Aborto

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marta
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Re: Re.: Aborto

Mensagem por marta »

Spitfire escreveu:Interessante é que muitos que condenam o aborto, são favoráveis a pena de morte.


A diferença é que a pena de morte só elimina aqueles que não foram abortados à tempo e depois de crescidos, não passaram pelo controle de qualidade.
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
marta
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Flavio Costa
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Re: õ

Mensagem por Flavio Costa »

Acauan escreveu:Tudo que somos já estava presente em nós quando éramos um ovo.

Essa não é mesmo uma afirmação precisa. Um embrião contém potencialmente tudo que um ser humano completo contém, mas concretamente não contém.

Acauan escreveu:E qual o problema?
Vamos renegar todos os nossos valores morais que se originaram da religiosidade, espiritualidade ou antopocentrismo só por conta de suas origens?

O problema é defender valores anacrônicos e supérfluos só porque fazem parte de nossas raízes.

Eu acho o aborto uma estupidez e o argumento de que a mulher pode dispor do seu corpo injustificável, isso sem mencionar o que foi comentado pelo Alter-Ego de que mulheres não fazem filhos sozinhas.

Ainda assim, dizer que um embrião tem o direito de se tornar um ser humano é tão arbitrário quanto dizer que um coelho ou um pé de alface têm direito de viver. Fora da religião, ninguém legisla em absoluto quem tem o direito de viver ou morrer e não existe nenhuma prova de que as sociedades que permitem o aborto sejam mais brutas que aquelas que proibem.
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- William Shakespeare
Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
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o anátema
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Re: õ

Mensagem por o anátema »

Acauan escreveu:
ímpio escreveu:
Acauan escreveu:A diferença óbvia, mas nunca admitida pelos defensores do aborto é que espermatozóides e óvulos não são indivíduos.

Um feto possui individualidade genética, contém em si tudo que o define como ser humano, uma identidade única, o qual basta apenas que o deixem desenvolver para que tenhamos uma pessoa humana, na plenitude de sua dignidade.


Óvulos também tem individualidade genética, ainda que não sejam geneticamente completos.


E este "ainda que não sejam geneticamente completos" faz toda a diferença.


Ou, "ainda que não tenham SNC formados" faz toda a diferença. É algo que se escolhe arbitrariamente por um motivo ou outro.

Uns vêem como mais importantes a formação em certo grau do corpo em si, outros a fecundação e/ou a organização de ácidos nucléicos, a recombinação cromossômica no interior de uma célula específica.

ímpio escreveu:A não vejo a incompleição genética como mais significativa para sua "desumanidade" do qeu a incompleição de desenvolvimento ontológico; é só um estado natural pelo qual todos passamos. Ou seja, se o zigoto que não é nada mais que um óvulo fecundado deve ser salvo apesar de ser ontologicamente incompleto, pelo motivo que irá se desenvolver, o óvulo não fecundado deveria dever ser protegido pelo motivo de que apesar de geneticamente incompleto, irá ser completo e desenvolver-se em um ser humano, se não forem tomadas medidas para prevenir isso.


Sinceramente, este é um argumento que não tem pé nem cabeça.
Um feto É.
Um óvulo talvez venha a ser.

um feto é um feto.

um óvulo é um óvulo.

um embrião com dado grau de desenvolvimento é um embrião com dado grau de desenvolvimento.

Existem certos graus de desenvolvimento em que não há cérebro formado, tal como um feto anencefálico ou um teratoma -- estruturas vivas, com DNA humano. Considero o aborto de todos esses praticamente iguais, moralmente, apesar de que tecnicamente o embrião normal tem maior chance de terminar de se desenvolver em algo viável.

Mas esse potencial não me importa, vejo como crucial o estado presente da coisa, não o potencial. Porque pelo potencial de desenvolvimento, o óvulo também se salvaria, e isso é inegável; basta deixar ser fecundado, passar pelo seu curso normal de desenvolvimento, que é a fecundação. Pelo potencial, também, todos estaríamos mortos. Mais do que potencialmente, certamente vamos morrer, e não é por isso que devamos ser considerados como cadáveres. O que vejo como importante é o que uma coisa é no momento presente.


Para que um óvulo evolua para um ser humano é preciso que uma série de circunstâncias convirjam para este evento.
Para que um feto se desenvolva como ser humano basta não mata-lo ou deixa-lo morrer.
A diferença é óbvia demais para passar despercebida.

A diferença é artificialmente construida apenas para que o óvulo possa morrer livremente e o zigoto não.

É exatamente igual que para que um óvulo se torne um ser humano, só se precisa deixá-lo viver e não intervir nos processos naturais, visando matar o óvulo, impedir seu curso natural. Contracepção é artificial, e a menos que a mulher não seja sexualmente ativa, o curso natural seria que cada óvulo ovulado fosse fecundado e começasse a se desenvolver, eventualmente se tornando um novo ser humano, na maioria dos casos.
Sem tempo nem paciência para isso.

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o anátema
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Re: õ

Mensagem por o anátema »

Flavio Costa escreveu:
Acauan escreveu:Tudo que somos já estava presente em nós quando éramos um ovo.

Essa não é mesmo uma afirmação precisa. Um embrião contém potencialmente tudo que um ser humano completo contém, mas concretamente não contém.


Essa é uma afirmação com ares de século XIX. Tem um quê quase de frenologia, de craniometria e aquelas coisas todas de quando se acreditava num determinismo ferrenho. Hoje em dia a mídia faz uma divulgação muito ruim do papel dos genes, exagerando fantasiosamente a sua importância muitas vezes, eles não ditam o curso de nossas vidas.

O rumo da vida das pessoas, e o que elas são, é principalmente determinado pelas suas próprias decisões, o que elas fazem delas mesmas, e não pelos seus genes num determinismo simplista. A profissão, o caráter, os hábitos, isso tudo não está nos genes, é construído ao longo das vidas das pessoas e da interação dessas com outras pessoas.
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o anátema
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Re: Re.: Aborto

Mensagem por o anátema »

Alter-ego escreveu:Claro... As mulheres fazem filhos sozinhas.


a questão é que a participação masculina se restringe a um milhonésimo de uma p*rra, enquanto que mesmo em nível celular a participação da mulher é bem maior, sem contar que ela que vai ser a incubadora.

Quando inventarem úteros artificiais que homens pudessem implantar, acho que a decisão poderia ser nossa também, aí os que fizerem muita questão de ver desenvolvido aquilo que um milhonésimo de uma p*rra nossa ajuda a determinar, mesmo que numa relação (ou one night stand) em que a mulher não quisesse ser mãe, poderiam requerer uma transferência do embrião para que eles mesmos ficassem grávidos.

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CAVEIRA
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Re: Re.: Aborto

Mensagem por CAVEIRA »

Acauan escreveu:
CAVEIRA escreveu:
Acauan escreveu:
CAVEIRA escreveu:Eu sou completamente a favor, em todos as ocasiões, pois se a própria mãe da criança não a deseja qual será a persepctiva de vida desse futuro ser-humano?


Infinitamente maior do que a perspectiva de vida dos seres humanos cujas mães optaram pelo aborto.


A questão é a fé ou esperança. Crer que a criança irá nascer e ser maltratada pela própria mãe sentindo o gosto da rejeição logo cedo e virar um grande homem ou mulher é uma questão de fé, e fé e raciocínio não andam juntas, ao não ser nesta frase...


Fé e esperança não tem absolutamente nada a ver com minha postagem anterior, que apenas demonstra a verdade matemática que em sendo zero as perspectivas das crianças abortadas, mesmo uma perspectiva infinitesimal, possível e provável para as que não foram, define uma proporção infinitamente superior com relação à daquelas.

E o que não anda junto com o raciocíno são as previsões proféticas baseadas em coisa alguma, como esta acima que sentencia como absolutamente certo que o destino futuro da criança em questão será tenebroso a ponto de justificar sua extinção prematura.


É claro que existe a possibilidade dessa criança ser alguém na vida e não dar prejuízo para o estado, mas é muito pouco provável, por isso é uma questão de fé... Veja que a gravidez "acidental" ocorre na grande maioria em famílias desfragmentadas, pobres, e um filho só iria piorar a situação...
"É extremamente fácil enganar a si mesmo; pois o homem geralmente acredita no que deseja"

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Flavio Costa
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Re: Re.: Aborto

Mensagem por Flavio Costa »

ímpio escreveu:a questão é que a participação masculina se restringe a um milhonésimo de uma p*rra, enquanto que mesmo em nível celular a participação da mulher é bem maior, sem contar que ela que vai ser a incubadora.

Embora a geração de um filho seja, materialmente, praticamente toda realizada pela mãe, emocionalmente e socialmente a participação do pai não pode ser ignorada. Um filho não é apenas um produto material.

A mulher em geral sempre participa mais, o período em que há maior desigualdade entre o papel do homem e da mulher é da gravidez até a amamentação, porém esse período dura uns 14 meses e um filho dura uma vida inteira.
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o anátema
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Re: Re.: Aborto

Mensagem por o anátema »

Flavio Costa escreveu:
ímpio escreveu:a questão é que a participação masculina se restringe a um milhonésimo de uma p*rra, enquanto que mesmo em nível celular a participação da mulher é bem maior, sem contar que ela que vai ser a incubadora.

Embora a geração de um filho seja, materialmente, praticamente toda realizada pela mãe, emocionalmente e socialmente a participação do pai não pode ser ignorada. Um filho não é apenas um produto material.

A mulher em geral sempre participa mais, o período em que há maior desigualdade entre o papel do homem e da mulher é da gravidez até a amamentação, porém esse período dura uns 14 meses e um filho dura uma vida inteira.


É verdade, mas não acho que o apego emocional deva dar algum direito desse tipo. Não vejo como algo muito diferente de dizer que uma pessoa é brutalmente apaixonada por outra, que então tem que casar com essa e ter filhos com ela, da mesma forma.

A diferença essencial entre as duas situações é que no caso da gravidez há a justificativa material do homem ter contribuído com metade dos cromossomos.

E a mulher também tem tanto suas justificativas emocionais e materiais para não querer continuar a gravidez. A parte emocional é difícil de por numa balança, e mesmo que fosse clinicamente comprovado que o homem é o mais emocionalmente abalado com a possibilidade de uma gravidez, voltamos aquilo dessa dependência emocional que se passa na cabeça duma pessoa dar direitos sobre outra.

Não acho que porque metade dos cromossomos foi dada por uma pessoa, que ela tenha todo esse direito sobre o que uma outra pode ou não fazer com o corpo dela, não importa o quâo apaixonada a pessoa seja pelos próprios genes.
Editado pela última vez por o anátema em 01 Nov 2006, 11:16, em um total de 1 vez.
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clara campos
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Re.: Aborto

Mensagem por clara campos »

Eu não vejo a questão como um "direito sobre o corpo".
A fecundação é feita a dois e a responsabilidade de ter e criar um filho deve ser também a dois. Não creio que os homens se devam demitir dessa responsabilidade nem da decisão, a não ser no caso de risco de vida para a gestante.
Não acho que uma mulher deva abortar contra a vontade do homem. Na verdade, acho uma tirania as mulheres considerarem que são mais mães do que os pais são pais, somente porque são elas que engravidam e amamentam.
A igualdade entre os sexos, ainda tão longe de ser alcançada, exige que as mulheres lutem pelos seus direitos iqualitários mas também, nas poucas coisas em que levavam vantagem dos homens, lhes cedam o que também é seu por direito.
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

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Re: Re.: Aborto

Mensagem por Samael »

carlos escreveu:Sim, até o quarto mês de gestação e se a mãe correr perigo de morte.
Tá explícito? :emoticon12:


Endosso.

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Re: Re.: Aborto

Mensagem por Samael »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
CAVEIRA escreveu:Eu sou completamente a favor, em todos as ocasiões, pois se a própria mãe da criança não a deseja qual será a persepctiva de vida desse futuro ser-humano?



Eu costumava achar isso. É o tipo de pensamento bastante comum entre pessoas "esclarecidas", como eu me considerava.

Qual a diferença entre um futuro ser humano de 9 meses de gestação e um ser humano de 1 dia? Um cordão umbilical intacto?

E, para os que acham justo matar antes de quatro meses, o que dizer dos que tem quatro meses e 1 dia? A condição humana é gradiente, ou surge espontaneamente em algum momento arbitrário da gravidez (preferencialmente deixando uma margem para os abortistas operarem)?

Se a condição humana é gradiente, podemos então justificar a morte de deficientes mentais, por serem menos humanos? Ou deficientes físicos? Ou qual é o critério de gradação? Alguns consideravam a melanina na pele, ou o grau de parentesco com judeus, mas esses eram pessoas más.

O estupro é o único crime que condena um adulto culpado a alguns anos de cadeia, e uma criança inocente a morte.

Mães morrem por abortarem em clínicas clandestinas devido as precárias condições, e isso é um problema sério. Assim como aqueles viciados que se contaminam com aids por usarem as mesmas seringas para injetar heroína ou cocaína. O governo deveria pensar por eles, e fornecer seringas gratuitamente?



Tomaste posição clara. E isso é bom.

Para mim, a condição humana é um discurso como outro qualquer.

Ou você poderia retroceder até o momento antes e pergutnar se a condição humana se extende à um espermatozóide ou a um óvulo.

Não penso que se deva fazer leis baseadas no "devir" ou em teleologias quaisquer. Enquanto aquele ser não tem consciência alguma de sua própria existência, não vejo de que maneira ele poderia ser considerado "humano".

Se você utilizasse o exemplo de um deficiente mental para contra-argumentar, eu novamente discordarei, visto que este é um ser crescido, com consciência de dor e outras características mais que o possam considerar "humano".

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Re: Re.: Aborto

Mensagem por Samael »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Spitfire escreveu:Interessante é que muitos que condenam o aborto, são favoráveis a pena de morte.


E o contrário é ainda mais 'interessante'.


Não vejo como, visto que estes apoiam a melhoria de condição da vida dos pais no momento da eliminação de algo que ainda não se tornou um ser humano e, no outro lado da moeda, defendem a manutenção da vida.

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Re: õ

Mensagem por Samael »

Acauan escreveu:
CAVEIRA escreveu:Então em uma relação sexual são assassinados milhões de seres-humanos? Então eu sou um assassino em massa?

Ironias à parte... Eu acho que aqueles espermatozóides, que possuem vidas e potencial a se tornarem crianças, não são efetivamente crianças, como um feto também não é... Nesta linha de raciocínio estamos caminhando para um lado hipócrita, pois as vacas, peixes, porcos, galinhas e até plantas possuem vidas, a não ser que seja um budista falando...


A diferença óbvia, mas nunca admitida pelos defensores do aborto é que espermatozóides e óvulos não são indivíduos.

Um feto possui individualidade genética, contém em si tudo que o define como ser humano, uma identidade única, o qual basta apenas que o deixem desenvolver para que tenhamos uma pessoa humana, na plenitude de sua dignidade.


Um ser que continuaria dependendo de milhares de fatores externos para se desenvolver, um ser que não tem consciência de si mesmo...

Eu já referi anteriormente que se teleologias deveriam ser levadas em conta, a masturbação deveria ser um crime...

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Re: Re.: Aborto

Mensagem por Samael »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
A complicação é incontornável.

Os abortistas usam uma definição arbitrária de ser humano que os permite matar aqueles que são indesejáveis, o que é inadmissível.

Admitir gradação de humanidade é abrir precedente para pregações virulentas sobre eugenia e superioridade.

Além do aborto ser a solução fácil, típica de uma sociedade de baixos valores morais, que prefere "consertar" um erro pequeno com um grande equívoco.

Todos os ingredientes das ideologias esquerdistas mais abjetas.


E eu pensando que você tinha melhorado no tópico. :emoticon8:

E não, a gradação de humanidade admitida foi PERFEITAMENTE sublinhada pela Clara. Ela não deu margem a nenhum achismo estúpido e se baseou em critérios completamente racionais.

Ah, e se valores morais baixos significa essa noção de moral absoluta e maniqueísta que a sociedade ocidental tanto faz questão de gerar, eu particularmente rejeito. Já disse que uma noção de moral absoluta regulando o que é, per si, bom ou mal, só serve para dar legitimação "irrefutável" àqueles que dominam ou pretendem dominar.

A última frase é provocação pura, não vale ser comentada.

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Samael
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Re: õ

Mensagem por Samael »

Apáte escreveu:
ímpio escreveu:
Acauan escreveu:A diferença óbvia, mas nunca admitida pelos defensores do aborto é que espermatozóides e óvulos não são indivíduos.

Um feto possui individualidade genética, contém em si tudo que o define como ser humano, uma identidade única, o qual basta apenas que o deixem desenvolver para que tenhamos uma pessoa humana, na plenitude de sua dignidade.


Óvulos também tem individualidade genética, ainda que não sejam geneticamente completos. A não vejo a incompleição genética como mais significativa para sua "desumanidade" do qeu a incompleição de desenvolvimento ontológico; é só um estado natural pelo qual todos passamos. Ou seja, se o zigoto que não é nada mais que um óvulo fecundado deve ser salvo apesar de ser ontologicamente incompleto, pelo motivo que irá se desenvolver, o óvulo não fecundado deveria dever ser protegido pelo motivo de que apesar de geneticamente incompleto, irá ser completo e desenvolver-se em um ser humano, se não forem tomadas medidas para prevenir isso.

Perfeito.
O único problema é "quando o zigoto passa a ter uma individualidade relevante"?
Esse critério de quando começa a vida será sempre parcial.


Exato. E dar ao momento da fecundação esse "status" é tão cultural quanto dá-lo ao momento da concepção.

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o anátema
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Re.: Aborto

Mensagem por o anátema »

clara campos escreveu:Eu não vejo a questão como um "direito sobre o corpo".
A fecundação é feita a dois e a responsabilidade de ter e criar um filho deve ser também a dois. Não creio que os homens se devam demitir dessa responsabilidade nem da decisão, a não ser no caso de risco de vida para a gestante.
Não acho que uma mulher deva abortar contra a vontade do homem. Na verdade, acho uma tirania as mulheres considerarem que são mais mães do que os pais são pais, somente porque são elas que engravidam e amamentam.
A igualdade entre os sexos, ainda tão longe de ser alcançada, exige que as mulheres lutem pelos seus direitos iqualitários mas também, nas poucas coisas em que levavam vantagem dos homens, lhes cedam o que também é seu por direito.


eu vejo como o ponto de vista mais lógico.

Por isso de simplesmente critérios biológicos de paternidade e maternidade, estupradores teriam tanto direito quanto mães. São tão pais quanto qualquer pai. E em caso de separação, tanto faz quem é o melhor pai para a criança, pela lógica iria se fazer uma varredura para ver quem contribuiu com mais genes dominantes. E pais adotivos, então, coitados, ou mulheres que recorreram a inseminação artificial de um doador anônimo, poderiam a qualquer momento ter arrancados ou divididos os filhos por esses critérios genéticos.

Acho que se a mulher não quer continuar a gravidez, o homem não deve forçá-la a fazer contra a vontade por causa da sua contribuição genética. Também não seria isso tirania?

Não se pode excluir completamente a possibilidade de pessoas doentias, que não tenham escrúpulo em usar o seu poder de decisão sobre a gravidez de outro como forma de controle, e de humilhação, de fazer uma mulher que pode agora até odiar essa pessoa a ter um filho só pelo sadismo de saber que ela sofre sabendo que tem um filho dele crescendo dentro dela, e que é filho dela também.

E se a contrariedade da mulher em engravidar ou manter a gravidez é considerada falta de consideração ou tirania, há que se pensar por que se quereria ter um filho com uma mulher tirana e sem consideração para começar, dar uma mãe dessas ao próprio filho. Ainda mais nos casos dos que dão tanta importância aos próprios genes... estranho que negligenciem os "genes ruins" da outra pessoa...

Essa relativa vantagem de direitos da mulher nessa questão, vantagem que existe apenas se interpretando a coisa do ponto de vista de fornecedores de cromossomos, além de maior consistência com outras questões já mencionadas (paternidade em adoção, etc), apenas evita complicações e vítimas desnecessárias, as mais inocentes possíveis, frutos de relacionamentos despedaçados e talvez até de mesquinharia doentia, mas em nada impede que a decisão venha de um acordo pacífico entre os dois em um relacionamento sadio, independentemente da mulher ter na prática a decisão final.
Sem tempo nem paciência para isso.

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Re: õ

Mensagem por Apáte »

Samael escreveu:
Apáte escreveu:
ímpio escreveu:
Acauan escreveu:A diferença óbvia, mas nunca admitida pelos defensores do aborto é que espermatozóides e óvulos não são indivíduos.

Um feto possui individualidade genética, contém em si tudo que o define como ser humano, uma identidade única, o qual basta apenas que o deixem desenvolver para que tenhamos uma pessoa humana, na plenitude de sua dignidade.


Óvulos também tem individualidade genética, ainda que não sejam geneticamente completos. A não vejo a incompleição genética como mais significativa para sua "desumanidade" do qeu a incompleição de desenvolvimento ontológico; é só um estado natural pelo qual todos passamos. Ou seja, se o zigoto que não é nada mais que um óvulo fecundado deve ser salvo apesar de ser ontologicamente incompleto, pelo motivo que irá se desenvolver, o óvulo não fecundado deveria dever ser protegido pelo motivo de que apesar de geneticamente incompleto, irá ser completo e desenvolver-se em um ser humano, se não forem tomadas medidas para prevenir isso.

Perfeito.
O único problema é "quando o zigoto passa a ter uma individualidade relevante"?
Esse critério de quando começa a vida será sempre parcial.


Exato. E dar ao momento da fecundação esse "status" é tão cultural quanto dá-lo ao momento da concepção.

:emoticon45:
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi

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Re.: Aborto

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Assim como é cultural dar esse "status" quando a criança faz dez anos, ou vinte e cinco.

"Matemos todos os fedelhos indesejáveis!"

Qualquer argumento que relativize algo tão importante como uma vida humana é nada mais do que ideologia esquerdista abjeta. Não se trata de provação alguma, Samael.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem

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Re.: Aborto

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

ímpio escreveu:Não coloco a definição de ser humano em questão em qualquer momento. Apenas digo que há diferentes estágios de desenvolvimento do ser humano. Alguns mais parecidos com óvulo, teratoma ou feto anencefálico do que seres humanos plenamente desenvolvidos, e que não vejo como pior a interrupção do desenvolvimento nesses estágios mais do que a interrupção do desenvolvimento de óvulos, teratomas ou fetos anencefálicos.


Assim como há infância, juventude, maturidade e velhice. E são todos portadores de dignidade humana que deve ser respeitada.

Fetos anencefálicos podem ser considerados legalmente análogos a pessoas com morte cerebral, e assim como estas, poderiam ser abortados. Mas a gestação deveria estar num estágio em que o cérebro deveria já ter se formado. Não seria um direito extensível aos períodos pré-cerebrais dos embriões, portanto.


ímpio escreveu:Isso já começa em dizer que o óvulo não é humano, quando é, quando só precisa ser fecundado para ter salva sua vida.


Um óvulo não tem individualidade, na medida que diferentes seres humanos poderiam surgir na medida que o mesmo óvulo fosse fecundado por diferentes espermatozóides.

O mesmo até poderia ser dito dos estados iniciais da gestação, na qual os blastócitos poderiam se dividir em dois gerando duas pessoas diferentes, mas o aborto nunca é realizado em fase tão recente, pois em geral a gestação não é descoberta nos primeiros dias. O aborta se realiza quando o indivíduo ali dentro já está definido, e isso o torna imoral.


ímpio escreveu:A solução mais responsável é aquela que não vai colocar uma criança não planejada, talvez indesejada, no mundo, apenas para sustentar uma pose de moralismo barato. Se é a mais fácil, em nada a desqualifica, só é "ruim" por não dar mais material àqueles que gostam de se gabar das dificuldades pelas quais passaram.



Non sense travestido de apelo à piedade. A lógica consiste em aniquilar uma criança simplesmente porque esta não teria sido planejada ou desejada.

Afirmar qualquer coisa com relação ao seu futuro é achismo puro.
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clara campos
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Re: Re.: Aborto

Mensagem por clara campos »

user f.k.a. Cabeção escreveu:Um óvulo não tem individualidade, na medida que diferentes seres humanos poderiam surgir na medida que o mesmo óvulo fosse fecundado por diferentes espermatozóides.


evidência anedótica.
Uma nota apenas, o mesmo óvulo fecundado pode originar diferentes seres humanos, conforme os inputs ambientais.
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

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Apáte
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Re: Re.: Aborto

Mensagem por Apáte »

user f.k.a. Cabeção escreveu:Assim como é cultural dar esse "status" quando a criança faz dez anos, ou vinte e cinco.

"Matemos todos os fedelhos indesejáveis!"

Qualquer argumento que relativize algo tão importante como uma vida humana é nada mais do que ideologia esquerdista abjeta. Não se trata de provação alguma, Samael.

Só faltava essa... virei esquerdista!
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RicardoVitor
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Re.: Aborto

Mensagem por RicardoVitor »

A princípio sou contra, pois tende-se a considerar indiscriminadamente o ato do aborto como algo normal... Como se fosse um método de contracepção. Isso eu considero inaceitável.
Editado pela última vez por RicardoVitor em 01 Nov 2006, 21:42, em um total de 2 vezes.
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user f.k.a. Cabeção
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Re.: Aborto

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Clara Campos escreveu:evidência anedótica.
Uma nota apenas, o mesmo óvulo fecundado pode originar diferentes seres humanos, conforme os inputs ambientais.



Mas aí vocês novamente estão ideologicamente tentando redefinir um indivíduo.

Você será outra pessoa se ganhar na loteria amanhã? O imput ambiental "ganhar na loteria" muda aquilo que te caracteriza como indivíduo?

Da mesma forma, o embrião estará sujeito a diversas transformações, mas a semente de humanidade de que o caracteriza unívocamente já está plantada, de modo que ele como indíviduo não poderá mais ser confundido.

A definição filosófica de indíviduo é aquele que não pode ser confundido. Um óvulo fecundado ainda pode ser confundido, pois ainda pode originar dois ou mais indíviduos, mas após alguns dias, o indíviduo já está bem definido e caracterizado.

Assim, um óvulo singular, ainda que possa ser discernido como ente individual, não se trata de um ser humano, pois não define um único indíviduo indistinguível.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem

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clara campos
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Re: Re.: Aborto

Mensagem por clara campos »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Você será outra pessoa se ganhar na loteria amanhã? O imput ambiental "ganhar na loteria" muda aquilo que te caracteriza como indivíduo?

C'um camandro!!!
É o seguinte... dois gémeos homozigóticos (com o mesmo genoma exactamente) são a mesma pessoa?
Um clone de hitler seria hitler?

Eu falar de genes e fisiologia e tu a falar de ideologias, filosofias, e essas "ias" todas... Eu estou-me a cagar para as "ias" que me pretendem impor com argumentos pejados de "ismos" sem qualquer tipo de fundamentação lógica.

Eu estava-me a referir à tua tão amada "individualidade genética" que aparentemente já está embebida de toda a dignidade de um ser humano, consciente, capaz de sentir ou de precepcionar.

Ora o genoma de um embriãozito não é propriamente um produto acabado. Muitos (mesmo muitos) genes não são tão pão-pão queijo-queijo como queres fazer parecer, e contêm não um dado, mas uma espécie de intervalo de dados possíveis, cujo escolhido será determinado pelos inputs ambientais.

Ora o que estou a tentar dizer é que um embrião não é fenotipicamente falando, um ser humano pré-determinado e, sendo que podem existir dois seres humanos diferentes com o mesmo genoma, o genoma é não é sinónimo de individualidade humana.

Sendo que não existe qualquer fundamentação cientifica que eu conheça que equipare o aborto a um homicídio, parece-me que a posição anti-choice não deve, qual criacionismo-pseudo-científico, arrogar-se a justificar-se de forma dogmática disfarçada de ciência.

Parece-me mais honesto e correcto assumir-se como posição ideológica que é.
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

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Acauan
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Re: Re.: Aborto

Mensagem por Acauan »

clara campos escreveu:Sendo que não existe qualquer fundamentação cientifica que eu conheça que equipare o aborto a um homicídio, parece-me que a posição anti-choice não deve, qual criacionismo-pseudo-científico, arrogar-se a justificar-se de forma dogmática disfarçada de ciência.

Parece-me mais honesto e correcto assumir-se como posição ideológica que é.


Clara,

E desde quando a ciência legisla sobre questões morais?

O fundamento Popperiano, o mais aceito atualmente para a ciência, é muito claro em declarar que os postulados científicos se definem pela falseabilidade.

Podemos decidir sobre questões que envolvem vida e morte a partir disto?
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Trancado