Acauan escreveu:Samael escreveu:Discordo novamente. Não desvinculo MESMO isso a questões sociais.
Primeiro, porque pode haver no comportamento desse garoto (esse nilismo compulsivo que assola a mente do marginal em questão) qualquer resquício de trauma social e/ou infantil. A ação até pode ser consciente, e é por essa ação consciente que eu não estou aqui a retirar a culpa do sujeito, mas a consciência não se forma "sozinha".
Segundo, porque a sexualidade e a valorização de padrões estéticos absolutos são outras questões restritivas que se impõem no caso. Aquela menina, com seus traços finos, família judia-alemã, de pele alva e corpo magro, um estereótipo de beleza cultivada na nossa sociedade europeizada e americanizada, em mundo algum teria qualquer tipo de relação afetiva ou sexual com aquele mulato/nordestino semi-analfabeto. É vendido um padrão de beleza tal e a população o aceita, embora poucos possam ter acesso a ele. Ter uma menina daquelas em mãos seria a "vingança social" daquele psicopata. Seria a chance dele de satisfazer o que lhe é teoricamente negado.
Entretanto, e como eu já citei anteriormente, qualquer influência do meio é irrelevante à justiça. O criminoso deve pagar. A questão é que, ao se desvincular a formação social e moral do indivíduo ao seu crime, comodamente se empurra a "sujeira para baixo do tapete" e pode-se, desta forma, justificar-se uma manutenção da forma de organização social vigente. E isto eu não aceito de forma alguma.
Abraço, Acauan!
Samael,
Notou que os vínculos que você estabeleceu entre os atos da besta-fera e as questões sociais são completa e absolutamente especulativos e arbitrários?
Dizer que "
pode haver no comportamento desse garoto qualquer resquício de trauma social e/ou infantil"
(garoto?????) ou que "
ter uma menina daquelas em mãos seria a vingança social"
é tão potencialmente verdadeiro quanto dizer que ele pode ter cometido as barbaridades que cometeu influenciado por alienígenas ou porque estava possuído pelo demônio.
O fato é que até hoje ninguém demonstrou satisfatoriamente a existência de uma correlação direta entre violência criminosa e questões sociais e muito menos os mecanismos pelos quais esta correlação se daria.
Note que há uma diferença enorme entre comportamento criminoso e violência criminal.
Mesmo que admitamos que a pobreza somada a circunstâncias extremas possa levar um homem potencialmente honesto ao roubo, nem quero saber os malabarismos necessários para se afirmar que alguém torturou, estuprou, matou e vilipendiou o cadáver de uma jovem porque vinha de família pobre.
O irônico deste tipo de ideologia é que ela prega que o dinheiro é capaz de formar pessoas moralmente melhores, uma vez que propaga que a pobreza é um fator de corrupção moral.
É para escapar desta contradição que os ideólogos desta porcaria simplesmente invertem toda a lógica da moralidade e defendem que o torturador, estuprador e assassino é a vítima enquanto a pessoa torturada, estuprada e morta é posta na cadeira dos réus.
E sinceramente Sama, especular sobre uma "vingança social", mesmo que entre aspas colocados por você, na qual o estupro se daria porque a besta fera jamais teria chances de um relacionamento amoroso com uma menina branca e bonita é o mesmo considerar que todos os homens muito feios, tímidos e sem outros destaques (como por exemplo carrões, muito dinheiro ou um rude e másculo charme indígena) seriam estupradores em potencial, uma vez que mulheres muito bonitas geralmente não dão bola para pessoas assim.
No mais, homens de bem sempre procurarão melhorar as sociedades da qual fazem parte, não é necessário que para isto assumam algum tipo de culpa coletiva por atos monstruosos cometidos pela decisão individual.
Abraços
Acauan
Acauan,
Com toda a sinceridade, caso de fé, para mim, é pensar que qualquer indivíduo por si só torna-se "bom" ou "mal". O meu ponto é que o nilismo moral desse marginal tem uma causa muito bem fundamentada. Já disse que, obviamente, existe um arbítrio pessoal nas escolhas dessa criatura, embora não acho que se compreenda sua barbárie sem se compreender o meio ela se deu. Me diga, mesmo sem números estatísticos aqui: onde essas barbaridades ocorrem com maior facilidade? Nas favelas ou nos bairros de alta classe?
Meus argumentos foram sim especulativos, mas não foram arbitrários: eles se embasam em casos já ditos e repetidos por aí. Seja na boca sapiente dos sociólogos, seja no senso comum geral. Dar a eles um fundo estatístico já se mais complicado, dadas as dificuldades físicas de se estabelecer os alcances de uma ideologia ou de uma mentalidade. Por isso deixei claro: "pode haver". E nesse "pode haver" o ponto relevante é que, seja em menor ou maior grau, o meio é fator predominante na formação do indivíduo.
E, Gavião, por favor! Em momento algum coloquei a pobreza como fator de degradação moral. Coloco, isso sim, o abismo de classe, a dificuldade de ascensão econômica e social, a problemática psicológica e prática comum a famílias extremamente mal estruturadas ou não estruturadas. A pobreza em si, acompanhada de uma base familiar sólida, dificilmente acompanha a formação de monstros como esses!
E, bom, sem querer tirar os méritos do charme indígena, o fator da estética, para mim, simplesmente foi um "indigno acompanhante" do mau-caratismo e do nilismo moral que o marginal estava atolado. Não é um fator, por si, predominante.
Abraços!