Não em meu nome!

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Pug
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Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Pug »

Alter Ego, não seja ridículo

1 - não foram meus critérios.
Foram apresentados factos de que determinado individuo mostrava repúdio por pessoas só por estas serem muçulmanas...

2 - O racismo está em falar dos MUÇULMANOS (cristãos) como tratando-se de criminosos, terroristas, genocidas entre outras "simpáticas" declarações... abra pestana :emoticon14:

Onde disse que os cristãos todos cometeram o crime?

Ou mais importante

Que os cristãos são criminosos por seguiram a sua religião?

Vc não poderá faze-lo, poupe o seu tempo e sobretudo o meu...


P.S. Dei demasiada atenção ao que não merecia...
"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam" - Desconhecido

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Alter-ego
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Re: Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Alter-ego »

Pug escreveu:Alter Ego, não seja ridículo

1 - não foram meus critérios.
Foram apresentados factos de que determinado individuo mostrava repúdio por pessoas só por estas serem muçulmanas...

2 - O racismo está em falar dos MUÇULMANOS (cristãos) como tratando-se de criminosos, terroristas, genocidas entre outras "simpáticas" declarações... abra pestana :emoticon14:

Onde disse que os cristãos todos cometeram o crime?

Ou mais importante

Que os cristãos são criminosos por seguiram a sua religião?

Vc não poderá faze-lo, poupe o seu tempo e sobretudo o meu...


P.S. Dei demasiada atenção ao que não merecia...

Aqui

Pug escreveu:O mundo cristão foi responsável pela Shoa, e por mais que propagandistas queiram meter a foto de um certo mufti de Jerusalem, foram os bons cristãos quem cometeram o maior genocidio da história humana.

Roma :emoticon2:
"Noite escura agora é manhã..."

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Tranca
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Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Tranca »

Interrompendo o bate-boca das raparigas... :emoticon12:

... mais uma análise do assunto ora em pauta.


19/07/2006 - 15h39

Análise: Irã é vencedor imediato no Líbano
CAIO BLINDER, da BBC Brasil, em Nova York

Nas voláteis e sempre explosivas crises do Oriente Médio, já surgiram novos perdedores indiscutíveis. São civis no Líbano e no norte de Israel, vítimas de bombardeios e do lançamento de foguetes.

A curto prazo, o Irã emerge como um vencedor. A crise deflagrada pela provocação do grupo xiita Hizbollah e aprofundada pela resposta israelense mostrou a capacidade do regime de Teerã de estender os seus tentáculos. Não se trata apenas do seu apoio ao Hizbollah, mas da ampliação de oportunidades para atuar como um "player" regional.

Essas oportunidades foram abertas pela reação americana aos ataques do 11 de Setembro. As invasões do Afeganistão e do Iraque foram um presente de George W. Bush ao regime de Teerã pela eliminação de inimigos fronteiriços, o Taleban e Saddam Hussein.

Os iranianos se tornaram atores-chaves no imbróglio iraquiano e, ironicamente, ao lado de Washington, peças de sustentação de um governo xiita, lance fundamental para que a nova ordem tivesse um esboço de legitimidade.

O velho Iraque foi destruído. O novo é uma ciranda de caos e morte. A invasão americana que deveria ter sido a ponta-de-lança de um admirável mundo novo ganha cada vez mais contornos vietnamitas para os americanos.

Atolado no Iraque, o governo Bush foi perdendo a capacidade de atuação no Oriente Médio. Em outros casos, como na crise palestina, foi negligente por opção. O vácuo diplomático foi cada vez mais ocupado pelos iranianos, para a inquietação de regimes árabes conservadores e sunitas.

A crise libanesa apenas melhorou a posição iraniana. De imediato serviu para tirar o foco do seu programa nuclear. Teerã espera que os desdobramentos desta crise inclusive dividam americanos e europeus, que estao relativamente unidos em uma postura cada vez mais dura nas negociacoes nucleares com os iranianos.

Velho Líbano

Com seus aliados sírios, os iranianos visualizam claros benefícios na degringolada libanesa, em particular devido à virulenta resposta israelense.

O Líbano da onda democrática que levou à retirada das tropas sírias se tornara um cartão postal deste admirável mundo novo tramado na cabeça de Bush. Agora temos novamente o Líbano dilacerado, velho de guerra. Damasco e Teerã deram o recado de que não podem ser marginalizados ou simplesmente colocados a escanteio no Oriente Médio.

Como no caso de Israel, ainda é cedo para dizer se iranianos e sírios cometeram um erro de cálculo com suas jogadas para tirar proveito da conflagração. Vale repetir que a situacao é volátil, e vencedores do momento talvez percam a longo prazo. Mas existem outros perdedores indiscutíveis, além de civis alvejados por bombas israelenses e foguetes do Hizbollah.

Perderam os que apostavam em uma primavera democrática no Oriente Médio. Eleições podem resultar em governos como o do Hamas, no caso palestino, ou de participação ministerial de grupos como o Hizbollah, no Líbano.

Foram alguns dos desfechos não intencionados por Bush quando ele decidiu criar impetuosamente um admirável mundo novo no Oriente Médio. Agora é o momento de reversão.

Como lembrou o editorial de quarta-feira do jornal "The Washington Post", hoje no Egito existe o "apoio tácito" de Bush ao presidente Hosni Mubarak na sua campanha para esmagar o movimento democrático que floresceu no ano passado.

Como ninguém, George W. Bush alterou o status quo no Oriente Médio com a invasão do Iraque em 2003. O que será montado no lugar é tão incerto como um foguete Katyusha.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ ... 5215.shtml
Palavras de um visionário:

"Seria uma ressurreição satânica retirarmos Lula e Brizola - esse casamento do analfabetismo econômico com o obsoletismo ideológico - do lixo da história para o palco do poder."

Roberto Campos

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spink
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Mensagem por spink »

Outra ótima análise.


Der Spiegel



25/07/2006
Israel vai à guerra com um punho de ferro

da Redação

Enquanto Beirute é reduzida a escombros sob uma barragem de bombas
israelenses e os moradores do norte de Israel fogem dos constantes ataques com foguetes do Hezbollah, a perspectiva de um cessar-fogo parece remota. Nesse ínterim, o resto do mundo observa enquanto se desenrola a mais recente catástrofe do Oriente Médio.

Ele é um homem pequeno, velho e enrugado, com um círculo fino de cabelos brancos em torno da sua cabeça calva. O seu bigode delicado vibra quando ele fala com uma voz aguda e frágil. Quando lhe fazem uma pergunta, o velho parece encolher-se, como se acreditasse ser capaz de, de alguma forma, tornar-se invisível, sobrevivendo ao pior ao oferecer a menor resistência possível.

Zwi Shalit, 79, é um judeu que se especializou na arte de lidar com as
agruras, mas não por escolha própria. Se existe um Deus, Shalit sempre o experimentou como um Deus furioso, e não como alguma deidade benevolente. E, se houver um Deus, este destinou o seu Povo Escolhido a suportar mais do que a carga justa de sofrimentos do mundo.

Quando criança, Zwi Shalit foi expulso da sua terra. Nascido na cidade de L'viv, na Galícia, uma ex-província do Império Austro-Húngaro, que fica atualmente no oeste da Ucrânia, ele e a família viviam pacificamente em uma comunidade de judeus, alemães, poloneses, ucranianos e armênios. A família freqüentava uma sinagoga ao lado de uma igreja católica. Não havia tensões entre os grupos religiosos da região, pelo menos não até Adolf Hitler chegar ao poder na Alemanha. Sob o regime nazista, os judeus de L'viv foram literalmente massacrados, sendo alvo de até 800 assassinatos em um único dia. "Nós não éramos 100% sionistas", conta Shalit. Mas em um clima de anti-semitismo alimentado pelos nazistas, ninguém se importava com o grau de devoção de um judeu. "A minha mãe nos levou para a Palestina. Para a nossa segurança, conforme eu acreditava".

Isso aconteceu 65 anos atrás.

Quando adulto, Zwi Shalit perdeu o seu filho. Quando o Estado de Israel foi criado em 1948, agitadores árabes declararam imediatamente o objetivo de "empurrar os judeus para o mar". A família Shalit sobreviveu, Zwi se casou e entrou para a guarda-costeira, e a sua mulher deu a luz aos filhos gêmeos Noam e Joel. Assim como todos os israelenses, os dois garotos foram convocados para cumprir três anos de serviço militar. Em outubro de 1973, quando tropas sírias e egípcias invadiram Israel no Yom Kippur, o Dia do Perdão judeu, a unidade de Joel foi enviada para as Colinas de Golã. As tropas sírias eram mais numerosas do que as forças israelenses, e Joel foi queimado vivo no seu tanque.

Isso aconteceu 33 anos atrás.

E atualmente, como avô, Zwi Shalit está enfrentando o seqüestro do seu neto. Era um domingo de manhã quando Shalit, atualmente aposentado, ouviu uma reportagem no rádio afirmando que um posto de guarda militar israelense na fronteira com a Faixa de Gaza fora atacado. Zwi Shalit ficou alarmado, porque sabia que o seu neto de 19 anos de idade, Gilad, estava servindo naquele local. Por volta do meio-dia, as suas preocupações se transformaram em uma realidade amarga. Gilad havia sido seqüestrado por milícias palestinas e era agora um refém, não tendo deixado nenhum traço da sua presença.

Isso ocorreu quatro semanas atrás.

Os ataques contra Zwi Shalit e sua família estão ficando mais próximos - de várias maneiras. Ele mora em Kiryat Ata, uma localidade próxima à cidade portuária de Haifa, a apenas cerca de 30 quilômetros da fronteira libanesa. Ele senta-se em uma velha poltrona, olhando fotografias dos seus entes queridos e escutando o ribombar da artilharia. O que ele escuta é o som de foguetes Katyusha, lançados do território controlado pelos militantes islâmicos do Hezbollah, caindo a apenas alguns quilômetros da sua casa. Embora ninguém tenha ficado ferido no ataque aparentemente aleatório - ao contrário dos ataques letais em Haifa, que fizeram vários mortos -, a explosão dos foguetes gerou mais uma onda de pânico entre os moradores.

Isso foi na quarta-feira passada.

Toda vez que Zwi Shalit escuta as sirenes avisando que há um novo ataque com foguetes em andamento, o velho e sua mulher correm para a sala de estar no interior da casa, o mais longe possível das janelas. A casa não tem porão, e os 60 segundos de advertência que as sirenes teoricamente proporcionam não lhes dão tempo suficiente para que cheguem até o abrigo antibombas mais próximo. "Estamos novamente em guerra", diz ele, que já teve que lidar com mais do que a sua parcela justa de pesar, mas que não tem outra escolha a não ser perseverar. "Mas nós não estivemos sempre em guerra? E o que fizemos
para merecer isso?".

Israel, a vítima

Israel - a vítima permanente. Israel - a terra dos judeus e um país cuja própria existência está constantemente sob ameaça. Israel - um Estado à beira do desastre, rodeado de inimigos dispostos a destruí-lo. Forçado a se unir como uma nação, a deixar de lado as suas batalhas internas e a responder às ameaças externas defendendo-se a todo custo. Essa é a essência do credo israelense generalizado.

Aos olhos de vários judeus, a sua história é uma narrativa de sofrimento quase constante. O assassinato de milhões durante a campanha nazista de extermínio forjou uma forte crença nas mentes do povo judeu: Nós jamais seremos massacrados novamente! Essa síndrome de Auschwitz faz com que Israel acredite ser justificado o fato de depositar a sua fé no arsenal sempre crescente do país. Israel é há muito tempo a mais forte potência militar da região, equipada com as armas mais sofisticadas e mortíferas - incluindo artefatos nucleares.

Vários israelenses vêem os seus piores pesadelos confirmados pelos
seqüestros na Faixa de Gaza realizados por militantes palestinos e, de forma ainda mais intensa, pelo ataque não provocado da milícia libanesa Hezbollah contra um posto de fronteira israelense, que resultou na morte de oito soldados e no seqüestro de dois outros. O Hezbollah respondeu aos ataques retaliatórios israelenses em larga escala com o lançamento de uma saraivada de foguetes contra o território israelense.

A escalada beligerante que se seguiu é mais séria do que qualquer fato
ocorrido no Oriente Médio em vários anos. Ao contrário de crenças
disseminadas, o inimigo de Israel não é capaz de atacar apenas as vilas na região da fronteira norte, mas também de atingir Haifa, a terceira maior cidade do país, Nazaré e Afula, que ficam a mais de 50 quilômetros da fronteira libanesa. Para piorar a situação, o Irã forneceu ao Hezbollah foguetes ainda mais sofisticados, com um alcance de até 75 quilômetros, que possibilitariam aos militantes atingir alvos mais distantes do que Haifa, bem no centro do território israelense. Hassan Nasrallah, o líder militante do Hezbollah, disse certa vez: "A entidade sionista é como um câncer na região, e quando um câncer é detectado ele deve ser extirpado". O seu aliado iraniano, o presidente Mahmoud Ahmadinejad, concorda nitidamente, tendo afirmado que o Estado de Israel deveria ser "varrido do mapa".

Poderia Israel sobreviver sob tais circunstâncias?

O Líbano sob ataque

Ela era uma mulher com pouco mais de 20 anos de idade, bela e vivaz, com uma vida inteira ainda pela frente. Os seus parentes eram xiitas devotos, mas não tão devotos a ponto de proibi-la de usar um lenço de cor viva na cabeça. Ela se tornou enfermeira porque desejava ajudar os outros. E ela chegava a ter orgulho do seu primeiro nome, Nimra. Traduzido como "tigresa", o nome lhe caía bem.

Se existe um Deus, então ele não tem facilitado as coisas para Nimra Bidun, da cidade portuária de Tiro, no sul do Líbano. Ele submeteu esta mulher, que nunca fez mal a ninguém, a uma provação atrás da outra.

A primeira ocorreu em um dia de junho, em 1982. O Líbano havia se
transformado mais uma vez em um campo de batalha para as guerras travadas por representantes dos seus vizinhos. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) se consolidou como um Estado dentro de um Estado, e os israelenses, sob o comando do general Ariel Sharon, ocuparam o Líbano para expulsar Iasser Arafat e os seus seguidores do país. O rugido dos caças a jato tomou conta dos céus sobre Tiro. Uma mulher acabara de dar à luz no Hospital Behr quando as sirenes que alertavam para os ataques aéreos soaram. O médico, percebendo perigo, pediu a Nimra que pendurasse um lençol branco na janela. "Eu corri até a janela, e foi aí que tudo ficou escuro", conta ela, recordando o incidente.

A bomba atingiu diretamente o hospital, destruindo-o completamente. Somente a enfermeira sobreviveu. As quatro mães em trabalho de parto, os bebês, o médico, todos morreram. Nimra Bidun só tem memórias vagas do que ocorreu nas horas seguintes. Ela se lembra de homens da Cruz Vermelha colocando-a em uma maca e de médicos israelenses levando-a através da fronteira até Israel, onde recebeu tratamento de emergência. Depois disso, foi enviada de volta ao Líbano.

Apesar de ter perdido muito sangue, Bidun sobreviveu. Mas a sua perna ficou horrivelmente desfigurada. Ela não podia mais trabalhar como enfermeira. Os únicos dispostos a cuidar dela em Tiro eram os membros do Hezbollah, o militante "Partido de Deus". Eles travavam as suas batalhas a partir do entorno da cidade, ou de esconderijos em áreas remotas, mas em Tiro a principal preocupação deles era cuidar das pessoas.

Bidun encontrou um marido, um pensionista quase 30 anos mais velho que ela, um homem que não era exatamente atraente e tampouco um grande intelectual. Mas como deficiente física as suas opções eram limitadas. Ela retornou à vila da sua família, Aitit, a apenas 12 quilômetros da fronteira israelense. Mas Aitit estava longe de ser um lugar seguro e havia fogo de artilharia dos dois lados da fronteira. Temendo pela sua segurança, Bidun tomou uma medida significante e se mudou para a capital, Beirute. Quatro anos mais tarde, ela deu a luz a uma filha, e a pensão do marido proporcionou dinheiro suficiente apenas para a família viver com um conforto relativo. A sua vida recomeçou.

Beirute, fundada pelos fenícios e governada durante séculos pelos romanos e pelos turcos otomanos, era uma cidade estimulante, uma pérola incrustada na costa do Mediterrâneo. E a cidade estava finalmente sendo reconstruída, após uma longa e terrivelmente sangrenta guerra civil que durou de 1975 a 1990. De repente Beirute foi preenchida por uma autoconfiança e por um desejo pela vida. Discotecas começaram a surgir em antigos locais de batalha, locais nos quais cristãos esmagaram os crânios de sunitas, e sunitas esmagaram os crânios de xiitas. A juventude de Beirute estava literalmente dançando sobre sepulturas.

E, depois disso, após a "Revolução do Cedro", em 2005, os libaneses
conseguiram até se livrar dos seus indesejados senhores estrangeiros, ao expulsarem os sírios, que à época já se sentiam confortáveis dando as ordens em Beirute. Porém, apesar da partida dos sírios, o Hezbollah continuou desempenhando um papel importante no país, em parte porque, aos olhos dos libaneses, eles "derrotaram Israel militarmente". Em meio às baixas ininterruptas, os ocupantes israelenses se retiraram do Líbano em 2000, cedendo espaço aos islamitas radicais. E, sob o ponto de vista de Nimra Bidun, o Hezbollah também passou a desempenhar um papel importante na política libanesa. Bidun chegou a votar nos islamitas, em parte devido às atividades destes na área dos serviços sociais, mas também devido à sua convicção de que os israelenses ainda ocupavam território libanês - as contestadas Fazendas Shabaa.

Assim como muitos dos seus compatriotas libaneses, Bidun aprovava os
periódicos ataques espicaçantes do Hezbollah contra Israel. Mas ela prefere não fazer comentários sobre o seqüestro dos dois soldados israelenses por parte do grupo. Ela simplesmente dá de ombros. Tudo o que Bidun sabe é que as conseqüências foram fatais - para o Líbano, o seu país. Mas as conseqüências também foram devastadoras para esta mulher de 47 anos de idade e a sua família.

Os primeiros sinais sinistros surgiram na última quarta-feira, quando o céu do sul de Beirute ficou escuro com panfletos que caíam sobre a área
densamente habitada. A palavra "Fillu" - "Deixem a área!" - estava impressa nos panfletos israelenses.

Bidun e a sua família fugiram o mais rapidamente possível. A sua irmã
retornou a sua casa para pegar o vestido amarelo da sua boneca. No entanto, além de umas poucas tolhas e de alguns brinquedos para a garotinha, eles perderam a maior parte dos seus pertences. Mas a família conseguir escapar com relativa segurança, apesar de se atrasar devido à deficiência física de Nimra. Eles foram para um abrigo público em uma escola em Verdun, uma área moderna de Beirute. Agora o vestido amarelo da boneca é sacudido ao vento na janela. Reduzidos à condição de refugiados no seu próprio país, os indivíduos que estão no abrigo fazem o possível para manter o ânimo.

Mas em intervalos periódicos de algumas horas o abrigo é sacudido pelo
trovejar das bombas israelenses explodindo sobre os seus alvos. Com base na localização dos clarões e das nuvens negras de fumaça, Bidun, a tigresa de Tiro, conclui que o seu bairro foi bombardeado diversas vezes. Pontes, estações de energia e prédios governamentais foram reduzidos a escombros, com as vigas de aço derretidas, e o concreto esmagado, como se tivesse sido golpeado por uma mão gigantesca. As linhas de transmissão de energia elétrica viraram emaranhados de fios. Bidun não deseja voltar para ver a destruição. Ela sabe como o cenário será triste, uma visão tão perturbadora quanto as vagas memórias que ela tem das ruínas do hospital no qual foi ferida.

Pela primeira vez na sua vida, Bidun, que já foi atingida pelo destino, não sabe se terá a coragem e a força para recomeçar, para construir uma nova vida a partir das ruínas. Lutando para conter as lágrimas, esta mulher normalmente estóica pergunta: "O que foi que nós, libaneses comuns, fizemos aos israelenses? Não estou criando a minha filha para que ela tenha que passar por tudo isso de novo e de novo. Alguém precisa acabar com esse círculo vicioso".

Nenhum observador neutro sugeriria que os israelenses estão alvejando
deliberadamente civis no Líbano. Mas as forças armadas israelenses aceitam alegremente o fato de que os danos colaterais são inevitáveis quando as posições do Hezbollah, em áreas residenciais xiitas densamente habitadas, são bombardeadas. Um piloto israelense, por exemplo, bombardeou um micro-ônibus cheio de refugiados civis, matando dezenas de libaneses. Após o incidente, autoridades israelenses declararam que o Hezbollah utiliza microônibus para transportar os seus foguetes Katyusha. Até o último final de semana, bem mais de 300 civis libaneses haviam morrido neste conflito - dez vezes o número de baixas civis israelenses.

Em 2002, Dan Halutz, o atual comandante das Forças de Defesa Israelenses, fez um comentário sobre um ataque no qual uma bomba de uma tonelada foi lançada sobre uma casa residencial para eliminar Salah Shahada, o líder do Hamas. O líder foi morto, mas morreram também 15 civis - 11 deles crianças. Depois desta ação, Halutz afirmou estar se sentindo "excelente" e que "não tinha problemas para dormir". Duas semanas atrás, este linha dura israelense ameaçou bombardear Beirute de forma que a cidade regredisse 20 anos, caso os soldados não fossem devolvidos. A julgar pela devastação presenciada em partes de Beirute, onde centrais elétricas, pontes e edifícios foram reduzidos a ruínas, a impressão que se tem é que Halutz já atingiu o seu objetivo. Enquanto isso, o ódio crescente pelos israelenses, com o seu poder aéreo superior, só está atraindo um número cada vez maior de recrutas para
as fileiras do Hezbollah.

Israel - o país que aplica um duplo padrão ao ignorar qualquer condenação da Organização das Nações Unidas (ONU) às suas próprias ações, enquanto exige veementemente que os libaneses cumpram a Resolução 1559 da ONU, que pede o desarmamento da milícia Hezbollah. Israel - o Estado que insiste em ditar unilateralmente as suas próprias condições para a paz, e chega até mesmo a tentar redesenhar as fronteiras no Oriente Médio sem consultar os seus vizinhos.

Será que Israel será capaz de sobreviver a isso?

Raramente se viu a comunidade internacional tão impotente quanto nos últimos dias. Raramente escaramuças de baixa intensidade, envolvendo não mais que algumas dezenas de combatentes, tiveram a sua magnitude aumentada de forma tão rápida, transformando-se em uma guerra que afeta milhões de pessoas, uma guerra que ainda ameaça transformar-se em uma tempestade de fogo regional.

O mundo observa

No encontro de cúpula do G-8, duas semanas atrás, as principais potências industrializadas do mundo foram mais uma vez bem-sucedidas no que diz respeito a contornar as suas diferenças, condenar os ataques contra soldados e civis israelenses - o fator que teria desencadeado a crise - e pedir a Israel que exercesse moderação. De fato, o aspecto mais bem-sucedido da declaração do G-8 foi o fato de ela chegar a ter sido feita.

Mas as partes mergulhadas no conflito não pareceram prestar atenção. O
Hezbollah continuou lançando foguetes contra Israel e, assim como as
milícias palestinas na Faixa de Gaza, se recusou a sequer discutir a questão dos soldados israelenses seqüestrados, a menos que Israel estivesse disposto a concordar com uma "troca de prisioneiros" em larga escala. Nasrallah, com o apoio dos seus patrocinadores iranianos, de cuja aprovação ele provavelmente necessitou antes de lançar o ataque inicial, aparentemente acredita que a sua ação ousada fará dele um herói no mundo árabe e enfraquecerá o governo libanês.

Israel rejeitou a "oferta" do Hezbollah, chamando-a de chantagem. Apesar da sua relativa falta de experiência militar, o primeiro-ministro israelense Ehud Olmert subitamente ficou tão belicoso quanto o seu predecessor, Ariel Sharon, nos seus dias mais combativos. "Continuaremos com os bombardeiros pelo tempo que quisermos", afirmou ele. Olmert deu autonomia total às forças
armadas, permitindo que ela preparasse uma invasão por terra e que
realizasse milhares de ataques aéreos contra o vizinho Líbano.

"Eles estão acabando com o nosso país", reclamou o liberal e pró-ocidental primeiro-ministro libanês Fuad Siniora. "Estamos enfrentando uma catástrofe humanitária", disse ele na semana passada, fazendo um apelo desesperado e urgente à comunidade internacional.

Com mais de 500 mil pessoas fugindo das bombas até o final da semana
passada, viram-se cenas dramáticas de civis aguardando em filas por espaço em ônibus e navios. Pais aos prantos foram separados dos filhos, enquanto estes eram entregues, através de cercas de arame, a funcionários de agências de auxílio humanitário. Os franceses, os alemães e os norte-americanos evacuaram os seus cidadãos, deixando para trás os libaneses para que estes descobrissem onde estariam seguros contra os mortais bombardeios aéreos.

O resto do mundo estava dividido. De um lado estava Israel e o seu protetor, os Estados Unidos, que imediatamente fizeram política no sentido de adiar um cessar-fogo. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse que não queria pressionar o "nosso aliado" Israel, acrescentando que os israelenses têm "o direito de se defender". O "New York Times" anunciou na quarta-feira passada que os Estados Unidos coordenaram cuidadosamente a sua resposta com os israelenses, de forma a permitir que estes continuassem bombardeando o
Líbano por mais uma semana.

Os chefes de governo em Berlim e em Londres fizeram tudo o que puderam para se esquivar da questão. A Rússia, a França, a Espanha e o Vaticano formaram uma frente de oposição. Embora chamando as ações dos palestinos e do Hezbollah de "terrorismo", eles exigiram um rápido cessar-fogo. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, criticou Israel com uma energia inusual pela "escala sem precedentes de morte e destruição por meio do uso excessivo da força". E o governo do presidente russo Vladimir Putin afirmou que as ações de Israel foram "bem além de uma operação antiterrorista". O presidente francês Jacques Chirac declarou que uma população inteira - os libaneses - foi feita refém.

Israel vulnerável

Apesar da sua enorme superioridade militar, Israel agiu porque se sentiu ameaçado, e os seus líderes estão bastante conscientes desta fraqueza fundamental. Israel é um país pequeno, que tem o tamanho aproximado do Estado norte-americano de Nova Jersey. Com menos de 20 quilômetros de largura no seu ponto mais estreito, Israel está imprensado entre a costa do Mediterrâneo e a Cisjordânia.

Referindo-se à situação precária do país, os estrategistas freqüentemente chamam Israel de "um país de uma bomba só". Uma única ogiva nuclear, que as autoridades em Jerusalém acreditam firmemente que os mulás do Irã já estão desenvolvendo, seria suficiente para destruir a capacidade de sobrevivência do Estado judeu na extremidade leste do Mediterrâneo. A sua infraestrutura industrial seria em grande parte destruída, uma grande parcela da população obliterada e o seu centro fértil tornado inabitável.

Em uma tentativa de compensar a sua falta de espaço físico para a construção de instalações militares, Israel transformou as suas forças convencionais na estrutura militar mais moderna do Oriente Médio. As forças armadas israelenses também adquiriram bombas nucleares como meio de dissuasão maciço, caso alguns dos seus inimigos árabes pense em usar armas de destruição em massa para varrer Israel do mapa.

Até o momento, o arsenal israelense, calculado em até 400 ogivas nucleares, tem se mostrado efetivo. Durante anos, os Estados vizinhos mantiveram milhares de tanques e peças de artilharia pesada, aviões de caça e foguetes em quartéis, bunkers e hangares, armas que adquiriram com o único propósito de libertar Jerusalém e toda a Palestina daquilo que chamam de "ocupação sionista". Essas são armas que os Estados árabes foram incapazes de usar, já que lançá-las contra Israel só causaria a sua própria destruição.

Mas os ataques do Hezbollah ameaçam transformar Israel em uma vítima do
mesmo tipo de conflito assimétrico que se mostrou tão problemático para o seu aliado, os Estados Unidos, no Iraque e agora no Afeganistão. De ato, o efeito dissuasor do arsenal de guerra israelense se desfaz perante as milícias de mártires do palestino Hamas, na Faixa de Gaza, e do xiita Hezbollah no Líbano - algo que para a liderança das forças armadas israelenses é mais devastador do que a saraivada de foguetes. "Se a dissuasão precisar ser restabelecida por meio do conflito, então o conceito fracassou em sua totalidade. A dissuasão deveria prevenir o conflito", afirma Ami Ayalon, um almirante israelense da reserva e ex-chefe da inteligência doméstica, ao explicar a rachadura na blindagem de Israel.

Ninguém sabe ao certo qual é o poder real do mais recente atacante de
Israel, o Hezbollah. Agências de inteligência norte-americanas e israelenses acreditam que o grupo possui pelo menos 15 mil foguetes e 20 mil combatentes capazes de ser mobilizados a qualquer momento. Eles seriam financiados pelo Irã, com cerca de US$ 50 milhões por ano.

No entanto, as opiniões se dividem na hora de determinar se os guerreiros religiosos no Líbano agem obedecendo a ordens diretas de Teerã, sendo que pouquíssimos especialistas em Oriente Médio vêem esse relacionamento como sendo de comando militar direto. De fato, a estrutura de Nasrallah se tornou demasiadamente independente para isso - e como um Estado dentro de um Estado no Líbano, demasiadamente poderosa. Afinal, afirma Volker Perthes, diretor do Instituto de Assuntos Internacionais e de Segurança, em Berlim, o Hezbollah demonstrou a sua legitimidade por meio do seu sucesso nas urnas.

Mas a lealdade da organização a Teerã possui raízes históricas, já que a milícia provavelmente jamais teria sido criada sem a ajuda do Irã. O
ex-embaixador em Damasco do Aiatolá Khomeini, Hashemi Mohatshemi, é tido por muita gente como o fundador do Hezbollah. Após a invasão de Beirute por Israel, em 1982, o Irã enviou centenas de membros da sua Guarda Revolucionária ao Líbano. Eles forneceram dinheiro, logística militar e uma mensagem ideológica clara: somente a jihad, ou a guerra em nome de Deus, poderia garantir a vitória contra os ocupantes sionistas.

Com seqüestros, carros-bomba e ataques suicidas espetaculares na década de 1980, o Hezbollah rapidamente desenvolveu a reputação de temida organização extremista em uma região já repleta de extremistas. Com efeito, o vice-secretário de Estado dos Estados Unidos, Richard Armitage, chama o Hezbollah de "a equipe A dos terroristas".

Atividades sociais do Hezbollah

Para evitar serem vistos como meramente uma extensão da República Islâmica do Irã, o "Hisb Allah", ou o "Partido de Deus", lançou os seus próprios candidatos a eleições e criou uma densa rede de serviços sociais. Ele construiu hospitais, escolas e orfanatos, criou o "Fundo do Mártir", uma agência de serviço social para as famílias dos combatentes mortos, e organizou o "Jihad para a Reconstrução" com o intuito de reconstruir as áreas destruídas pela guerra. O Hezbollah se transformou em um movimento popular. "Temos as nossas raízes por toda parte em meio à população", gaba-se o líder do Hezbollah, Nasrallah, que criou uma identidade dupla para a sua organização: um partido político no parlamento e uma organização clandestina na luta contra Israel.

Mas os especialistas sobre o Hezbollah advertem que não se deve prestar
muita atenção nas funções sociais e políticas do grupo. "O Hezbollah é a segunda ou a terceira potência militar mais competente na região, depois do Israel e do Irã", afirma Mark Perry, da organização não governamental Conflicts Forum, com sede em Beirute. O pesquisador especializado no Hezbollah, Nicholas Noe, da Universidade Cambridge, enfatiza o efeito psicológico maciço dos ataques do Hezbollah: "Nenhum líder árabe desde Nasser (ex-líder do Egito) conseguiu algo como isso".

Não obstante, as tropas de Nasrallah não seriam páreo para os mais de 500 mil soldados excelentemente treinados e equipados que Israel poderia enviar a qualquer momento ao campo de batalha - em se tratando de uma guerra convencional. O verdadeiro poder desses sinistros inimigos de Israel está no seu armamento não convencional, na forma não convencional como abordam a guerra e na sua capacidade de permanecerem praticamente ocultos. Eles dependem inteiramente de armas portáteis leves, de explosivos e, acima de tudo, de foguetes - muitos foguetes.

"O Hezbollah é um inimigo terrível porque, como movimento populista, é capaz de mobilizar membros a qualquer momento no seio de qualquer família que more no território controlado pela organização. Eu acredito que os israelenses saibam que destruir o Hezbollah é literalmente impossível. Eles são capazes de usar qualquer casa, qualquer porão ou qualquer caverna como armazém para suas armas e munições. E qualquer quintal, qualquer playground ou qualquer esquina pode se transformar em uma posição de batalha em uma questão de minutos", afirma Amal Saad-Ghorayeb, autor de um livro sobre organizações clandestinas xiitas.

A força aérea israelense bombardeou estradas e pontes no Líbano
especialmente para impedir que o Hezbollah deslocasse o seu arsenal de
foguetes para posições próximas à fronteira. Atualmente esses foguetes não ameaçam apenas um punhado de kibbutzim isolados no norte de Israel.

Ao atacar Haifa, o Hezbollah alvejou a terceira maior cidade de Israel.
Possíveis ataques contra a indústria petrolífera e química da cidade
representam o risco de danos imprevisíveis, tanto para o meio-ambiente
quanto para o poder econômico desse país altamente industrializado. Até
mesmo a central nuclear de Dimona, no coração do Deserto de Negev, o centro nervoso do arsenal nuclear de Israel, parece ter ficado ao alcance das milícias.

Milhares de foguetes

O grosso do arsenal das milícias, os cerca de 12 mil foguetes Katyusha do Hezbollah, tem um valor militar apenas limitado. Com um alcance máximo de 20 quilômetros, os Katyushas - o apelido diminutivo em russo de Katherina -, quando disparados de posições próximas à fronteira, ainda são capazes de atingir áreas suficientemente profundas no território israelense para aterrorizar a população local. Como esses sucessores dos temidos foguetes usados pelos russos na Segunda Guerra Mundial não são guiados, eles só podem ser lançados contra alvos de grande extensão - cidades ou grandes instalações industriais, por exemplo - nos quais as suas ogivas, contendo até 18 quilos de explosivos, não suficientes para causar medo e provocar lesões.

O exército israelense não conta com quase nada para proteger o país dos
Katyushas. O problema é principalmente de ordem técnica. Quanto menor o
alcance de um foguete, menos tempo há para interceptá-lo antes que ele
atinja o alvo. Os sistemas convencionais de defesa antimíssil são inúteis neste caso, em parte porque os mísseis interceptadores lançados por tais sistemas voam em altitudes muito superiores à trajetória extremamente baixa dos foguetes do Hezbollah.

Os foguetes de maior alcance do Hezbollah são bem mais perigosos e
igualmente difíceis de serem interceptados. O arsenal do grupo incluiria várias centenas de mísseis iranianos Fajr-3 e Fajr-5. Segundo recentes informações de inteligência, a milícia enterrou essas jóias do seu arsenal tão profundamente que nem mesmo as mais avançadas bombas israelenses destruidoras de bunkers seriam capazes de atingi-los. Além disso, os depósitos seriam guardados por comandos suicidas do Hezbollah, para o caso de um assalto por terra por parte de unidades israelenses de elite.

O poder de fogo desses mísseis justifica as medidas tomadas pelo Hezbollah no sentido de protegê-los. Eles são capazes de lançar as suas cargas altamente explosivas de 50 quilos a distâncias entre 45 e 75 quilômetros. Oito pessoas morreram quando um Fajr-3 atingiu a estação de trem de Haifa.

Até mesmo os subúrbios externos de Tel Aviv, a maior cidade israelense,
correm o risco de serem atingidos pelos mísseis de maior alcance. Várias dezenas de mísseis iranianos Silsal-2 aparentemente dão aos xiitas a capacidade de atingir alvos a até 200 quilômetros de distância. Um dia as suas ogivas de 600 quilos poderiam ser até preenchidas com armas químicas, fazendo com que fossem capazes de aterrorizar grandes áreas de Israel.

Israel conta com a capacidade de defesa aérea contra o Silsal - os sistemas de mísseis domésticos Arrow e os norte-americanos Patriot. Várias dessas baterias já foram posicionadas para a interceptação de mísseis inimigos. Mas as forças israelenses não podem confiar completamente na eficiência dos seus dos seus sistemas antimísseis de alta tecnologia. Durante a Guerra do Golfo de 1991 eles só alcançaram um índice de sucesso de 50% contra os ultrapassados mísseis Scud de Saddam Hussein.

A marinha israelense, que até agora operava sem oposição em águas
territoriais libanesas, possui poucas defesas contra armas que sequer sabia que o Hezbollah possuía.

O míssil de cruzeiro C-802 é uma das mais eficientes armas militares
iranianas para ataques a navios. Viajando a uma velocidade quase
supersônica, este míssil controlado por radar voa contra o seu alvo a apenas alguns metros acima da superfície do mar. O C-802 é praticamente impossível de ser detectado pelos sistemas normais de defesa por radar, e tem uma precisão mortífera.

Quatro marinheiros morreram quando um desses mísseis atingiu a corveta
israelense "Speer". Um segundo C-802 afundou um navio de carga cambojano. Uma variação do míssil chinês "Silkworm", o C-802 é considerado uma das maiores ameaças ao transporte naval de petróleo no Estreito de Ormuz no caso de um conflito militar com o Irã.

Como o C-802 necessita de um sistema de vigilância de radar de longo alcance para se fixar nos seus alvos, a força aérea israelense bombardeou imediatamente as estações militares costeiras de radar libanesas. O comando militar israelense espera que a medida torne um outro ataque com um C-802 pelo menos mais difícil de ser efetivado.

Devido ao seu baixo poder de interceptação de mísseis, a força aérea
israelense está redobrando os seus esforços para procurar e destruir
plataformas móveis do Hezbollah antes que os foguetes possam ser preparados para o lançamento. As forças armadas israelenses garantem já ter destruído uma dúzia de mísseis de maior porte. Utilizando táticas de guerrilha convencionais, o Hezbollah estaria ocultando esses foguetes em áreas residenciais - dessa forma, praticamente pedindo ataques israelenses contra a sua própria população civil.

Beirute, a metrópole que esperava recuperar o seu status de Paris do Oriente Médio, parece ter sido lançada de volta aos dias mais sombrios da guerra civil libanesa - um pesadelo urbano. Montanhas de lixo apodrecem nas ruas, e a rede de distribuição de energia só fornece eletricidade de forma esporádica.

As ruas escuras da capital estão praticamente desertas no final da tarde e à noite, enquanto os moradores por detrás de portas e janelas trancadas escutam as bombas israelenses atingindo principalmente os distritos xiitas do sul da cidade, que em dias normais costumavam ser habitados por uma grande quantidade de moradores.

Reciprocamente, alguns poucos hotéis no centro de Beirute estão
relativamente cheios, não com os turistas da região do Golfo, cujos
motoristas normalmente estariam disputando vagas de estacionamento nesta época do ano, mas com as famílias ricas do sul do Líbano que procuraram refúgio aqui e que estão pagando US$ 100 de diária por esse privilégio. Elas aguardam aqui para ver se a tempestade passa, de forma que possam retornar às suas casas, ou então deixar o país de vez. Uma corrida de táxi até Damasco, que normalmente custaria cerca de US$ 200, custa agora US$ 750.

Os parques e escolas da cidade também estão cheios até o limite da sua
capacidade, especialmente nos bairros cristãos no centro de Beirute, onde refugiados exaustos com os bombardeios no sul chegaram em busca de
segurança. Mas nem mesmo nos distritos cristãos da capital os refugiados gozam mais de segurança contra os ataques israelenses. Na última quarta-feira, uma bomba aérea atingiu Asharafiya, a maior e mais conhecida área cristão de Beirute, destruindo um caminhão que carregava equipamento para perfuração de poços. Mais tarde, autoridades israelenses disseram que nas imagens de reconhecimento feitas pela força aérea o equipamento parecia ser uma metralhadora antiaérea. "Será que os israelenses realmente acreditam que o Hezbollah dirigiria um caminhão com um lançador de foguetes por Asharafiya?", questiona um dos moradores, que é norte-americano. "Eu achei que eles tivessem os melhores serviços de inteligência do mundo".

Mas nem mesmo tais erros horríveis e as críticas internacionais veementes à falta de proporcionalidade da campanha israelense foram capazes de dissuadir Jerusalém de continuar atacando. A Operação que Israel chama de "Recompensa Justa" já causou mais estragos que 15 anos de guerra civil no Líbano. O fornecimento de energia elétrica e de água potável, assim como o sistema de transportes foram severamente reduzidos e praticamente deixaram de existir no sul. E agora, quando até os postos de combustível estão sendo atacados, os preços da gasolina estão seis vezes mais elevados em determinadas áreas. Mas, apesar disso tudo, a campanha contra o Hezbollah é apenas o flanco
norte da luta de Israel contra o terrorismo.

À sombra da guerra no Líbano, as tropas israelenses continuam a lutar no front da Faixa de Gaza, que foi aberto pelo Hamas no mês passado, quando o grupo seqüestrou o soldado israelense Gilad Shalit. O exército israelense desfecha novos ataques todos os dias contra essa faixa de terra completamente isolada e flagelada pela pobreza, situada na costa
mediterrânea. Caças F-16 trovejam constantemente pelo céu do pequenino
território que, com 1,4 milhão de habitantes, é uma das regiões mais
densamente habitadas do mundo. Os tanques passam pelas ruas tortuosas dos campos de refugiados palestinos, a marinha atira contra alvos a partir do mar e as forças especiais se engajam em combates casa a casa com os palestinos militantes dos grupos Jihad Islâmica, Brigadas de Al-Aqsa e, principalmente, Hamas.

E, quase todos os dias, os palestinos lançam foguetes caseiros Qassam contra vilas israelenses próximas à fronteira, como Sderot, matando civis israelenses.

O front sul

Os foguetes Qassam são armas artesanais simples. As peças são
contrabandeadas do Egito, e os foguetes montados em porões e apartamentos, sendo a seguir lançados de veículos ou de plataformas móveis. Trata-se de um jogo de crianças, mas de um jogo perigoso, especialmente ao se considerar que os palestinos estão aumentando constantemente o alcance do Qassam. Tendo começado com um alcance de três quilômetros, e depois evoluído para oito, os Qassams atualmente são capazes de atingir Ashkelon, a 12 quilômetros da fronteira, e local onde se encontra uma das maiores centrais de energia de Israel.

Cerca de cem foguetes são disparados através da fronteira a cada mês. Esse número em breve deverá aumentar, pelo menos segundo um jovem barbudo que diz se chamar Abu Their, e que diz ser o porta-voz de uma unidade de combate da brigada Al-Aqsa. "Nós demos início a uma campanha, juntamente com os outros mártires", afirma este autoproclamado combatente da resistência. "Juntos, nós lançaremos 1.000 foguetes contra a ocupação - em solidariedade com a luta do Hezbollah".

Ele se senta em uma cadeira de plástico, tendo ao fundo uma parede de concreto decorada com pôsteres do ex-líder palestino Iasser Arafat, e a bandeira amarela das Brigadas Al -Aqsa, que traz o desenho de um
rifle de assalto. "O Hezbollah está defendendo o seu país, e é claro que nós apoiamos a luta deles", declara o jovem, com os olhos brilhando.

Para enfraquecer decisivamente esses inimigos, tanto no norte quanto no sul de Israel, o mais poderoso aliado do país garantiu ao governo de Olmert que só insistirá em um cessar-fogo quando as forças israelenses forem capazes de alcançar os seus objetivos militares.

Para o presidente norte-americano George W. Bush, esta guerra é mais do que apenas mais um confronto em meio ao interminável conflito do Oriente Médio. Em vez disso, Bush vê na batalha de Israel contra o Hezbollah um novo front da guerra mundial contra o terrorismo. De fato, o presidente e o seu governo vêem a crise do Oriente Médio menos como uma ameaça do que como uma oportunidade. A Casa Branca mais uma vez enxerga uma luta entre o bem e o mal se desenrolando no Oriente Médio, com Israel combatendo os poderes que bloquearam a paz na região. "Às vezes são necessárias situações trágicas para ajudar a trazer luz para a comunidade internacional", disse o presidente norte-americano com frieza.

Somente isso já é um motivo mais que suficiente para que Bush demonstre
pouco interesse pela proposta de um cessar-fogo feita pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Para Bush, Israel deve contar com permissão para "fazer o seu trabalho" - pelo menos durante a semana adicional que o governo de Jerusalém disse a Washington que seria necessária para enfraquecer o Hezbollah. "O apoio que estamos recebendo é exemplar", disse um exultante assessor de Olmert. Conforme diplomatas em Nova York perceberam na semana passada, os Estados Unidos aparentemente abandonaram de vez o seu papel de mediador honesto no Oriente Médio.

Até mesmo a secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, fez um esforço visível para adiar até esta semana a data da sua viagem à região para dar início às conversações de paz.

Bush culpa a Síria e o Irã

Bush vê nos constantes criadores de caso Síria e Irã as forças que estão por trás dessa erupção de violência. Segundo a interpretação de Washington, os dois países juntaram forças com o Hamas e o Hezbollah em uma tentativa de mergulhar o Oriente Médio naquilo que o presidente Bush chama de "caos" - algo que o presidente interpreta como uma declaração de guerra altamente pessoal. De fato, Bush ainda alimenta o sonho de passar para os livros de história, após a derrubada de Saddam Hussein, como o reformador do Oriente Médio.

Como parte dessa visão de mundo, Washington voltou o seu olhar para o regime do jovem ditador sírio Bashar Assad. Nos últimos anos, Assad se revelou um dos mais entusiasmados apoiadores de Nasrallah. O governante de Damasco fará quase tudo pelo líder do Hezbollah. Ele permite que armamentos iranianos, que são fundamentais para o sucesso do Hezbollah, passem pela Síria. Ele fornece abrigo às autoridades do Hezbollah e, caso necessário, moradias confortáveis em Damasco. Os combatentes do Hezbollah contam até com a permissão para organizar paradas em cidades sírias, nas quais são entusiasticamente aplaudidos pelos moradores locais - o tipo de aplauso que os soldados de Assad nunca recebem.

Porém, acima de tudo, as políticas de Bush no Oriente Médio estão atualmente guiadas pela sua fixação ns mulás de Teerã. Por um lado, o presidente dos Estados Unidos está convencido de que Mahmoud Ahmadinejad, o presidente no, que é um notório inimigo de Israel, enviou o Hezbollah para a batalha a fim de impedir uma escalada do conflito relativo às ambições nucleares de Teerã. Autoridades do governo norte-americano disseram na semana passada que Teerã espera usar a crise atual para elevar os preços do petróleo a tal ponto que o Ocidente pense duas vezes sobre a imposição de dolorosas sanções econômicas.

Bush também acredita que os ataques do Hezbollah são meramente uma amostra daquilo que a região pode esperar caso os mulás não sejam contidos. Este é um motivo pelo qual Bush deu aos israelenses liberdade de ação, calculando que se as coisas caminharem para um confronto militar com o Irã, pelo menos Ahmadinejad não poderá contar com o apoio das suas tropas de reserva no Líbano. Washington diz que só apoiará as medidas para que se encontre uma solução política para a crise, incluindo o envio de tropas de paz da ONU, caso a Resolução 1559 da ONU seja integralmente implementada. Esta resolução do Conselho de Segurança determina que todas as milícias libanesas sejam desarmadas, incluindo o Hezbollah.

Washington parece relativamente inabalada pelo fato de o conflito estar
destruindo gradativamente o Líbano. Em abril, Bush, com um sorriso largo, prometeu ao primeiro-ministro libanês que o seu país seria um "modelo brilhante" para um novo e democrático Oriente Médio. A destruição, embora lamentável, é inevitável sob o ponto de vista de Bush.

A diferença entre o Hezbollah e a OLP

Mas a esperança de Israel de que será capaz de destruir o Hezbollah no
Líbano pela força poderá se mostrar ilusória, ainda que ela seja alimentada pelas memórias da bem sucedida expulsão da OLP do país em 1982. Àquela época, Iasser Arafat e toda a liderança palestina deixaram Beirute antes de uma invasão israelense, viajando em cinco navios gregos com bandeira da ONU, primeiro para Atenas e, a seguir, para o exílio na Tunísia. Embora a influência da OLP no Líbano tenha sido destruída, o sucesso israelense não trouxe de forma alguma paz à região.

Mas desta vez as perspectivas de sucesso são ainda menores. Arafat era
palestino e, portanto, um estrangeiro no Líbano. Já o líder do Hezbollah é libanês. "Arafat estava lutando pela Palestina", explica Nabih Berri, presidente do parlamento libanês e a autoridade xiita mais graduada do país. "Já Nasrallah está lutando pelo Líbano". Isso também se aplica ao restante da liderança do Hezbollah e a toda a sua força de combate.

A OLP era o inimigo de todas as facções libanesas na guerra civil daquele país, tendo até lutado contra a Síria. Embora o Hezbollah tenha ficado isolado por um curto período, depois da retirada da Síria no ano passado, ele ainda conta com aliados no Líbano, e especialmente na Síria.

A invasão israelense em 1982 pegou a OLP de surpresa. Já o Hezbollah parece ter se preparado para esta guerra durante anos. Ele construiu depósitos de armas e munições por todo país, especialmente no sul do Líbano, mas também no Vale Bekaa e na região de Hermel, ao norte.

O poder de combate do Hezbollah não é o único motivo pelo qual Nasrallah continuou a dar declarações desafiadoras a partir dos seus aparentes esconderijos no final da semana passada, apesar da campanha israelense de bombardeio em grande escala. A ascensão do líder do Hezbollah à proeminência também reflete a autoconfiança de toda um grupo religioso cujo mundo mudou fundamentalmente depois do início da guerra do Iraque em 2003. Os aproximadamente 150 milhões de xiitas do mundo, de Lucknow, na Índia, até as montanhas bíblicas do sul do Líbano, minorias na maior parte dos países em que vivem, desde então se sentiram animadas com os acontecimentos.

Conforme o rei da Jordânia, Abdullah 2º, advertiu um ano e meio atrás, um cenário de pesadelo para os líderes árabes sunitas seria o desenvolvimento de um "crescente xiita" do Oceano Índico até o Mediterrâneo, uma cunha inserida entre as populações sunitas espalhadas pelo mundo islâmico.

A ameaça xiita

Esta emergindo um novo conceito de inimigo - e não apenas no Ocidente -, um conceito promovido devido a interesses pessoais pelos líderes dos grandes Estados sunitas, incluindo o Egito, a Arábia Saudita e a Jordânia, cujos regimes se defrontam com os desafios representados pelos extremistas. A ameaça xiita, levada para o túmulo em 1989 com a morte do líder revolucionário iraniano Aiatolá Ruhollah Khomeini, está ressurgindo das profundezas - na forma do presidente iraniano Ahmadinejad, do líder xiita iraquiano Muqtaa al-Sadr, e agora do líder do Hezbollah, Nasrallah.

De sua parte, uma assustadoramente pragmática Teerã está tentando deixar de lado as diferenças entre sunitas e xiitas, que pareciam insuperáveis no passado, a fim de expandir ainda mais o seu próprio poder. Além de apoiar o Hezbollah no Líbano, as milícias no Iraque e grupos xiitas na Síria, no Azerbaijão e em Catar, Teerã não vê problemas em apoiar o Hamas, um movimento profundamente sunita, que tem alguma semelhança ideológica periférica com a Al Qaeda. "Existe uma profunda divisão entre sunitas e xiitas", explica Mustafa Alani, do Centro de Pesquisas do Golfo, em Dubai. "Mas eles têm um conceito em comum: a jihad, ou guerra santa". Essa é uma guerra cujo objetivo supremo é esmagar o Ocidente decadente e o seu mais poderoso bastião no Oriente Médio: Israel.

O Estado judeu sem dúvida se sente mais ameaçado agora do que se sentiu em um período de vários anos, e é por isso que Israel tem criticado bastante a idéia, proposta por Annan e pelo primeiro-ministro britânico Tony Blair no encontro de cúpula do G-8, em São Petersburgo, de estacionar forças de paz no sul do Líbano. Afinal, a UNIFIL, a atual missão da ONU no Líbano, mostrou-se incapaz de reduzir a ameaça representada pelo Hezbollah.

Possivelmente a única solução aceitável por Jerusalém seria uma força de paz liderada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) com base no modelo adotado em Kosovo. Uma força que seria instalada em uma zona de separação e que teria autorização para usar as suas armas para impedir ataques contra Israel. Mas é altamente improvável que Beirute, que acaba de se livrar da ocupação síria no ano passado, viesse a concordar com tal presença militar estrangeira poderosa mais uma vez no Líbano.

Para os críticos israelenses da operação "Recompensa Justa", que vêem a
guerra como injustificada, tudo isso vem a ser um mau presságio. "Somente um governo forte teria sido capaz de deixar claro para os israelenses que o seqüestro de dois soldados não justifica uma guerra", afirma o historiador israelense Tom Segev, que tem criticado bastante o primeiro-ministro.

Israelenses unidos
Mas, com a exceção de uns poucos críticos, os israelenses raramente
estiveram tão unidos. Em uma pesquisa de opinião realizada na sexta-feira passada, 95% dos entrevistados disseram sentir que a reação israelense aos seqüestros do Hezbollah foi correta, enquanto 90% afirmaram apoiar a continuidade da guerra.

O atual estado de espírito faz com que vários israelenses mais velhos se recordem da solidariedade e da unidade que imperaram no país em junho de 1967, quando o Estado judeu defendeu com sucesso o seu direito à existência contra os exércitos da Jordânia, do Egito e da Síria - em uma guerra convencional.

Desta vez até mesmo o escritor e intelectual pacifista Amos Oz apóia a ação militar israelense. "Israel está certo em fazer esta guerra", afirma Oz. Embora bastante consciente do fato de que muitas pessoas em outros países discordam desta posição, o autor, ganhador de um prêmio da paz da indústria editorial alemã, acrescenta desafiadoramente: "Toda pessoa decente deve apoiar esta guerra".

Levando em conta esta grande aprovação popular, Israel planeja até expandir os seus ataques, tendo convocado milhares de reservistas. Segundo todas as indicações, Israel pretende atacar o Hezbollah em uma ofensiva por terra. As advertências que as autoridades israelenses fizeram à população do sul do Líbano desencadearam um pânico generalizado. Em panfletos, transmissões radiofônicas e mensagens enviadas a autoridades locais, os israelenses advertiram os civis para que estes deixassem a região ao sul do Rio Litani o mais rapidamente possível - a menos que pretendessem arriscar as suas vidas.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

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Samael
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Re: Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Samael »

Alter-ego escreveu:
Samael escreveu:A proposição contrária aqui do fórum não se baseia em qualquer "pacifismo apático", longe disso. Não queremos guerras, mas se a necessidade vier, certamente que se apoiará o lado "mais injustiçado".

Sama,

apoiar o lado "mais injustiçado", nunca foi bom critério...
Tem, até hoje, quem ache que Hitler foi injustiçado.


Confundes claramente um juízo de fato com um juízo de valor.

Idependente do que uns achassem (ou achem), a nível prático, a verdade se estabelece e está aí para ser analisada.

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Samael
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Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Samael »

Tranca, seu segundo texto foi excelente. É isso que se deve exigir de um jornalismo sério.

O texto postado pelo Carlos ainda não terminei de ler (é imenso!).

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Tranca
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Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Tranca »

Sama, também gostei da análise.

Curta, porém abrangente.

Abraço
Palavras de um visionário:

"Seria uma ressurreição satânica retirarmos Lula e Brizola - esse casamento do analfabetismo econômico com o obsoletismo ideológico - do lixo da história para o palco do poder."

Roberto Campos

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Pug
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Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Pug »

democracia diziam eles...lá continuarão as "ditaduras do bem"...
"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam" - Desconhecido

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Re: Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Alter-ego »

Alter-ego escreveu:
Pug escreveu:Alter Ego, não seja ridículo

1 - não foram meus critérios.
Foram apresentados factos de que determinado individuo mostrava repúdio por pessoas só por estas serem muçulmanas...

2 - O racismo está em falar dos MUÇULMANOS (cristãos) como tratando-se de criminosos, terroristas, genocidas entre outras "simpáticas" declarações... abra pestana :emoticon14:

Onde disse que os cristãos todos cometeram o crime?

Ou mais importante

Que os cristãos são criminosos por seguiram a sua religião?

Vc não poderá faze-lo, poupe o seu tempo e sobretudo o meu...


P.S. Dei demasiada atenção ao que não merecia...

Aqui

Pug escreveu:O mundo cristão foi responsável pela Shoa, e por mais que propagandistas queiram meter a foto de um certo mufti de Jerusalem, foram os bons cristãos quem cometeram o maior genocidio da história humana.

Roma :emoticon2:

Como já cantava Renato Russo:
...tudo aquilo contra o que sempre lutam, é exatamente tudo aquilo que eles são.
"Noite escura agora é manhã..."

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Pug
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Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Pug »

"Como já cantava Renato Russo:
...tudo aquilo contra o que sempre lutam, é exatamente tudo aquilo que eles são."


Porque me combates?

Estarás confundido, não saberás mais quem és...
Editado pela última vez por Pug em 25 Jul 2006, 16:27, em um total de 2 vezes.
"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam" - Desconhecido

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Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Tranca »

E já dizia Kung-Fu-Tzé: "Mariposa voa ao redor da lâmpada até conseguir permissão de pouso".
Palavras de um visionário:

"Seria uma ressurreição satânica retirarmos Lula e Brizola - esse casamento do analfabetismo econômico com o obsoletismo ideológico - do lixo da história para o palco do poder."

Roberto Campos

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Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Pug »

"Saulo, Saulo, por que me persegues?"
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Re: Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Alter-ego »

Pug escreveu:"Como já cantava Renato Russo:
...tudo aquilo contra o que sempre lutam, é exatamente tudo aquilo que eles são."


Porque me combates?

Estarás confundido, não saberás mais quem és...

Editou a mensagem. Pois bem...

Não estou vendo espelho algum. Pelo contrário...
Não preciso de mordaças para conter o cão em mim.
E nem tão pouco estou preocupado em combatê-lo. Não gastarei as velas.
Apenas estou lembrando da necessidade de utilizar a mesma medida em situações iguais.
Não vou trazer aqui as coisas além. Não vale à pena.
Fique com suas certezas, apenas lembrando que, para manter o trivial, não me submeterei a ditaduras ideológicas.
As personas que se erquem não permanecem para sempre. Um dia elas caem, e mostram a verdadeira face do homem.

Agora, vai pegar a bolinha Pug.
"Noite escura agora é manhã..."

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Re: Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Samael »

Tranca-Ruas escreveu:E já dizia Kung-Fu-Tzé: "Mariposa voa ao redor da lâmpada até conseguir permissão de pouso".


:emoticon266:

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Mensagem por Hrrr »

edit pq virou a pagina
Editado pela última vez por Hrrr em 26 Jul 2006, 13:07, em um total de 1 vez.
JINGOL BEL, JINGOL BEL DENNY NO COTEL... :emoticon266:

i am gonna score... h-hah-hah-hah-hah-hah...

plante uma arvore por dia com um clic

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Mensagem por Pug »

:emoticon1:


:emoticon14:
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Re.: Não em meu nome!

Mensagem por rapha... »

Ah, vai dormir, Puguento!

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Mensagem por Pug »

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"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam" - Desconhecido

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Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Fernando Silva »

Publicado em 25 de julho de 2006 "O Globo"

Luiz Garcia lag@oglobo.com.br

Sem pedir desculpas

Nunca escrevi um artigo que produzisse reação tão imediata, extensa e majoritariamente negativa como a que se seguiu às minhas opiniões (quase escrevi "modestas opiniões", mas seria falsidade: não há modestos neste ofício) sobre a ofensiva de Israel contra o Líbano.

Por falta de tempo para obter autorização de todos para a reprodução, aqui vai amostra anônima. Serve pelo menos para mostrar tanto argumentos como a intensidade do envolvimento emocional. Lá vai, como informação, sem pedido de desculpas:

"Antes de iniciar sua defesa contra o Hezbollah, o Estado de Israel não sofreu 'apenas' o seqüestro de seus soldados. Antes do dia 13 deste mês, mais de 100 foguetes já haviam sido disparados pelo Hezbollah contra território israelense, com mais de 90 civis feridos, e diversos mortos."

"Seu artigo, ao condenar a única alternativa de defesa do Estado judeu, acaba por colocá-lo lado a lado com aqueles que não só clamam, mas agem, para varrer Israel do mapa."

"O que dizer dos 30 mortos em Israel desde o início deste confronto atingidos por foguetinhos ingênuos atirados a esmo por terroristas abrigados pela tríplice aliança, Irã-Síria-Líbano. Violência cega é a vossa forma de escrever, e covardia é usar o espaço do jornal, onde sabe que não haverá réplica para as palavras que ficarão registradas pelo teu artigo."

"...que dificuldade, que terríveis exigências sintáticas e exercícios históricos para condenar um genocídio, como o praticado por Israel!... Mas, pelo menos, parabéns!, é o raríssimo (talvez único!) caso de honestidade intelectual de condenação ao massacre perpetrado contra famílias de civis pelo segundo mais moderno exército do mundo."

"...não pode ser coincidência que os ataques recentes aos israelenses... são uma tentativa clara de sabotar a decisão israelense de se retirar de territórios ocupados, para que se estabeleça um Estado palestino (no modelo que a ONU aprovou em 1947: dois Estados para dois povos)..."

"A turma do Hitler e seus atuais seguidores não vacila em atacar cemitérios judeus fora de Israel e se forem convocados provavelmente partiriam para um novo empreendimento, tipo 'Novas Cruzadas'."

"Infelizmente, os terroristas propositadamente se esconderam e armazenaram seus mísseis em áreas residenciais, colocando em risco as populações civis nas cercanias."

"...quero reconhecer (não há como aplaudir ou parabenizar diante de tamanha desgraça) sua lucidez, imparcialidade e coragem, afinal, o senhor faz parte da maior organização midiática do país e é preciso coragem para tomar posições corretas e imparciais em relação a Israel, afinal, seus nacionais são as vítimas eternas".

"...é importante reconhecer o esforço que Israel vem tendo neste último ano em busca da paz com seus vizinhos, e como esse esforço israelense não tem tido reciprocidade e tem sido em vão".

"Israel irá fazer o que tem de ser feito, se precisar bombardeia a Síria!... Israel atacará o Irã se este insistir em processar urânio para fazer bombas nucleares... o seu artigo, ou é desconhecimento do assunto, ou é safadeza intelectual mesmo, como foram todos os seus artigos sobre o desarmamento."

São dez reações, oito contra e duas a favor do articulista. É amostra razoavelmente proporcional ao todo.

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Hrrr
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Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Hrrr »

Não há solução para a guerra no oriente médio, não há solução para o problema que é a humanidade. Tentei ser humanista, mas me frustrei diante de todo esse demônio que o homem mostrou ser. A solução é um pacto mundial para que ninguém mais tenha filhos.
JINGOL BEL, JINGOL BEL DENNY NO COTEL... :emoticon266:

i am gonna score... h-hah-hah-hah-hah-hah...

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Malamen
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Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Malamen »

Que morram todos... que aquela parte da terra seja "limpa".
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dunno
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Re.: Não em meu nome!

Mensagem por dunno »

Depois do mundial... um conflito faz sempre falta para entreter...

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Pug
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Re.: Não em meu nome!

Mensagem por Pug »

[url=http://shalomdc.org/content_display.html?ArticleID=71850]Israel conhecido por fazer florescer desertos. Como faze-lo sem água?
Líbano tem água, Síria e os seus montes golãn é um das mais importantes fontes da região.
Cisjordania tem água.
Quem a controla?
...[/url]
"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam" - Desconhecido

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