O que faz um mero universitário ser arrogante?

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Fernando Silva
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Re: Re.: O que faz um mero universitário ser arrogante?

Mensagem por Fernando Silva »

Usuário deletado escreveu:Para os arrogantes eu gosto de mostrar um belo aforismo de Nietzsche: "Não te enchas de ar: a menor picadela te esvaziaria".

"Seja gentil com as pessoas quando estiver subindo. Você as encontrará de novo quando estiver descendo"

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CAVEIRA
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Mensagem por CAVEIRA »

Porque é boy...
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Apáte
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Re: Re.: O que faz um mero universitário ser arrogante?

Mensagem por Apáte »

Led Zeppelin escreveu:Tem um professor na escola que um amigo estudou aqui que se veste com camisetas do Che e do Bob Marley. Imagino que deve fumar maconha todo dia.

RACISMO!
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi

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Re.: O que faz um mero universitário ser arrogante?

Mensagem por Apáte »

No calor que tá fazendo aqui em Patos faz mais sentido ir de biquíni do que de terno.
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Re.: O que faz um mero universitário ser arrogante?

Mensagem por Apáte »

Huxley escreveu:pedir a expulsão da professora

Em algum lugar do mundo expulsariam esta professora?
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Re: Re.: O que faz um mero universitário ser arrogante?

Mensagem por Apáte »

RCAdeBH escreveu:Simples.
A juventude está crescendo cada vez mais sem valores. Não digo religiosos, mas sim morais. Educaçao, Humildade, cordialidade, Respeito passam longe de nossos jovens... E os pais são coniventes com esta atitude.
Porem quando a pessoa é pobre, aprende a ser diferente com a policia.


O imbecil juvenil
Jornal da Tarde, São Paulo, 3 abr. 1998


Já acreditei em muitas mentiras, mas há uma à qual sempre fui imune: aquela que celebra a juventude como uma época de rebeldia, de independência, de amor à liberdade. Não dei crédito a essa patacoada nem mesmo quando, jovem eu próprio, ela me lisonjeava. Bem ao contrário, desde cedo me impressionaram muito fundo, na conduta de meus companheiros de geração, o espírito de rebanho, o temor do isolamento, a subserviência à voz corrente, a ânsia de sentir-se iguais e aceitos pela maioria cínica e autoritária, a disposição de tudo ceder, de tudo prostituir em troca de uma vaguinha de neófito no grupo dos sujeitos bacanas.
O jovem, é verdade, rebela-se muitas vezes contra pais e professores, mas é porque sabe que no fundo estão do seu lado e jamais revidarão suas agressões com força total. A luta contra os pais é um teatrinho, um jogo de cartas marcadas no qual um dos contendores luta para vencer e o outro para ajudá-lo a vencer.
Muito diferente é a situação do jovem ante os da sua geração, que não têm para com ele as complacências do paternalismo. Longe de protegê-lo, essa massa barulhenta e cínica recebe o novato com desprezo e hostilidade que lhe mostram, desde logo, a necessidade de obedecer para não sucumbir. É dos companheiros de geração que ele obtém a primeira experiência de um confronto com o poder, sem a mediação daquela diferença de idade que dá direito a descontos e atenuações. É o reino dos mais fortes, dos mais descarados, que se afirma com toda a sua crueza sobre a fragilidade do recém-chegado, impondo-lhe provações e exigências antes de aceitá-lo como membro da horda. A quantos ritos, a quantos protocolos, a quantas humilhações não se submete o postulante, para escapar à perspectiva aterrorizante da rejeição, do isolamento. Para não ser devolvido, impotente e humilhado, aos braços da mãe, ele tem de ser aprovado num exame que lhe exige menos coragem do que flexibilidade, capacidade de amoldar-se aos caprichos da maioria - a supressão, em suma, da personalidade.
É verdade que ele se submete a isso com prazer, com ânsia de apaixonado que tudo fará em troca de um sorriso condescendente. A massa de companheiros de geração representa, afinal, o mundo, o mundo grande no qual o adolescente, emergindo do pequeno mundo doméstico, pede ingresso. E o ingresso custa caro. O candidato deve, desde logo, aprender todo um vocabulário de palavras, de gestos, de olhares, todo um código de senhas e símbolos: a mínima falha expõe ao ridículo, e a regra do jogo é em geral implícita, devendo ser adivinhada antes de conhecida, macaqueada antes de adivinhada. O modo de aprendizado é sempre a imitação - literal, servil e sem questionamentos. O ingresso no mundo juvenil dispara a toda velocidade o motor de todos os desvarios humanos: o desejo mimético de que fala René Girard, onde o objeto não atrai por suas qualidades intrínsecas, mas por ser simultaneamente desejado por um outro, que Girard denomina o mediador.
Não é de espantar que o rito de ingresso no grupo, custando tão alto investimento psicológico, termine por levar o jovem à completa exasperação impedindo-o, simultaneamente, de despejar seu ressentimento de volta sobre o grupo mesmo, objeto de amor que se sonega e por isto tem o dom de transfigurar cada impulso de rancor em novo investimento amoroso. Para onde, então, se voltará o rancor, senão para a direção menos perigosa? A família surge como o bode expiatório providencial de todos os fracassos do jovem no seu rito de passagem. Se ele não logra ser aceito no grupo, a última coisa que lhe há de ocorrer será atribuir a culpa de sua situação à fatuidade e ao cinismo dos que o rejeitam. Numa cruel inversão, a culpa de suas humilhações não será atribuída àqueles que se recusam a aceitá-lo como homem, mas àqueles que o aceitam como criança. A família, que tudo lhe deu, pagará pelas maldades da horda que tudo lhe exige.
Eis a que se resume a famosa rebeldia do adolescente: amor ao mais forte que o despreza, desprezo pelo mais fraco que o ama.
Todas as mutações se dão na penumbra, na zona indistinta entre o ser e o não-ser: o jovem, em trânsito entre o que já não é e o que não é ainda, é, por fatalidade, inconsciente de si, de sua situação, das autorias e das culpas de quanto se passa dentro e em torno dele. Seus julgamentos são quase sempre a inversão completa da realidade. Eis o motivo pelo qual a juventude, desde que a covardia dos adultos lhe deu autoridade para mandar e desmandar, esteve sempre na vanguarda de todos os erros e perversidade do século: nazismo, fascismo, comunismo, seitas pseudo-religiosas, consumo de drogas. São sempre os jovens que estão um passo à frente na direção do pior.
Um mundo que confia seu futuro ao discernimento dos jovens é um mundo velho e cansado, que já não tem futuro algum.


http://www.olavodecarvalho.org/textos/juvenil.htm
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Led Zeppelin
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Re.: O que faz um mero universitário ser arrogante?

Mensagem por Led Zeppelin »

Apáte,

RACISMO!


É? E posso saber por quê?

editado para correções gramaticais
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Hrrr
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Re: Re.: O que faz um mero universitário ser arrogante?

Mensagem por Hrrr »

Apáte escreveu:O imbecil juvenil
Jornal da Tarde, São Paulo, 3 abr. 1998


li as primeiras palavras do texto, mas desci a barra de rolagem e imediatamente desisti de continuar lendo depois que eu vi isso:

http://www.olavodecarvalho.org/textos/juvenil.htm


Imagem
JINGOL BEL, JINGOL BEL DENNY NO COTEL... :emoticon266:

i am gonna score... h-hah-hah-hah-hah-hah...

plante uma arvore por dia com um clic

Temporal
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Re: Re.: O que faz um mero universitário ser arrogante?

Mensagem por Temporal »

Este texto O imbecil juvenil de Olavo é interessante.

Uma pequena dúvida, fora do contexto, só para me esclarecer um negócio: Ele é ateu?

Fernando Silva escreveu:"Seja gentil com as pessoas quando estiver subindo. Você as encontrará de novo quando estiver descendo"

Esta tb é legal. É de alguém?

Usuário deletado escreveu:A Gaia Ciência

Po, li este livro, mas ñ lembro do aforismo.

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Apáte
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Re: Re.: O que faz um mero universitário ser arrogante?

Mensagem por Apáte »

Temporal escreveu:Este texto O imbecil juvenil de Olavo é interessante.

Uma pequena dúvida, fora do contexto, só para me esclarecer um negócio: Ele é ateu?

Já foi comunista, agnóstico e gay, mas ateu NUNCA.

Temporal escreveu:
Fernando Silva escreveu:"Seja gentil com as pessoas quando estiver subindo. Você as encontrará de novo quando estiver descendo"

Esta tb é legal. É de alguém?

Com certeza.

Temporal escreveu:
Usuário deletado escreveu:A Gaia Ciência

Po, li este livro, mas ñ lembro do aforismo.

Perfeitamente normal.
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi

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Re: Re.: O que faz um mero universitário ser arrogante?

Mensagem por Apáte »

Hrrr escreveu:
Apáte escreveu:O imbecil juvenil
Jornal da Tarde, São Paulo, 3 abr. 1998


li as primeiras palavras do texto, mas desci a barra de rolagem e imediatamente desisti de continuar lendo depois que eu vi isso:

http://www.olavodecarvalho.org/textos/juvenil.htm


Imagem

:emoticon8:
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi

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Re: Re.: O que faz um mero universitário ser arrogante?

Mensagem por Fernando Silva »

Temporal escreveu:
Fernando Silva escreveu:"Seja gentil com as pessoas quando estiver subindo. Você as encontrará de novo quando estiver descendo"

Esta tb é legal. É de alguém?

Estava escrito num barraco de empreiteira numa obra em que fui instalar uns equipamentos. Não tinha autoria.

Quanto a Olavo de Carvalho, defende as religiões em geral. Ele é de opinião de que elas deveriam parar de brigar entre si e se unir para acabar com os ateus que, segundo ele, são responsáveis por todos os massacres e violências da história, conforme ele afirmou no artigo "O holocausto contínuo".

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Re: O que faz um mero universitário ser arrogante?

Mensagem por O ENCOSTO »

Fabricio Fleck escreveu:
Led Zeppelin escreveu: e por que você não vem à faculdade de biquini?


:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

Eu adoro a filosofia :emoticon18:


Eu também.

Pretendo fazer um MBA antes, voltado à minha área profissional.

Depois, quando tiver uns 50 anos, tentarei prestar vestibular para cursar filosofia. Só para torrar a paciencia e rir da cara desses professores babacas.
O ENCOSTO


http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”

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Re: Re.: O que faz um mero universitário ser arrogante?

Mensagem por O ENCOSTO »

Fernando Silva escreveu:
Temporal escreveu:
Fernando Silva escreveu:"Seja gentil com as pessoas quando estiver subindo. Você as encontrará de novo quando estiver descendo"

Esta tb é legal. É de alguém?

Estava escrito num barraco de empreiteira numa obra em que fui instalar uns equipamentos. Não tinha autoria.

Quanto a Olavo de Carvalho, defende as religiões em geral. Ele é de opinião de que elas deveriam parar de brigar entre si e se unir para acabar com os ateus que, segundo ele, são responsáveis por todos os massacres e violências da história, conforme ele afirmou no artigo "O holocausto contínuo".



Desejo que o Olavo passe o resto da vida lavando pratos nos EUA.
O ENCOSTO


http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”

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Re: Re.: O que faz um mero universitário ser arrogante?

Mensagem por Fernando Silva »

RCAdeBH escreveu:Simples.
A juventude está crescendo cada vez mais sem valores. Não digo religiosos, mas sim morais. Educaçao, Humildade, cordialidade, Respeito passam longe de nossos jovens... E os pais são coniventes com esta atitude.
Porem quando a pessoa é pobre, aprende a ser diferente com a policia.

Há um texto que circula por aí com citações de gente famosa ao longo dos últimos 3 mil anos. Todos eles afirmam mais ou menos o que está acima: a juventude não respeita mais os mais velhos, não quer estudar, entrega-se aos vícios etc.

Deve haver fases em que a coisa piora, mas a juventude sempre será desse jeito, com alternâncias de uma geração para a outra:
Pais caretas, filhos doidões.
Pais doidões, filhos caretas.
Os jovens sempre querem afirmar sua individualidade, o fato de que são diferentes dos pais.

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Re: Re.: O que faz um mero universitário ser arrogante?

Mensagem por Temporal »

Fernando: Bem, eu não conheço muito o Olavo de Carvalho para falar...

Quanto ao que ele supostamente tenha tido sobre os ateus, acho que só pode ter sido de brincadeira...

Percebi que o pessoal daqui fala mto mal dele..

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Fernando Silva
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Re.: O que faz um mero universitário ser arrogante?

Mensagem por Fernando Silva »

Não é supostamente. Está no site dele:

http://www.olavodecarvalho.org/semana/holocont.htm

O holocausto contínuo

Olavo de Carvalho
O Globo, 21 de abril de 2001



Desde 1789, praticamente todas as perseguições em massa, todos os genocídios do mundo seguiram o mesmo esquema, obsessivamente repetitivo e invariável: o sacrifício dos crentes pelos ateus militantes. O quadro é aterrador. França, México, Espanha: matança dos católicos. Rússia e países satélites: matança dos cristãos ortodoxos (católicos, na Polônia, na Croácia e na Hungria). Alemanha: matança dos judeus. China, Tibete, Indonésia etc.: matança dos budistas e muçulmanos. Total: mais de cem milhões de mortos.

Em todos esses casos, a vítima é religiosa, o assassino é ateu, materialista, progressista, darwinista, portador do projeto de “um mundo melhor” em qualquer de suas inúmeras versões. Esse é o fato mais constante e mais nítido da história moderna, e também o mais ignorado, omitido, disfarçado. O homem religioso é uma espécie em extinção, não porque suas crenças tenham sido substituídas por outras melhores, mas porque está sendo extinto fisicamente.

Não obstante, ainda há quem acredite que as religiões, e não as ideologias ateísticas, cientificistas e materialistas, são responsáveis pela falta de liberdade no mundo. Daí que a propaganda anti-religiosa, malgrado os efeitos devastadores que produziu, seja aceita não somente como atividade cultural elevada e digna, mas como um dos pilares mesmos do sistema democrático e até como expressão suprema dos mais belos ideais humanos. Quando milhões de jovens imbecilizados pela mídia chegam às lágrimas de comoção idealística ao ouvir em “Imagine’’, de John Lennon, a descrição de uma sociedade paradisíaca, nem de longe percebem que seu apelo à supressão de todas as religiões é, em essência, uma legitimação do maior dos genocídios.

Nos países em que não sofrem violência física, os religiosos vêem suas crenças excluídas do debate superior sob a alegação da neutralidade do Estado leigo, e expostas à derrisão em publicações acadêmicas sem direito de resposta. Nos filmes, raramente aparece um padre ou pastor protestante que não seja virtualmente um psicopata, um pedófilo ou um serial killer.

Mesmo os rabinos, que durante um tempo foram poupados de ataques cinematográficos diretos por conta da memória recente do Holocausto nazista, já começam a ser mostrados como repressores insanos. A blasfêmia imposta ao público por um establishment industrial milionário é apresentada como expressão da liberdade criadora de artistas independentes, e qualquer protesto de entidades religiosas isoladas e impotentes é logo sufocado em nome da liberdade e da tolerância. Desse tipo de liberdade dizia Eric Voegelin: ”Até os nacional-socialistas defendiam a liberdade. A liberdade para eles, é claro, com exclusão de todos os outros."

A rigor, não há qualquer diferença significativa entre uma teoria biológica racista, que sem nenhuma intenção política explícita acabe concorrendo indiretamente para justificar a discriminação de negros, amarelos, judeus ou árabes, e uma argumentação anti-religiosa que, com a maior inocência e os ares mais democráticos do mundo, ajude a amortecer na opinião pública a consciência do horror das matanças de crentes. Em ambos os casos há cumplicidade ao menos inconsciente com o genocídio. A diferença é que todos os crimes do racismo, somados, não produziram metade do efeito letal da anti-religião.

No entanto, os próprios religiosos, com freqüência, se recusam a perceber que o ódio anti-religioso do mundo moderno é geral, que ele se volta contra todas as religiões e não contra alguma delas em particular. A maioria deles parece ainda mais empenhada em polêmicas inter-religiosas do que na defesa comum do direito de crer em Deus.

Historicamente, a cegueira para o perigo comum já foi, entre os séculos XVI e XVIII, a causa de que a religião (católica, no caso) perdesse sua legitimidade de poder público, cedendo-a aos Estados nacionais nascentes. Um clero intelectualmente frágil, sem medida de comparação possível com a elite esclarecida dos séculos XII e XIII, revelou-se incapaz de rearticular a civilização ameaçada pela pululação de seitas em guerra, e in extremis a Europa foi salva pela emergência da nova autoridade, nacional e monárquica. Mas o advento desta não apenas acelerou o processo de fragmentação da consciência religiosa como também elevou incalculavelmente o potencial destrutivo das guerras, que, de conflitos locais entre grupos, se tornaram lutas de grande escala entre nação e nação.

Hoje, a ascensão de um poder global ateu e materialista apela, novamente, à urgência de apaziguar conflitos inter-religiosos, em muitos casos fomentados por “agentes provocadores”. E de novo os intelectuais religiosos — só que, agora, de todas as religiões — se mostram incapazes de apreender o quadro geral. Apegando-se a velhas polêmicas dogmáticas que podem ter sua importância, mas que nesse quadro se tornam extemporâneas e suicidas, parecem julgar mais importante humilhar as religiões concorrentes do que enfrentar o inimigo comum que vai esmagando todas elas juntas.

No Corão, Deus adverte a muçulmanos, judeus e cristãos: “Concorrei na prática do bem, que no juízo final Nós dirimiremos as vossas divergências.” Se, na prática, nem todas as divergências podem ser adiadas para o juízo final, algumas, pelo menos, podem ficar para depois de passado o perigo imediato, e outras podem ser canalizadas para uma simples “concorrência na prática do bem”. Qualquer disputa interconfessional que não esteja numa dessas duas categorias ameaça tornar-se, na situação presente, apenas um pretexto piedoso para fazer o mal.

PS - Não escrevi este artigo pensando no filme “O Corpo”, mas este é um exemplo escandaloso de tudo o que aí digo. Filmes como esse não devem ser respondidos com pedidos de censura, que só ajudam a sustentar a farsa do artista coitadinho perseguido pela autoridade inquisitorial, disfarçando a dura realidade das organizações religiosas inermes e marginalizadas que gemem sob o tacão da mais poderosa indústria de propaganda que já existiu no universo. O que se deve fazer é deixar que vão às telas, que façam sucesso — e em seguida processar os produtores por cumplicidade moral no massacre de religiosos, cobrando indenizações pesadas. As organizações cristãs, judaicas e muçulmanas deveriam juntar-se para isso — aproveitando que “O Corpo” esculhamba com as três religiões ao mesmo tempo — e fazer a coisa doer na única parte sensível desses safados: o bolso.

Trancado