Diogo Mainardi
Sem Lula, o mundo é melhor
Quero que Lula perca. Como quero que Lula perca, rejeito todas as pesquisas eleitorais. O procedimento é simples. Quase todo dia aparece uma pesquisa indicando sua vitória no primeiro turno. Consulto o Datafolha e o Ibope, cotejo os dados região por região, classe social por classe social, e passo a distorcer a realidade. Tiro 1 ponto porcentual de um candidato, dou 2 pontos a outro, depois amplio as margens de erro até conseguir subverter os resultados. Em minhas análises do Datafolha e do Ibope, Lula sempre perde. É um mundo melhor, o meu. Um mundo mais limpo.
O resto da imprensa é igual a mim. Todos os jornalistas interpretam as pesquisas de acordo com seus desejos e simpatias. Pouco tempo atrás, o Datafolha mostrou que Lula estava praticamente empatado com Geraldo Alckmin na camada dos eleitores com renda acima de dez salários mínimos. Elio Gaspari, eleitor de Heloísa Helena, aproveitou para pontificar: "A maldição elitista do tucanato, segundo a qual o companheiro seria reeleito pela massa dos não-informados aliada aos menos escolarizados, faz água. Vai ao brejo a idéia da reeleição, pela vontade de pobres ignorantes, de um presidente ruinoso que teve quarenta malfeitores à sua volta". Quatro dias depois, o Datafolha voltou atrás, mudando radicalmente seu prognóstico. Naquela camada dos eleitores mais ricos, o empate técnico se transformou numa extraordinária vantagem de 27 pontos para Geraldo Alckmin. O discurso de Elio Gaspari foi para o brejo. Vingou a idéia de que Lula é um presidente ruinoso com quarenta malfeitores à sua volta, e que só é votado por uma massa de pobres ignorantes.
Os pobres ignorantes são o principal tema de disputa entre os analistas de pesquisas eleitorais. Em particular, os pobres ignorantes do Nordeste. Os lulistas acreditam que os pobres do Nordeste são tão ignorantes, mas tão ignorantes, que vão acabar votando em Lula, apesar dos quarenta malfeitores. Os tucanos discordam. Eles acreditam que os pobres do Nordeste podem até declarar voto em Lula nas pesquisas eleitorais, mas são tão ignorantes, tão ignorantes, que vão apertar o botão errado na hora de votar, anulando suas escolhas. Sempre que Lula ultrapassa a barreira dos 50 pontos, sou obrigado a apelar para esse argumento.
José Dirceu, um dos quarenta malfeitores citados por Elio Gaspari, comparou nossa imprensa aos militares golpistas de 1964. Não dá para entender José Dirceu. O triunfo eleitoral de Lula demonstra claramente que a imprensa é inofensiva. Quando ela tenta reagir, basta comprá-la. O Brasil não é dominado por uma elite má. Essa elite má só existe para gente como José Dirceu e Elio Gaspari. O Brasil é dominado por uma massa de pobres ignorantes. Eles estão decidindo por nós. E estão decidindo muito mal. Isso se não confundirem os algarismos e apertarem os botões errados.
Mainardi
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Mainardi
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.
*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.
*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.
Re.: Mainardi
O Diogo Mainardi é a Vera Verão da Veja.Sempre escandalosa, polêmica, mas sem nenhum conteúdo.Como disse Franklin Martins já está com menos ibope que antes porque os leitores da Veja não suportam mais "um anão de jardim que se acha um gigante da crônica política".Mais uma vez ele é um colunista que se refere de forma depreciativa em relação a Nordeste quando fala "principalmente os ignorantes do Nordeste".Como se pertencer a essa região fosse sinônimo daquilo que não presta.É análogo a expressão "principalmente os marginais negros", que é uma coisa que ele nunca falou porque sempre quis fazer o tipinho de intelectual anti-racista.
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”
Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)
"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."
John Maynard Keynes
Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)
"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."
John Maynard Keynes