O Império do Equívoco
O Império do Equívoco
O Império do Equívoco
Por Acauan
Quando o sr. Luis Inácio da Silva foi eleito presidente do Brasil em 2002, resumi minha opinião sobre o acontecido classificando o resultado daquelas eleições como um equívoco histórico.
Um equívoco histórico é algo parecido com o equívoco individual, mas como a História não é sujeito de nada, ao contrário do que alguns tantos disseram e dizem, ao se utilizar de tal expressão para definir um acontecimento real é necessário buscar os fatores que mostram como e porquê tantas pessoas de carne e osso tomaram a via do erro de modo tão sincronizado.
O sr. Silva é um presidente democraticamente eleito que recebeu a faixa presidencial de outro presidente democraticamente eleito, um fato que não se via no Brasil desde 1961, quando Juscelino Kubitschek de Oliveira executou o mesmo gesto na posse de Jânio da Silva Quadros.
Ou seja, nenhum brasileiro com menos de sessenta anos havia presenciado em sua vida adulta um ato que deveria ser tão banal na vida democrática quanto disputas e resultados da copa do mundo de futebol são no mundo esportivo.
A cena mostra as raízes do equívoco histórico aqui posto à análise, discussão e crítica.
Os dois protagonistas da passagem da faixa presidencial não deveriam estar lá.
O sr. Fernando Henrique Cardoso, eleito em 1994 para um mandato de quatro anos sem direito a reeleição deveria ter entregue o cargo ao sucessor quatro anos antes.
O sr. Luis Inácio da Silva se elegeu sobre um discurso e imagem de social-democrata moderado que nada tinha a ver com sua biografia política ou com a ideologia de seu partido, discurso que imitava ipsis litteris o de seu antecessor.
Abra-se um parêntese para lembrar que apresentar-se como social-democrata moderado em uma eleição brasileira no início do século XXI era um anacronismo, dado que a social-democracia surgiu na Europa como uma dissidência do movimento marxista-leninista que tentava conciliar os ideais socialistas com os fundamentos da democracia capitalista ocidental.
Esta tentativa de conciliação se esgotou na constatação factual de que a chamada terceira via, o sistema que absorveria as virtudes do capitalismo e do socialismo, sem receber os vícios de um ou de outro, era uma utopia tão distante quanto a ilha descrita por sir Thomas More.
Na cerimônia de posse, assim como o sr. Fernando Henrique Cardoso não deveria estar lá fisicamente, pelo menos na condição de presidente que transmitia o cargo, o sr. Luis Inácio da Silva não deveria estar lá ideologicamente, uma vez que foi eleito com os votos dados a um personagem construído na campanha eleitoral que em nada condizia com o político verdadeiro que ali tomava posse.
Se nenhum dos dois deveria estar no Parlatório naquele histórico primeiro de janeiro de 2003, então por que ambos estavam?
Este equívoco histórico não apenas produziu o governo do presidente Silva, como o definiu, uma vez que as contradições que o levaram ao poder nunca foram conciliadas.
O resultado foi um governo que jamais encontrou a unidade na liderança do executivo, que titubeou entre a obediência à diferenciação estrutural de governo e Estado e a anuência com a vocação ideológica revolucionária de seu partido, que ignora a diferenciação referida.
A biografia do presidente Silva o mostra como um pragmático, que desenvolveu na liderança sindical seu talento intuitivo para ponderar e minimizar os riscos da ação política, quando se equilibrava entre a agitação emocional do operariado metalúrgico, a negociação objetiva com empresários e o avanço cuidadoso pela abertura oferecida pelo regime militar.
Neste quadro, qualquer resultado indesejado poderia ser atribuído conforme a conveniência à irascibilidade das massas, à intransigência dos patrões ou ao autoritarismo dos militares sem que o principal protagonista das ações em curso tivesse que assumir maiores responsabilidades.
Na chefia do poder executivo federal, o presidente Silva tentou repetir a experiência de equilibrar-se intuitivamente sobre as três forças antagônicas que o sustentavam – os defensores da continuidade do projeto social-democrata do presidente Cardoso, as lideranças de seu partido, que apoiando tal projeto em discurso articulavam subterraneamente seu próprio projeto revolucionário e a miríade disforme de políticos oportunistas que sem compromisso com projeto algum visava apenas seus próprios interesses.
Mas nestas circunstâncias não era mais possível ao chefe do governo transferir para as forças em conflito a responsabilidade pelos eventos ocorridos em instâncias sob sua autoridade.
Incapaz de lidar com o equívoco que o produziu, o governo do presidente Silva terminou tragado por ele, mas paradoxalmente tal derrocada de sua liderança política culminou por dar-lhe sobrevida eleitoral junto a uma população votante incapaz de rastrear os sucessivos erros às suas devidas origens e por isto retarda indefinidamente sua conclusão sobre eles ou os atribuí a causas genéricas, segundo as quais os culpados são todos e ninguém.
O segundo turno das eleições de 2006 será decisivo para definir se cento e oitenta milhões de brasileiros serão cidadãos de uma república federativa ou súditos do Império do Equívoco.
Por Acauan
Quando o sr. Luis Inácio da Silva foi eleito presidente do Brasil em 2002, resumi minha opinião sobre o acontecido classificando o resultado daquelas eleições como um equívoco histórico.
Um equívoco histórico é algo parecido com o equívoco individual, mas como a História não é sujeito de nada, ao contrário do que alguns tantos disseram e dizem, ao se utilizar de tal expressão para definir um acontecimento real é necessário buscar os fatores que mostram como e porquê tantas pessoas de carne e osso tomaram a via do erro de modo tão sincronizado.
O sr. Silva é um presidente democraticamente eleito que recebeu a faixa presidencial de outro presidente democraticamente eleito, um fato que não se via no Brasil desde 1961, quando Juscelino Kubitschek de Oliveira executou o mesmo gesto na posse de Jânio da Silva Quadros.
Ou seja, nenhum brasileiro com menos de sessenta anos havia presenciado em sua vida adulta um ato que deveria ser tão banal na vida democrática quanto disputas e resultados da copa do mundo de futebol são no mundo esportivo.
A cena mostra as raízes do equívoco histórico aqui posto à análise, discussão e crítica.
Os dois protagonistas da passagem da faixa presidencial não deveriam estar lá.
O sr. Fernando Henrique Cardoso, eleito em 1994 para um mandato de quatro anos sem direito a reeleição deveria ter entregue o cargo ao sucessor quatro anos antes.
O sr. Luis Inácio da Silva se elegeu sobre um discurso e imagem de social-democrata moderado que nada tinha a ver com sua biografia política ou com a ideologia de seu partido, discurso que imitava ipsis litteris o de seu antecessor.
Abra-se um parêntese para lembrar que apresentar-se como social-democrata moderado em uma eleição brasileira no início do século XXI era um anacronismo, dado que a social-democracia surgiu na Europa como uma dissidência do movimento marxista-leninista que tentava conciliar os ideais socialistas com os fundamentos da democracia capitalista ocidental.
Esta tentativa de conciliação se esgotou na constatação factual de que a chamada terceira via, o sistema que absorveria as virtudes do capitalismo e do socialismo, sem receber os vícios de um ou de outro, era uma utopia tão distante quanto a ilha descrita por sir Thomas More.
Na cerimônia de posse, assim como o sr. Fernando Henrique Cardoso não deveria estar lá fisicamente, pelo menos na condição de presidente que transmitia o cargo, o sr. Luis Inácio da Silva não deveria estar lá ideologicamente, uma vez que foi eleito com os votos dados a um personagem construído na campanha eleitoral que em nada condizia com o político verdadeiro que ali tomava posse.
Se nenhum dos dois deveria estar no Parlatório naquele histórico primeiro de janeiro de 2003, então por que ambos estavam?
Este equívoco histórico não apenas produziu o governo do presidente Silva, como o definiu, uma vez que as contradições que o levaram ao poder nunca foram conciliadas.
O resultado foi um governo que jamais encontrou a unidade na liderança do executivo, que titubeou entre a obediência à diferenciação estrutural de governo e Estado e a anuência com a vocação ideológica revolucionária de seu partido, que ignora a diferenciação referida.
A biografia do presidente Silva o mostra como um pragmático, que desenvolveu na liderança sindical seu talento intuitivo para ponderar e minimizar os riscos da ação política, quando se equilibrava entre a agitação emocional do operariado metalúrgico, a negociação objetiva com empresários e o avanço cuidadoso pela abertura oferecida pelo regime militar.
Neste quadro, qualquer resultado indesejado poderia ser atribuído conforme a conveniência à irascibilidade das massas, à intransigência dos patrões ou ao autoritarismo dos militares sem que o principal protagonista das ações em curso tivesse que assumir maiores responsabilidades.
Na chefia do poder executivo federal, o presidente Silva tentou repetir a experiência de equilibrar-se intuitivamente sobre as três forças antagônicas que o sustentavam – os defensores da continuidade do projeto social-democrata do presidente Cardoso, as lideranças de seu partido, que apoiando tal projeto em discurso articulavam subterraneamente seu próprio projeto revolucionário e a miríade disforme de políticos oportunistas que sem compromisso com projeto algum visava apenas seus próprios interesses.
Mas nestas circunstâncias não era mais possível ao chefe do governo transferir para as forças em conflito a responsabilidade pelos eventos ocorridos em instâncias sob sua autoridade.
Incapaz de lidar com o equívoco que o produziu, o governo do presidente Silva terminou tragado por ele, mas paradoxalmente tal derrocada de sua liderança política culminou por dar-lhe sobrevida eleitoral junto a uma população votante incapaz de rastrear os sucessivos erros às suas devidas origens e por isto retarda indefinidamente sua conclusão sobre eles ou os atribuí a causas genéricas, segundo as quais os culpados são todos e ninguém.
O segundo turno das eleições de 2006 será decisivo para definir se cento e oitenta milhões de brasileiros serão cidadãos de uma república federativa ou súditos do Império do Equívoco.
Editado pela última vez por Acauan em 15 Out 2006, 20:50, em um total de 1 vez.
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Re.: O Império do Equívoco
A República federativa do subdesenvolvimento? Dou preferência ao tal "Império do Equívoco", mesmo não simpatizando com ele.
Re: Re.: O Império do Equívoco
Samael escreveu:A República federativa do subdesenvolvimento? Dou preferência ao tal "Império do Equívoco", mesmo não simpatizando com ele.
Qual a correlação entre República Federativa e subdesenvolvimento?
Mesmo que houvesse uma vantagem real nos índices de desenvolvimento da opção apontada como preferida, isto implicaria considerar que os resultados econômicos devem ser postos acima da preservação das instituições.
Quem parte deste princípio deve aceitar como melhor governo da História recente do país o do general Garrastazu Médici.
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Re: Re.: O Império do Equívoco
Acauan escreveu:Samael escreveu:A República federativa do subdesenvolvimento? Dou preferência ao tal "Império do Equívoco", mesmo não simpatizando com ele.
Qual a correlação entre República Federativa e subdesenvolvimento?
Mesmo que houvesse uma vantagem real nos índices de desenvolvimento da opção apontada como preferida, isto implicaria considerar que os resultados econômicos devem ser postos acima da preservação das instituições.
Quem parte deste princípio deve aceitar como melhor governo da História recente do país o do general Garrastazu Médici.
Na minha opinião e segundo o meu escopo de visão econômica, o país muitas raras vezes lançou bases sólidas para um desenvolvimento sustentável, fosse baseando seu desenvolvimento em capital privado nacional, fosse baseando seu desenvolvimento em capital estatal nacional.
Fora Getúlio, com sua ditadura desenvolvimentista, tivemos, diversas vezes, arrochamentos de empresas estrangeiras que simplesmente lucraram com o país, transferiram riquezas e, no máximo, facilitaram a produção e aquisição de bens. O Estado parece nunca ter tentado retirar sua fatia de bolo das ditas cujas com investimento acionário ou coisa que o valha. Nosso grande decréscimo e dependência do capital internacional se anuncia desde Juscelino.
Tenho muito medo de um novo FHC e não creio que a eleição de Lula seja um mero "equívoco histórico". O PT sempre se colocou como trabalhista e sua atual "direitização" não parece ser novidade (ao menos pra mim).
Enfim, se a minha opinião quanto à abertura de JK já se coloca dessa forma, você já deve imaginar o que eu penso do governo FHC, né?
Isso explica, talvez, a minha opção atual pela corrupção petista. Alckmin, nem morto.
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Re: O Império do Equívoco
Acauan escreveu:
(...)Na cerimônia de posse, assim como o sr. Fernando Henrique Cardoso não deveria estar lá fisicamente, pelo menos na condição de presidente que transmitia o cargo, o sr. Luis Inácio da Silva não deveria estar lá ideologicamente, (...)
Corrigindo apenas para caso quiserem postar o texto em outro lugar.
Gostei do texto.
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Re.: O Império do Equívoco
Samael escreveu:a minha opção atual pela corrupção petista
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi
Re: O Império do Equívoco
Apáte escreveu:Acauan escreveu:
(...)Na cerimônia de posse, assim como o sr. Fernando Henrique Cardoso não deveria estar lá fisicamente, pelo menos na condição de presidente que transmitia o cargo, o sr. Luis Inácio da Silva não deveria estar lá ideologicamente, (...)
Corrigindo apenas para caso quiserem postar o texto em outro lugar.
Gostei do texto.
Corrigido no original.
Obrigado.
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Muito bom o texto.Só acrescentando uma coisa.Infelizmente, a população que só se liga nos resultados da política social compensatória do curto prazo não está preocupada com o Império do Equívoco e sim com o prato de comida a mais que Lula garantiu a eles.
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”
Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)
"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."
John Maynard Keynes
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John Maynard Keynes
Re: Re.: O Império do Equívoco
Apáte escreveu:Samael escreveu:a minha opção atual pela corrupção petista
Já ouviu falar no "mal menor"?
Aliás, já ouviu falar em corrupção tucana?
Re: Re.: O Império do Equívoco
Samael escreveu:Tenho muito medo de um novo FHC e não creio que a eleição de Lula seja um mero "equívoco histórico". O PT sempre se colocou como trabalhista e sua atual "direitização" não parece ser novidade (ao menos pra mim).
Dizer que o PT sempre se colocou como trabalhista não quer dizer absolutamente nada.
Primeiro porque nenhum partido que tenha a intenção de tomar o poder do Estado e não do governo, solapando a ordem democrática, vai anunciar isto publicamente, deixando suas verdadeiras intenções como assunto interno.
Como tive a chance de conhecer bem as origens do Partido dos Trabalhadores, sei bem do que falo, o que me permite garantir que é ingenuidade acreditar numa "direitização" do PT.
Se você encontrar um militante petista que sinceramente acredite nisto, me mostre.
Além disto, os partidos trabalhistas europeus eram marxistas-leninistas em sua origem, em nada parecidos com a concepção de trabalhismo construída no Brasil por Getúlio Vargas.
Estes partidos se tornaram social-democratas por uma evolução e contexto histórico absolutamente incompatíveis com a realidade de um partido que nascia no Brasil nos anos 1980, quando o governo Thatcher expôs as contradições do trabalhismo britânico e por extensão, do europeu.
Quanto ao equívoco, ele foi demonstrado claramente em fatos históricos que não podem ser negados.
Se necessárias mais provas, basta lembrar que o episódio envolvendo José Serra e Roseana Sarney nas eleições de 2002 custou ao candidato do PSDB o apoio vital do PFL em suas bases eleitorais, sendo que o presidente Fernando Henrique poderia ter costurado um acordo com as lideranças pefelistas e não o fez.
Assim, não é difícil colocar a tese de que a eleição do presidente Silva se incluiu em um projeto de continuidade social-democrata vislumbrado por Fernando Henrique Cardoso, mas o projeto acumulava contradições óbvias, tanto pela total incapacidade do PT se converter à social-democracia, quanto pelo anacronismo do próprio ato ou a incapacidade do presidente Silva de conduzir um projeto ideológico de longo prazo, dado sua habilidade política ser o pragmatismo e não a ideologia.
Editado pela última vez por Acauan em 15 Out 2006, 21:19, em um total de 1 vez.
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Re: Re.: O Império do Equívoco
Samael escreveu:Apáte escreveu:Samael escreveu:a minha opção atual pela corrupção petista
Já ouviu falar no "mal menor"?
Aliás, já ouviu falar em corrupção tucana?
Sim e sim. O certo é que os tucanos roubavam mais, mas, como são mais espertos, o fuzuê era menor.
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi
Re: Re.: O Império do Equívoco
Acauan escreveu:Samael escreveu:Tenho muito medo de um novo FHC e não creio que a eleição de Lula seja um mero "equívoco histórico". O PT sempre se colocou como trabalhista e sua atual "direitização" não parece ser novidade (ao menos pra mim).
Dizer que o PT sempre se colocou como trabalhista não quer dizer absolutamente nada.
Primeiro porque nenhum partido que tenha a intenção de tomar o poder do Estado e não do governo, solapando a ordem democrática, vai anunciar isto publicamente, deixando suas verdadeiras intenções como assunto interno.
Como tive a chance de conhecer bem as origens do Partido dos Trabalhadores, sei bem do que falo, o que me permite garantir que é ingenuidade acreditar numa "direitização" do PT.
Se você encontrar um militante petista que sinceramente acredite nisto, me mostre.
Além disto, os partidos trabalhistas europeus eram marxistas-leninistas em sua origem, em nada parecidos com a concepção de trabalhismo construída no Brasil por Getúlio Vargas.
Estes partidos se tornaram social-democratas por uma evolução e contexto histórico absolutamente incompatíveis com a realidade de um partido que nascia no Brasil nos anos 1980, quando o governo Thatcher expôs as contradições do trabalhismo britânico e por extensão, do europeu.
Quanto ao equívoco, ele foi demonstrado claramente em fatos históricos que não podem ser negados.
Se necessárias mais provas, basta lembrar que o episódio envolvendo José Serra e Roseana Sarney nas eleições de 2002 custou ao candidato do PSDB o apoio vital do PFL em suas bases eleitorais, sendo que o presidente Fernando Henrique poderia ter costurado um acordo com as lideranças pefelistas e não o fez.
Assim, não é difícil colocar a tese de que a eleição do presidente Silva se incluiu em um projeto de continuidade social-democrata vislumbrado por Fernando Henrique Cardoso, mas o projeto acumulava contradições óbvias, tanto pela total incapacidade do PT se converter à social-democracia, quanto pelo anacronismo do próprio ato ou a incapacidade do presidente Silva de conduzir um projeto ideológico de longo prazo, dado sua habilidade política ser o pragmatismo e não a ideologia.
Acauan, a base ideológica trabalhista não advém de Getúlio por si só. Boris Fausto já trabalhou esse ideário diversas vezes e salientou que essa idéia acaba surgindo como uma forma de "história tradicional", onde grandes vultos históricos surgem como os realizadores dos fatos históricos no lugar das massas. O ponto é que a reivindicação por melhores salários e condições de emprego, sem alterar o próprio modo-de-produção é o lugar comum primário de todo e qualquer movimento operário. Getúlio surge, historicamente, representanto o fenômeno populista, onde esses interesses de classe são mediados segundo o poderio de um governante.
Quanto à direitização do PT, ao menos a mim, é flagrante. A gota d'agua foi a expulsão de Heloisa Helena e Babá do partido. A mudança da figura de Lula, a aliança com o PL, a relevância de determinados indivíduos que antes eram a minoria no partido e representavam sua ala mais centrista são a mostra mais clara disso. A forma de governo é "a cereja do bolo" no caso. E conheço sim dois militantes que abandonaram o PT nos últimos dois anos devido a esse processo.
Também continuo discordando insistentemente desse tal "equívoco". Ao menos, todos os eleitores não politizados que votaram em Lula na primeira eleição (e nisso incluo minha família quase inteira), o fizeram por oposição ao continuísmo tucano. O rompimento entre PSDB e PFL pode ser extremamente relevante, mas nem de longe surge a mim como fator essencial.
Re: Re.: O Império do Equívoco
Apáte escreveu:Samael escreveu:Apáte escreveu:Samael escreveu:a minha opção atual pela corrupção petista
Já ouviu falar no "mal menor"?
Aliás, já ouviu falar em corrupção tucana?
Sim e sim. O certo é que os tucanos roubavam mais, mas, como são mais espertos, o fuzuê era menor.
Já disse duas vezes que você deveria conferir o número de ações da polícia federal no governo FHC e depois compará-lo ao número de ações durante o governo Lula.
Deveria também percever o quanto esse tal mensalão, na prática, atravessa governos e é um problema de Estado no Brasil. É questão de ter governabilidade.
Re: Re.: O Império do Equívoco
Samael escreveu:Acauan, a base ideológica trabalhista não advém de Getúlio por si só. Boris Fausto já trabalhou esse ideário diversas vezes e salientou que essa idéia acaba surgindo como uma forma de "história tradicional", onde grandes vultos históricos surgem como os realizadores dos fatos históricos no lugar das massas. O ponto é que a reivindicação por melhores salários e condições de emprego, sem alterar o próprio modo-de-produção é o lugar comum primário de todo e qualquer movimento operário. Getúlio surge, historicamente, representanto o fenômeno populista, onde esses interesses de classe são mediados segundo o poderio de um governante.
A questão era a diferença entre os partidos trabalhistas europeus e o trabalhismo que Getulio consagrou, que foi colocada para mostrar que não há como associar o Partido dos Trabalhadores a um trabalhismo genérico, sem se deixar claro sobre o que exatamente se esta falando.
Uma prova disto é que o lugar comum que você citou para os movimentos operários nunca fez parte do ideário original do PT, desde os tempos em que embrionava no sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo.
Me lembro bem dos boletins sindicais da época, repletos de chavões socialistas e de doutrinação marxista primária.
Da outra fonte de idéias do PT, a Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da USP então, nem se fale.
Samael escreveu:Quanto à direitização do PT, ao menos a mim, é flagrante. A gota d'agua foi a expulsão de Heloisa Helena e Babá do partido. A mudança da figura de Lula, a aliança com o PL, a relevância de determinados indivíduos que antes eram a minoria no partido e representavam sua ala mais centrista são a mostra mais clara disso. A forma de governo é "a cereja do bolo" no caso. E conheço sim dois militantes que abandonaram o PT nos últimos dois anos devido a esse processo.
Se dissidências entre facções da esquerda provam que um dos lados se "direitizou", então podemos dizer que ou Stalin ou Trotski bandearam para a direita para explicar a divisão entre eles.
Conflitos de poder entre as facções é a própria natureza do PT, que não se importa em assumir um discurso ameno se isto lhe encurtar o caminho para o poder.
Samael escreveu:Também continuo discordando insistentemente desse tal "equívoco". Ao menos, todos os eleitores não politizados que votaram em Lula na primeira eleição (e nisso incluo minha família quase inteira), o fizeram por oposição ao continuísmo tucano. O rompimento entre PSDB e PFL pode ser extremamente relevante, mas nem de longe surge a mim como fator essencial.
Se votaram no PT por oposição ao continuismo, temos a confirmação do equívoco.
O PT assumiu um discurso continuista e foi incluido em projeto de continuidade social-democrata supra-partidária concebido pelo próprio Fernando Henrique Cardoso.
O fato de o PT ter seu próprio projeto de poder antes duplica o equívoco do que o elimina.
Nós, Índios.
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Re: Re.: O Império do Equívoco
Samael escreveu:Deveria também percever o quanto esse tal mensalão, na prática, atravessa governos e é um problema de Estado no Brasil. É questão de ter governabilidade.
Samael,
A governabilidade no Brasil sempre foi obtida pela negocição com os cargos de confiança da administração pública, rateados entre os aliados.
Como o PT entupiu todos estes cargos, mesmos os técnicos, com seus militantes, teve que buscar outro modo de obter apoios.
E estou esperando alguém me mostrar outro governo em que o ministro chefe da casa civil comandava pessoalmente de dentro do Palácio do Planalto um esquema tosco de distribuição de malas de dinheiro para subornar o legislativo.
Dizer sempre houve é uma coisa.
Outra muito diferente é o calhamaço de provas e confissões que acompanham as peripécias petistas.
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Re.: O Império do Equívoco
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Editado pela última vez por Sr. Incógnito em 08 Abr 2007, 22:17, em um total de 2 vezes.
Re.: O Império do Equívoco
O corruPTê não tem eleitores. Tem cúmplices.
Belíssimo texto, Gavião. (como sempre
)
Belíssimo texto, Gavião. (como sempre




marta
Se deus fosse bom, amá-lo não seria mandamento.
Re.: O Império do Equívoco
O senado está repleto de equívocos. Os maiores são Maluf e Clodovil. Se isso não for equívoco, nada mais o é...
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."


Huxley escreveu:Muito bom o texto.Só acrescentando uma coisa.Infelizmente, a população que só se liga nos resultados da política social compensatória do curto prazo não está preocupada com o Império do Equívoco e sim com o prato de comida a mais que Lula garantiu a eles.
Falar é fácil. Não estamos no estado em que se o povo tem fome se dá brioches. Falar em assistencialismo é fácil para quem nunca passou fome. Falar que fará algo também é fácil. Collor falou, FHC falou, Alckmin falou (em SP) mas que eu saiba nada foi feito com a magnitude que Lula fez por eles. Eles estão certos. É a fome deles contra a ideologia dos outros. Saco vazio não para em pé, já dizia minha avó. Contra pratos cehios não há argumentos.
Abraços
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."


Re: Re.: O Império do Equívoco
Acauan escreveu:A questão era a diferença entre os partidos trabalhistas europeus e o trabalhismo que Getulio consagrou, que foi colocada para mostrar que não há como associar o Partido dos Trabalhadores a um trabalhismo genérico, sem se deixar claro sobre o que exatamente se esta falando.
Uma prova disto é que o lugar comum que você citou para os movimentos operários nunca fez parte do ideário original do PT, desde os tempos em que embrionava no sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo.
Me lembro bem dos boletins sindicais da época, repletos de chavões socialistas e de doutrinação marxista primária.
Da outra fonte de idéias do PT, a Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da USP então, nem se fale.
É o descaminho do trabalhismo brasileiro, hahaha.
Não crês em influências de imigrantes na consolidação do trabalhismo no país? Pra mim, esse é um ponto central do debate e é a ligação clara do trabalhismo brasileiro ao europeu, ainda que o primeiro não seja derivado diretamente do segundo.
Acauan escreveu:Se dissidências entre facções da esquerda provam que um dos lados se "direitizou", então podemos dizer que ou Stalin ou Trotski bandearam para a direita para explicar a divisão entre eles.
Conflitos de poder entre as facções é a própria natureza do PT, que não se importa em assumir um discurso ameno se isto lhe encurtar o caminho para o poder.
Uma mudança radical no discurso ideológico pode ser facilmente considerado uma direitização. Veja bem que o PT não apresenta hoje valor trabalhista algum no centro de seu governo, realiza, antes de mais nada, um governo social-democrata cômodo e sem fórmulas mágicas.
Acauan escreveu:Se votaram no PT por oposição ao continuismo, temos a confirmação do equívoco.
O PT assumiu um discurso continuista e foi incluido em projeto de continuidade social-democrata supra-partidária concebido pelo próprio Fernando Henrique Cardoso.
O fato de o PT ter seu próprio projeto de poder antes duplica o equívoco do que o elimina.
Não acredito nessa psicose de "projeto de poder" petista. O partido apenas amenizou o discurso e sofreu uma reforma direitizante interna que os relegaram a uma social-democracia.
A partir do momento em que não creio que haja qualquer "votação num partido que não aquilo que tenta aparentar", ou seja, crendo que o PT seja exatamente o que mostra ser atualmente (e que eu já endossei acima), o equívoco fica totalmente inválido dentro da minha concepção.
Re: Re.: O Império do Equívoco
Acauan escreveu:Samael escreveu:Deveria também percever o quanto esse tal mensalão, na prática, atravessa governos e é um problema de Estado no Brasil. É questão de ter governabilidade.
Samael,
A governabilidade no Brasil sempre foi obtida pela negocição com os cargos de confiança da administração pública, rateados entre os aliados.
Como o PT entupiu todos estes cargos, mesmos os técnicos, com seus militantes, teve que buscar outro modo de obter apoios.
E estou esperando alguém me mostrar outro governo em que o ministro chefe da casa civil comandava pessoalmente de dentro do Palácio do Planalto um esquema tosco de distribuição de malas de dinheiro para subornar o legislativo.
Dizer sempre houve é uma coisa.
Outra muito diferente é o calhamaço de provas e confissões que acompanham as peripécias petistas.
E eu queria era ver um governo onde a polícia federal não trabalhasse tanto!
Alguém governa sem PMDB? Creio que não. Sendo assim, e sendo o partido corrupto e sem ideologia que é, é fato que se compre votos da bancada do partido.
As inúmeras acusações a FHC ou mesmo o Impeachment de Collor já não valeriam para atirar à lama todo esse sistema político e não apenas um partido?
É por isso que eu penso ainda ser bastante parcial esse teor crítico lançado contra o PT.
Gostei bastante do texto.
[comunista de butique]
O sr. Acauan se refere atípicamente ao Lula como "Silva" de forma obviamente pejorativa, elitista, como se ser um "Silva", um homem do povo, fosse algo a se ter vergonha, enquanto os que ostentam algum sobrenome alemão, francês ou inglês posam com um ar de superioridade nazistóide.
[/comunista de butique]
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O sr. Acauan se refere atípicamente ao Lula como "Silva" de forma obviamente pejorativa, elitista, como se ser um "Silva", um homem do povo, fosse algo a se ter vergonha, enquanto os que ostentam algum sobrenome alemão, francês ou inglês posam com um ar de superioridade nazistóide.
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Sem tempo nem paciência para isso.
Site com explicações para 99,9999% de todas as mentiras, desinformações e deturpações criacionistas:
www.talkorigins.org
Todos os tipos de criacionismos, Terra jovem, velha, de fundamentalistas cristãos, islâmicos e outros.
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Índice com praticamente todas as asneiras que os criacionistas sempre repetem e breves correções
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Johnny escreveu:Huxley escreveu:Muito bom o texto.Só acrescentando uma coisa.Infelizmente, a população que só se liga nos resultados da política social compensatória do curto prazo não está preocupada com o Império do Equívoco e sim com o prato de comida a mais que Lula garantiu a eles.
Falar é fácil. Não estamos no estado em que se o povo tem fome se dá brioches. Falar em assistencialismo é fácil para quem nunca passou fome. Falar que fará algo também é fácil. Collor falou, FHC falou, Alckmin falou (em SP) mas que eu saiba nada foi feito com a magnitude que Lula fez por eles. Eles estão certos. É a fome deles contra a ideologia dos outros. Saco vazio não para em pé, já dizia minha avó. Contra pratos cehios não há argumentos.
Abraços
Seria possível especular com bom grau de segurança se no primeiro mandato do FHC, por exemplo, todos os planos de auxílio social atuais (que já existiam em boa parte, ainda que com nomes diferentes) já poderiam ser viavelmente implementados nessa escala, ou mesmo no seguinte?
Sem tempo nem paciência para isso.
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Samael escreveu:Acauan escreveu:Se votaram no PT por oposição ao continuismo, temos a confirmação do equívoco.
O PT assumiu um discurso continuista e foi incluido em projeto de continuidade social-democrata supra-partidária concebido pelo próprio Fernando Henrique Cardoso.
O fato de o PT ter seu próprio projeto de poder antes duplica o equívoco do que o elimina.
Não acredito nessa psicose de "projeto de poder" petista. O partido apenas amenizou o discurso e sofreu uma reforma direitizante interna que os relegaram a uma social-democracia.
Samael,
Trouxe esta colocação para o início das respostas pois a acho muito significativa do que se discute aqui.
Por que diabos uma referência ao projeto de poder petista deve ser considerado psicose?
Só posso imaginar duas alternativas.
A primeira é que você não acredita que o Partido dos Trabalhadores tenha um projeto de poder, o que não faz o menor sentido uma vez que é justamente a definição de um projeto desta natureza o que caracteriza qualquer partido político como tal.
Na segunda hipótese, você cometeu o ato falho de associar defensivamente a afirmação de que o PT possui um próprio projeto de poder com algum tipo de teoria da conspiração, deixando transparecer a idéia de que você próprio acredita na correlação entre um e outra ou presume que os demais assim acreditem.
Ora, o projeto de poder do Partido dos Trabalhadores é de domínio público e consta dos Documentos Históricos divulgados em seu próprio site oficial, onde se pode ler explicitamente que o objetivo do PT é instaurar o socialismo a partir da organização e luta da classe trabalhadora contra a ordem capitalista e o que chama de opressão burguesa.
Ou seja, como enxergar psicose na referência a um projeto de poder explicitado nos próprios documentos petistas, publicados nos meios de divulgação petistas, assinados pelos líderes petistas e acatados pela militância petista?
Se há algo que estes documentos não dizem e o projeto de poder petista vai além daquilo que foi publicamente declarado é outro problema, mas só o que está escrito elimina qualquer discussão sobre este projeto existir e estar diretamente ligado ao Império do Equívoco que dá nome a este tópico.
Não há nos manifestos do PT ou em seus atos como partido e como governo sequer indício de que este projeto de poder foi abandonado por conta de uma reforma "direitizante", de cunho social democrata.
Primeiro porque, é óbvio, a ideologia social democrata é de esquerda.
Segundo porque os próprios documentos citados fazem referência à necessidade ocasional de se fazer alianças duvidosas [sic] com a burguesia.
Puxa vida, os caras não escondem o que são e o que querem e mesmo assim há uma tendência geral de querer enxergar neles uma inocência que nem os próprios fingem ter.
Nem vou entrar aqui nas diferenças que existem entre o discurso petista destinado ao povo em geral e aquele destinado à sua militância interna, apenas deixo a seguinte pergunta: Porque entre os milhares de militantes esquerdistas fanáticos do PT, apenas uma meia dúzia de gatos pingados deixou o partido após a tal suposta reforma direitizante, enquanto a esmagadora maioria daqueles militantes continua no partido, se limitando a fazer um ou outro protesto público contra a taxa de juros ou esta ou aquela política econômica?
Samael escreveu:É o descaminho do trabalhismo brasileiro, hahaha.
Não crês em influências de imigrantes na consolidação do trabalhismo no país? Pra mim, esse é um ponto central do debate e é a ligação clara do trabalhismo brasileiro ao europeu, ainda que o primeiro não seja derivado diretamente do segundo.
Influência por influência, até os anarquistas italianos influenciaram em alguma coisa, mas o trabalhismo brasileiro assumiu uma personalidade caudilhesca, manifestada em figuras como Getúlio Vargas e Leonel Brizola, personagens centrados demais neles mesmos.
Qualquer semelhança com quem hoje se apresenta como o defensor dos trabalhadores não é mera coincidência.
Samael escreveu:Uma mudança radical no discurso ideológico pode ser facilmente considerado uma direitização. Veja bem que o PT não apresenta hoje valor trabalhista algum no centro de seu governo, realiza, antes de mais nada, um governo social-democrata cômodo e sem fórmulas mágicas.
Não sei qual foi a mudança radical no discurso ideológico do PT. No máximo o que se viu foram algumas concessões às exigências mais óbvias das leis econômicas, como controlar o déficit público para evitar a inflação. Isto não é direitização coisa nenhuma, uma vez que direita é o apego a princípios conservadores centrados no indivíduo e o PT é um partido revolucionário centrado no coletivo, como se declara em seus próprios documentos, mesmo não usando explicitamente a palavra. Ou o que você acha que significa mudar a ordem social burguesa, que o partido tanto prega?
A China comunista fez reformas econômicas muito mais radicais que o PT e ninguém há de ver um regime de direita entre os dragões vermelhos.
Samael escreveu:A partir do momento em que não creio que haja qualquer "votação num partido que não aquilo que tenta aparentar", ou seja, crendo que o PT seja exatamente o que mostra ser atualmente (e que eu já endossei acima), o equívoco fica totalmente inválido dentro da minha concepção.
O que o partido se mostra é o que declara em seus documentos. Como, aparentemente, ninguém os lê, fica a idéia do Lulinha paz e amor, um personagem de comerciais de televisão que não tem absolutamente nada a ver com a verdadeira face do partido e com seus planos.
Samael escreveu:E eu queria era ver um governo onde a polícia federal não trabalhasse tanto!
Alguém governa sem PMDB? Creio que não. Sendo assim, e sendo o partido corrupto e sem ideologia que é, é fato que se compre votos da bancada do partido.
As inúmeras acusações a FHC ou mesmo o Impeachment de Collor já não valeriam para atirar à lama todo esse sistema político e não apenas um partido?
É por isso que eu penso ainda ser bastante parcial esse teor crítico lançado contra o PT.
Samael, Samael...
Não quero ofender, mas dizer que queria ver um governo onde a polícia federal não trabalhasse tanto é de uma ingenuidade atroz, dado que apenas repete um argumento de propaganda defensiva lançado pelos marketeiros da campanha eleitoral lulista.
Alguns fatos simples:
Se a Polícia Federal nunca trabalhou tanto, onde estão presos os grandes contrabandistas de armas e traficantes de drogas, quais facções do crime organizado foram desbaratadas ou quais crimes cujo combate compete exclusivamente à PF tiveram queda drástica em seus índices?
Se você não tem resposta imediata para estas perguntas, que dizem respeito às funções prioritárias da Polícia Federal, como pode afirmar que ela nunca trabalhou tanto?
A conclusão é que de novo temos uma associação indevida entre a prisão de alguns corruptos e ação eficiente da Polícia Federal, o que levanta a pergunta de porque somente esta atividade específica da PF apresentou melhoria de desempenho, enquanto tantas outras mais urgentes continuam esperando sua vez.
É muito mais simples e verossímil a hipótese de que no governo atual os corruptos se tornaram mais incompetentes e descuidados.
Nós, Índios.
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Re.: O Império do Equívoco
Acauan, quanto a projeto de poder, entenda-se um objetivo de dominação e totalização estatal a longo prazo. Eu realmente pensava que era este mesmo o tal projeto nefando que tantos estão a criticar.
O que está escrito no site não condiz com a realidade dos fatos: o governo Lulla está realizando uma administração centrista com vias ao populismo, o que de todo não me desagrada em comparação à liberalização tucana. Vale lembrar que, documentos de site por documentos de site, o PFL se afirma como social democrata. O mais importante, entretanto, é o documento do discurso do Lulla de 2002, que difere radicalmente das posições pelegas e socialistas tomadas nos dosumentos anteriores. Esse sim deixa transparecer relativamente o governo atual de Lulla.
Lulla falava em renunciar à dívida externa, estatizar boa parte das empresas em funcionamento no país, combater banqueiros, desvalorizar a moeda e reformar politicamente a nação. Se, hoje em dia, ter um PL como aliado e taxar aposentados não é uma mudança significativa pra ti, eu não sei mais o que é, sinceramente. E se eu mesmo, que nunca fui simpático ao PT, vi a ala revolucionária do partido ser suprimida de todas as formas nos últimos cinco anos, que dirá aqueles que estão diretamente ligados ao partido...
Por fim, acho que números não mentem. O número de ações divulgadas da polícia federal durante o governo Lula é infinitamente maior do que durante o governo FHC. Das duas uma: ou a polícia está melhor preparada ou existe um lobby anti-petista muito forte lá dentro. Eu creio na segunda opção.
O que está escrito no site não condiz com a realidade dos fatos: o governo Lulla está realizando uma administração centrista com vias ao populismo, o que de todo não me desagrada em comparação à liberalização tucana. Vale lembrar que, documentos de site por documentos de site, o PFL se afirma como social democrata. O mais importante, entretanto, é o documento do discurso do Lulla de 2002, que difere radicalmente das posições pelegas e socialistas tomadas nos dosumentos anteriores. Esse sim deixa transparecer relativamente o governo atual de Lulla.
Lulla falava em renunciar à dívida externa, estatizar boa parte das empresas em funcionamento no país, combater banqueiros, desvalorizar a moeda e reformar politicamente a nação. Se, hoje em dia, ter um PL como aliado e taxar aposentados não é uma mudança significativa pra ti, eu não sei mais o que é, sinceramente. E se eu mesmo, que nunca fui simpático ao PT, vi a ala revolucionária do partido ser suprimida de todas as formas nos últimos cinco anos, que dirá aqueles que estão diretamente ligados ao partido...
Por fim, acho que números não mentem. O número de ações divulgadas da polícia federal durante o governo Lula é infinitamente maior do que durante o governo FHC. Das duas uma: ou a polícia está melhor preparada ou existe um lobby anti-petista muito forte lá dentro. Eu creio na segunda opção.