Alegria de rico

Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo e ao fundamentalismo religioso.
Avatar do usuário
Ateu Tímido
Mensagens: 8921
Registrado em: 17 Out 2005, 00:04
Localização: Belo Horizonte
Contato:

Alegria de rico

Mensagem por Ateu Tímido »

PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.

Alegria de rico

------------------------------------------------------------
Com o Datafolha, veio a ducha de água fria: Lula subiu. Agressividade e prepotência raramente rendem votos
------------------------------------------------------------

ALEGRIA DE rico também dura pouco. Na segunda e na terça, as hostes oposicionistas vibravam. Nos meios de elite e de classe média, onde a preferência por Alckmin é muito nítida, havia até um princípio de euforia. Os principais jornais falavam em vitória do ex-governador no debate da TV Bandeirantes no último domingo.
"Nasce um presidente?", perguntava, afoito, um economista, em artigo publicado aqui na Folha. "Alckmin prevaleceu", declaravam quase todos, em uníssono. A principal exceção foi Jânio de Freitas, que, em sua coluna na Folha, colocou o dedo na ferida. Com o novo figurino, agressivo e arrogante, o ex-governador se apresentara no debate como "um misto de Fernando Collor e Carlos Lacerda", escreveu ele. Nesse figurino, notavam-se as impressões digitais de Fernando Henrique Cardoso, que havia lamentado publicamente a ausência de alguém como Lacerda na atual conjuntura política...
A comemoração oposicionista foi prematura. Ontem, com o Datafolha, veio a ducha de água fria: a vantagem de Lula cresceu depois do debate. Não foi surpresa para mim.
Agressividade e prepotência raramente rendem votos no Brasil. Agora, o ex-governador Alckmin talvez seja obrigado a se dedicar a um debate mais substantivo. Tomara. Tanto ele como o presidente Lula estão nos devendo uma discussão mais séria sobre os rumos que pretendem dar ao país.
Em matéria de política externa, por exemplo. No debate de domingo, o candidato tucano condenou com veemência a política do atual governo, que considera "um fracasso". A sua veemência preocupa.
Afinal, essa é uma das poucas áreas em que houve grande progresso no governo Lula. Mas, enfim, sempre é possível melhorar.
Vejamos o que propõe o candidato da oposição. No seu programa de governo de 148 páginas, a política externa mereceu um capítulo de apenas três páginas. Pouco, muito pouco para quem considera a atual política um fracasso.
O capítulo começa com a afirmação de que "a política externa brasileira historicamente teve um caráter consensual e suprapartidário". Afirmação curiosa. No Brasil, como em qualquer país relevante, a política internacional é freqüentemente tema de controvérsias, não raro acirradas.
O embaixador Rubens Barbosa, que assessora o ex-governador nessa área, tem escrito que, com Alckmin, a política externa voltará "a seu leito natural". O que isso quer dizer? Só Deus sabe. O programa de governo dá poucas pistas. Esperemos que esse "leito natural" não seja o velho alinhamento à política de Washington, que caracterizou grande parte da política internacional nos governos Collor e FHC, especialmente na gestão da vaporosa figura de Celso Lafer, um dos piores, talvez o pior chanceler que o Brasil já teve.
No programa de Alckmin, há uma referência vaga à necessidade de "intensificar as relações com os centros mais dinâmicos da economia global, sem descuidar de nossas ligações, interesses e obrigações históricas com os países menos desenvolvidos". O embaixador Barbosa esclareceu que isso significa "restabelecer a prioridade das relações com os países desenvolvidos" ("Alckmin e a política externa", "O Globo", 10 de outubro de 2006).
Até onde iria essa prioridade? Chegaria à aceitação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) nos termos propostos por Washington? Isso seria um verdadeiro desastre para o Brasil, como expliquei de forma pormenorizada no meu livro mais recente e em diversos artigos que publiquei nesta coluna nos últimos anos. Um dos méritos da política externa do governo Lula foi ter impedido, em aliança com outros países, que a Alca se concretizasse. O programa do candidato tucano se limita a mencionar que irá "atuar pela retomada das negociações da Alca e explorar as possibilidades de acordos bilaterais de livre comércio como passos transitórios do processo de integração continental".
E o Mercosul? O que propõe o programa de Alckmin? Por incrível que pareça, "promover ampla reflexão sobre o Mercosul". Só isso? Só. Esplêndida concisão.

------------------------------------------------------------
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR. , 51, economista e professor da FGV-EAESP, escreve às quintas-feiras nesta coluna. É autor do livro "O Brasil e a Economia Internacional: Recuperação e Defesa da Autonomia Nacional" (Campus/ Elsevier, 2005).
pnbjr@attglobal.net

Fonte: Imagem

Avatar do usuário
videomaker
Mensagens: 8668
Registrado em: 25 Out 2005, 23:34

Re: Alegria de rico

Mensagem por videomaker »

Ateu Tímido escreveu:PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.

Alegria de rico

------------------------------------------------------------
Com o Datafolha, veio a ducha de água fria: Lula subiu. Agressividade e prepotência raramente rendem votos
------------------------------------------------------------

ALEGRIA DE rico também dura pouco. Na segunda e na terça, as hostes oposicionistas vibravam. Nos meios de elite e de classe média, onde a preferência por Alckmin é muito nítida, havia até um princípio de euforia. Os principais jornais falavam em vitória do ex-governador no debate da TV Bandeirantes no último domingo.
"Nasce um presidente?", perguntava, afoito, um economista, em artigo publicado aqui na Folha. "Alckmin prevaleceu", declaravam quase todos, em uníssono. A principal exceção foi Jânio de Freitas, que, em sua coluna na Folha, colocou o dedo na ferida. Com o novo figurino, agressivo e arrogante, o ex-governador se apresentara no debate como "um misto de Fernando Collor e Carlos Lacerda", escreveu ele. Nesse figurino, notavam-se as impressões digitais de Fernando Henrique Cardoso, que havia lamentado publicamente a ausência de alguém como Lacerda na atual conjuntura política...
A comemoração oposicionista foi prematura. Ontem, com o Datafolha, veio a ducha de água fria: a vantagem de Lula cresceu depois do debate. Não foi surpresa para mim.
Agressividade e prepotência raramente rendem votos no Brasil. Agora, o ex-governador Alckmin talvez seja obrigado a se dedicar a um debate mais substantivo. Tomara. Tanto ele como o presidente Lula estão nos devendo uma discussão mais séria sobre os rumos que pretendem dar ao país.
Em matéria de política externa, por exemplo. No debate de domingo, o candidato tucano condenou com veemência a política do atual governo, que considera "um fracasso". A sua veemência preocupa.
Afinal, essa é uma das poucas áreas em que houve grande progresso no governo Lula. Mas, enfim, sempre é possível melhorar.
Vejamos o que propõe o candidato da oposição. No seu programa de governo de 148 páginas, a política externa mereceu um capítulo de apenas três páginas. Pouco, muito pouco para quem considera a atual política um fracasso.
O capítulo começa com a afirmação de que "a política externa brasileira historicamente teve um caráter consensual e suprapartidário". Afirmação curiosa. No Brasil, como em qualquer país relevante, a política internacional é freqüentemente tema de controvérsias, não raro acirradas.
O embaixador Rubens Barbosa, que assessora o ex-governador nessa área, tem escrito que, com Alckmin, a política externa voltará "a seu leito natural". O que isso quer dizer? Só Deus sabe. O programa de governo dá poucas pistas. Esperemos que esse "leito natural" não seja o velho alinhamento à política de Washington, que caracterizou grande parte da política internacional nos governos Collor e FHC, especialmente na gestão da vaporosa figura de Celso Lafer, um dos piores, talvez o pior chanceler que o Brasil já teve.
No programa de Alckmin, há uma referência vaga à necessidade de "intensificar as relações com os centros mais dinâmicos da economia global, sem descuidar de nossas ligações, interesses e obrigações históricas com os países menos desenvolvidos". O embaixador Barbosa esclareceu que isso significa "restabelecer a prioridade das relações com os países desenvolvidos" ("Alckmin e a política externa", "O Globo", 10 de outubro de 2006).
Até onde iria essa prioridade? Chegaria à aceitação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) nos termos propostos por Washington? Isso seria um verdadeiro desastre para o Brasil, como expliquei de forma pormenorizada no meu livro mais recente e em diversos artigos que publiquei nesta coluna nos últimos anos. Um dos méritos da política externa do governo Lula foi ter impedido, em aliança com outros países, que a Alca se concretizasse. O programa do candidato tucano se limita a mencionar que irá "atuar pela retomada das negociações da Alca e explorar as possibilidades de acordos bilaterais de livre comércio como passos transitórios do processo de integração continental".
E o Mercosul? O que propõe o programa de Alckmin? Por incrível que pareça, "promover ampla reflexão sobre o Mercosul". Só isso? Só. Esplêndida concisão.

------------------------------------------------------------
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR. , 51, economista e professor da FGV-EAESP, escreve às quintas-feiras nesta coluna. É autor do livro "O Brasil e a Economia Internacional: Recuperação e Defesa da Autonomia Nacional" (Campus/ Elsevier, 2005).
pnbjr@attglobal.net

Fonte: Imagem




Uma constatação : o povo tem peninha do coitadinho que foi humilhado ! essa é unica verdade !
Que se dane o povo e aquele que lá eles botarem !!!!!!
Há dois meios de ser enganado. Um é acreditar no que não é verdadeiro; o outro é recusar a acreditar no que é verdadeiro. Søren Kierkegaard (1813-1855)

Avatar do usuário
DIG
Mensagens: 2554
Registrado em: 19 Jun 2006, 13:33
Gênero: Masculino

Re.: Alegria de rico

Mensagem por DIG »

Agressividade e prepotência raramente rendem votos


Já o populismo assistencialista :emoticon8: ...

Sharuelmonfs
Mensagens: 70
Registrado em: 14 Out 2006, 02:00

Re.: Alegria de rico

Mensagem por Sharuelmonfs »

E planos economicos mirabolantes e momentaneos tal como o Real...
Abandoned !!!

Avatar do usuário
Cabula
Mensagens: 1404
Registrado em: 28 Out 2005, 19:55
Gênero: Masculino
Localização: Salvador

Re.: Alegria de rico

Mensagem por Cabula »

Acho que criticar Lula por não ler direito foi a gota d'agua, só aí o tucano já se queimou

Deus é um só...
...mas com várias caras: uma para cada religião
O homem é um animal inteligente o bastante para criar o seu próprio criador
Ei, porque acreditar em alguem que pune todos os descendentes e também todos os animais por causa da desobediência de dois indivíduos?

Trancado