Xiitas do Iraque proíbem tudo, até cortar cabelo

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Fernando Silva
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Xiitas do Iraque proíbem tudo, até cortar cabelo

Mensagem por Fernando Silva »

Cortar o cabelo, a mais nova proibição no Iraque

"O Globo" 08/10/06

Grupos xiitas fecham salões e matam barbeiros que não cumprem a determinação

Sudarsan Raghavan
Do Washington Post


BAGDÁ. Jovens clérigos radicais do Iraque costumam sair com freqüência de casa em casa, e de loja em loja, afixando cartazes com decretos religiosos.

Nos papéis, ordens já conhecidas por muitos, como a proibição de festas com músicas, de salva de tiros em casamentos e de agrupamentos de homens jovens em frente a mercados e a escolas para meninas.

Bebidas alcoólicas, drogas e roupas impróprias também são itens freqüentes nas listas de proibições. Mas uma restrição escrita em poucas palavras e no fim da lista dos cartazes colados semana passada tem chamado atenção: cortar o cabelo.

— Me sinto impotente diante disso — lamentou o professor Moataz Hussein, de 22 anos, sentando da cadeira de uma barbearia em Bagdá.

Seus cabelos pretos, com fios longos e corte moderno, tiveram que ser adaptados às regras dos clérigos, que proíbem qualquer corte em estilo ocidental ou que fira o Islã. Os cabelos devem, no máximo, ser aparados.

— Eles estão controlando a minha vida — disse.

Em meio a violência sectária que toma conta de Bagdá, uma onda de fundamentalismo religioso cerceia as liberdades individuais e transforma o dia-adia dos iraquianos, que já se orgulharam de ter um dos estilos de vida mais liberais do mundo islâmico.

O fato levanta uma questão decisiva sobre o futuro do Iraque: é possível fazer do país uma nação secular numa época em que religiosos exercem cada vez mais influência em todos os aspectos da vida, da política e da estrutura da sociedade?

Sociedade está voltando no tempo, diz um barbeiro

O caso dos barbeiros de Bagdá é um exemplo. Muitos têm sido assassinados, ameaçados ou forçados a fecharem seus estabelecimentos quando são acusados de descumprirem as regras. Os novos decretos foram criados por um conselho xiita local, o Comitê para a Promoção para da Virtude e Prevenção ao Vício, título derivado de um verso do Alcorão.

— Esta sociedade está voltando no tempo. Em 2006, não podemos ter cortes de cabelo similares aos dos anos 70. Se eu não cooperar, perco o meu salão, posso ser agredido ou sofrer algo pior — disse o barbeiro Amjad Sabah, que tem 20 anos.

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Pug
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Guerra ao terrorismo...
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Fernando Silva
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Re.: Xiitas do Iraque proíbem tudo, até cortar cabelo

Mensagem por Fernando Silva »

"O Globo" 08/10/06

'A violência não está ligada à religião'

Deborah Berlinck Correspondente •
PARIS

Especialista diz que democracia é arma contra radicalismo islâmico e adverte para risco de confronto com catolicismo

ENTREVISTA Malek Chebel

_ Malek Chebel é o maior especialista em Islã da França.

Um título que, na Europa conturbada por crises com islamitas, tornou-o solicitado por todos os lados — governos, teólogos, universidades. Esse argelino doutor em psicanálise, antropologia, história das religiões e ciências políticas é autor de 20 livros. Em entrevista ao GLOBO, ele fala sobre a ascensão de radicais e da crise com o Papa Bento XVI.

‘É preciso deixar emergir uma terceira força’

O GLOBO: Diz-se que o Islã é uma religião de paz. Por que então passa uma imagem de violência, com adeptos prontos a tudo em nome de Alá?

MALEK CHEBEL: A razão histórica é que há quatro séculos o Islã perde batalhas em todas as frentes. As terras ocupadas pelo Império Otomano foram colonizadas pelos europeus. O Egito e o Iraque, pelos ingleses, a Líbia, pelos italianos, o Líbano e a Argélia, pelos franceses. O Marrocos e a Tunísia foram protetorados.

O Islã nos últimos quatro séculos não fez nada de suficientemente grande para se defender da invasão exterior ou para propor algo de novo. Isso é uma razão incontestável. A segunda razão é psicológica. Em 1492, os árabes saem da Andaluzia. Nesse ano os espanhóis conquistam o novo mundo, com Cristóvão Colombo. Os árabes saem da História. Os europeus cristãos entram. Uma civilização cai, outra emerge.

_ Os muçulmanos vivem, então, um complexo?

CHEBEL: Eu diria um traumatismo, porque árabes e muçulmanos sabem que têm uma grande riqueza. Mas não sabem explorar isso. Toda esta reação sobre as caricaturas de Maomé, a polêmica em torno das declarações do Papa, é uma forma de descarregar este traumatismo.

_ Que futuro o senhor vê para o Islã? Tomado por fundamentalistas?

CHEBEL: Há muita ditadura (nos países muçulmanos). E nesses países o Islã é a força de oposição.

Na Argélia, os islamitas vão chegar rapidamente ao poder.

Na Tunísia, a repressão é feroz contra os islamitas. Se fosse uma democracia, eles estariam no poder. Na Turquia, há ambivalência total. No Iraque, são os religiosos no poder. Na Síria, se os islamitas pudessem se expressar, estariam no poder. Na medida em que não há abertura democrática que permita às pessoas se expressarem livremente, o islamismo vai ser muito violento e muito forte por toda parte.

_ O senhor quer dizer que o Ocidente, em vez de combatê-los e apoiar ditaduras árabes, deveria abrir o caminho para os islamitas?

CHEBEL: Não. Há uma outra força, liberal, democrática, na sociedade civil, formada por sindicalistas, jornalistas, pessoas que não estão contentes e que não são islamitas nem militares, nem autocratas, nem fundamentalistas.

São a maioria, mas que está refém de um lado ou de outro. É preciso deixar emergir uma terceira força, civil e democrática.

_ Não é este o discurso de George W. Bush, democracia nos países árabes?

CHEBEL: George Bush quer a democracia à maneira americana, que acha que tudo o que vem do estrangeiro é ruim. Isso não funciona. É preciso que este movimento nasça do interior.

O GLOBO: O Papa foi irresponsável ao sugerir que o Islã é uma religião intrinsecamente violenta? CHEBEL: Não quero qualificar o comportamento do Papa. Ele falou num contexto universitário e repetiu a citação de um autor da Idade Média. A resposta ao Papa tem que ser comedida e documentada.

Seria preciso dizer a ele: veja na História o que o Islã fez de positivo para combater a violência no seu interior, para combater a utilização de Deus nas guerras santas e as correntes obscuras. O Islã não é intrinsecamente violento. Os muçulmanos, sim, podem ser violentos, especialmente os que são marginalizados ou cooptados por pessoas como Bin Laden. Vimos Hitler e Mussolini serem violentos, sem serem religiosos.

A violência não está ligada à religião, mas a um contexto.

_ Não é um paradoxo protestar contra as declarações do Papa utilizando justamente a violência, arma que dizem não ter?

CHEBEL: Por que fazem isso? Para proteger sua legitimidade junto a fiéis que querem o confronto com o Ocidente. Para que estes fundamentalistas sobrevivam, é preciso um confronto permanente com o Ocidente.

_ Isso alimenta o fundamentalismo?

CHEBEL: Se o Papa continuar a dizer besteiras vai alimentar os fundamentalistas. Não acho que o Papa seja islamofóbico. Mas se a longo prazo tiver uma visão negativa e recorrente sobre o Islã, vai alimentar um Islã do confronto.

_ Seu livro descreve momentos gloriosos da história do Islã. Por que este período não durou?

CHEBEL: Durou sete séculos na Andaluzia, uma presença de paz e de inovação. O Império Romano só durou três séculos. São ciclos.

Cada civilização tem seu calcanhar-de-aquiles, o tempo.

Foram necessários sete séculos para o refinamento de uma civilização.

Quando há decadência, o refinamento é o primeiro a cair. É o que se passou com o Islã.

Num dado momento, os cristãos estavam mais prontos para conquistar. Sentiram que o império muçulmano tinha problemas.

Os califas não eram mais respeitados. Houve no interior do Islã uma queda moral.

_ Esta queda moral explica a retração do Islã, este dilema que enfrenta entre fé e razão?

CHEBEL: Sim. Quando a fé é muito forte, a razão enfraquece.

Você não pode ver emergir a razão se ao lado não há uma economia próspera, universidades, se não há elevação do pensamento ou da democracia. Quando o Islã está muito inquieto tira a palavra do jornalista, o direito do sindicalista de reagir, dos políticos de fazer oposição. Até o século XX, Islã e política eram a mesma coisa. O califa era ao mesmo tempo responsável pela guerra e pela fé. Daí vem a dificuldade de fazer surgir a razão hoje no Islã, que está em crise.

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Fernando Silva
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Re: Re.: Xiitas do Iraque proíbem tudo, até cortar cabelo

Mensagem por Fernando Silva »

RETIRADO escreveu:Guerra ao terrorismo...

Sunitas e xiitas se matam no Iraque.
Hamas e Al Fatah se matam na Palestina.

Eles deveriam chegar a um acordo entre eles antes de sequer pensar em sair por aí fazendo proselitismo, da mesma forma em que religiosos em geral deveriam chegar a um acordo sobre o verdadeiro deus e a verdadeira doutrina antes de importunar os ateus.

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Pug
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Re: Re.: Xiitas do Iraque proíbem tudo, até cortar cabelo

Mensagem por Pug »

Fernando Silva escreveu:
RETIRADO escreveu:Guerra ao terrorismo...

Sunitas e xiitas se matam no Iraque.
Hamas e Al Fatah se matam na Palestina.

Eles deveriam chegar a um acordo entre eles antes de sequer pensar em sair por aí fazendo proselitismo, da mesma forma em que religiosos em geral deveriam chegar a um acordo sobre o verdadeiro deus e a verdadeira doutrina antes de importunar os ateus.


O caso da Palestina é entre sunitas e tudo se resume ao não respeita pela democracia por parte dos países ditos democráticos.

No Iraque o conflito é o resultado da intervenção ilegal dos EUA.

No Líbano por exemplo os sunitas e xiitas convivem.
Existem xiitas em quase todos os países do golfo e em nenhum vejo o mesmo que no Iraque.
Na Siria a minoria xiita governa a maioria sunita...

Quando o mundo ocidental respeitar a soberania das outras nações muitos desses problemas terminarm...
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Re: Re.: Xiitas do Iraque proíbem tudo, até cortar cabelo

Mensagem por O ENCOSTO »

RETIRADO escreveu:
Fernando Silva escreveu:
RETIRADO escreveu:Guerra ao terrorismo...

Sunitas e xiitas se matam no Iraque.
Hamas e Al Fatah se matam na Palestina.

Eles deveriam chegar a um acordo entre eles antes de sequer pensar em sair por aí fazendo proselitismo, da mesma forma em que religiosos em geral deveriam chegar a um acordo sobre o verdadeiro deus e a verdadeira doutrina antes de importunar os ateus.


O caso da Palestina é entre sunitas e tudo se resume ao não respeita pela democracia por parte dos países ditos democráticos.

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Quando o mundo ocidental respeitar a soberania das outras nações muitos desses problemas terminarm...


Católicos e protestantes vivem muito bem no Brasil.

Logo, o grande culpado pela guerra entre católicos e protestantes na Irlanda são os EUA, israel e Bush.
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http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”

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Fernando Silva
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Re: Re.: Xiitas do Iraque proíbem tudo, até cortar cabelo

Mensagem por Fernando Silva »

RETIRADO escreveu:No Iraque o conflito é o resultado da intervenção ilegal dos EUA.

No Líbano por exemplo os sunitas e xiitas convivem.
Existem xiitas em quase todos os países do golfo e em nenhum vejo o mesmo que no Iraque.
Na Siria a minoria xiita governa a maioria sunita...

O Iraque é um país artificial criado por Churchill. Se a coisa continuar, acabará se dividindo de novo e voltando ao que era antes de 1920.

Entretanto, isto continua não explicando por que xiitas perseguem sunitas no Iraque, a ponto de muitos mudarem de nome quando este os identifica como sunitas.

Ou será que é política disfarçada de religião? Seja como for, a idéia que passam ao mundo é a de um Islã dividido em seitas rivais.

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Re.: Xiitas do Iraque proíbem tudo, até cortar cabelo

Mensagem por O ENCOSTO »

Xiitas e sunnitas se odeiam.

E isso inclui a internet. Nos foruns sunnitas, os xiitas geralmente recebem várias advertencias. O mesmo ocorre com o outro grupo no espaço dos xiitas. Boa parte acaba banido por ter quesionado dogmas do grupo adversário.

O debate entre os dois grupos não existe nem na internet.

Essa gente é doida mesmo.
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Re.: Xiitas do Iraque proíbem tudo, até cortar cabelo

Mensagem por Najma »

Não gente... falando sério: esse pessoal só tem leis idiotas como essas porque é um bando de ovelhas castradas, só pode... :emoticon19:
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Trancado