa maravilhosa. Todos deveriam ter um.

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Re: Re.: Funciona

Mensagem por Dante, the Wicked »

Samael escreveu:E nisso nega-se todo o tipo de conhecimento que não possa ser tratado empiricamente ou baseado em axiomas que partem dos mesmos princípios. E, nisso, nega-se uma gama de conhecimento que só pode ser alcançada (e refutada) a partir de elucubrações teóricas, concordâncias ou discordâncias. Nega-se a metafísica, praticamente.


Não, Rodrigo. Não é negada a metafísica. Apenas distingue as ciências empíricas das ciências formais e da metafísica.
Apenas as ciências empíricas tratam sobre a realidade exterior. E por isso mesmo que elas devem submeter-se às informações obtidas nele.
Lógica, matemática e metafísica são outra estória. Popper nunca chegou a rejeitar a metafísica. Pelo contrário, ele adotava abertamente um posicionamento metafísico: o realismo moderado.


Samael escreveu:Entretanto, o grande problema dos marxistas é vincular um autor como Marx (que tem raízes positivistas descaradas para qualquer um que faça uma leitura decente de sua obra) com a sua unção quase relativista do materialismo.

Quer um exemplo? Um frankfurtiano ou um neo-marxista qualquer ignora a inexistência de certa parcialidade ideológica em qualquer tipo de conhecimento. Marx não. Ele acreditava piamente na "ciência imparcial".

A obra de Marx de tautológica não tem nada. Sua essência é prever o futuro a partir de algumas leis bem definidas e que não são fruto ideológico, ao contrário, seriam a "mais pura verdade objetiva". Não preciso nem dizer que a proximidade entre Marx e os teóricos de Frankfurt, a esse sentido, é tão grande quanto a de um evolucionista e um criacionista.


Eu não digo que a postura de Karl Marx era pseudo-científica. O que é pseudo-científico é a postura dos marxistas.


Samael escreveu:A falseabilidade popperiana sempre me deixou a impressão de alguém que deseja se limitar ao que pode ser abarcado por uma lei natural imanente e que, tudo o que foge ao escopo dessa lei, deva ser simplesmente limado da ciência. Odiaria ter de reconhecer logicamente o falso sem poder, nem ao menos arriscar, o que venha a ser verdadeiro.


Rodrigo, a ciência pretende fazer afirmações sobre o mundo. Quando se afirma alguma coisa sobre o mundo, nega-se um punhado de outras. Por exemplo, se eu afirmo "Os corpos se atraem na medida direta de suas massas e inversa do quadrado das distâncias" estou negando que a Terra e a Lua não se atraiam nessa proporção, negando que a você e a Terra são se atraiam, que as estrelas não se atraiam, que as galáxias não se atraiam etc. Se eu constato que alguma das minhas negações não procedem, eu tenho que rejeitá-las se quero ser consistente.
Existe conhecimento que se afirma sem negar nada sobre o mundo? Sim! Mas este conhecimento não afirma nada sobre o mundo, a saber: a matemática, a lógica e a metafísica.
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Re: Re.: Funciona

Mensagem por Dante, the Wicked »

Samael escreveu:
Não é desonestidade, é a própria concepção do que venha a representar, de maneira geral, o conceito de "positivismo" para os frankfurtianos.

Lembra-se da sua mensagem, tempos atrás, sobre "filosofia, para mim, se reduzir à lógica e à filosofia matemática." ? Segundo o conceito de Adorno do que venha a ser um positivista, você se encaixaria perfeitamente, por exemplo. Você nega o processo ideológico na ciência, você acredita que existem leis a serem imanentes a serem descobertas, você crê que os fatos independem do observador, você nega qualquer conhecimento que não possa ser analisado a partir da aplicação das tais leis imanentes.


Então eles redefinem um conceito de forma tal a englobar dentro de "positivista" indivíduos que não se consideram positivistas, individuos que quem se considera positivista rejeita que sejam positivistas, e indivíduos que viveram séculos antes de Comte.

Samael escreveu:E a questão não é simplesmente acreditar que a "realidade seja tangível pela razão", é acreditar que, pela razão, pode-se ter acesso a um conhecimento total e irrestrito da realidade. É crer que qualquer mecanismo humano seja a mais pura representação do que existe.


E tanto eu quanto Popper rejeitamos que a razão dá acesso a um conhecimento total e irrestrito da realidade e qualquer mecanismo humano seja a mais pura representação do que existe.

Samael escreveu:No fundo, para os néo-marxistas e pós-modernos, essa é apenas uma posição ideológica, como outra qualquer.


E a posição deles não é uma ideologia como outra qualquer?

Samael escreveu:Ato falho meu ter usado uma descrição "vianense" acerca de como se trabalha na prática a questão da empiria.

Mas, se na questão empírica, estamos certos, essa parte da discussão perdeu o sentido.

Entretanto, duvido muito que para Hume, qualquer regra universal pudesse ser aplicada na gênese do conhecimento, visto que cada "fenômeno é um fenômeno novo e irrepetitível".

E Hume nega exatamente isto. E tanto eu quanto Popper concordamos com ele neste ponto.
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Re: Re.: Funciona

Mensagem por videomaker »

Anna escreveu:
Kramer escreveu:As explicações de porque em alguns casos funicona não se resumem a efeito placebo. Eu creio que seja post hoc ergo propter hoc.

É natural que pessoas doentes e pais desesperados com filhos doentes apelem pra qualquer porcaria. A pessoa, por um acaso, se cura e foi graças à homeopatia...


Meus pais acham que fiquei curada graças ao Kardecismo e a intervenção espiritual. Só sei que me lembro deles bastante desesperado quando eu era pequena e vivia internada. :emoticon18:




Já disse pra eles que vc é uma menina de SORTE ? :emoticon5:
Há dois meios de ser enganado. Um é acreditar no que não é verdadeiro; o outro é recusar a acreditar no que é verdadeiro. Søren Kierkegaard (1813-1855)

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Re.: Funciona

Mensagem por Dante, the Wicked »

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Anna
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Re: Re.: Funciona

Mensagem por Anna »

videomaker escreveu:
Anna escreveu:
Kramer escreveu:As explicações de porque em alguns casos funicona não se resumem a efeito placebo. Eu creio que seja post hoc ergo propter hoc.

É natural que pessoas doentes e pais desesperados com filhos doentes apelem pra qualquer porcaria. A pessoa, por um acaso, se cura e foi graças à homeopatia...


Meus pais acham que fiquei curada graças ao Kardecismo e a intervenção espiritual. Só sei que me lembro deles bastante desesperado quando eu era pequena e vivia internada. :emoticon18:




Já disse pra eles que vc é uma menina de SORTE ? :emoticon5:


Talvez uma menina com um bom sistema imune? :emoticon85:
Cérebro é uma coisa maravilhosa. Todos deveriam ter um.

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videomaker
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Re: Re.: Funciona

Mensagem por videomaker »

Anna escreveu:
videomaker escreveu:
Anna escreveu:
Kramer escreveu:As explicações de porque em alguns casos funicona não se resumem a efeito placebo. Eu creio que seja post hoc ergo propter hoc.

É natural que pessoas doentes e pais desesperados com filhos doentes apelem pra qualquer porcaria. A pessoa, por um acaso, se cura e foi graças à homeopatia...


Meus pais acham que fiquei curada graças ao Kardecismo e a intervenção espiritual. Só sei que me lembro deles bastante desesperado quando eu era pequena e vivia internada. :emoticon18:




Já disse pra eles que vc é uma menina de SORTE ? :emoticon5:


Talvez uma menina com um bom sistema imune? :emoticon85:



Se não tens ele por merecimento ! tens sorte ... ficamos na mesma !
Há dois meios de ser enganado. Um é acreditar no que não é verdadeiro; o outro é recusar a acreditar no que é verdadeiro. Søren Kierkegaard (1813-1855)

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Anna
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Re: Re.: Funciona

Mensagem por Anna »

videomaker escreveu:
Anna escreveu:
videomaker escreveu:
Anna escreveu:
Kramer escreveu:As explicações de porque em alguns casos funicona não se resumem a efeito placebo. Eu creio que seja post hoc ergo propter hoc.

É natural que pessoas doentes e pais desesperados com filhos doentes apelem pra qualquer porcaria. A pessoa, por um acaso, se cura e foi graças à homeopatia...


Meus pais acham que fiquei curada graças ao Kardecismo e a intervenção espiritual. Só sei que me lembro deles bastante desesperado quando eu era pequena e vivia internada. :emoticon18:




Já disse pra eles que vc é uma menina de SORTE ? :emoticon5:


Talvez uma menina com um bom sistema imune? :emoticon85:



Se não tens ele por merecimento ! tens sorte ... ficamos na mesma !


Eu tenho graças aos meus genes mesmo.
Cérebro é uma coisa maravilhosa. Todos deveriam ter um.

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videomaker
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Re: Re.: Funciona

Mensagem por videomaker »

Anna escreveu:
videomaker escreveu:
Anna escreveu:
videomaker escreveu:
Anna escreveu:
Kramer escreveu:As explicações de porque em alguns casos funicona não se resumem a efeito placebo. Eu creio que seja post hoc ergo propter hoc.

É natural que pessoas doentes e pais desesperados com filhos doentes apelem pra qualquer porcaria. A pessoa, por um acaso, se cura e foi graças à homeopatia...


Meus pais acham que fiquei curada graças ao Kardecismo e a intervenção espiritual. Só sei que me lembro deles bastante desesperado quando eu era pequena e vivia internada. :emoticon18:




Já disse pra eles que vc é uma menina de SORTE ? :emoticon5:


Talvez uma menina com um bom sistema imune? :emoticon85:



Se não tens ele por merecimento ! tens sorte ... ficamos na mesma !


Eu tenho graças aos meus genes mesmo.



Logo não é IGUAL as do cara que tem doenca facil !
Logo vc continua com SORTE ...
:emoticon4:
Há dois meios de ser enganado. Um é acreditar no que não é verdadeiro; o outro é recusar a acreditar no que é verdadeiro. Søren Kierkegaard (1813-1855)

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