ao mesmo tempo em que eu vejo como importante esse tipo de situação extrema, ainda mais na totalidade dos casos, na situação geral que vai graudualmente produzindo (e por esses motivos também defendo políticas de planejamento familiar preventivas), acho um tanto um erro focar a questão da legalização do aborto nisso, ou mesmo nas mortes por abortos ilegais (o que parece que é o que o tópico se propõe a desmentir).
Se o aborto é considerado assassinato, então dá na mesma falar que a maioria das gestantes que tentam abortar ilegalmente morrem, e falar que a maioria dos assassinos que tentam matar por aí morrem porque tem umas armas ruins, artesanais, que explodem eles juntamente; ou que, há toda essa situação de pobreza, e que poderia se matar bebês ou crianças, menores de idade em geral, por razões de dificuldades financeiras.
O que acho que deve ser o ponto principal é que o zigoto não é nada muito diferente de um óvulo com algumas moléculas a mais, prestes a ser um punhado de células indiferenciadas, não algo que acho que faça sentido defender-se como uma se fosse uma pessoa, ainda que se tornasse uma possívelmente.
Se por exemplo, inventassem uma técnica que viabilizasse o desenvolvimento de óvulos que começam a se dividir sem fecundação (coisa que ocorre, mas tem alguns problemas porque o óvulo tem alguns genes relacionados ao desenvolvimento que são inibidos, junto com genes relacionados ao subdesenvolvimento que não são, enquanto o espermatozóide é ao contrário, compensando; um zigoto com todos os genes vindos de um óvulo tende a ser subdesenvolvido), então, pelo ponto de vista que se deve tentar garantir a vida dos zigotos, não seria anti-ético não fazer o mesmo tratamento para garantir a saúde e desenvolvimento de qualquer zigoto, deixando uns morrer apenas por que não terem genes masculinos? (no mínimo seria taxado de abortismo machista!!!

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E, se além disso, fosse desenvolvida uma técnica pela qual pudesse ser estimulado o desenvolvimento de qualquer óvulo em um zigoto viável, sem fecundação. Aí então a deficiência de qualquer óvulo poderia ser suprida através de tratamento, e ovulação e gravidez seriam praticamente sinônimos. Não tratar um óvulo (natural ou artificialmente) que pode se desenvolver em um ser humano completamente formado apenas por não querer ter um filho, seria exatamente como ter um filho doente e não tratá-lo, ou privar uma criança de comida e cuidados até que morresse, fazendo isso por que custaria muitas despesas futuramente.
Esse tipo de coisa não está muito distante de ser obtida, pelo que sei, atualmente já se consegue com ratos ou camundongos.