A alma
A alma de uma pessoa é a sua essência psicológica, uma entidade não-física onde ocorrem pensamentos e emoções. A alma permanece imune a todas as formas de transformação física do corpo e pode mesmo sobreviver à destruição total do corpo. A sua alma é o que o faz ser você. O bebê nas fotos é você porque a mesma alma que agora habita o seu corpo habitava então o corpo daquele bebé. Deus pode então ressuscitá-lo no futuro criando um novo corpo e inserindo-lhe a sua alma.
As almas parecem fornecer respostas rápidas a muitas perplexidades filosóficas sobre a identidade ao longo do tempo, mas não há qualquer boa razão para acreditar que existem. Os filósofos costumavam argumentar que as almas são necessárias para explicar os pensamentos e as emoções, uma vez que os pensamentos e as emoções não parecem fazer parte do corpo físico. Mas este argumento é destruído pela ciência contemporânea. Os seres humanos sabem desde há muito que uma parte do corpo - o cérebro - está peculiarmente ligada à vida mental. Mesmo antes da neurociência contemporânea, sabia-se que as lesões cefálicas causam danos psicológicos. Sabemos agora como certas partes do cérebro estão associadas a certos efeitos psicológicos. Embora estejamos longe de poder correlacionar inteiramente estados psicológicos com estados cerebrais, progredimos o suficiente ao ponto de a existência de uma tal correlação ser uma hipótese razoável. É razoável inferir que a própria vida mental reside no cérebro, e que a alma não existe. Não se trata de dizer que a ciência neurológica refuta a existência da alma: as almas poderiam existir ainda que os estados psicológicos e os estados mentais estivessem perfeitamente correlacionados. Mas se o cérebro físico explica por si a vida mental, não há necessidade de postular almas.
Além disso, os defensores da alma vêm-se em apuros para explicar como as almas pensam. Os defensores do cérebro possuem o princípio de uma explicação: o cérebro contém biliões de neurónios, cujas interacções incrivelmente complexas produzem o pensamento. Ninguém sabe ao certo como isto funciona, mas os neurocientistas pelo menos avançaram um pouco. O defensor da alma não tem nada de comparável para dizer, uma vez que a maioria dos defensores da alma pensam que a alma é destituída de partes menores. As almas não são compostas de biliões de minúsculas particulas anímicas. (Se o fossem, deixariam de fornecer respostas rápidas para as perplexidades filosóficas acerca da identidade ao longo do tempo. Os defensores da alma enfrentariam as mesmas difíceis questões filosóficas que os defensores do cérebro. Por exemplo: o que torna uma alma a mesma ao longo do tempo, apesar das mudanças nas suas partículas anímicas?) Mas se as almas não têm minúsculas partículas anímicas, não têm algo semelhante a neurónios para as ajudar a fazer o que fazem. Como é que, então, fazem o que fazem?
Tirado de:
http://www.criticanarede.com/met_idpessoal.html