Fayman escreveu:Veja a observação acima. Quem disse que o indeterminismo quântico se incute, ou está incutido, no processo... neurológico da tomada de decisão?
São os libertários que possuem essa exigência porque para eles por default se temos libre arbítrio então a mente não pode ser um autômato finito determinístico.
Entretanto, poucos proporam modelos de como exatamente isso funcionaria, como e onde efeitos quânticos seriam amplificados a ponto de interferir em nossas redes neurais durante o processo de tomada de decisão. A produção do filósofo Robert Kane é a analisada por Dennett.
Fayman escreveu:Não entendi. A MQ claramente não mostra um mundo caótico, muito menos, abre a possibilidade de “decidir” entre os futuros prováveis (que bizarrice!). São trilhões e trilhões de perturbações concomitantes, com a esmagadora maioria fora de nosso controle. Tanto que Gell-Mann mostra que, para realizar os cálculos, devemos considerar apenas o que ele chamou de Histórias Decoerentes de Granulação Grosseira, onde consideramos o que nos interessa, e desprezamos o “restante do universo” (palavras dele).
Eu não fui claro, antes deveria ter comentado mais algumas coisas. Após atacar o termo "inevitabilidade" e a forma como é usada de contra-argumento ao compatibilismo, Dennett disseca o termo "evitabilidade". Um agente livre possui uma grande "evitabilidade". Ele recebe muitos inputs do ambiente e pode prever mentalmente o comportamento de vários fenômenos que o circundam no futuro próximo. Essa capacidade de imaginar futuros possíveis lhe confere o poder de evitar com seus atos que alguns destes futuros aconteçam, quando lhe for interessante.
Um exemplo simples; você está andando pela rua e acima de você há um cofre em queda livre. Pelo seu conhecimento embutido de dinâmica dos corpos, você avalia que a trajetória desse corpo irá coincidir com um espaço que você estará ocupando no futuro próximo. Assim, você tem o poder de evitar esse futuro, dando um passo para trás.
É a existência de muitas dessas regularidades macroscópicas que permitem que um agente tenha uma grande "evitabilidade". Se você está andando na rua e um raio cai na sua cabeça sem mais nem menos, por ter sido um exemplo completamente imprevisível para você (nenhum input externo anterior teria lhe sido útil para poder evitar esse acidente) essa situação teria sido "inevitável" para você. Um mundo extremamente irregular e imprevisível limitaria a capacidade de um agente de ter liberdade, na visão de Dennett.