Carlos Castelo escreveu:Alguns babacas acham que o desenvolvimento de valores morais, códigos de conduta e senso cooperativo entre as pessoas podem ser definidos pelo aspecto religioso e não uma feramenta que nós homo sapiens aprendemos a utilizar para que o simples fato de estarmos aqui discutindo fosse possível!
Carlos!
Faz parte dos nossos genes. O "espírito" gregário, a vida em sociedade, foi o que nos preservou como espécie, o que implica dizer que os que sobreviveram e portanto são nossos ancestrais diretos, souberam cultivar os valores básicos para a vida em grupo.
Um exemplo disso é que, independentemente de ser anti-social ou não, temos esse dispositivo bastante atuante em se tratando de família, nosso grupo consanguíneo. A defesa da família, da prole, é fundamental para nossa espécie.
O que se fala das religiões já são outros quinhentos mesmo. Eu vou re-postar aqui um textículo meu que escrevi de gozação. Fala sobre "como" deus e os deuses podem ter sido criados e a finalidade última dos mesmos para nossa espécie primata.
Segue:
[center]Criando Deus...[/center]
O que é inerente ao gênero humano, pertencente ao grupo dos primatas,
é o respeito à hierarquia. Tudo o que vimos criando desde os
primóridos da civilização tem por base o respeito à hierarquia. Isto
vem sendo estudado a partir do comportamento dos grandes símios, caso
dos gorilas e orangotangos. Eles têm a liberdade de elegerem um
soberano e seguem-no fielmente. Fêmeas dão preferência a ele para
procriar, existe sempre uma fêmea predileta, existem outras que lhe
rendem tributos, assim como ao "soberano" do grupo, que disputa
seu título com outros em brigas para provar quem é o mais forte
dentre todos..
Assim com bases no "seguir as normas hierárquicas", nós humanos
criamos nossos representantes na figura de Reis, Patriarcas,
Dirigentes, Presidentes... já que temos esse princípio de obediência
ao soberano em nossos códigos genéticos. Ao nos estruturarmos em
grupos maiores, nós humanos vimos que em certas circusntâncias
ficaria difícil eleger um soberano supremo que fosse obedecido
fielmente pelas demais tribos sem contestação. Como a superioridade
acabou sendo frágil senão em termos absolutos, a idéia de um DEUS
soberano foi implantada. Ao abraçarmos a idéia de um Pai criador, um
Deus, ou Deuses acabamos com este problema inerente à necessidade
humana de ter um superior e temos condições de "eleger" não mais por
provas de força física, aqueles que teremos por representantes desse
Deus, ou de tudo o que é bom e perfeito ( portanto não humano ) na
Terra.
Ao afirmar-se que o ser humano tem por base a busca pela felicidade e
paz entre os membros, incorre-se no erro de não prestar atenção ao
que é marcante no gênero humano: a vontade de ser lider, de
comandar, de ter poder sobre os demais membros da sociedade. Aos
homens cabem as provas físicas de poder, sejam elas com bases apenas
na exteriorização da força bruta( por parte daqueles que tenham dotes
físicos para tanto ), até da "força intelectual", que prevalece entre
aqueles espécimes humanos não tão bem dotados fisicamente a ponto de
vencer brigas, acabando por vencê-las pela inteligência.
Uma forma encontrada pelos fracos que querem ser fortes e seguidos,
tem sido criar normas e regras que visem fazer a humanidade "irmã" em
torno de uma idéia base. Quando essa idéia base é Deus, somos irmãos
em Deus e obedecemos as leis criadas pelos homens fracos fisica ou
intelectualmente, em nome desse personagem Deus a fim de "nivelar" as
diferenças entre as castas humanas, que todos reconhecem ( propensão
genética ) que existem mas passam a não admitir a existência a partir
do momento que se consideram "irmãos em uma causa"!
Ao acreditarmos em Deus Pai, Deus Ciência, Homens Deuses, estamos
apenas seguindo o plano humano para aceitar as limitações e a própria
condição de fraqueza "por não ser forte o suficiente para ser
soberano do grupo", ou no caso das mulheres "a fêmea predileta"!
Isso é a simplificaçào da simplificação em termos do que acontece nas
sociedades, mas os exemplos são tão claros que me é impossível
aceitar tal argumento como não mais do que "a mais cândida verdade"
quando falamos da necessidade de termos estruturas de pensamento que
visem o "nivelamento" no mundo. Vivemos aquilo que temos em nós, em
quê acreditamos e as sociedades falam disso o tempo todo. Tudo o que
pensamos, seja em termos religiosos, políticos, filosóficos apenas
validam esta necessidade de elegermos nossos líderes quando não
estamos em condições de pleitear tal liderança, ou quando exercemos a
lideraça sem sermos merecedores dela.
Um exemplo típico disso pode ser encontrado nos que criam seitas
religiosas ( ou não ) "do nada" e que angariam seguidores
apaixonados. Estes criadores de seitas não raro apresentam uma
aversão ao gênero humano por simplesmente não fazer parte do "time de
frente", por não ser o mais belo, por não ser o mais inteligente, por
não poder vencer aos demais em exibições de poder, por ser de uma
casta ou raça considerada inferior. Estes "criadores de seita"
então, munindo-se de seguidores que considerem inferiores a si
mesmos, iniciam movimentos que visem a inversão dos valores que os
excluem do poder na sociedade à qual pertençam. Aos seguidores de
tais homens, acaba havendo a tarefa de enaltecer-lhes as virtudes a
fim de validar a adoração que rendam a eles, ao que eles pregam.
Normalmente os medíocres agrupam-se em seitas deste tipo e não raro
chegam ao poder e ao controle de grandes massas humanas. Vide
exemplos nas sociedades Fascistas e em regimes onde prevalece o
Fundamentalismo Religioso à frente dos representantes políticos.
Num lado oposto, convém destacar, existem aqueles que não têm tanto
interesse pelo poder, mas seus feitos pelos demais do grupo são
reconhecíveis e admiráveis. Estes são os líderes natos ( alguns
tornaram-se pilares das religiões vigentes no mundo), ou simplesmente
reis que fizeram seus seguidores alcançarem vitórias memoráveis e que
são aclamados e idolatrados. Não raro, esses representantes dignos
que são elegidos pela sua capacidade latente e inerente em si mesmos,
são mortos e espezinhados por aqueles que se sentem "invadidos" e
ameaçados em sua pretensa e inválida ascenção ao poder. Estes
medíocres, munindo-se de conceitos medíocres que lhes validem as
ações medíocres, matam e trucidam todos aqueles que lhes ponham à
mostra a própria inferioridade "escondida" dos olhos dos demais pelas
regrinhas criadas e pelas "verdades" que criam. Os que os seguem e
professam suas regras são da mesma categoria.
Assim eu não considero válido o argumento de emprestar ao ser humano
virtudes tais que o façam "buscar ideais de beleza e felicidade" para
todos. Antes, todos buscamos o poder, seja através de nossos
próprios feitos, seja através daqueles ou daquilo em que acreditamos
que nos façam alcançar tal poderio. Os exemplos disso podem ser
encontrados até em listas de discussão. Há exemplos inclusive no que se considera "submundo das drogas". Em seus cartéis, estes que vivem
à margem da sociedade, criam seus próprios líderes e seus
representantes. O Deus nesse caso passa a ser o Dinheiro, sendo a
riqueza uma das formas mais convincentes de demonstração de poder...
como já diziam, quem não tem cão, caça com lagartixa e cada um busca
para si as crenças que validem sua ânsia de "ser o bom, o tal, o
maioral". Os meios pelos quais alcançam esse "status" varia
conforme o que cria os grupos.
Vale matar, vale roubar, vale destruir, excluir, traficar, burlar...
tudo o que é errado faz parte da vida humana, mais do que todas as
virtudes enumeráveis. Isso porque as virtudes e sua aceitação, são
apenas consequências diretas da necessidade de "acalmarem-se os ânimos" daqueles que se considerem inaptos a pleitear o poder por si mesmos. O que vale, no final das contas é combater. Quem não se sente forte para lutar por si mesmo, apela para conceitos que validem sua inferioridade em bases aceitáveis e isso é tudo.
Visão tenebrosa essa, mas é apenas um retrato realista da verdadeira
condição humana. Pode-se ver algo de bom nisso tudo, afinal
sobrevivemos... mas isso devemos a quem criou o conceito de Deus,
desde lá nos primórdios... só assim pudemos sobreviver e chegar até
os dias de hoje "ilesos de nós mesmos". Não que isto valide a idéia
da existência de um Deus soberano. Antes, valida a idéia de que
devemos a nossa sobrevivência frente os nossos instintos de destruição e auto-aniquilamento, pela prática da Fé em um ente supremo e seu séquito que permitiu que NÃO nos matássemos uns aos outros de forma mais "acintosa".
Até que para primos de Gorilas fizemos bonito...