Joe Sharkey, que afirmou que o controle aéreo brasileiro é "péssimo".
Controladores são forçados a ficar nos postos
Novos atrasos derrubam comando do Cindacta-1
FAB convocou coronel "linha dura" para enquadrar os controladores
O Comando da Aeronáutica implementou ontem um plano de emergência para tentar pôr fim ao colapso que, desde sábado, provocou o atraso de mais de 1,5 mil vôos no Brasil. A principal medida foi a convocação de 150 controladores de tráfego aéreo de Brasília, parte dos quais ficará proibida, por tempo indeterminado, de deixar o local de trabalho.
Ontem, até as 19h, um em cada três vôos atrasou, ou seja, 481 decolagens (35,5% do total). A média de atrasos foi de duas horas. Também ocorreram cancelamentos, não divulgados pela Infraero. Em Porto Alegre, o Salgado Filho registrou atrasos superiores a uma hora em 15,7% das partidas e chegadas - 10 decolagens e nove aterrissagens. Os transtornos ocorreram em maior número pela manhã, quando seis decolagens em direção a São Paulo foram postergadas por mais de 60 minutos.
Ontem, o apagão aéreo provocou a primeira baixa entre os militares: o coronel Lúcio Ney Rivera da Silva, comandante do Cindacta-1, principal centro de controle do país, foi substituído pelo coronel Carlos Vuwk de Aquino. Integrante da "linha dura" da Aeronáutica, Aquino foi convocado às pressas para tentar enquadrar os controladores, segundo fontes do Cindacta-1. Aquino assumiu ontem e se reuniu com os controladores.
Rivera foi convocado pelo comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, para ser seu assessor especial, mas fontes militares disseram que a convocação teve o objetivo de não deixar evidente a queda do coronel. No meio militar, esse procedimento é conhecido como "cair para cima".
Desde ontem, ao menos 40 controladores já se encontram aquartelados pelo Comando da Aeronáutica em alojamentos situados ao lado do Cindacta-1. Esses profissionais ficarão de plantão no local conhecido como "cassino", hospedagem para oficiais em trânsito. Os demais controladores, alguns que deveriam estar de folga e outros de licença médica por problemas simples, também ficarão de sobreaviso.
Brigadeiro diz que problema continua até meados de 2007
Essa medida é semelhante, porém mais extensa, à adotada na primeira fase da crise, que teve seu auge no feriadão de Finados, com problemas em 1,1 mil vôos. Assim como daquela vez, a convocação acirrou os ânimos dos controladores, que terão reduzidos seus períodos de folga entre as jornadas de trabalho. A Aeronáutica, em nota, negou a possibilidade de submeter os controladores a cargas abusivas de trabalho.
O plano de emergência evidencia a falta de pessoal no sistema de controle de tráfego aéreo, que sofrerá um teste de fogo até o fim do ano. Para o chefe da área técnica do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, brigadeiro Álvaro Luiz Pinheiro da Costa, a situação deve continuar crítica até meados de 2007.
