
Bem, depois de ser ateu por 1 semana cheguei á conclusão que bom mesmo é ser agnóstico. Não que ser ateu seja mau. Longe disso. Bem, depende do ateu. Freeman Dyson diz que há 2 tipos: o ateu que simplesmente não acredita, mas não faz disso uma coisa especial ou uma ideologia; e o ateu que faz questão de não só não acreditar como se declara também inimigo de Deus. De repente Dawkins e Peter Atkins surgem no topo deste tipo de atitude. O segundo tipo de ateu não é grande coisa. Ou melhor... é um bicho estranho. Para mim é RACISTA.

Bom, porque regressei eu á posição agnóstica? Discordando da Martita, estive lá no ateísmo mas não foi gostoso. E foi depois de ter relido o relojoeiro cego de Dawkins (irónicamente)... acabei a releitura há 2 dias. Nesse livro Dawkins apresenta 2 argumentos. Primeiro, apesar de Deus não poder ser desprovado é supérfluo como explicação. De acordo, embora Dawkins se tenha esquecido de dizer que é supérfluo numa perspectica de racionalidade positivista. Segundo, usa-se a complexidade adaptativa (neste caso a de Deus) para explicar a complexidade adaptativa da vida. Portanto, é uma explicação circular. Mas Dawkins refere-se a Deus como entidade sobrenatural e a pergunta que me surgiu logo foi: porque razão expressões como complexidade adaptativa se aplicariam a algo sobrenatural? Portanto, o argumento não faz grande sentido. Podemos dizer que esta dúvida não passa de um escape. Mas pode ser complementada com outra dúvida: Jane Godall, a grande cientista da macacada, diz que passou por uma experiência que lhe deu a certeza de uma vida depois da vida. Numa análise do lado de fora, a racionalidade positivista dirá que tal experiência não passa de uma ilusão, apesar de se Saber que muitas pessoas em diferentes culturas passam por experiências dessas. Jane Godall acrescenta que não se trata de fé, mas algo a que O Biologo Robert Pollack chama dados internos (quando se refere á suas próprias experiencias). Ora, a racionalidade científica não pode fazer nada com "dados internos", mas daí a concluir que é ilusão, com a racionalidade positivista faz, parece-me dogmático.
Acho que o ateu, em geral, tem uma atitude instintiva positivista em relação a estas coisas (talvez motivada pelo desejo de sacanear crentes... ficam tão enredados na argumentação que se tornam a argumentação). Já eu, de regresso ao muro, não tenho essas certeza.