Por mais fácil que seja realizar ataques pessoais e condenar moralmente esse tipo de pesquisa, o real debate deve se concentrar em encontrar falhas nos argumentos desses acadêmicos. Vou apresentar os seus argumentos e a seguir críticas feitas por outros acadêmicos.
O cerne das discussões das diferenças raciais em inteligência é apoiado nas diferenças nas distribuições de pontos de QI entre grandes grupos étnicos:

Rushton e os demais pesquisadores afiliados ao Pioneer Fund propõe que essas diferenças não são unicamente de origem ambiental e socio-cultural, mas devem-se parcialmente à genética (em comentários recentes, 50-80% das diferenças).
A teoria de Rushton é baseada no modelo de seleção r/K de E. O. Wilson. Nesse modelo, os seres vivos possuem estratégias reprodutivas que os posicionam mais ao eixo "r" (muitos filhos que adquirem independência mais rapidamente, como peixes) ou "K" (menos filhos, que exigem mais investimento parental como aves).
Humanos certamente estão posicionados no limiar do eixo "K", nós geramos poucos filhos mais contrabalanceamos isso com enorme investimento parental.
Entretanto, Rushton propõe que na nossa espécie como um todo, existe uma gradiência que faz com que certos grupos étnicos sejam mais "r" ou "K" selecionados do que outros. Ele associa os asiáticos como sendo o grande grupo étnico mais "K" selecionado, os africanos como os mais "r" selecionados e os europeus brancos no meio destes.
Para dar suporte a sua tese, ele apresenta uma série de dados comparativos entre esses grandes grupos étnicos que explicitem tendências nas suas estratégias reprodutivas; entre os dados controversos ele mostra que afro-descendentes possuem maior tendência a ter filhos gêmeos, período de maturação e gestação mais curtos, caracteres sexuais mais acentuados ao passo que orientais possuem mais neurônios, crânios maiores e expectativas de vida mais altas. Esses dados podem ser conferidos em uma tabela aqui.
Por mais que tudo isso pareça sound e terrível ao mesmo tempo, eu compilei algumas críticas significativas:
1) Populações "K" selecionadas geralmente habitam ambientes climaticamente estáveis - não é a toa que gorilas e humanos evoluíram em climas equatoriais. Rushton entretanto está propondo que os grupos étnicos mais "K" selecionados são brancos e asiáticos, que evoluíram em zonas temperadas/árticas que possuem climas diferentes ao longo do ano. Para se ter um bom investimento parental, garantia ambiental ajuda.
2) O conceito de "grande grupo étnico" ainda consegue ser nebuloso e a relevância da existência dessa nomenclatura é debatida entre especialistas (para muitos médicos, é de algum valor para algumas terapias específicas). Mas o ponto é que existem mais flutuações internas dentro de grandes grupos étnicos do que entre eles, análises estatísticas ficam mais complicadas por conta disso.
3) Hispânicos, que descendem de brancos europeus e índios americanos que por sua vez descendem de orientais não apresentam QI intermediário entre europeus e asiáticos, estão significativamente abaixo de brancos, o que só reinforça a importância dos fatores ambientais e socio-culturais na expressão do QI.
4) Características como tempo de gestação e de maturação sexual estão atreladas a fatores ambientais como nutrição e tecnologia medicinal e socio-culturais como permissividade sexual do ambiente de criação.
5) Estratégias r/K de reprodução diferenciada em pessoas podem se alternar entre gerações por conta de fatores socio-culturais. Um pai abusivo com muitos filhos pode gerar um filho com muitas inibições sexuais.
6) Tudo se pauta partindo dos testes de QI cuja metodologia já foi criticada várias vezes. Segundo os dados oficiais, o QI médio de um aborígene australiano é em torno de 60 e de um nômade sub-saariano é em torno de 70, o que de acordo a metodologia do teste significaria que essas populações são em média deficientes mentais, oligofrênicos.
O que está longe de ser verdade; populações auto-suficientes há milhares de anos e com arte, religião e artesanato complexo decididamente não podem ser compostas por retardados, mas sim por pessoas muito inventivas.
O teste nesse caso está dizendo muito mais sobre as preconcepções ocidentais do teste de QI; fico imaginando as expectativas que caem sobre um nômade que confecciona cestos e anda de camelo no deserto quando lhe é pedido que resolva quebra-cabeças que não possuem o menor significado dentro de sua cosmovisão. Sem contar que você pode aumentar sua pontuação em testes de QI estudando e resolvendo vários testes.
Minha opinião:
Por mais nebuloso e incógnito que seja o que realmente esteja sendo testado pelo teste de QI, esse algo apresenta heritabilidade nos testes de gêmos separados. Outras características anatômicas como tamanho do crânio também apresentam certa correlação com inteligência. Pela simples razão que genes equipam a arquitetura básica do cérebro que passa a se desenvolver sozinha, acho óbvio que existirão essas correlações.
Unindo isso e com o princípio de continuidade genética, acho que uma conclusão óbvia é que por mais nebulosa que seja a definição de inteligência, esta deve flutuar em algum grau entre grupos distintos de seres humanos.
Entretanto, eu não acho que essa flutuação seja significativa, julgo que existe muito mais evidência indicando que saúde pré-natal, nutrição infantil, saúde mental infantil e na adolescência e estímulos intelectuais ao longo de todo o desenvolvimento do indivíduo são fatores bem mais importantes para a expressão de uma grande inteligência.
E esses por sua vez infelizmente são extremamente dependentes do poder aquisitivo da família onde o indivíduo é criado bem como a qualidade cultural ao seu redor.