Das coisas em que acredito (segunda parte)

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user f.k.a. Cabeção
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Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Das coisas em que acredito (segunda parte).



Em outra oportunidade, falei de minhas crenças metafísicas e existenciais, e a despeito da imagem caricatural do cético como alguém desprovido de qualquer tipo de crença, e envolvido num dilema devido a sua própria descrença. Acauan Guajajara certa vez disse que a diferença fundamental entre um cético e um crente seria a fundamentação de suas crenças. O primeiro fundamentaria suas crenças em princípios, o segundo em doutrinas. Não poderia concordar mais. E como cético, procurarei expor os princípios nos quais minhas crenças se fundamentam, só que dessa vez, ao invés de tratar de temas abstratos e de certo modo teológicos, buscarei me centrar em questões materiais, ou o mais perto disso possível.

O princípio fundamental das minhas crenças, como não poderia deixar de ser, é a Liberdade. Por liberdade, entendo a condição de todo e qualquer ser humano de decidir o que fazer de sua vida, que objetivos traçar, que estratégias adotar, e que dentro de uma sociedade, essa liberdade se limita até onde ela possa vir a interferir destrutivamente na alheia. Esse me parece um bom princípio, não há uma razão especial para que eu o tenha como algo verdadeiro, mas é nele em que me baseio. Simplesmente me parece que a Liberdade é algo melhor do que a submissão. Talvez não parecesse se eu fosse muçulmano (submisso). Este é um dos motivos que eu separo sempre aquilo que entendo por mundo livre, daqueles que não se submeteram, do Islã, por exemplo. Uma simples diferença de princípios.

Acredito que a pedra angular da Liberdade está no conceito da propriedade privada. A propriedade privada consiste na delegação de direitos e poderes ao detentor sobre determinado objeto que não consistem apenas de bens, meios de produção e terras, mas também do próprio corpo e racionalidade. E estes itens todos esses itens são relacionados de modo que se completam, e que as fronteiras de cada um nem sempre estão bem definidas. O fato é que negar a propriedade privada é destituir o direito de cada um de ser individual, e ao ferir esse direito, ferimos o princípio da Liberdade, pois sem a noção do indivíduo definido, suas condições nunca seriam satisfeitas.

Dessa forma, entendo que a desigualdade emerge do reconhecimento da individualidade, e não deve ser entendida em si como algo ruim ou indesejável, mas de um corolário do princípio fundamental da Liberdade. Devemos entender que, uma vez livres, as pessoas podem traçar estratégias que conduzam a um maior ou menor sucesso. E que a liberdade dessas pessoas permite que elas partilhem desse sucesso com quem desejarem, e em geral desejam seus filhos, por motivos um tanto óbvios (ou nem tanto). Logo, é uma conseqüência da liberdade que pessoas nasçam em condições diferentes, pois em nenhum momento foi-se estabelecido que elas deveriam nascer em condições iguais, e sim que partilhavam da mesma condição de senhores de sua própria vida.

Acredito que as conseqüências da desigualdade podem e devem ser amenizadas, sempre com o objetivo de buscar a maior liberdade. Isso significa trabalhar para que a desigualdade, natural e até desejável, nunca se transforme numa forma de opressão, e assim, mine os princípios em que nos sustentamos. Acho que essas medidas nunca devem ser invasivas, mas sempre no sentido de conferir aos menos favorecidos condições mínimas de prosperar. Não que todos vão prosperar, isso seria irracional, mas que todos tenham acesso às condições necessárias para obter sucesso, mas que os vencedores sejam determinados pelas determinações, talentos e sortes individuais.

Não vejo razão nos meios de se anular a desigualdade extirpando as propriedades privadas. Muitos dizem que o comunismo é uma utopia, mas não o considero nem mesmo isso. Consiste em matar o espírito individual em nome de uma máquina coletiva cujo único propósito é reduzir a frangalhos qualquer manifestação minimamente humana, minimamente livre. Isso não é bom, nem de maneira utópica.

No fim, reafirmo minha crença na indissolubilidade da noção de indivíduo e de liberdade. Não existe liberdade sem indivíduos e não existe utopia de submissos. É nisso que eu acredito.
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King In Crimson
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Re.: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por King In Crimson »

Então sou uma caricatura. Não tenho crenças.

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Aranha
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Re.: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por Aranha »

Que tal um link da primeira parte??
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Re: Re.: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Abmael escreveu:Que tal um link da primeira parte??


Acho que já se perdeu no forumnow. De qualquer forma, o texto é esse:




Coisas em que eu acredito
Por Cabeção

As pessoas costumam achar que cético é o sujeito desprezível e anti-social que não acredita em nada nem ninguém. Talvez porque seja um pedante, ou se ache melhor que todo mundo. Bom, eu penso que não é bem por aí. Me considero cético, apesar de ter uma vasta coleção de crenças. E por isso eu pensei em escrever esse texto, para discutir essa relação conturbada entre os céticos e suas próprias crenças. Existem céticos que realmente se definem como totais descrentes, mas acho que essa própria assunção é, em parte, uma crença.

Cabe antes ressaltar que embora eu tenha todas as crenças relatadas abaixo, muitos (ou talvez quase todos) os céticos podem ter suas divergências quanto a alguns (ou vários, ou todos!) pontos. O ceticismo não é uma forma religiosa de pensar, e sequer possui um corpo de crenças definido que possa ser usado como guia por todos os seus "seguidores". Logo, qualquer divergência de opinião é natural e bastante justificável. Não tenho nada disso como dogmas irrefutáveis, qualquer evidência que me apresentem de que algum desses pontos que aqui apresento possa estar equivocado será muito bem aceita, pois não tenho nenhum comprometimento com tais crenças. Elas são apenas resultado das minhas reflexões e introspecções a respeito das coisas.

A primeira crença que eu tenho, e por crença eu digo "coisas que não tenho meios para provar, embora acredite" é uma crença básica de todo indivíduo. Eu acredito na realidade. Ela pode não ser objetiva, determinista ou única, como pensavam os grandes filósofos, mas ainda sim creio que exista, mesmo que dentro de um espectro nebuloso de incertezas e múltiplas versões. Mesmo que seja particular, acho que toda essa manifestação que me rodeia é existente, embora não tenha como provar, eu assumo isso como verdadeiro. Pode parecer uma crença idiota, mas em algum momento já paraste para pensar se a realidade realmente existe? Qualquer conclusão positiva (ou negativa!) que você obtenha partirá de algum pressuposto que não se pode provar. Nem mesmo a conclusão cartesiana, que embora aparentemente correta, parte do pressuposto que se existe a absoluta certidão do pensamento, que ratificaria a existência, o que não se pode concluir antes da acepção existencial do pensamento, o que caracterizaria um raciocínio circular (parte-se do que se quer provar e conclui-se que aquilo é certo).

A minha segunda crença é bem parecida com a primeira. Eu creio que você, que está lendo essas minhas linhas mal redigidas, existe também, e não é fruto de uma alucinação minha. Acho que você existe como consciência e também interpreta o Universo, de forma bem parecida com a que eu faço. Acho que vê as cores, ouve os sons, experimenta os sabores e aromas, todos de forma bastante similar com a minha maneira de fazer essas coisas, embora muitas vezes possamos discordar quanto a qualidade subjetiva de cada um. Penso que quando vejo vermelho, e chamo de vermelho, você também vê vermelho, e não azul, mas chama de vermelho por mera convenção. Mesmo que eu possa considerar o vermelho minha cor favorita e você não.

Em terceiro, acredito que o bem e o mal, assim como todas as peculiaridades que formam a moral do Homem são valores construídos através dos tempos pelas sociedades, e que não são caracteres eternos presentes na Natureza desde os primórdios. Penso o mesmo da matemática, da cultura, do belo e do feio e das línguas faladas pelos povos. Nem por isso são esses menos úteis aos nossos propósitos, e considero que toda sociedade deve adotar tais elementos, afim de que se possa existir um mínimo de estruturação e que as relações não acabem se tornando caóticas.

Acredito na inexistência de algo que possa ser chamado de ordem absoluta. Acho que antes da definição de um sistema como ordenado ou não devemos estar cientes do que esperamos, para por fim definirmos tal como ordenado ou não. Qualquer critério definido após a observação tornaria a ordem e caos conceitos subjetivos, que poderiam ser aplicados a qualquer situação. Da mesma maneira, acredito na inexistência da perfeição, uma vez que não estejam estabelecidos os propósitos que precisam ser atingidos. Uma perfeição absoluta envolvendo todos os critérios invariavelmente incorreria em contradições, e como exemplo podemos observar que o círculo mais perfeito é um quadrado imperfeito.

Penso eu que causas só são necessárias para sistemas causais abertos, ou seja, aqueles que causaram outras coisas além. Dessa forma, não vejo necessidade de causas para o Universo inteiro, dado que ele por definição é a união de tudo que existe, logo, ele abarca todas as causas e todas as conseqüências, sendo que para ele não restaria causa existente, pois caso definíssemos uma, ela passaria a fazer parte do corpo do Universo, e a causa continuaria faltando. Penso no Universo não como um processo, com início meio e fim, mas como um todo, a reunião de todos os processos, uma estrutura completa e sem limites (embora possa ser finita, o que nos levaria a uma discussão mais elaborada). Esse todo, seja ele eterno ou não, infinito espacialmente ou não, simplesmente é, sem necessidades nem finalidades, e definitivamente, sem projetos externos. Apenas é, e nada mais.

Creio numa limitação intrínseca a capacidade humana de julgar a verdade, e devido a mesma atribuo uma incerteza (mesmo que pequena) a tudo que tenho como verdadeiro. Essa limitação se dá em decorrência da inexorável condição do observador, quando o mesmo é parte do sistema observado. Que o simples fato de observarmos algo torna sua descrição poluída de tal modo que sempre que tentamos remover a nossa interferência, causamos mais estrago ainda. Parte dessa crença também se atribui ao simples fato de conhecermos apenas uma parcela do Universo, devido ao nosso pouco refinamento dos nossos métodos (que estão limitados pelo princípio descrito acima), e também pela pequena porção da realidade que temos acesso, devido a distância percorrida pela luz desde o nascimento do Universo. Tudo isso contribui para uma descrição finita e imprecisa de um Universo que não conhecemos e jamais poderemos conhecer por completo.

Mas é importante ressaltar que acredito também que a nossa limitação, descrita acima, não nos impede de conhecer sempre mais, e de montar modelos cada vez melhores e mais precisos de descrição. E que a simples existência de regiões inexploradas e desconhecidas da realidade não implica sob nenhum aspecto numa comprovação de que os conceitos metafísicos das mais diversas religiões estejam certos, sejam estes as moradas dos espíritos ou as dimensões raelianas. A existência de localidades desconhecidas não implica em essencialmente nada, principalmente numa confirmação da irracionalidade e imaginação fértil dos seres humanos.

Acredito que explicações simples são sempre as melhores opções, mas apenas quando não existem outros critérios de comparação. Se uma explicação aparentemente mais complexa possui maior confirmação do que a simples, e isso se repete para vários observadores, devemos considerá-la, mesmo sendo mais complicada. Quando as duas estiverem em pé de igualdade, adoto a mais simples.

Acredito que aquilo que por definição não pode ser notado, ou está fora do nosso contato de maneira inexorável, ou que não está sujeito a experimentação e está além da resolução de qualquer experimento inimaginável, mesmo que com uma tecnologia infinita, essa coisa não existe. Isso porque é impossível, e essa é uma limitação intrínseca dada pela definição de tal ente, separar tal coisa de simplesmente nada, pois ambos apresentam exatamente as mesmas características. Dada tal descrição, não importando o nome que venha acompanhado, a identifico com nada.

Por último, reservei minha crença mais profunda, aquela que atribuo a maior parcela da minha fé pessoal (se é que possuo alguma) e sobre a qual deposito minhas maiores esperanças:

Acredito que ainda verei o Botafogo jogando um futebol de qualidade.


Por ora, acho que está bom de crenças.


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Huxley
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Mensagem por Huxley »

Eu acredito que ter crenças seja comum até em céticos.Mas acho que esse caso que o cabeção falou sobre a importância da liberdade individual é algo que até que tem respaldo empírico, examinando-se as discrepâncias entre o sul e o norte da Coréia.Talvez apenas em alguns casos específicos, talvez seja necessário uma crença.
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”

Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)

"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."

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Schultz
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Re.: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por Schultz »

Ótimo texto, concordo com o Cabeção e o parabenizo por suas idéias.

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zencem
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Re: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por zencem »

user f.k.a. Cabeção escreveu:Das coisas em que acredito (segunda parte).



***

No fim, reafirmo minha crença na indissolubilidade da noção de indivíduo e de liberdade. Não existe liberdade sem indivíduos e não existe utopia de submissos. É nisso que eu acredito.


É isso aí, Cabeça!

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Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Huxley escreveu:Eu acredito que ter crenças seja comum até em céticos.Mas acho que esse caso que o cabeção falou sobre a importância da liberdade individual é algo que até que tem respaldo empírico, examinando-se as discrepâncias entre o sul e o norte da Coréia.Talvez apenas em alguns casos específicos, talvez seja necessário uma crença.



Sim, mas eu nunca afirmei que crenças não podem ter respalpaldo empírico. Na verdade, esse é o princípio do ceticismo científico.

Mas o fato de você acreditar em algo que tem respaldo empírico não te torna menos crente, apenas mostra que o direcionamento das suas crenças é a empriria.
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Re: Re.: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Séreforyon escreveu:Ótimo texto, concordo com o Cabeção e o parabenizo por suas idéias.


Valeu, Séreforyon!
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Re: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

zencem escreveu:
user f.k.a. Cabeção escreveu:Das coisas em que acredito (segunda parte).



***

No fim, reafirmo minha crença na indissolubilidade da noção de indivíduo e de liberdade. Não existe liberdade sem indivíduos e não existe utopia de submissos. É nisso que eu acredito.


É isso aí, Cabeça!

O bom edifício é o projetado pela autenticidade de seus alicerces.

Por isso sou teu fã.

zencem




Grande Zencem!

Isso é recíproco cara. Só acho que você devia postar mais!
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Fayman
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Mensagem por Fayman »

Ótimos textos, Cabeça! E não me surpreende nem um pouco que pensamos de maneira muito similar.

Uma outra hora trocaremos algumas idéias a respeito de detalhes, mas como você bem disse, provavelmente são muito mais posturas diferentes frente a idéias e circustâncias, do que discordância, de uma maneira geral.

Abraços!
Fayman

autor de:

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Claudio Loredo
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Re: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por Claudio Loredo »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Acredito que as conseqüências da desigualdade podem e devem ser amenizadas, sempre com o objetivo de buscar a maior liberdade. Isso significa trabalhar para que a desigualdade, natural e até desejável, nunca se transforme numa forma de opressão, e assim, mine os princípios em que nos sustentamos. Acho que essas medidas nunca devem ser invasivas, mas sempre no sentido de conferir aos menos favorecidos condições mínimas de prosperar. Não que todos vão prosperar, isso seria irracional, mas que todos tenham acesso às condições necessárias para obter sucesso, mas que os vencedores sejam determinados pelas determinações, talentos e sortes individuais.


Este ponto de vista tem origem nos pensamentos de esquerda, mas em outros pontos do texto você valorizou aspectos do pensamento de direita. Tudo isto está de conformidade com uma sociedade mais ideal, onde o que existe de melhor da esquerda, como a igualdade de oportunidades, possa ser usado, somando-se ao que existe de melhor na direita, como a liberdade individual e o prêmio aos mais esforçados. Gostei do pensamento. Mostra um equilibrio entre os dois pontos de vista. Mostra também que é cada vez mais difícil definir o que é ser de esquerda e o que é ser de direita.

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Schultz
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Re: Re.: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por Schultz »

King In Crimson escreveu:Então sou uma caricatura. Não tenho crenças.

Muito duvidoso...

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Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Fayman escreveu:Ótimos textos, Cabeça! E não me surpreende nem um pouco que pensamos de maneira muito similar.

Uma outra hora trocaremos algumas idéias a respeito de detalhes, mas como você bem disse, provavelmente são muito mais posturas diferentes frente a idéias e circustâncias, do que discordância, de uma maneira geral.

Abraços!



Salve mestre Fayman!

Aguardaremos os comentários que prometeu.
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Re: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Claudio Loredo escreveu:
Este ponto de vista tem origem nos pensamentos de esquerda, mas em outros pontos do texto você valorizou aspectos do pensamento de direita. Tudo isto está de conformidade com uma sociedade mais ideal, onde o que existe de melhor da esquerda, como a igualdade de oportunidades, possa ser usado, somando-se ao que existe de melhor na direita, como a liberdade individual e o prêmio aos mais esforçados. Gostei do pensamento. Mostra um equilibrio entre os dois pontos de vista. Mostra também que é cada vez mais difícil definir o que é ser de esquerda e o que é ser de direita.



Eu diria que seria sim de viés esquerdista se, e somente se, estivesse alocada a idéia de que a desigualdade econômica é em si algo ruim e que deve ser eliminada, ou reduzida.

Eu jamais proporia qualquer tipo de ação que visasse tão e somente a diminuição da desigualdade de um modo geral, pois considero tal posicionamente absurdo e contraditório. Acredito que a liberdade se sustenta sobre os pilares da propriedade privada e do livre mercado, e estes resultam em desigualdades que não são, de modo algum, indesejáveis.

Eu falo no sentido de que algumas conseqüências da desigualdade, conseqüências estas que interfiram nas liberdades das pessoas, sendo esta a viga mestra das minhas crenças, podem e devem ser atenuadas, mas nunca numa abordei a eliminação ou redução da desigualdade.

Sempre respeitando a Propriedade Privada e o Livre Mercado.
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Re: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por zencem »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Claudio Loredo escreveu:
Este ponto de vista tem origem nos pensamentos de esquerda, mas em outros pontos do texto você valorizou aspectos do pensamento de direita. Tudo isto está de conformidade com uma sociedade mais ideal, onde o que existe de melhor da esquerda, como a igualdade de oportunidades, possa ser usado, somando-se ao que existe de melhor na direita, como a liberdade individual e o prêmio aos mais esforçados. Gostei do pensamento. Mostra um equilibrio entre os dois pontos de vista. Mostra também que é cada vez mais difícil definir o que é ser de esquerda e o que é ser de direita.



Eu diria que seria sim de viés esquerdista se, e somente se, estivesse alocada a idéia de que a desigualdade econômica é em si algo ruim e que deve ser eliminada, ou reduzida.

Eu jamais proporia qualquer tipo de ação que visasse tão e somente a diminuição da desigualdade de um modo geral, pois considero tal posicionamente absurdo e contraditório. Acredito que a liberdade se sustenta sobre os pilares da propriedade privada e do livre mercado, e estes resultam em desigualdades que não são, de modo algum, indesejáveis.

Eu falo no sentido de que algumas conseqüências da desigualdade, conseqüências estas que interfiram nas liberdades das pessoas, sendo esta a viga mestra das minhas crenças, podem e devem ser atenuadas, mas nunca numa abordei a eliminação ou redução da desigualdade.

Sempre respeitando a Propriedade Privada e o Livre Mercado.


Cláudio!

A maior mentira é aquela que pressupõe que a verdade seja de esquerda ou de direita.

E isso ficou demonstrado pela ética do PT.

Para nós humanos, o bastante é a inteligência.

Com ela, já estão incluidas, a verdade e a liberdade

abçs


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Tranca
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Re: Re.: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por Tranca »

Usuário deletado escreveu:Ótimo texto!

Avante!


Quando o cabeça não está caçando comunistas, massacrando terroristas muçulmanos e xingando fãs de rock que não sejam puristas, ele escreve algumas coisas bem legais.
Palavras de um visionário:

"Seria uma ressurreição satânica retirarmos Lula e Brizola - esse casamento do analfabetismo econômico com o obsoletismo ideológico - do lixo da história para o palco do poder."

Roberto Campos

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Re.: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por Fedidovisk »

Um texo ao estilo de Montaigne...

Bom texto, sobre a liberdade tenho algumas diferenças de opinião.

Para não deixar dúvidas, se trata mais o que considero como liberdade... liberdade é algo dentro de sua natureza do ser, de todos os indivíduo, o que pode ocorrer é perde-la... involuntariamente.
Editado pela última vez por Fedidovisk em 03 Ago 2007, 22:11, em um total de 2 vezes.

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Re: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por Acauan »

user f.k.a. Cabeção escreveu:No fim, reafirmo minha crença na indissolubilidade da noção de indivíduo e de liberdade.


Liberdade!
Liberdade!
Abre as asas sobre nós,
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

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Re.: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por Acauan »

...and secure the Blessings of Liberty to ourselves and our Posterity...
Nós, Índios.

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Liberdade! Liberdade!
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Re.: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por Acauan »

Liberté! Liberté chérie,
Combats avec tes défenseurs!
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Acauan Guajajara
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Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
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Re.: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por Acauan »

Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
Y una hermana muy hermosa
Que se llama libertad ...
Nós, Índios.

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Re.: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por Acauan »

Give me your tired, your poor,
Your huddled masses yearning to breathe free,
The wretched refuse of your teeming shore.
Send these, the homeless, tempest-tost to me,
I lift my lamp beside the golden door
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
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Re.: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por Acauan »

...and we will come back here,
to tell our Enemies,
that they may even take our lives,
but they should never take our freedom!...
Nós, Índios.

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Re.: Das coisas em que acredito (segunda parte)

Mensagem por Acauan »

Em teu seio, ó liberdade...
Nós, Índios.

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